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Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , von Blogoosfero - | 1 person following this article.

Sem dinheiro, Casa do Jongo suspende atividades

January 10, 2018 10:13, von segundo clichê


Lar oficial do jongo no Rio de Janeiro, a sede do tradicional Grupo Cultural Jongo da Serrinha, em Madureira, na zona norte da capital, está de portas fechadas. A Casa do Jongo suspendeu as atividades na semana passada por falta de verbas.

Para cobrar políticas públicas para a salvaguarda do patrimônio imaterial – tombado pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2005 – e manutenção das atividades da casa, frequentadores, alunos e apoiadores protestaram na Cinelândia, no centro do Rio.


Inaugurada em 2015, a Casa do Jongo é resultado da dedicação de mestres jongueiros desde o século 20 para que não haja o desaparecimento da dança. O grupo cultural foi fundado para ampliar as rodas de jongo e profissionalizar atividades, daí, a necessidade de ter um espaço próprio.


Com apoio da prefeitura do Rio que, em 2013, comprou e reformou o imóvel onde funciona hoje a instituição, a Casa do Jongo abriu as portas. Este é o último núcleo na cidade, herança do Mestre Darcy e Vovó Maria e berço da escola de samba Império Serrano.


Até o ano passado, o local atendia 400 alunos de todas idades, com aulas de percussão, canto, esportes, práticas culturais, além de servir de ponto de encontro para artistas do bairro. Três mil pessoas circularam ali em 2017.


Com a suspensão do edital de fomento aprovado na gestão do prefeito anterior, Eduardo Paes, e principal forma de financiamento das atividades da instituição, os problemas começaram. A verba captada com empresas por meio da lei de incentivo fiscal é insuficiente para manter as atividades da casa, cujo, custo mensal é de R$ 40 mil com infraestrutura e pagamento de 23 funcionários.


A diretora da casa, Dionne Boy, conta que tentou por um ano apoio da Secretaria Municipal de Cultura, por meio de um aporte direto, nos moldes do investimento concedido a outras instituições culturais, como a companhia de dança Deborah Colker e o Museu do Amanhã, porém não teve retorno. A diretora questiona os critérios para investimento em projetos que trabalham com patrimônio imaterial.


“Não achamos que temos de ser sustentados somente pela prefeitura, mas quais são os critérios [para os repasses diretos]? Isso não está claro”, questionou Dyonne. “Estamos lutando o tempo todo para ter uma política para o patrimônio imaterial da cidade. Grupos de que tem 50 anos, 60 anos, como o Filhos de Gandhi, o Jongo da Serrinha, o Trem do Samba, são projetos que são a própria identidade da cidade do Rio e que estão à míngua, fazendo cultura com o próprio bolso, mas que, na crise, são os que mais sofrem", disse.

Segundo Dyonne, esses grupos têm mais dificuldade de captar patrocínio em comparação a instituições que estão na mídia. “Estamos dentro de uma favela, atendendo, especialmente crianças, deveríamos ter prioridade”, defendeu.


Em relação ao repasse direto de recursos para a Casa do Jongo, a secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira, disse que não foi possível por causa da queda da arrecadação na cidade. Ela informa que, por meio da lei de incentivo fiscal, a Casa do Jongo captou, até agora, R$ 120 mil a serem pagos no ano. Sobre os repasses para a companhia de dança Deborah Colker, a secretária argumenta que o grupo é referência no país e internacionalmente, desenvolve um trabalho social - como apresentação gratuita - e o apoio da secretaria foi reduzido de R$ 2 milhões para R$ 400 mil.

Outra alternativa para conseguir recursos, segundo Nilcemar, foram os três editais abertos pela secretaria no ano passado. Um deles destinou R$ 500 mil para iniciativas com ênfase na cultura de matriz africana, distribuídos em linhas entre R$ 10 mil e R$ 50 mil.

A Casa do Jongo não concorreu aos editais, segundo a diretora Dionne Boy, pois o teto das linhas eram baixos. “Nós não temos projetos nesses valores. Temos projetos para um ano e não um mês. E entendemos, além do mais, que valores tão baixos precarizam a atividade cultural”, afirmou.

Segundo ela, desde o ano passado, mesmo com verbas de incentivo fiscal, os apoiadores do jongo estavam tirando dinheiro do próprio bolso. “Estávamos bancando isso com dinheiro do nosso, esses 23 professores não recebem, eles são parceiros que dão aulas em outros lugares e fazem trabalho voluntário na Serrinha. A gente, da coordenação, sete pessoas, estamos igual aos funcionários do estado (com salários parcelados). Isso é um escândalo para a cidade".

Na avaliação da diretora e demais produtores culturais da cidade que lançaram uma carta pública em defesa da Casa do Jongo durante o protesto, a prefeitura tem deixado de lado manifestações e grupos culturais vinculados à cultura negra. “Há um componente de perseguição às culturas de matriz africana, à cultura popular, sem dúvida”, criticou a gestora cultural.

Já a secretária Nilcemar Nogueira nega que projetos ligados à cultura afro-brasileira estejam sendo relegados na gestão do prefeito Marcelo Crivella. Porém reconheceu que iniciativas ligadas à memória afro-brasileira ou ao patrimônio imaterial têm mais dificuldade de se manter, inclusive as vinculadas ao samba.

“Hoje não temos uma valorização de nada que venha de matriz africana. Isso é uma discussão a ser feita com a sociedade inteira. Porque se a sociedade inteira entendesse essa importância, não estava acontecendo isso com a Casa do Jongo, nem com o samba, nem com a Folia de Reis. Nós ainda pensamos de forma apartada.” (Agência Brasil)



Preservação do patrimônio é tema de exposição em SP

January 10, 2018 10:02, von segundo clichê


A Caixa Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111) apresenta, até o dia 4 de março, cerca de 150 obras, entre fotografias, aquarelas, desenhos, documentos, esculturas e azulejos, na exposição A Construção do Patrimônio. O objetivo é mostrar um panorama da história das políticas públicas de preservação no Brasil, além dos desafios que envolvem a expansão do conceito de patrimônio.

Com curadoria do ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Luiz Fernando de Almeida, a exposição faz parte da programação das comemorações dos 80 anos de criação do Iphan, a primeira instituição dedicada à preservação e à promoção do patrimônio cultural na América Latina. No acervo estão registros e obras de Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Lucio Costa, Marcel Gautherot, Germano Graeser, Eric Hess, Oscar Niemeyer, Pierre Verger e uma réplica de Aleijadinho.


“A exposição traz uma espécie de provocação sobre o que temos hoje projetado para o futuro. Reflete sobre o que aconteceu com o nosso patrimônio no intervalo entre o século 20 e hoje. Nossas noções de patrimônio, o que era considerado patrimônio. Cada vez mais, a ideia não é muito consolidada. Patrimônio é uma construção a partir dos processos que nós fizemos na contemporaneidade", disse o curador.


Luiz Fernando de Almeida receberá o público no dia 1º de fevereiro para uma visita guiada. Na ocasião, também será realizado um debate com a participação de Anna Beatriz Galvão, doutora em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo.


“Uma exposição que fala de patrimônio é uma reflexão sobre nós e o lugar em que vivemos. Sobre nós como sociedade e como país. De certa maneira, ao falar do Brasil nos faz pensar sobre o país, sobre o que queremos projetar para o futuro como nação e coletividade", acrescentou Almeida. A Caixa Cultural São Paulo funciona de terça a domingo, das 9  às 19 horas, com entrada gratuita. (Agência Brasil)



Exposição reúne material das expedições de Flávio de Carvalho

January 9, 2018 14:14, von segundo clichê


A exposição "Flávio de Carvalho – Expedicionário", aberta na Caixa Cultural (Praça da Sé, São Paulo), reúne o material produzido pelo artista modernista em cinco viagens pelo Brasil e ao exterior. São documentos, textos, fotografias e objetos que recontam parte dessas jornadas de pesquisa realizadas entre 1934 e 1956. “Algumas das ações que ele fez no passado têm sido resgatadas como pioneiras na mistura entre arte e ciência. Nossa abordagem é sobre as expedições que ele fez pensando-as como intervenções artísticas. O conceito de artista-etnógrafo é posterior ao Flávio, ganha relevância nos anos 1970”, explica Renato Rezende, um dos curadores da mostra.

Parte do material, como as fotos tiradas por Flávio no Peru, na expedição aos Andes, nunca foi exposta, de acordo com o curador. Essa coleção, em especial, foi organizada por um método semelhante ao proposto pelo filósofo alemão Aby Warburg, em que as imagens são agrupadas por semelhanças, em detrimento de critérios espaciais ou históricos. “A maneira como ele dispõe as fotografias no álbum, nas pranchas, lembra muito os procedimentos do Warburg. Fazendo relações entre imagens que se repetem”, enfatiza o curador. Porém, apesar da semelhança no método, Rezende destaca que Flávio não conhecia o trabalho do alemão.

Os registros foram selecionados a partir do acervo deixado pelo multiartista – Flávio foi pintor, desenhista, arquiteto, cenógrafo, decorador, escritor, teatrólogo, engenheiro e performer – para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A primeira das viagens de Flávio, realizada entre 1934 e 1935, foi a expedição à Europa, que rendeu uma série de ensaios reunidos no livro Os Ossos do Mundo.


Podem ser vistas também imagens da jornada à Amazônia (1956), amplamente noticiada pela imprensa à época devido a série de extravagâncias do projeto. Flávio pretendia fazer um longa-metragem colorido – A Deusa Branca –, misturando ficção e documentação. Na exposição será exibido um filme que retrata os diversos percalços enfrentados pelo grupo e os equipamentos cinematográficos na floresta.


Além da abordagem não usual de pensar Flávio de Carvalho como um artista-etnográfico, Rezende explica que a mostra também leva a compreender a arte brasileira que surge depois do neoconcretismo, que tem como nomes-chave Hélio Oiticica e Lygia Clark.


Uma das ações mais conhecidas de Flávio é a Experiência nº 2, quando, em 1931 quase foi linchado por uma multidão ao caminhar contra uma procissão usando boné, em sinal de evidente desrespeito. Em 1956, desfilou com uma espécie de vestido pelas ruas da cidade de São Paulo, novamente provocando espanto. (Agência Brasil)



O ouro e a madeira. Ou a obra de um gênio esquecido

January 9, 2018 10:20, von segundo clichê



Carlos Motta

Não há na música popular brasileira nenhum autor de sambas tão melancólico e reflexivo quanto o baiano Ederaldo Gentil - suas canções expressam de maneira cristalina a pequenez do homem frente à engrenagem social e ao próprio mundo que habita.

Ederaldo morreu em 2012, aos 68 anos de idade, depois de viver vários anos recluso em companhia de sua irmã, num bairro da periferia de Salvador, cidade onde nasceu.

Gravou apenas três LPs, recheados de obras-primas: "Samba, Canto Livre de um Povo" (1975), "Pequenino" (1976) e "Identidade" (1983).

Em 1999 seu parceiro Edil Pacheco reuniu um time de primeira para gravar o CD "Pérolas Finas", que reúne algumas das melhores composições de Ederaldo.

Em 2006 saiu o CD "A Voz do Poeta", patrocinado por amigos, admiradores e familiares, coletânea com 15 músicas.

Ederaldo é autor de alguns dos versos mais inspirados da MPB.

Como os de "De Menor":

Sou o menor dos pequeninos
O mais pobre dos plebeus
O alheio inquilino
O mais baixo pigmeu
O comum do singular
O último dos derradeiros
Viandante e peregrino
O mais manso dos cordeiros


Eu sou maior
Em lampejos de brandura
De angélica candura
Dos mistérios do amor
Sou bem maior
Que os pinheirais da humildade
Pelos campos da bondade
Eu sou a felicidade

Ou os de "O Ouro e a Madeira", um dos mais bonitos sambas já compostos desde que o gênero se fixou como o mais popular do Brasil - há mesmo quem diga que ele é o mais belo de todos.

A canção foi gravada pelos Originais do Samba e por Beth Carvalho, mas nada melhor que ouvi-a na voz do próprio Ederaldo, que participou, junto com Riachão e Batatinha, outros dois baluartes do samba baiano - e brasileiro - do icônico programa Ensaio, da TV Cultura, no longínquo ano de 1974: 


Não queria ser o mar
Me bastava a fonte
Muito menos ser a rosa
Simplesmente o espinho

Não queria ser caminho
Porém o atalho
Muito menos ser a chuva
Apenas o orvalho


Não queria ser o dia
Só a alvorada
Muito menos ser o campo
Me bastava o grão

Não queria ser a vida
Porém o momento
Muito menos ser concerto
Apenas a canção

O ouro afunda no mar
Madeira fica por cima
Ostra nasce do lodo
Gerando pérolas finas

A vida e a obra de Ederaldo Gentil ganharam um espaço nobre na internet, o site Acervo Ederaldo Gentil, uma preciosidade.

Preservar e difundir o seu legado, principalmente nestes tempos obscuros, é uma obrigação para qualquer um que queira viver não numa colônia americana, repleta do lixo da indústria de entretenimento, mas numa nação independente, de cultura e arte próprias.



Rato pra comer, rock pra viver, samba pra vender... sorrindo

January 8, 2018 10:14, von segundo clichê


Carlos Motta

Roberto Carlos pode ser o "rei", mas o gênio musical nascido em Cachoeiro de Itapemirim é Sérgio Sampaio, que morreu em 1994, aos 47 anos.

Sampaio estourou nas paradas em 1973, com "Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua", mas o sucesso não se repetiu com os três LPs que gravou em vida, embora eles, assim como o disco póstumo, "Cruel", estejam repletos de canções extraordinárias, muito acima da média da produção nacional.

Com o passar do tempo a qualidade da obra de Sampaio foi sendo reconhecida, mas como  nasceu e viveu no Brasil, depósito de lixo da indústria de entretenimento americano, o rótulo de "maldito" não se despregou dele, e assim, até hoje, ele vaga pela música popular em companhia de outros artistas de talento incomum, como Jards Macalé, Walter Franco e Itamar Assumpção - para ficar apenas nos mais conhecidos.

Sampaio não foi um revolucionário, mas soube, como poucos, modernizar a linguagem da riquíssima produção nacional, compondo melodias fáceis, mas não banais, com letras recheadas de achados poéticos capazes de emocionar o mais empedernido dos ouvintes.

Algumas de suas canções refletem uma alma atormentada e um espírito sensível à realidade de uma sociedade soterrada pelo peso de uma ditadura militar. E elas, embora não sejam explicitamente políticas, dizem muito sobre a miséria de se viver numa nação que não dá nenhuma esperança a seus habitantes.

O samba "Velho Bandido", integrante do LP "Tem Que Acontecer", de 1976, é um exemplo do quanto Sampaio é atemporal. Parece que seus versos retratam o brasileiro que sobrevive neste Brasil Novo, e não que foram escritos há quase 50 anos.

A canção foi regravada esplendidamente por Jards Macalé e pelo grupo Casuariana, mas a gravação original é dinamite pura.

Ela pode ser ouvida aqui:



Eu que sou filho de um pai teimoso
Descobri maravilhado que sou mentiroso
Sou feio, desidratado e infiel, bolinha de papel
Que nunca vou ser réu dormindo
E descobri como um velho bandido
Que já tudo está perdido neste céu de zinco
Eu que só tenho essa cabeça grande
Penso pouco, falo muito e sigo pr'adiante
Descobri que a velha arca já furou
Quem não desembarcou
Dançou na transação dormindo
E como eu fui o tal velho bandido
Vou ficar matando rato pra comer
Dançando rock pra viver
Fazendo samba pra vender... sorrindo



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