Comédia à brasileira
August 1, 2017 10:45A direita brasileira é uma piada.
E uma piada pronta, como mostrou o deputado federal paraense com a sua grotesca tatuagem para louvar o chefe.
Ou como demonstra diariamente a incrível doutora Janaína com seus tuítes inacreditáveis.
Ou pelas análises dos jornalistas econômicos com seus óculos de Poliana.
Ou por meio das sentenças furibundas e repletas de convicções do juiz paranaense, sempre disposto a encarcerar qualquer um que vista vermelho.
Ou pelas entrevistas autolaudatórias de procuradores do Ministério Público, juízes de tribunais superiores e até mesmo delegados de polícia.
Ou quando o deputado fascista que é seguido por uma legião de seres unicelulares abre a boca.
Pois é, não faltam exemplos do quanto a direita brasileira é ridícula, divorciada da realidade, repleta de preconceitos e clichês, incapaz de se ater a um raciocínio lógico, com posições que beiram à patologia e, muitas vezes, mais tresloucada que qualquer Napoleão de hospício.
Mesmo assim, a direita tenta se passar como séria - e, verdade seja dita, convence muitos de que todos os disparates que diz e pratica são a mais incontestável verdade e a mais acabada receita de como se deve viver esta vida - e a outra, se há.
A direita brasileira é uma piada, mas uma daquelas piadas que de tão óbvias, de tão diretas, de tão grosseiras, provocam, no máximo, um sorriso complacente.
Não tem, nem de longe, a inteligência e sutileza dos direitistas de outrora, como o Nelson Rodrigues do "padre de passeata", da madame que leu a orelha do livro de Marcuse, das entrevistas imaginárias, à meia-noite, num terreno baldio, com personalidades tais como D. Helder Câmara ou Alceu Amoroso Lima, alguns de seus mais destacados opositores ideológicos, e que tinham como testemunha apenas uma cabra vadia.
Sem pessoas como ele, a direita de hoje só faz piada dela própria, pois ela é a própria piada, uma piada tão sem graça que mais parece um drama, uma tragédia de encharcar os lenços de lágrimas. (Carlos Motta)
Petróleo do pré-sal supera o do pós-sal. Pena que ele não é mais nosso
July 31, 2017 18:06A produção de petróleo no Brasil atingiu 2,675 milhões de barris por dia em junho. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o volume representou uma alta de 0,8%, se comparado ao mês anterior, e de 4,5% em relação a igual período em 2016.
Pela primeira vez, a produção de petróleo no pré-sal (1,352 milhão de barris por dia), superou a registrada no pós-sal (1,321 milhão de barris por dia).
Já a produção de gás natural no Brasil atingiu 111 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d), o que equivale a uma elevação de 7,4% em relação ao que foi produzido no mesmo mês em 2016 e em 6,1% na comparação com maio.
O pré-sal é uma camada de reservas petrolíferas situadas abaixo de uma profunda área de rocha salina no litoral brasileiro. O pós-sal está acima dessas camadas e, portanto, em profundidade menor.
Alguém se lembra de uma presidenta da República que quis destinar o dinheiro da exploração do pré-sal para a educação e a saúde públicas?
Pois é, ela foi derrubada por um golpe.
E o dinheiro do pré-sal agora vai para as petrolíferas internacionais.
O Brasil nunca deixará de ser uma colônia.
Ambiente político determina resultados das eleições
July 31, 2017 16:43Antônio Augusto de Queiroz
Em geral, o sentimento de mudança ou de continuidade está associado à capacidade de o governante atender às demandas da população por serviços públicos, como saúde, educação, segurança, transportes, emprego ou valores como democracia e ética. A percepção de satisfação significa ambiente de continuidade e o de decepção ou rejeição significa ambiente de mudança.
Outro termômetro para medir o ambiente político ou o humor do eleitor tem a ver com o nível de aprovação do presidente da República no momento da eleição e a percepção sobre o posicionamento político dos candidatos em relação ao governante e suas práticas.
Quando o ambiente é de continuidade, o sucessor tende a ser o candidato apoiado ou aliado do governante. Quando o ambiente é de renovação, o sucessor será de algum dos grupos políticos adversários. Pelo menos tem sido assim nas últimas seis eleições presidenciais.
A tabela a seguir resume o ano da eleição, o governante e o ambiente político:
Nas seis últimas eleições, os índices de aprovação dos presidentes e o desempenho de seus candidatos foram muito próximos, com derrota dos candidatos apoiados pelos presidentes impopulares e a eleição dos candidatos dos presidentes populares.
No pleito de 1989, o então presidente José Sarney não teve candidatura à sua sucessão, mas nenhum dos candidatos dos partidos que lhe davam sustentação teve bom desempenho nas eleições. Os três mais votados, com tônica oposicionista, foram Collor (PRN), Lula (PT) e Brizola (PDT), tendo os dois primeiros disputado o 2º turno, com vitória de Collor, com 53,03% dos votos válidos.
Em 1994, Itamar Franco tinha 55% de aprovação popular e FHC, que era seu candidato e ex-ministro da Fazenda, foi eleito com 54,24% dos votos válidos, em primeiro turno, contra Lula, do PT.
Na eleição de 1998, FHC era aprovado por 58% da população e teve 53,06% dos votos válidos, sendo reeleito no primeiro turno, também contra Lula do PT.
No pleito de 2002, FHC tinha 35% de aprovação e seu candidato, o ex-ministro do Planejamento e da Saúde, José Serra, alcançou 39% dos votos válidos no segundo turno, perdendo a eleição para Lula, que obteve 61,27% dos votos válidos.
Em 2006, Lula tinha 63% de aprovação e foi reeleito com 60,83% dos votos válidos em segundo turno, derrotando o tucano Geraldo Alckmin.
Na eleição de 2010, Lula tinha aprovação superior a 80% e elegeu sua candidata, a ex-ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, Dilma Rousseff, em 2º turno, com 56,05% dos votos válidos, contra José Serra, ex-governador de São Paulo.
Em 2014, Dilma Rousseff tinha 38% de apoio (bom e ótimo) e 38% de regular, e se reelegeu em segundo turno, contra Aécio Neves (PSDB), com 51,64% dos votos válidos.
Para 2018, a julgar pelo baixo apoio popular ao governo Temer e pelo sentimento de decepção da população sobre as práticas e as políticas públicas em curso, a tendência será de renovação. E todos os que estiverem vinculados ao atual governo, inclusive aqueles com perspectiva de poder, como o PSDB, se não se desvincularem rapidamente da imagem do atual chefe do Poder Executivo e do arrocho que vem promovendo, certamente estarão fora da linha de sucessão.
Como se pode depreender desta leitura, o ambiente político parece determinante para o resultado da eleição. É claro que entram outros fatores, como programa de governo e recursos de campanha, mas nenhum isoladamente se sobrepõe à vontade de continuidade ou de mudança do conjunto dos eleitores. (Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap)
Governo brasileiro critica eleição na Venezuela: haja cinismo!
July 31, 2017 11:04O governo brasileiro criticou a decisão do governo venezuelano de convocar a Assembleia Constituinte. “Diante da gravidade do momento histórico por que passa a Venezuela, o Brasil insta as autoridades venezuelanas a suspenderem a instalação da assembleia constituinte e a abrir um canal efetivo de entendimento e diálogo com a sociedade venezuelana, com vistas a pavimentar o caminho para uma transição política pacífica e a restaurar a ordem democrática, a independência dos Poderes e o respeito aos direitos humanos”, diz a nota.
De acordo com a Chancelaria brasileira, a “iniciativa do governo de Nicolás Maduro viola o direito ao sufrágio universal, desrespeita o princípio da soberania popular e confirma a ruptura da ordem constitucional na Venezuela”. Para o Itamaraty, o país já dispõe de uma Assembleia Nacional legitimamente eleita e uma nova assembleia formaria “uma ordem constitucional paralela, não reconhecida pela população, agravando ainda mais o impasse institucional que paralisa a Venezuela”.
Já os brasileiros lamentam que estejam sujeitos a um governo ilegítimo, vítima de um golpe de Estado, que vem destruindo todas as conquistas sociais tão arduamente conseguidas nas últimas décadas.
Antes de dar palpite sobre os outros, os golpistas brasileiros deveriam olhar o seu próprio rabo, imundo de tanta canalhice.
Que tal o governo brasileiro seguir o exemplo da Venezuela e convocar uma Assembleia Constituinte para fazer uma ampla reforma política?
E que tal antecipar as eleições presidenciais?
Ou devolver o governo para a presidenta eleita com mais de 54 milhões de votos?
A nossa ordem e o nosso progresso
July 29, 2017 10:48As instituições estão funcionando normalmente.
É o que dizem diversas autoridades.
E funcionam, sim.
Funcionam tão bem que a maior parte de seus integrantes forma uma casta de privilegiados, para a qual a crise econômica que teima em não ir embora faz cócegas - se muito.
Os três Poderes, por exemplo, vão muito bem, obrigado.
O Executivo, ocupado por um bando de políticos da mais baixa extração, que tomaram o poder devido a um golpe, no novo estilo que dispensa a força militar, se não está firme e forte, ao menos se aguenta, no alto de seus 2% de aprovação.
O Legislativo, esse circo de horrores, faz seus negócios impunemente, mercadejando abertamente apoios às mais abjetas propostas, que levarão o país à Idade Média.
Deputados, estaduais e federais, e senadores engordam de felicidade; vereadores, pelo Brasil todo, estão exultantes com o pouco que fazem - e o muito que ganham para tal.
O Judiciário, então, funciona que é coisa de louco.
Meses e mais meses de férias, benesses, auxílios de todos os tipos, impunidade total para eventuais escorregões, malfeitos ou traquinagens.
E é claro, o tratamento preferencial, seja onde for, as mesuras e os rapapés que inevitavelmente acompanham o "pois, não doutor."
E há ainda o irmão siamês do Judiciário, esse incrível Ministério Público, que vem se fortalecendo a cada dia, a cada dia se tornando o real poder da nação, repleto de valentes cruzados em prol da moralidade, ética e bons costumes.
Abaixo a corrupção! - bradam nas palestras que fazem Brasil afora, e pelas quais cobram quantias que valem o quanto pesam.
Alguns desses bravos rapazes vão além - entrevistados por dignos e respeitáveis representantes de nossa íntegra imprensa, se oferecem, sem nenhum vestígio de vergonha, para futuros trabalhos extraoficiais - são empreendedores, afinal, vencedores da dificílima corrida da meritocracia.
Está tudo perfeitamente normal.
O presidente preside, os congressistas legislam, os juízes julgam, a polícia policia, os procuradores procuram.
São todos incontestáveis em suas funções, intocáveis, únicos.
E o povo vive à margem desse universo habitado por semideuses, e a tudo assiste entorpecido por anos e anos de doses maciças de ignorância, intolerância, discriminação, e preconceitos.
Afinal, sem ordem não há progresso. (Carlos Motta)