Desemprego, marca do Brasil Novo
October 18, 2017 15:57
O estrago provocado pelos golpistas na economia nacional vai se revelando aos poucos: o número de trabalhadores ocupados em empreendimentos de grande porte (com 50 trabalhadores ou mais) caiu 29% em relação a 2015, segundo dados do primeiro módulo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua 2012-2016) - Características Adicionais do Mercado de Trabalho, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A publicação indica ainda que 26% da população ocupada (empregadores, trabalhadores por conta própria e empregados, desconsiderando o setor público e os trabalhadores domésticos) trabalhava em empreendimentos de grande porte em 2016.
Em 2012, eram no total 72,4 milhões pessoas ocupadas, número que saltou para 75 milhões em 2015, vindo posteriormente a cair para os 73,7 milhões do ano passado – o último ano da pesquisa - quando se instalou o Brasil Novo da quadrilha que se apossou do Palácio do Planalto.
O porcentual daqueles que trabalhavam em empreendimentos de pequeno porte (com até 5 pessoas) subiu um pouco, de 48,1% para 50,1% entre 2015 e 2016.
Normal: quem foi demitido procurou se virar como pôde, e muitos montaram suas próprias empresas.
Outro dado divulgado hoje mostra que a tal recuperação econômica apregoada pelos jornalões e pelo bando governista não passa de lenda urbana: depois de dois meses seguidos de crescimento, a atividade econômica registrou queda em agosto, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período), que registrou decréscimo de 0,38%, em agosto.
Em 12 meses encerrados em agosto o indicador tem retração de 1,08%. No ano, até agosto, houve crescimento pífio, de 0,31%.
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira e ajuda o BC a tomar suas decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos.
O indicador foi criado pelo BC para tentar antecipar, por aproximação, a evolução da atividade econômica. O indicador oficial é o Produto Interno Bruto, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
"O País da Suruba", um livro que retrata o Brasil pós-golpe
October 18, 2017 14:41
"Um partido das mulheres sem mulheres, um deputado que discursa em defesa de um bombom, um senador que se apresta a nomear uma melancia, um presidente que troca Paraguai por Portugal e confunde Noruega com Suécia. É o que acontece em um lugar que ficou muito estranho nos últimos anos. Que país é este? Ora, é o país onde o líder do governo no Senado fala assim: 'Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada.' Pode-se chamá-lo então de o país da suruba”, diz trecho do release distribuído pelo autor para divulgar o seu trabalho.
"O País da Suruba", publicado pela editora Libretos, tem o subtítulo de “155 provas - e não apenas convicções - de como o golpe de 2016 diminuiu, ridicularizou e emburreceu o Brasil” e seu autor participará de uma tarde de autógrafos na Feira do Livro de Pelotas no dia 5 de novembro, e na Feira do Livro de Porto Alegre no dia 11 do mesmo mês, acompanhado do ilustrador Edgar Vasques e do jornalista Elmar Bones, que estarão no debate que integrará a programação.
"Todo regime espúrio aumenta exponencialmente a produção da besteira nacional, a história se repete agora e, claro, novamente como comédia, ou, mais precisamente, como tragicomédia", explica Centeno, para acrescentar em seguida que "uma das afinidades entre os golpes de 1964 e de 2016 está no regressismo, a revanche do velho contra o novo, do arcaico contra o moderno, do passado contra o futuro".
O jornalista lembra uma frase do crítico literário Roberto Schwartz sobre o golpe de 1964, para mostrar a afinidade com este último: “O golpe apresentou-se como uma gigantesca volta ao que a modernização havia relegado." Ele lembra que figuras apagadas, muitas vezes caricatas, ergueram-se das sombras para encenar aquilo que Schwartz definiu como “um espetáculo de anacronismo social”.
"E anacrônico é justamente o picadeiro feroz em que o Brasil se converteu pós-golpe de 2016", diz Centeno. "O Executivo, sob o tacão de um bando de homens brancos, ricos, velhos, retrógados e, dizem por aí, corruptos, remete diariamente à sociedade decisões toscas, cabeçadas na parede e gafes em escala industrial. O insaciável Legislativo disputa com o Executivo quem é o mais impopular. O Judiciário, antes discreto, move-se para o centro do palco, jogando-se também na fogueira das vaidades, fascínio que também engolfou promotores, procuradores e policiais, além dos donatários das capitanias hereditárias da mídia e seus comunicadores, quase todos atrelados ao discurso patronal", enfatiza o jornalista.
Autor de outros três livros, entre eles "Os Vencedores", de 2014 (Geração Editorial), onde resgata o combate dos jovens à ditadura de 1964, Centeno, para escrever a sua última obra, compilou na imprensa, ao longo dos dois últimos anos, centenas de situações pitorescas, que selecionou para recontá-las, em "O País da Suruba", com bom humor e ironia cortante.
"O País da Suruba": livro retrata o Brasil pós-golpe
October 18, 2017 9:24
É o que acontece em um lugar que ficou muito estranho nos últimos anos. Que país é este? Ora, é o país onde o líder do governo no Senado fala assim: “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada.” Pode-se chamá-lo então de “O País da Suruba”. Esse o título do livro do jornalista Ayrton Centeno que a editora Libretos está lançando , com o subtítulo “155 provas - e não apenas convicções - de como o golpe de 2016 diminuiu, ridicularizou e emburreceu o Brasil”.
"O País da Suruba" terá tarde de autógrafos na Feira do Livro de Pelotas no dia 5 de novembro. E na Feira do Livro de Porto Alegre no dia 11 do mesmo mês, acompanhado de debate com o ilustrador Edgar Vasques e o jornalista Elmar Bones.
Usando a farsa para contar onde o Brasil foi parar, o autor singra as mesmas águas que outro jornalista, Sérgio Porto, navegou para recontar a explosão do bestialógico depois do golpe de 1964. Na época, tornou-se o Febeapá, ou seja, o “Festival de Besteira que Assola o País”. Como todo regime espúrio aumenta exponencialmente a produção da besteira nacional, a história se repete agora e, claro, novamente como comédia. Ou, mais precisamente, como tragicomédia.
Uma das afinidades entre os golpes de 1964 e de 2016 está no regressismo, a revanche do velho contra o novo, do arcaico contra o moderno, do passado contra o futuro. “O golpe apresentou-se como uma gigantesca volta ao que a modernização havia relegado”, escreveu o crítico literário Roberto Schwartz sobre 1964. Figuras apagadas, muitas vezes caricatas, ergueram-se das sombras para encenar aquilo que Schwartz definiu como “um espetáculo de anacronismo social”.
Anacrônico é justamente o picadeiro feroz em que o Brasil se converteu pós-golpe de 2016. O Executivo, sob o tacão de um bando de homens brancos, ricos, velhos, retrógados e, dizem por aí, corruptos, remete diariamente à sociedade decisões toscas, cabeçadas na parede e gafes em escala industrial.
O insaciável Legislativo disputa com o Executivo quem é o mais impopular. O Judiciário, antes discreto, move-se para o centro do palco, jogando-se também na fogueira das vaidades, fascínio que também engolfou promotores, procuradores e policiais, além dos donatários das capitanias hereditárias da mídia e seus comunicadores, quase todos atrelados ao discurso patronal.
Autor de outros três livros, entre eles "Os Vencedores", de 2014 (Geração Editorial), onde resgata o combate dos jovens à ditadura de 1964, Centeno compilou na imprensa, ao longo dos dois últimos anos, centenas de situações pitorescas, que selecionou para recontá-las agora com permanente bom humor e ironia cortante.
O País da Suruba, com 128 páginas, tem capa e ilustrações de Edgar Vasques.
Escola para quem, para quê?
October 17, 2017 9:50Parte da explicação da situação trágica em que o país se encontra está nessa informação: a cada ano, quase 3 milhões de jovens abandonam a escola no Brasil, segundo o estudo Políticas Públicas para Redução do Abandono e Evasão Escolar de Jovens, de autoria do Insper, instituição de ensino superior.
No fim deste ano, um em cada quatro jovens entre 15 e 17 anos de idade vão abandonar seus estudos, não vão se matricular para o ano seguinte ou serão reprovados. Isso corresponde a um universo de 2,8 milhões de pessoas (27%), entre os 10 milhões de jovens estimados no país nessa faixa etária e que deveriam, de acordo com a Constituição, estar frequentando a escola.
Desse total de 10 milhões de jovens, cerca de 15% ou 1,5 milhão, sequer vão se matricular para o início do ano letivo. Do restante, entre aqueles que se matriculam, cerca de 7% ou 700 mil jovens vão abandonar a escola antes do fim do ano. Além disso, cerca de 600 mil alunos (5%) serão reprovados por faltas, o que completa os 2,8 milhões de jovens que estarão fora da escola a cada ano.
Segundo o estudo, mais da metade desses jovens (59% do total ou cerca de 6,1 milhões) vai concluir o Ensino Médio com no máximo um ano de atraso. A evasão (ausência de matrícula no início do ano letivo) e o abandono escolar (desistência durante o ano escolar) dos jovens também implica prejuízo econômico: cerca de R$ 35 bilhões por ano são desperdiçados no país por causa dessa realidade.
O estudo mostra ainda que houve uma estagnação na matrícula dos jovens entre 15 e 16 anos e que a porcentagem de jovens de 17 anos fora da escola cresceu 6 pontos percentuais nos últimos 15 anos, passando de 34% para 39,8%. Isso, segundo o estudo, contradiz uma tendência mundial: dados da Unesco apontam que 74% dos países avançam mais rapidamente na inclusão de jovens de 15 a 17 anos que o Brasil.
Os dados revelam que mais da metade das nações tem menor porcentagem de jovens fora da escola que o Brasil. Se mantiver esse ritmo, o país levará 200 anos para atingir a meta estabelecida no Plano Nacional de Educação: universalizar o atendimento escolar para essa faixa etária – que, pelo plano, deveria ter sido concluída no ano passado.
As principais razões para o chamado “desengajamento dos jovens”, segundo o estudo, estão associadas à pobreza e à dificuldade de acesso, tais como a falta de escolas na comunidade onde o jovem vive ou a falta de recursos para o transporte até a escola. Há também questões relacionadas à inadequação do currículo adotado, do clima escolar e da baixa qualidade dos serviços oferecidos pela escola.
Para reverter o quadro, o estudo propõe a criação de políticas públicas para diminuir o desengajamento como a garantia de acesso principalmente para aqueles que vivem em áreas rurais ou que têm alguma deficiência ou para jovens que cumprem pena privados de liberdade.
O estudo também propõe a criação de cursos profissionalizantes, um sistema de aconselhamento, práticas esportivas e artísticas, aumento das atividades à distância e flexibilização dos horários das aulas e do modelo de avaliação para ajudar a reduzir a evasão escolar.
E pensar que a presidenta Dilma Rousseff pretendia destinar 80% do dinheiro da exploração do petróleo do pré-sal para a educação...
E pensar que o pré-sal vai ser agora explorado pelas petroleiras internacionais, que vão abocanhar praticamente toda a sua riqueza...
O minúsculo se diz vítima de um golpe...
October 16, 2017 15:47O Brasil é o país da piada pronta.
Pois não é que Michel Temer, o minúsculo, aquele que ocupa o cargo de presidente da República por causa de uma bem sucedida trama, uma conspiração, um golpe que derrubou a presidenta legítima, Dilma Rousseff, escreveu uma carta a deputados e senadores na qual diz que é vítima de “uma campanha implacável com ataques torpes e mentirosos” e que há uma “conspiração” para derrubá-lo do cargo?
A carta foi enviada por Temer a parlamentares da base aliada e da oposição no momento em que a segunda denúncia da Procuradoria-geral da República (PGR) contra ele está sendo analisada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
Temer inicia a carta dizendo que a “indignação” é o que o faz se dirigir a eles. “São muitos os que me aconselham a nada dizer a respeito dos episódios que atingiram diretamente a minha honra. Mas para mim é inadmissível. Não posso silenciar. Não devo silenciar”, escreveu.
O presidente diz aos parlamentares que “afirmações falsas, denúncias ineptas alicerçadas em fatos construídos artificialmente sustentaram as inverdades que foram divulgadas” e que “a armação está sendo desmontada”.
O cinismo e a desfaçatez, além da hipocrisia, fizeram desta terra o seu porto seguro e aqui prosperam, como ervas daninhas.