Gehe zum Inhalt

Motta

Full screen

Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , von Blogoosfero - | 1 person following this article.

A fantástica fábrica de deseducação

June 7, 2017 16:10, von segundo clichê


O caso da festa escolar dos burguesinhos do Sul, movida a preconceito e desprezo por pobres e tudo o mais que não pertença ao universo dourado desses filhinhos de papai, dá o que pensar sobre o tipo de educação que os jovens deste Brasil varonil estão recebendo.

Cursei os antigos ginásio e colégio numa das únicas escolas que ousaram, séculos atrás, sair da mesmice pedagógica, o Instituto de Educação Experimental Jundiaí, hoje E.E. Bispo Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, em Jundiaí, Estado de São Paulo. 


A maior inovação do Instituto era o sistema de avaliação dos alunos, bimestral e por conceitos - deficiente, fraco, regular e bom - em vez de notas. 

As aulas eram mais ou menos convencionais, dependiam da formação de cada professor. Havia os francamente ortodoxos e alguns que fugiam da rotina tradicional.

O mais radical deles era o coordenador pedagógico do Instituto, o professor-doutor Newton Balzan, que se tornou uma das mais respeitadas autoridades em educação no Brasil. Suas aulas tinham intensa participação dos alunos, que recebiam várias tarefas, entre as quais, divididos em grupos, apresentar, da maneira que julgassem melhor, determinados temas, para posterior debate entre a classe toda. 

Lembro que o nosso grupo teve de falar sobre a guerra civil espanhola. Foram semanas de pesquisa - não havia o Google naquele tempo - e de debates sobre como seria a nossa "aula show". No fim, a nossa performance incluiu música, poesia, fotos e fatos sobre aquele evento histórico que antecedeu a segunda guerra mundial e teve enorme repercussão no mundo todo.

O fato de eu me lembrar até hoje das aulas do professor Newton Balzan e praticamente coisa nenhuma das dos seus colegas do Instituto de Educação reforça o que penso sobre a educação que prevalece no Brasil: não serve para praticamente nada em termos de formar um cidadão, alguém que saiba quais são os seus deveres e direitos, que conheça e cumpra as leis, que pense logicamente, saiba, enfim, viver numa sociedade e conviver com seus semelhantes.

Pode ser que existam alguns focos de excelência no ensino, escolas públicas e particulares que realmente se interessem em formar cidadãos e não somente em fazer as crianças e adolescentes decorar fórmulas, datas e dados, como se estivessem adestrando animais.

Pode ser que haja instituições de ensino que valorizem os professores, paguem salários dignos e adequados a esse trabalho fundamental, deem as ferramentas necessárias para que desempenhem sua função em alto nível, e os estimulem a aperfeiçoar cada vez mais seus conhecimentos.

A realidade, porém, é outra.

O triste episódio da escola de Novo Hamburgo é revelador da miséria da educação brasileira - se naquele local, reduto das classes média e alta, os alunos são estimulados a achar que na vida é mais importante cursar uma faculdade para, posteriormente, ganhar um bom dinheiro, e não ser portador de valores civilizatórios, o que dizer de milhares de outras espalhadas pelo país, a maioria quase à míngua, sobrevivendo com parcos recursos financeiros e humanos?

A situação é praticamente irremediável.

Afinal, o atual ministro da Educação não sabe nem conjugar o verbo haver. (Carlos Motta)



Golpe arrebenta com pequenas empresas

June 6, 2017 16:05, von segundo clichê


As pequenas empresas, responsáveis por metade dos empregos industriais, têm sido as mais afetadas pela crise, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com acesso restrito ao crédito e menos reservas financeiras para suportar a queda da demanda, elas têm mais dificuldade de se recuperar da recessão provocada pelo movimento golpista que tirou Dilma Rousseff da Presidência da República.

O estudo mostra que as indústrias de pequeno porte têm obtido indicadores piores que as de grande porte desde 2015. Os números foram obtidos com base na Sondagem Industrial, pesquisa mensal divulgada pela CNI, que revela as expectativas e as decisões dos empresários da indústria.


Medida de 0 a 100 pontos, a Sondagem Industrial tem uma linha de corte de 50 pontos, que indica estabilidade. A pesquisa indica cenário negativo abaixo desse valor e perspectivas favoráveis acima desse nível. Com a intensificação da crise econômica, logo depois que os golpistas passaram a tramar contra o governo Dilma, toda a indústria passou a registrar indicadores abaixo de 50 pontos, mas as pequenas empresas sempre ficaram atrás das grandes.

Entre 2015 e 2017, os indicadores de produção e de número de empregados têm oscilado em torno de 40 pontos, diante de 45 pontos das grandes indústrias. Em relação à expectativa de demanda, as pequenas empresas oscilaram em torno de 46 pontos. As indústrias de maior porte registraram 49 pontos, ainda pessimista, mas próximo da estabilidade. Os números foram obtidos retirando-se a mediana (valor central em torno do qual um indicador oscila) da Sondagem Industrial.

As disparidades são maiores nos indicadores que refletem as finanças das empresas. Nos últimos dois anos e meio, o indicador de situação financeira (avaliação do empresário sobre as finanças da companhia) tem variado em torno de 34 pontos para as pequenas indústrias, contra 43 para as grandes companhias. No acesso ao crédito, a pontuação tem oscilado em torno de 27,5 pontos para as menores empresas e 33,5 para as maiores.

Em relação à utilização da capacidade instalada, o levantamento mostra maior ociosidade nas pequenas indústrias. A mediana para as empresas de menor porte corresponde a 58% de utilização do maquinário, contra 70% para as de maior porte. Em abril, as indústrias menores utilizavam 57% da capacidade instalada, contra 67% registrados nas grandes fábricas.

Segundo a CNI, a melhoria do acesso ao crédito, a desburocratização e a melhoria do ambiente de negócios representam os principais caminhos para recuperar a atividade da indústria, principalmente das de menor porte. A entidade aponta, como principais dificuldades, taxas de juros elevadas e exigência de garantias reais – bens que podem ser tomados pelo banco em caso de calote.

De acordo com a CNI, no ano passado, apenas 20% das pequenas empresas conseguiram contratar uma nova linha de crédito, 40% renovaram uma linha antiga e 40% das pequenas empresas não conseguiram contratar nem renovar crédito em 2016. Coincidentemente, nesse ano o BNDES, maior banco de fomento do país, passou para a direção dos golpistas.

Para a Confederação Nacional da Indústria, a falta de crédito impede o acesso ao capital de giro, causa atraso no pagamento de fornecedores, perda de oportunidades de negócio, atraso no pagamento de tributos e necessidade de renegociação de prazos para pagamento de credores.



Pobre trabalha três meses a mais que rico para pagar impostos

June 6, 2017 15:48, von segundo clichê


Marcelo P. F. Manzano 

Sempre que nos aproximamos desta época do ano, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) anuncia com estridência que passamos tantos dias trabalhando para pagar impostos. Assim, de acordo com o cálculo que fazem, no último dia 2 de junho, nós, brasileiros teríamos completado 153 dias de trabalho apenas dedicados a saldar nossos compromissos com o fisco. Neste raciocínio simplista, portanto, do dia 3 de junho em diante estaríamos trabalhando para os nossos próprios bolsos.

Embora haja importantes considerações a respeito da metodologia de cálculo utilizada pelo IBPT (por exemplo, eles estimam que os impostos correspondem a 41,8% do PIB, quando segundo a Receita Federal nossa carga tributária em 2015 foi de 32,7%), vale lembrar que no Brasil há uma enorme desigualdade tributária. Ela favorece os ricos e sobrecarrega os pobres, portanto precisa ser considerada quando se quer tratar de um assunto sério como esse.


Ocorre que, como neste país jabuticaba os impostos sobre a renda são baixos, sobre os ganhos de capital são quase nulos e sobre os bens de consumo são elevadíssimos, no fim das contas quem mais contribui com o pagamento de impostos são os mais pobres, justamente porque gastam a maior parte de seus rendimentos com bens de consumo, apinhados de tributos.

Por conta disso, quando se refaz aquele mesmo exercício de cálculo de dias trabalhados dedicados ao pagamento de impostos, mas são consideradas as diferentes faixas de rendimento familiar (veja gráfico), o que se percebe é que, no Brasil, os estratos sociais de menor renda trabalham muitíssimo mais para pagar tributos.

Na verdade, as pessoas que vivem em famílias que ganham em média até R$ 1.874 por mês trabalham 6,5 meses para contribuir com as receitas públicas, isto é, 91 dias a mais por ano (três meses!) do que os membros das famílias que ganham mais de R$ 28.110 por mês, as quais na verdade dedicam apenas 3,5 meses de seus rendimentos anuais para pagamento de impostos. 

Portanto, se há algo a denunciar, é o caráter estupidamente regressivo do nosso sistema tributário, sobre o qual o IBPT faz enorme silêncio. Por que não começar com uma megacampanha, um painel de led colorido na Avenida Paulista, um gigantesco urubu inflável, sugerindo o aumento dos tributos sobre ganhos de capital em troca de uma redução dos impostos sobre o consumo? (Fundação Perseu Abramo)



A insólita justiça à brasileira

June 5, 2017 15:37, von segundo clichê


A justiça praticada no Brasil seria cômica se não fosse trágica.

Não há quem não saiba que ela é demorada, cara, e tenha lado, o dos mais poderosos, é claro - um leão com os ratinhos; um ratinho com os leões.

Exercida desde sempre pela turma que ocupa o topo da pirâmide social, enxerga os dos andares de baixo como inferiores, exatamente da mesma maneira que seus companheiros de estamento.

Nossos "doutores" vivem em casas luxuosas, andam em carros luxuosos, vestem roupas luxuosas (compradas em Miami, segundo o atual secretário de Educação paulista, desembargador aposentado), vivem, enfim, no luxo reservado a 1% da  população brasileira.


Intocáveis, consideram-se seres especiais, e exigem ser tratados como tais. 

O Judiciário e o Ministério Público brasileiros são a maior caixa preta que existe.

Seus próprios integrantes se encarregam de fiscalizá-los - de protegê-los, na prática.

E de tempos para cá, resolveram assumir um protagonismo na vida nacional absolutamente incompatível com suas funções.

Falando português claro, querem mandar no país.

Se intrometem em tudo, desde a definição da velocidade do trânsito de veículos em vias públicas até o estabelecimento de uma cruzada destinada a erradicar a corrupção.

Nesse último caso, resolveram até mesmo ir além dos textos legais e criaram uma legislação própria.

Segundo esses novos cânones, o acusado tem de provar que é inocente, quando, no mundo todo, a norma é justamente o oposto - o ônus da prova cabe a quem acusa.

Fora isso, boatos, rumores ou fofocas são aceitas como verdades, desde que elas digam o que os acusadores querem, e prisões preventivas ou temporárias duram meses e anos, como forma de torturar os acusados.

E - acredite quem quiser! - juízes não só julgam, como são parte preponderante da acusação.

Na semana passada um dos mais claros exemplos dessa nova e inusitadaJustiça à brasileira veio a público - a peça acusatória de um dos processos contra o ex-presidente Lula, mais de 300 páginas sem nada de concreto que sustente a tese de que ele é o maior corrupto do universo.

O texto, por si só, é a mais eloquente defesa do ex-presidente, tal a sua inconsistência e banalidade.

O mais interessante, porém, é constatar que a acusação de que Lula é o dono oculto de um apartamento triplex no Guarujá, parte da propina que teria recebido de uma empreiteira, tem a assinatura de um quase imberbe procurador da República que não acha nada demais ter comprado dois apartamentos subsidiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, como investimento - os dois, se vendidos, proporcionam lucro superior a 60%.

A justiça no Brasil, como se vê, não é apenas caolha: ela é também canalha. (Carlos Motta)



Agricultura faz PIB crescer, mas investimentos batem recorde negativo

June 2, 2017 9:23, von segundo clichê
Marcelo P. F. Manzano
 

O PIB brasileiro cresceu exatos 1% neste primeiro trimestre de 2017. Trata-se de uma boa notícia, já que vínhamos de oito trimestres de quedas consecutivas. Mas a análise pormenorizada dos números revela alguns problemas ainda bastante sérios.

Em primeiro lugar, conforme já vinha sendo antecipado pelos analistas, o refresco do PIB nestes três primeiros meses do ano deveu-se fundamentalmente ao fortíssimo avanço da produção agropecuária, a qual cresceu extraordinários 13,4% em relação ao último trimestre de 2016. Embora esse seja um dado positivo, é preciso lembrar que as atividades da agropecuária têm baixa capacidade de arrasto dos demais setores econômicos, seja porque não demandam volumes significativos de bens e serviços de maior valor agregado, seja porque empregam poucos trabalhadores, a maioria deles com baixos salários.


Já os desempenhos da produção industrial (0,9%) e do setor de serviços (0,0%) foram bem menos animadores, embora também apontem para o fim da queda livre que vínhamos assistindo desde o início de 2015. A modesta recuperação da indústria manufatureira é um fato relevante, já que esse setor representa o mais delicado e estratégico segmento da produção nacional, porém, cabe notar que seu crescimento se deu por meio da ocupação da enorme capacidade ociosa.

Por seu turno, a estagnação das atividades nos serviços, onde se concentram quase 80% dos trabalhadores ocupados no Brasil, é um indicativo bastante ruim, na medida em que não aponta para um horizonte de recuperação do mercado de trabalho capaz de reverter o grave quadro de desemprego que se alastra pelo país.

Mas é quando se observam os números do PIB trimestral pela óptica da demanda que desponta o dado mais preocupante: apesar da mencionada recuperação da indústria, os investimentos caíram 1,6% neste primeiro trimestre de 2017 em relação ao trimestre imediatamente anterior, derrubando a participação dos investimentos no PIB para 15,6%, isto é, a taxa mais baixa registrada desde 1995. 

Considerando que esse é o principal indicador do metabolismo econômico de um país –  na medida em que captura o efetivo comprometimento do setor capitalista com a expansão da capacidade produtiva nacional – resta observar que, a despeito do alívio temporário proporcionado pelas condições favoráveis à produção agrícola, a situação econômica ainda é gravíssima e assim deverá permanecer ao longo do ano. (Fundação Perseu Abramo)



Motta

0 Communities

keine