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Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

Mais fortes são os poderes do povo!

January 24, 2018 10:01, by segundo clichê



Carlos Motta

Cinquenta e quatro anos atrás, em 1964, ano da "Gloriosa", era lançado "Deus e o Diabo na Terra do Sol", do baiano Glauber Rocha. Os críticos consideram o filme um marco do chamado "cinema novo", movimento que renovou a cinematografia nacional.

O filme trata da injustiça, da exploração do homem pelo homem, da luta de classes, da desigualdade social e de como os poderosos usam a violência para resolver os seus problemas. Nada de novo. Os temas são perenes, estão no ar desde o surgimento do homo sapiens - ou mesmo antes disso.

Para ressaltar as suas fortes imagens, "Deus e o Diabo..." conta com uma trilha sonora de primeira qualidade, de autoria do talentoso Sérgio Ricardo, 85 anos de idade, 66 anos a serviço da arte e cultura do país.

"Perseguição" e "Sertão Vai Virar Mar", duas das músicas do filme, se tornaram icônicas por resumirem, alegoricamente, não só o filme, mas o período histórico em que ele foi feito: o início da ditadura militar, o fim das ilusões dos que sonhavam ver o Brasil ao lado das grandes potências mundiais.

As duas canções são magnificamente interpretadas por Sérgio Ricardo.

E embora tenham sido feitas para um filme, poderiam muito bem terem sido compostas para expressar o que grande parte dos brasileiros sente hoje, ao ver a maior liderança política da história sofrer a mais abjeta perseguição de que se tem notícia.

Mas como brada o personagem Corisco, prestes a ser abatido pelo mercenário Antônio das Mortes, no simbólico duelo entre ambos, "mais fortes são os poderes do povo".

https://www.youtube.com/watch?v=A19p6jZQpSk

- Se entrega, Corisco!
- Eu não me entrego, não!
Eu não sou passarinho
Pra viver lá na prisão
- Se entrega, Corisco!
- Eu não me entrego, não!
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão
- Se entrega, Corisco!
- Eu não me entrego, não!
(Mais forte são os poderes do povo!)


Farrea, farrea povo
Farrea até o sol raiar
Mataram Corisco
Balearam Dadá
O sertão vai virá mar
E o mar virá sertão
Tá contada a minha história
Verdade e imaginação
Espero que o sinhô
Tenha tirado uma lição
Que assim mal dividido
Esse mundo anda errado
Que a terra é do homem
Num é de Deus nem do Diabo 



Marcelo Cigano mostra sua versatilidade em SP

January 23, 2018 16:57, by segundo clichê


Marcelo Cigano, um dos principais acordeonistas do país, fará show, no dia 30, terça-feira, no Jazz B (Rua General Jardim, 43, República, São Paulo). No espetáculo, que começa às 21 horas, ele será acompanhado por Vinicius Araujo (guitarra), Bruno Migotto (baixo), Edu Ribeiro (bateria) e Jota P. (sax), e apresentará o repertório de seu segundo disco, que está em fase de produção.

Nascido numa família cigana, Marcelo começou a tocar acordeão aos 8 anos de Idade por influência de seu pai, também acordeonista. Com versatilidade e virtuosismo ele transita entre diversos gêneros musicais, como o samba, choro, forró, bossa nova, tango e jazz.

Lançou em 2014 seu primeiro disco, intitulado "Influência do Jazz", com direção musical de Oliver Pellet e participações especiais de Hermeto Pascoal, Toninho Ferragutti, Lea Freire, Thiago Espírito Santo, entre outros.

Entre shows e gravações, Marcelo já tocou com Joel Nascimento, Isaias Bueno, lsrael Bueno, Arismar do Espirito Santo, Guello, Oswaldinho do Acordeon, Nailor Proveta, François de Lima, Fábio Torres, Edu Ribeiro, Arthur Bonilla, Spok Frevo Orquestra, Robin Nolan, Paul Mehling, Jon Larsen e Tcha-Badjo.



Escritor viaja por suas raízes em Angola, Portugal e Brasil

January 23, 2018 9:56, by segundo clichê


Ricardo Ferreira nasceu em Banguela, no sul de Angola, em 1966. Com apenas 9 anos, ao início da guerra civil no país, partiu com os pais, portugueses, para Lisboa, onde cresceu junto com a democracia lusitana. Duas décadas depois, em visita de férias à Bahia, apaixonou-se por Salvador, para onde logo se mudou definitivamente.

As vivências da trajetória de vida por três países lusófonos deram origem à trilogia literária “O Grande Banquete”, um resgate das raízes do autor e uma declaração de amor às terras que o acolheram. “Os livros aconteceram naturalmente, sem pressa. Ao longo dos anos, reuni as ideias, experiências e os relatos de vários tempos”, comenta Ricardo. Segundo ele, a iniciativa de transferir para as páginas dos livros sua trajetória e seus pensamentos foi motivada por insistentes pedidos dos amigos.


O primeiro livro, “A Transformação e o Templo” (160 págs., Cogito Editora, R$ 39,90), de 2013, narra as experiências de um português exultante com os atrativos das terras baianas. Sua escrita é descritiva, porém intensa – por vezes até sofrida –, cheia de sons, tons, cores e sabores. O leitor depara com o relato de um apaixonado pela Bahia que viaja pelos mais ricos recantos do Estado, descobrindo desde a Ilhéus da Gabriela de Jorge Amado até a Itaparica de João Ubaldo, enquanto sente o cheiro da terra vermelha que remete à sua infância.


Na sequência, “Viagens à Nossa Volta” (168 págs., Quarteto Editora, R$ 39,90), de 2015, o escritor convida a uma viagem sedutora pelas culturas de Angola, Portugal e Brasil, combinando ficção e realidade em uma busca contemplativa de suas próprias raízes e dos elos que nos unem a todos como cidadãos lusófonos.


A saga se encerra com “Eles e Elas e os Risos do Fado” (202 págs., Quarteto Editora, R$ 39,90), de 2016. Sutil e reflexiva, a narrativa gira em torno de dois estudantes, o português Carlos e a brasileira Lisa, que se conhecem no meio universitário português. A história do casal é apresentada à medida que o leitor é inserido em um passeio romântico pela vida noturna de Lisboa e suas atrações e, em certo momento, cruza o Atlântico para chegar a Salvador.


Elementos centrais na trajetória pessoal e profissional de Ricardo, a lusofonia e a relação entre os países de língua portuguesa constituem-se, simultaneamente, como objeto de inspiração e de crítica para o autor.


Vivendo em “um triângulo afetivo e profissional” entre as três pátrias que o formaram como cidadão e homem, o autor relaciona, de maneira criativa e harmoniosa, suas memórias às histórias dos países e nações.


“Tive a grata oportunidade de vivenciar essas experiências multiculturais, que sem dúvida me tornaram um ser melhor. É essa mistura que me atrai e é sobre isso que escrevo e reflito”, diz o autor.



SP ganha grande retrospectiva de Basquiat

January 23, 2018 9:10, by segundo clichê


Com 80 peças, chega a São Paulo no dia do aniversário da cidade (25 de janeiro) uma retrospectiva do artista Jean-Michel Basquiat. Apesar da curta carreira, entre os 17 e 27 anos, o nova-iorquino teve uma produção intensa, sendo considerado um dos nomes mais importantes da década de 80. Os trabalhos expostos no Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro da capital paulista, apresentam o pintor, desenhista e gravurista desde o início da carreira com os grafites até o auge do processo, quando alcançou nível elevado de valor no mercado da arte.

“A obra dele manteve a atualidade, um fascínio, tanto da parte visual, estética, quanto do conteúdo”, ressalta o curador Pieter Tjabbes, ao comentar como os trabalhos ainda mostram forte apelo, especialmente entre os jovens. “Ele tem um trabalho intuitivo. Insere tudo o que está fazendo, pensando, o que está acontecendo ao redor dele entra nas obras, seja em imagens, seja em palavras. Ele é uma esponja”, acrescenta, ao explicar um pouco sobre o método de Basquiat, que costumava deixar o rádio e a televisão ligados ao mesmo tempo enquanto trabalhava no ateliê. “Ele era bombardeado por todas essas informações o tempo inteiro.”


Essa estimulação com elementos de diversas fontes parece ser, na opinião do curador, um dos traços que aproxima o artista das gerações atuais. “Ele está em constante contato com o mundo ao redor. Isso talvez seja parte do apelo que tem hoje, essa nova geração é totalmente antenada, 24 horas por dia conectada em informação.”

A imersão era tão intensa que até o apartamento onde vivia se tornava parte de sua obra. “Ele pinta tudo que está no apartamento: a geladeira, a porta do banheiro”, comenta o curador. Essa porta, assim como outros objetos semelhantes usados como suporte pelo artista - esquadrias de janela e peças de madeira - pode ser vista na mostra. A exposição é, segundo Tjabbes, a maior do artista feita no Brasil.


O talento ímpar e o esforço trouxeram resultados rápidos para o jovem artista. Em 1982, com 21 anos, chegou a participar da Documenta de Kassel, na Alemanha, uma das principais mostras de arte contemporânea do mundo. O renome fez com que o valor de suas obras também subisse rápido, uma das razões, segundo Tjabbes, pelas quais é difícil encontrar os trabalhos de Basquiat em museus e instituições públicas. “Quando os museus começaram a se interessar, os preços já estavam proibitivos. O resultado é que relativamente poucos museus têm obras dele nas coleções”, diz. As obras da exposição do CCBB são de uma coleção particular.


Apesar da rápida ascensão, Basquiat ainda se sentia afetado pelo racismo, e a temática negra era uma presença constante em suas obras. “Ele era um artista negro, afroamericano, dentro de um meio de artes que era quase totalmente branco. Então, a obra sempre permeia esse viés de crítica sobre o sistema. Basquiat ressalta muito negros importantes na música e nos esportes”, lembra o curador.

A música, em especial o hip hop, era outra influência importante em seu trabalho. “A ligação que a obra dele tem com a música falada”, destaca Tjabbes. Mesclar palavras com imagens é também uma característica marcante de várias obras. Assim como a inserção de desenhos por meio de colagens. “O desenho aparece tanto como desenho mesmo, como nos quadros. Ele insere nos quadros, cola, pinta por cima.”


A exposição fica em São Paulo até abril, de onde segue para as unidades do CCBB em Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, encerrando as exibições no Brasil em janeiro de 2019. (Agência Brasil)



Uma obra repleta de obras-primas

January 22, 2018 16:27, by segundo clichê


Carlos Motta

No sábado, 3 de fevereiro, a partir das 13 horas, a Livraria Folha Seca (Rua do Ouvidor, 37, Centro, Rio de Janeiro) vai abrigar o lançamento de "O Espírito Afro-Latino na Poesia de Nei Lopes", de Mirian de Carvalho, e o relançamento de "O Samba, na Realidade: a Utopia da Ascensão Social do Sambista", o primeiro dos 37 livros que o compositor, cantor, escritor e estudioso das culturas africanas publicou. 

"O Espírito Afro-Latino..." foi classificado em 2º lugar (Prêmio Vianna Moog) no Concurso Literário Nacional e Internacional da União Brasileira de Escritores. Mirian de Carvalho, doutora em filosofia, diz que para produzir o seu ensaio, releu várias vezes "Poétnica", livro de poemas escritos por ele no período de 1966 a 2013. Ela concluiu que as poesias de Nei Lopes configuram-se uma epopeia - "uma epopeia afro-latina a irmanar aqueles dois continentes" - África e América. 

Teses à parte, a produção cultural-artística de Nei Lopes é impressionante. São dele, por exemplo, o "Dicionário Banto do Brasil", a "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana" e "História da Cultura Africana e Afro-Brasileira", entre outras obras que o colocam entre os maiores especialistas da delicada temática da formação da sociedade brasileira.

Mas Nei vai além do academicismo. 

Escreveu, além de poesias, contos, crônicas e romances. E é compositor profissional desde 1972 - algumas obras-primas da música popular brasileira são de sua autoria.

Nei, bacharel em direito e ciências sociais, é também PhD em samba. 

A qualidade de sua produção musical faz dele titular do primeiríssimo time da MPB.

Outro dia, remexendo os CDs espalhados pela casa, achei um que não escutava fazia tempo, "De Letra e Música", produzido pela Velas no ano 2000, e que traz Nei Lopes e alguns de seus amigos: Alcione, Arlindo Cruz e Sombrinha, Chico Buarque, dona Ivone Lara, Dudu Nobre, Dunga, Emílio Santiago, Fátima Guedes, Guinga, Joyce, João Bosco, Martinho da Vila, MPB4, Toque de Prima, Wilson Moreira, Zeca Pagodinho e Zé Renato.

Botei para tocar e uma hora e pouco depois, estava pasmo.

Fazia anos que não ouvia algo tão bom: um disco sem nenhuma música mais ou menos, sem nenhum arranjo apressado, sem nenhuma interpretação displicente, tudo num nível altíssimo, para além da abóboda celeste.

E com algumas composições que estão no topo da cadeia alimentar dos mais exigentes e vorazes caçadores de tesouros musicais, como "Senhora Liberdade", "Goiabada Cascão", "Coisa da Antiga", "Tempo de Glória", "Gostoso Veneno" e "Gotas de Veneno", em parceria com Wilson Moreira; "A Senhora da Canção", emocionante homenagem a dona Ivone Lara, feita com Cláudio Jorge; e "Tempo do Dondom" e "Samba do Irajá", só de Nei Lopes.

O CD deve estar esgotado, mas dá para ouvi-lo inteiro na internet:


É de fazer, como se dizia antigamente, cair o queixo.



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