Rodica mostra por que tem o blues no sangue
June 15, 2018 14:56Na terça-feira, dia 19 de junho, o palco do Centro Cultural da Justiça Federal, (Avenida Rio Branco, 241, Cinelândia), terá a presença, a partir das 19 horas, da cantora Rodica, que acompanhada pela banda Blues Groovers, interpretará canções de seu último CD “Blues in my Blood”, de autores como Hownlin’ Wolf, John Prine, John Lewis Parker, Bill Whiters, J.B. Lenoir, Chris Smither, Anthony Newley e Leslie Bricusse, entre outros. Originalmente de Boston (EUA), a cantora é uma estudiosa da música popular norte-americana e tem se destacado no cenário musical não apenas por sua pesquisa na área cultural, mas também por sua originalidade como uma intérprete de voz inconfundível. Além de ser cantora, ela também é antropóloga, o que se reflete na natureza de suas pesquisas - ela está sempre atenta para os contextos nos quais surgem as diversas expressões musicais.
O repertório do show e do CD “Blues in my Blood” remete a uma jornada que revela as várias ramificações do blues, no seu diálogo com outros gêneros musicais como o jazz, o country, folk e soul. Mostra também a riqueza da tradição do blues, que consegue interagir com outras vertentes sem, no entanto, perder suas origens. No CD, Rodica reuniu um time respeitável de músicos brasileiros para acompanha-la num rico e instigante repertório. O álbum contou com diversas participações especiais – como os integrantes do Julio Bittencourt Trio, o cantor e percussionista mineiro Sérgio Pererê e o cantor carioca Ricardo Werther.
A partir de 2001, Rodica formou duas bandas em Belo Horizonte e iniciou um trabalho que tinha como objetivo principal demonstrar as várias manifestações da música afro-americana, desde os spirituals e canções de trabalho, chegando ao blues e ao jazz. Tem se apresentado regularmente em casas de shows e teatros de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais, no circuito Sesc de São Paulo e participado de importantes eventos e festivais do gênero. Vale destacar a participação da cantora nos seguintes festivais: Festival de Jazz (Governador Valadares - MG – 2005 & 2015), Festival de Blues de Ibitipoca, MG (2006 & 2009), Festival de Blues e Jazz (Campos, RJ - 2007), Festival “Tudo é Jazz” (Ouro Preto, MG - 2008), SESC Blues & Jazz Festival (Barra Mansa, RJ - 2009), Festival de Jazz & Blues de Shopping Barra Garden (RJ, RJ - 2010), Savassi Festival de Jazz (Belo Horizonte, MG - 2010), Festival de Inverno de Itabira (Itabira, MG - 2010), Festival de Inverno de Perdões, MG (2010), Penedo Blues Festival (Penedo, RJ - 2010 & 2011), 1 Pensador Blues Festival (Curitiba, Paraná - 2010), Canoa Blues Festival (Canoa Quebrada, Ceará - 2013), Petrópolis Jazz & Blues Festival (Petrópolis, RJ – 2013).
Em agosto de 2009, Rodica mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tem conseguido ampliar seu leque de parcerias musicais e dar continuidade aos seus trabalhos. Atualmente trabalha com Julio Bittencourt Trio (SP) e Blues Groovers (RJ) em dois formatos de show bem distintos.
Nos últimos anos, a intensificação de seus estudos sobre as interfaces entre a música negra norte-americana e a música brasileira tem promovido, naturalmente, uma mudança importante na carreira musical da artista. Há seis anos, em parceria com o cantor e compositor Sérgio Pererê (MG), Rodica vem desenvolvendo um trabalho de pesquisa que relaciona a música de matriz negra produzida no Brasil, em suas múltiplas manifestações, com as canções dos trabalhadores/as afro-americanos/as do início de século XX. Um dos frutos desta pesquisa é a criação do show “Rosário de Peixes: Um Encontro inusitado entre o blues de raiz e a música afro-brasileira”, que teve sua estreia no Palácio das Artes - Sala Juvenal Dias em junho de 2007 (BH/MG). Foi também uma das atrações da 7° Edição do Festival Internacional de Jazz de Ouro Preto – Tudo é Jazz 2008, quando teve a participação especial do violonista e compositor Gilvan de Oliveira.
Em julho de 2009, Rodica lançou seu primeiro disco, o CD “Do Mississipi ao São Francisco”, que apresentou ao público os resultados de sua pesquisa desenvolvida ao longo destes anos. O CD apresenta canções de sua autoria e parceiros, além de canções tradicionais afro-americanas chamadas de “spirituals”, a expressão mais originária do blues. O álbum conta com participações especiais do gaitista e cantor paulista Vasco Faé, do cantor e percussionista Sérgio Pererê e da cantora Titane, ambos artistas de Minas Gerais.
No Rio de Janeiro Rodica firmou parceria com o Blues Groovers e partiu para uma nova frente de trabalho, que teve como resultado seu segundo CD: “Blues in my Blood”, lançado em 2012.
Mostra de cinema de Ouro Preto fortalece debate sobre preservação
June 15, 2018 14:32A Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), iniciou na quinta-feira (14) à noite a sua 13ª edição, mais uma de sua longa trajetória em favor das políticas de preservação do audiovisual. O evento surgiu em 2006 e tem como diferencial a estruturação em três eixos: patrimônio, educação e história. Em cada um deles, foi reunida uma vasta programação que mobiliza cineastas, pesquisadores, restauradores, professores, críticos, estudantes e cinéfilos em geral.
O evento é organizado pela Universo Produções, que também responde pela tradicional Mostra de Cinema de Tiradentes, e conta com o apoio do Ministério da Cultura. "A proposta que desenhamos para Ouro Preto era de um festival que tratasse o cinema como patrimônio e fosse um espaço de discussões, de ações, de encaminhamento do setor de preservação, que sempre foi considerado um patinho feio na cadeia produtiva do audiovisual. Mas aqui ele é protagonista", disse Raquel Hallak, coordenadora do evento e diretora da Universo Produções.
As atividades, todas abertas gratuitamente ao público, se arrastam até a próxima segunda-feira (18) e inclui exibição de filmes, mesas redondas, seminários, lançamento de livros e shows de artistas, que vão de músicos nacionalmente conhecidos como Tom Zé e Karina Buhr até grupos da nova geração como a banda mineira Cabezas Flutuantes. A atriz Maria Gladys será homenageada na abertura e receberá o Troféu Vila Rica.
Raquel Hallak lembra que, dentro da CineOP, ocorre o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros. Após anos de debate, na edição de 2016, a Associação Brasileira de Preservação Audiovisual aprovou o Plano Nacional de Preservação Audiovisual, que foi entregue ao Ministério da Cultura. A expectativa é de que ele seja submetido a uma consulta pública e, a partir das contribuições recebidas, se converta enfim em um instrumento concreto de políticas públicas.
"O setor clama ainda por atenção, por critérios de como preservar os filmes brasileiros, tendo em vista que em nossa história muitos já se perderam, foram queimados, desapareceram. Então vemos o evento como importante para a salvaguarda do rico patrimônio audiovisual que o Brasil possui. Se a gente for ver ao longo da trajetória da CineOP, muita coisa já avançou. Em 2006, ano da primeira edição, a preservação não tinha espaço nos conselhos de cinema de nenhum órgão. Ainda existe o discurso de que é caro, dá trabalho, não dá visibilidade. Mas isso vem mudando aos poucos. Atualmente, até com o avanço das tecnologias, há um barateamento da restauração de filmes."
A coordenadora da CineOP disse que a preocupação não se restringe a obras de cineastas com carreiras consolidadas. Leva em conta também filmes que foram produzidos para galerias de arte, ou que estão restritos a acervos pessoais, ou ainda de diretores que já morreram e deixaram materiais relevantes com os herdeiros que desconhecem o valor dos trabalhos. Segundo Raquel, há uma extensa produção cuja existência ainda nem é conhecida e que oferece um vasto campo para pesquisa.
"Precisamos de critérios definidos. Qual o filme deve ser restaurado primeiro? Falta também bancos de dados. Onde está o filme? Quem tem direitos sobre ele? Está no acervo de algum museu ou cinemateca? Qual o estado da cópia? Existe cópia de acesso ou só de preservação? Ou seja, há uma demanda grande de medidas a serem tomadas no âmbito governamental. Do ponto de vista da sociedade, já existe uma consciência da importância da preservação. Aquela ideia de que um país sem memória é um país sem identidade."
Além das discussões sobre patrimônio, o eixo história da CineOP se debruçará sobre a temática “Vanguarda tropical: Cinema e Outras Artes” e colocará em foco o movimento da cultura cinematográfica brasileira que se desenvolveu durante o regime militar e no contexto da implantação do Ato Institucional Número 5 (AI-5), em 1968. Serão apresentados trabalhos expressivos desenvolvidos sem compromissos comerciais, que fizeram uso de imagens e sons de forma não convencional. Entre eles estão obras de Jorge Mautner, Torquato Neto, Hélio Oiticica, Katia Maciel, Ivan Cardoso, Zózimo Bulbul, Iole de Freitas e Ana Maria Maiolino.
Já no eixo educação, um dos destaques é a mesa “Cinema e Educação: A Escola no Cinema”, que reunirá representantes do Programa Cineduca, iniciativa do Uruguai. "Queremos encarar as escolas e principalmente as escolas públicas, como instituições que produzem conteúdo e que têm acervo. E a partir daí fazer uma reflexão sobre o papel delas nos dias de hoje e como o cinema pode ser um instrumento de transformação social, de construção da cidadania. A escola pode usar o cinema para tornar o ensino ao mesmo tempo mais lúdico e contemporâneo", diz Raquel Hallak.
Em todo o evento, serão exibidos 134 filmes entre curtas, médias e longa-metragem provenientes de 12 Estados brasileiros e de outros três países: Estado Unidos, Espanha e França. As obras são dividias em oito mostras: Contemporânea, Preservação, Homenagem, Histórica, Educação, Sessão Especial, Mostrinha e Cine-Escola. (Agência Brasil)
André Mendes expõe em monumento histórico parisiense
June 15, 2018 11:30A primeira exposição individual do artista brasileiro André Mendes em Paris abre as portas ao público no dia 23 de junho. Num processo de apropriação do espaço, o artista analisa a arquitetura e cria situações de dialogo, tensão e troca entre suas obras e os 300 metros quadrados de área expositiva do Centro Cultural Cloître des Billettes (CCCB), claustro localizado na região do Marais, no coração de Paris.
Pinturas, esculturas e objetos resultarão em uma instalação no monumento histórico francês datado do século 14, direcionando o olhar do espectador para o contraste entre passado e presente. O Cloître des Billetes, a partir da intervenção de André Mendes, transforma-se numa ode à diversidade e ao processo criativo humano.
A mostra traz a aplicação de materiais inusitados, pesquisados em campo no Brasil e também na França. A exposição propõe aos visitantes uma experiência pessoal, à medida em que estimula a reflexão sobre as formas, a arquitetura e a maneira com que eles se relacionam.
A releitura de formas e funções gera experimentos e influencia positivamente o diálogo entre o passado e o presente. “Esta mostra sugere um profundo debate com a nossa própria história, desmistificando sensações visuais que se acumulam e sugerindo o retorno à essência de nosso ser, à compreensão da riqueza de nossa diversidade”, explica o curador Ricardo Fernandes.
“A primeira exposição do artista André Mendes em Paris, se dará de forma bem original e contará com a presença do artista que gradativamente estará construindo algumas obras "in loco" e dando aos visitantes a sensação de estarem dentro do atelier do artista. Os 300 m2 do único claustro medieval da cidade de Paris, ocupados temporariamente pelo artista, obedecerão o diálogo proposto do público com a arte e o seu criador. Os materiais diversos, muitos trazidos do Brasil e outros captados em pesquisa de materiais que ocorrerão em Paris anterior ao início da exposição, serão as ferramentas do trabalho do artista e mostrarão a força da criação contemporânea em relação ao espaço medieval que a acolhe”, diz Fernandes.
O artista
Nascido em Curitiba, André Mendes atua como artista plástico há mais de 18 anos. Em 2006, fez sua primeira exposição individual internacional na cidade do Porto – Portugal. O artista tem em seu currículo diversas exposições nacionais e internacionais, dentre elas, exposições em Singapura e Bancoque na Tailândia, além de ter participado de exposições coletivas na Malásia e na França.
Atualmente André Mendes vive e trabalha em Curitiba, onde sua pesquisa e produção são voltadas para a pintura e escultura em técnica mista. O artista se interessa pela materialidade da cor e seu comportamento como fluido. O acaso se manifesta em seu trabalho e transborda também para as outras superfícies do mundo ao redor – escultórico e arquitetônico.
O curador
Há mais de 25 anos Ricardo Fernandes vem construindo uma carreira internacional respeitada, atuando como expert em arte contemporânea e design, galerista, curador, cenógrafo e crítico de arte. Viveu na Alemanha, Suíça e Dinamarca e desde 2007 é radicado em Paris, onde dirige sua galeria de arte contemporânea, que funciona também como um centro gerador de informações e discussões sobre todos os temas relacionados com a arte contemporânea. Ricardo é arquiteto de interiores e jornalista de arte, membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), membro da Associação de Historiadores de Arte de Londres, (AAH), membro da Associação de Curadores de Nova York (AAMC), além de fazer parte da Associação dos Amigos do Palais de Tokyo, em Paris.
O espaço
“Poucos sabem que no número 24 da Rue des Archives fica não apenas o mais antigo claustro preservado de Paris, mas também um destino famoso para peregrinações cristãs no fim da Idade Média”, conta o pesquisador de história da arte Marc Soleranski. Não existe placa explicativa para lembrar que a igreja e o claustro tiveram para peregrinos cristãos importância equivalente a Lourdes, Fátima ou Santiago de Compostela. Completamente destruída durante a Revolução Francesa, a propriedade foi reconstruída posteriormente em seu atual estilo barroco. O convento e o claustro foram vendidos como propriedade nacional em 1793. Em 1808, a cidade de Paris comprou a propriedade e a doou aos luteranos, que a ocupam até hoje.
Datado de 1427, o claustro foi redesenhado e construído no estilo gótico francês – considerado bastante extravagante, explica Soleranski. Em vez de colunas de sustentação tradicionais, a arquitetura faz com que as estruturas se fundam com as abóbadas do teto. Isso dá aos visitantes uma visão ininterrupta desde a base dos pilares até o teto que lembram nervuras. “O efeito é que o edifício parece uma planta que parece brotar da terra”, sugere.
Em 2011, Ricardo Fernandes realizou sua primeira exposição no Cloître des Billetes, com obras de Leopoldo Martins. Agora, para conversar com este ambiente tão peculiar, convidou André Mendes para esta ousada intervenção. Com o curador, André Mendes participou do Solo Project Art Basel, em 2016.
CD reúne nova geração de violeiros paulistas
June 14, 2018 10:12Um novo projeto do Sesc terá seu lançamento neste sábado, 16 de junho, às 16h30, no teatro da unidade de Campinas. Trata-se do CD Viola Paulista, com 19 faixas compostas por 19 artistas ou grupos, instrumentais ou cantadas, com influências múltiplas, mas que têm em comum a paixão pela história e pelo som da viola.
Apesar de origens lusitanas e descendência remota nos instrumentos musicais árabe, a viola, tão acolhida em território nacional já está praticamente enraizada no imaginário popular. Tanto que é possível falar que existe uma viola brasileira.
Provocados por essa inquietação e contando com a curadoria e direção musical de Ivan Vilela, um dos maiores nomes na composição e execução da viola de dez cordas no Brasil, o Selo Sesc resolveu mapear artistas do Estado de São Paulo que têm a viola como fiel escudeiro. Neste primeiro volume, foram reunidos grupos e artistas solo expoentes da nova geração da viola de dez cordas.
O show de lançamento contará com os violeiros Vinícius Alves, Bob Vieira, Reinaldo Toledo, Ricardo Matsuda e Patrícia Gatti e apresentação de Ivan Vilela.
As faixas do CD são as seguintes:
1. Viola Castelhana (Neto Stéfani)
2. Brasil Viola (Moreno Overá)
3. Anastácio (Rodrigo Nali e Rafael Schmidt)
4. Catira do Vale (Bruno Sanches)
5. Viola Carpideira (Jackson Ricarte)
6. A Fada e o Saci (Ricardo Matsuda)
7. Improviso Violado (Vinícius Alves)
8. Alvorada Pantaneira (Leandro de Abreu)
9. Berceuse (Renato Gagliardi)
10. Rasta Zé (Zé Guerreiro Quarteto)
11. Dança da Onça (Gil Fenerich)
12. Estudo 09 (Reinaldo Toledo)
13. Pedra Enxuta (Bob Vieira 27)
14. Viola (Osni Ribeiro)
15. Palau (José Gustavo Julião)
16. Jacaré Pepira (Trio Tamoyo)
17. Raiz da Gamaleira (Zé Márcio)
18. Caipira Chique (Ronaldo Sabino)
19. Meu Sertão (Fabíola Mirella e Sérgio Penna)
Sesc Campinas , sábado, 16 de junho, às 16h30
A guerra da Síria pelos olhos de uma menina
June 14, 2018 9:52O jornalista e correspondente de guerra francês Philippe Lobjois vem ao Brasil no fim de junho para a divulgação do livro “O Diário de Myriam”, do qual é coautor ao lado da síria Myriam Rawick, uma menina de 13 anos. Lançada pela DarkSide Books, a obra se aprofunda no dia a dia da pequena Myriam durante a guerra da Síria e foi escrito no período de novembro de 2011 e dezembro de 2016.
No dia 28 de junho, Philippe Lobjois fará um bate-papo sobre “A Guerra na Síria e a Questão dos Refugiados”, às 19h30m, na Blooks Livraria do Shopping Frei Caneca, em São Paulo. Entre os dias 29 de junho e 1º de julho, o francês estará no Fliaraxá e o público terá a oportunidade de acompanhá-lo por meio de tradução consecutiva. Enquanto em 3 de julho, ele participará de um debate às 19h30m, no Observatório do Amanhã, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Com realização da DarkSide Books, da Associação Cultural Sempre Um Papo, do Museu do Amanhã, do Ministério da Cultura e do Governo Federal do Brasil, os eventos têm patrocínio da Lei ao Incentivo à Cultura, do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) e da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, com apoio cultural da Blooks Livraria.
De um lado, uma menina judia que passou anos escondida no Anexo Secreto tentando sobreviver à guerra de Hitler. De outro, uma garota síria que sonha ser astrônoma e vê seu mundo girar após a eclosão de um conflito que ela nem mesmo compreende. Mesmo separadas por mais de 70 anos, Anne Frank e Myriam Rawick têm um elo comum: ambas são símbolos de esperança e resistência contra os horrores de um país em guerra e acreditam no poder das palavras.
“Meu nome é Myriam, eu tenho 13 anos. Cresci em Jabal Saydé, o bairro de Alepo onde nasci. Um bairro que não existe mais”. “O Diário de Myriam” é um registro comovente e verdadeiro sobre a guerra civil Síria. Escrito em colaboração com o jornalista francês Philippe Lobjois, que trabalhou ao lado de Myriam para enriquecer as memórias que ela coletou em seu diário, o livro descortina o cotidiano de uma comunidade de minoria cristã que sofre com o conflito através dos olhos de uma menina.
Assim como acompanhamos a Segunda Guerra Mundial pelos olhos da pequena Ada em “A Guerra que Salvou a Minha Vida” e “A Guerra que me Ensinou a Viver”, “O Diário de Myriam” apresenta a perspectiva de uma menina que teve sua infância roubada ao crescer rodeada pelo sofrimento provocado pela guerra da Síria, iniciada em 2011. Myriam começou a registrar seu cotidiano após sugestão da mãe, que propôs que ela contasse tudo aquilo que viveu para, um dia, poder se lembrar de tudo o que aconteceu.
O diário alterna entre as doces memórias do passado na cidade de Alepo e os dias doloridos e carregados de incertezas. E é com a sensibilidade de uma contadora de histórias que ela narra a preocupação crescente de seus pais com as notícias na tv, as pinturas revolucionárias nos muros da escola, as manifestações contra o governo, a repressão, o sequestro de seu primo e, por fim, os bombardeios que destroem tudo aquilo que ela conhecia.
“O Diário de Myriam”, vencedor do Prêmio L’Express-BFMTV 2017 na categoria Ensaios, em votação feita pelos leitores, é aquele livro que fica mais próximo do coração de cada um, pois foi escrito de forma simples e verdadeira. Como os outros títulos da linha Crânio, o testemunho de Myriam faz um convite à reflexão do agora e estimula o leitor a entender e questionar o mundo que estamos construindo — além de ser um exercício de empatia pela dor do outro.
A guerra da Síria deixou mais de 400 mil mortos e transformou 5 milhões de pessoas em refugiadas ao longo dos últimos sete anos, impulsionando o maior deslocamento de pessoas no mundo após a Segunda Guerra Mundial. Myriam é apenas uma entre milhões de vozes que sofrem diariamente, mas suas palavras conseguem falar por muitas elas.
Myriam Rawick começou a escrever em seu diário aos oito anos de idade. Seus registros sobre a Guerra da Síria compreendem o período entre novembro de 2011 e dezembro de 2016. Refugiada em sua própria cidade, Myriam viu seu lar ser devastado e conta como Alepo, uma das cidades mais antigas do mundo, foi destruída num piscar de olhos. Desde o fim das hostilidades em sua cidade natal, Myriam voltou para lá apenas uma vez. Ainda assim, algumas coisas continuam iguais: ela segue escrevendo sobre sua vida em seu diário.
Philippe Lobjois é um repórter de guerra francês e autor de diversos livros. Estudou ciências políticas em Paris e já cobriu o Conflito Karen, a Guerra do Kosovo e a Guerra do Afeganistão. Quando a Guerra da Síria eclodiu, ele decidiu ir até a cidade de Alepo, onde descobriu a história de Myriam. Após um mês vendo de perto o caos provocado pela guerra, ele conseguiu localizá-la e, juntos, trabalharam para revelar sua história ao mundo.
A editora DarkSide Books
Primeira editora brasileira especializada no universo do terror e da fantasia, a DarkSide Books nasceu em um 31 de outubro, Dia das Bruxas, em 2012. Hoje, com cinco anos de vida, já mobiliza mais de 1 milhão de fãs nas redes sociais, a maioria deles leitores que colecionam seus títulos – edições sempre caprichadas e em capa dura. A DarkSide – apadrinhada pelo mestre Zé do Caixão, de quem reeditou a biografia – se tornou uma referência entre as novas editoras do mercado e mantém uma relação intensa, de admiração e troca, com seus fãs e seguidores, que não deixam de acompanhar, curtir, sugerir títulos e cobrar lançamentos com a "Caveira" (o símbolo que se tornou apelido da editora nas redes sociais).
Além da qualidade do design e acabamento gráfico das edições, esta legião de fãs busca, na DarkSide as preciosidades de um catálogo diversificado, que aposta em revelações da literatura mundial, premiadas no exterior (como Andrew Pyper, Caitlín R. Kiernan e Keith Donohue), em ícones do universo do terror e da fantasia (como Robert Bloch, Stephen King e Jim Henson) e em obras-primas que continuavam inéditas no país como Fábrica de Vespas, o premiado livro do autor Iain Banks.









