Ir al contenido

Motta

Full screen

Segundo Clichê

febrero 27, 2017 15:48 , por Blogoosfero - | 1 person following this article.

Edvaldo Santana e a receita para adonirar o blues

noviembre 22, 2017 9:58, por segundo clichê

 

Carlos Motta


O Brasil é um país tão rico musicalmente que se dá ao luxo de esconder da maioria das pessoas um artista como Edvaldo Santana, que há mais de 40 anos vem fazendo um trabalho único pela sua originalidade, criatividade, coerência, liberdade e coragem - muita coragem.

Edvaldo, filho de nordestinos nascido e criado no bairro de São Miguel Paulista, periferia de São Paulo, é uma verdadeira antena musical: nos oito discos que lançou ele canta de tudo, samba, reggae, funk, blues, rock, country, baião, choro...

Se há alguém que compreendeu, na música popular brasileira, a importância de universalizar a aldeia, é ele. Os versos de sua canção "Variante" explicam esse seu esforço artístico:  "Se eu pudesse aproximava os tempos/Adonirava o blues..." 

Edvaldo trabalha, sem nenhum preconceito, com temas que são frutos de sua observação, de sua vivência.

E se, literariamente, se constitui num cronista da vida da metrópole - e até mesmo dos fundões deste imenso país -, com seus tipos e situações, seus amores e temores, desprezados pelo chamado "mainstream", o seu caldeirão musical, temperado por ervas de aromas diversos, é uma lição para todo artista que pretenda ser contemporâneo e queira expressar, com a sua sensibilidade, a época em que vive.

Cada disco seu é melhor que o outro, com sacadas que levam o ouvinte mais atento a se perguntar por que essas músicas não tocam no rádio ou por que os meios de comunicação, os críticos musicais, os achistas em geral, simplesmente colocam e esquecem um talento desses numa gaveta com o rótulo de "maldito", ou, os mais complacentes, de "independente".

Nesta entrevista ao blog, Edvaldo Santana lava a alma daqueles que não se prendem a modismos e não classificam os artistas por gênero musical, como se eles fossem frutos de uma programação implacável, burocrática e que se repete ao infinito.

"Não produzo pensando no tempo, não marco cartão", diz ele. "Sou um paulistano filho de nordestinos, um bicho urbano com características rurais e minha obra reflete o que estou sentindo", continua, para em seguida fazer a si mesmo uma pergunta que responde com uma sinceridade rara hoje em dia: "Minha música é contemporânea? Nunca pensei nisso, pode ser, por ousar nas misturas e criar um novo campo de sonoridade através da canção, por não encontrar nenhum obstáculo entre o samba e o blues, por ter grande amigos músicos, identificados com uma estética onde a arte de executar um instrumento está acima de qualquer modalidade de plugins."

Fala, Edvaldo!

Segundo Clichê - Como é ser um músico "independente" no Brasil? Desde quando você percebeu que ficaria fora do chamado "mainstream"?
Edvaldo Santana - Liberdade significa muito em aspectos diversos. Quando você não se identifica com um tipo de relação, o bom senso indica que você procure outros caminhos, se você quer de fato se envolver com a arte, o negócio da grana passa a ficar em segundo plano. A contradição é que você quando ganha a independência tem também que tratar de negócios, afinal eu gosto de cantar e tocar, mas também de comer, de morar, de sonhar, de viver, de criar. A pressão da indústria cultural, baseada na competição, onde o artista que vende mais é mais cortejado, faz com que artistas inventivos se afastem desse tipo de atuação. Eu nunca fui interessado em fazer música para vender no mercado. Desde o rompimento da banda Matéria Prima com a CBS, em 1977, que tenho percorrido o caminho de ser livre, não acredito que o "mainstream" tenha esse poder de definir minha vida, reflito que eu é que não consegui me adaptar. Tenho muita sorte de ter encontrado pessoas talentosas como o grande músico Luiz Waack, que sempre acreditou e acredita nessa história.


Um beque uma pinga, Jacó e Pixinga
Um frio na barriga, Torquato, Raul
Charutinho maloca o Sampaio na toca
Miriam bate na porta do malandro urubu

 

("Choro de Outono")


Segundo Clichê - Dá para você situar o seu trabalho em relação à produção musical brasileira contemporânea?
Edvaldo - A arte é atemporal, a música brasileira então nem se fale. Não produzo pensando no tempo, não marco cartão. Sou um paulistano filho de nordestinos, um bicho urbano com características rurais. Minha obra reflete o que estou sentindo. Se ela é contemporânea? Nunca pensei nisso, pode ser, por ousar nas misturas e criar um novo campo de sonoridade através da canção, por não encontrar nenhum obstáculo entre o samba e o blues, por ter grande amigos músicos, identificados com uma estética onde a arte de executar um instrumento está acima de qualquer modalidade de plugins. Como não me interesso pela futilidade, os deuses da arte me trazem sensibilidade e perspicácia, para compreender melhor sua diversidade. Tem muita gente fazendo música, isso é bom, pois a arte depura e faz a gente se aprofundar nos nossos dilemas, nas nossas virtudes.


Gagarin pisava nos astros distraído
Quando descobriu que a Terra é azul
Na Terra, a guerra explodia, em cada esquina se via
Um black tocando blues

 

("Cabral, Gagarin e Bill Gates")


Segundo Clichê - Você, pelo que se percebe em suas músicas, recebeu muitas influências. Quais as mais fortes? Que peso tem o fato de você ter sido criado num bairro da periferia paulistana em sua obra?
Edvaldo - Sou totalmente influenciado pela novidade, pelo que aguça meus sentidos, porém tem muita gente que me ajudou a perceber o mundo. Primeiramente, sou filho de um pai piauiense, Felix, canhoteiro que tocava violão e cantava canções de suas andanças pelo Brasil, além de gostar de Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Pixinguinha. Por ter nascido num bairro povoado por nordestinos, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro eram constantes, também adorava quando Manezinho Araújo cantava na TV uma embolada, onde a gente assistia desde os festivais, aos programas da Elis Regina, do Roberto Carlos, dos tropicalistas, dos cearenses, e o nosso grande ídolo artista do bairro, Antonio Marcos. Minha mãe Judite tinha uma pensão e me incumbia às vezes de levar bebida nas casas de viração, uma espécie de avião de cachaça. Acho que o meu gosto por boleros vem desse tempo - Altemar Dutra, Carlos Alberto. Já semiprofissional, tive o prazer de trabalhar com Tom Zé, em 1974, que é uma referência vivida na prática. O rock como atitude se condensa em alguns festivais e chega para a gente: Jimi Hendrix, Janis Joplin, Carlos Santana, Joe Cocker e tantos outros. Os mestres Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Luiz Melodia, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Belchior, João Nogueira, sempre me acompanharam pelos lugares onde andei. Nos anos 80 me aproximei mais da música negra, o jazz, o blues o reggae, a salsa, a morna, Charlie Parker, Miles Davis, Tom Waits, Bola de Nieve, João Bosco, Itamar Assumpção, Bob Marley, Cesária Évora. Nunca poderia negar o aprendizado que tive e que tenho, da minha aldeia de Ururaí, que virou São Miguel Paulista, terra de Mané Gafieira, Macumbinha, um dos caras que inventaram o Jequibau [ritmo musical lançado pela primeira vez em disco pelo pianista Mario Albanese e maestro Cyro Pereira em 1965], e Waldir Aguiar. Ali é a base que sustenta o amor, a amizade, o respeito e a dignidade.


Eu vou tomar Maria-Mole na velha estrada do Rio
Que pros manos lá da vila liga mais que muito fio
Para cantar no Hip-Hop um pagode do meu tio
A quebrada da cidade tem a cara do Brasil

 

("Jataí")
 

Segundo Clichê - Suas letras são bem construídas, verdadeiros poemas, muitas com forte conotação social. Isso veio naturalmente, você gosta de escrever outras coisas, o que o influenciou literariamente?
Edvaldo - Estou na terra de mestres da literatura, da poesia, da letra de música, é muita responsa, desde cedo tive literatura de cordel, mas também tive Baudelaire, quem gostava de outra coisa dava um jeito para conseguir, de um primo comunista, o livro do Chico Buarque, de um bedel da escola os gibis do Fantasma e o "catecismo"... Na poesia sempre fui agraciado, nos tempos de MPA [Movimento Popular de Arte, criado no fim da década de 70 do século passado, do qual Edvaldo fez parte], Akira Yamasaki sempre foi um farol, Severino do Ramo me apresentou a Glauco Mattoso, e depois Ademir Assunção me apresentou a Paulo Leminski, que abriu minha cabeça com sua síntese avassaladora, me aproximando de Haroldo e Augusto de Campos, de Arnaldo Antunes. Escrevo o que me toca, às vezes o que me alegra, às vezes o que me deixa triste, gosto muito de observar jeitos, sotaques, costumes. Em cada época me interesso mais por uma dessas características. Deixo que o sentimento profundo me absorva. O nascimento de minha filha me trouxe uma canção trazida pelo coração emocionado, já "Jataí" compus pesquisando meu país, usando um pouco mais o conhecimento da mente. Em outras canções a emoção e a razão se encontram e juntas dão sentido para nossas ideias. Nesse novo disco tem uma música chamada "Fazendo pra Aprender", que é fruto de uma conversa por telefone de um fã apaixonado por uma argentina. Não tem manual, toda hora é hora, a arte é um alimento muito nutritivo.


Ei falador
Sua vida de cagueta não vale um tostão
Nem Miami nem Sourbonne
A grana que sumiu tá na casa do pastor
Ninguém vai pagar o prêmio

 

("O Retorno do Cangaço")


Segundo Clichê -  Conte um pouco da sua história: você é autodidata ou estudou música?
Edvaldo - Sim, autodidata, quebrando as cordas de aço do violão de meu pai, vendo os caras  tocarem no bar, no baile, na rua, em casa, sonhando com essa coisa lúdica que a arte produz na gente. Deveria ter insistido em estudar música, mas era complicado, trampo e colégio, tinha que ajudar a família, os tempos nunca foram fáceis. Sou o filho mais velho de oito sobreviventes, nascidos na periferia, estudei até o colegial, fui operário, jogador de várzea, virei artista quando entendi o caminho da arte, torto e privilegiado, ando livre no cerrado, na caatinga, na quebrada. Falar de mim não sou bom não, tenho dificuldades, mas posso dizer que consigo fazer o que gosto quase sempre e isso é uma dádiva, exige coragem e ousadia. Não temer o conflito e nunca se sentir derrotado... Sempre haverá um próximo passo.


Se o Sampaio já cantou pro Melodia
Que virão melhores dias pra quem ouve o coração
Sem receio sem poder e sem status
Joga fora o guardanapo e vem pra cá comer com a mão

 

("Sampaio Melodia")

 

 

Segundo Clichê - Quais os seus próximos projetos? Como têm sido os últimos anos de sua carreira, tem feito muitos shows, como tem sido a receptividade de seu último CD?
Edvaldo - Estamos preparando para lançar nas plataformas digitais a gravação ao vivo realizada em 16 canais, pela Colmeia no Carvalho, do show de lançamento do álbum mais recente ["Só Vou Chegar mais Tarde", lançado em 2016] no Sesc Pompéia. Também está em fase de finalização um videoclipe da música "Predicado", gravado na Cidade Tiradentes, no Instituto Pombas Urbanas, produzido por Lentes Periféricas, DMK Art Studio e Casa Amarela. Tenho um livro inacabado que estou querendo publicar, fala de São Miguel e da minha vivência no bairro, um projeto que vivo adiando, mas que uma hora tem que sair, para desenrolar. Continuo fazendo música, isso é o que me salva, criar é a melhor parte da vida, tenho  cumprido com desenvoltura meu ofício, cantando em variados lugares, espaços, ruas, praças, teatros, casas, rádios, TVs, salões, saraus, galpões, tenho saído mais para a estrada, para divulgar o novo álbum que está sendo bem aceito onde chega. Com a possibilidade de tocar violão e cantar, faço show com mais facilidade de ser viabilizado, não posso ficar esperando o mecenas aparecer, isso é só no filme e olhe lá!


No Rio São Francisco navega o vapor 
Que navegou no Mississipi 
O Rio São Francisco desagua sua dor no Tietê 
Variante da Estação do Norte 
Se eu pudesse aproximava os tempos 
Adonirava o blues... 

 

(Variante)


Segundo Clichê - Na sua opinião, a internet atrapalha ou ajuda o músico?
Edvaldo - A internet ajuda a divulgar e isso é muito bom, mas também facilita o acesso de muito picareta, querendo apenas aparecer a qualquer custo, muitas vezes com pouco conteúdo. Claro que é um invento muito rico de informações para serem estudadas, é uma ferramenta admirável, que tem me ajudado na exposição da obra, outras gerações estão tendo a possibilidade de ouvir meus discos, o interesse tem crescido. É evidente que quem paga mais vai ser mais exposto, é um grande negócio, os direitos autorais poderiam ser regularizados. A internet é um oásis para os artistas que não estão ligados às grandes corporações, que dominam a comunicação de massa.



Universal lança desde Waldick Soriano a Baden Powell em formato digital

noviembre 21, 2017 17:09, por segundo clichê


Grandes álbuns do grande acervo da música brasileira da Universal Music estão agora disponíveis digitalmente. O pacote de lançamentos é composto por álbuns clássicos e especiais, pela primeira vez disponíveis no formato digital, que estão à disposição do público em plataformas como Spotify, Deezer, Apple Music e outras. 

A lista começa com Moreira da Silva, passa pelo samba de Neguinho da Beija-Flor e chega à bossa do grupo Os Cariocas e da cantora Márcia, em seu álbum de estreia, "Eu e a Brisa". O rei do brega, Waldick Soriano, tem resgatado o álbum "Boleros Para Ouvir, Amar e Sonhar..." (foto), da fase em que ainda não usava o chapéu e os óculos pretos que marcaram sua figura. De gênero inteiramente diversos, o também saudoso Celso Blues Boy marca presença com o álbum "Celso Blues Boy 3". 

O pacote traz ainda o grupo Legião Urbana em gravações ao vivo, o lado romântico de Paulo Ricardo em "O Amor Me Escolheu", a grandiosidade do músico e band leader Nelson Ayres, e o pagode dos grupos Só Preto Sem Preconceito e Razão Brasileira. 

Há também o forró do Mastruz com Leite, em álbuns dedicados a Luiz Gonzaga e a Jackson do Pandeiro, os clássicos boleros de Gregorio Barrios em dois títulos, a voz de Hebe Camargo como cantora, a sensualidade de Tânia Alves, e a força de Alceu Valença.

As coletâneas "MPB por Eles" e "MPB por Elas" trazem um painel com os grandes intérpretes do Brasil. E ainda o álbum "Clássicos", com versões de Guilherme Arantes para hits americanos, e o ecletismo de Dolores Duran, cantando em português, espanhol, inglês, italiano e francês.

Os lançamentos incluem também Baden Powell e seu violão em "Baden Powell Ao Vivo no Teatro Santa Rosa", lançado em 1966; Nana Caymmi em "Chora Brasileira"; Paulo Diniz no álbum "Estradas"; a compilação especial "Pra Gente Miúda", com músicas infantis interpretadas por nomes como MPB4 e Elis Regina; e Zizi Possi, intensa e ousada em "Mais Simples".

A série "Sem Limite" apresenta desde o rock da banda CPM 22 aos inúmeros hits da rainha do sertanejo Roberta Miranda. Maria Bethânia também ganhou uma compilação especial, com hits como "Reconvexo", "Ronda" e "Começaria Tudo Outra Vez". Já Vinícius de Moraes e Toquinho aparecem com três títulos: um só com o universo do "poetinha", outro em que predominam as músicas da dupla que formaram e um terceiro com a delicadeza de Toquinho. 

Luiz Melodia, uma das grandes perdas de 2017, tem clássicos como "Pérola Negra" e "Magrelinha" revividos na compilação. A série tem ainda um volume dedicado aos grupos MPB4 e Quarteto em Cy, com muitos números coletivos. 



Edu Leal mostra sua música sem rótulos em novo disco e show

noviembre 21, 2017 11:30, por segundo clichê


Depois do sucesso entre a crítica do CD “Vida Nova”, o violonista, compositor e arranjador Edu Leal retoma sua trajetória que integra os universos da música instrumental à canção em seu segundo disco autoral, “Livre”, que traz convidados especiais Filó Machado, que havia participado também do primeiro álbum, e André Frateschi.

O novo disco une a música popular brasileira contemporânea a várias outras linguagens como baião, jazz, rock, e música camerística. A direção artística e arranjos são de Edu Leal, apoiado pela banda A Conjuntura, composta por Fred Barley (bateria e percussão), Fernando Cardoso (teclados), Maurício Biazzi (baixo elétrico e acústico), Walmer Carvalho (sax e flauta), Sérgio Santos (sax e flauta) e Roger Troyjo (voz), que o acompanha no show de lançamento do CD, no dia 23, quinta-feira, no novo Teatro UMC, na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo.

“A identidade de um artista é uma construção, e, como tal, está a todo momento se recriando”, afirma o músico, cuja formação vai do rock progressivo ao jazz, passando pelos compositores eruditos e a tradição popular brasileira. “O mundo de hoje é marcado pela pluralidade, e não deveria apontar para um rótulo, uma estrutura fechada”, diz.

Sem rótulos, o percurso trilhado por Edu Leal mescla estilos, apontando para a música brasileira contemporânea, que anseia a modernidade não dissociada da tradição. Com isso, reflete os novos tempos e toda a sua variedade estética e de linguagens, servindo-se bem do termo sugerido por um colega músico - "canção instrumental".

Após uma primeira fase musical marcada por participações em bandas de rock progressivo e jazz, Edu Leal dedica-se, desde 1999, à composição e ao arranjo, integrando a tradição da canção brasileira à música instrumental, com elementos da música erudita, rock progressivo (que se aproxima do erudito) e do jazz. Nos anos 2000, participou de festivais de música no interior e, em 2011, lançou seu primeiro disco, “Vida Nova”.

Serviço

Teatro UMC
Av. Imperatriz Leopoldina, 550 – Vila Leopoldina
Tel.: 11 2574-7749
Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia para estudantes e pessoas de idade igual ou superior a 60 anos)
Bilheteria: De terça-feira a domingo, das 16 às 21 horas. No dia, a bilheteria permanece aberta até o início do show. Aceita cartões de crédito (Amex, Visa, Credicard e Mastercard), cartões de débito (Visa Electron e Redeshop) ou dinheiro.
Venda online: www.compreingressos.com 
Televendas: 11 2122-4070, de segunda a sábado das 11 às 19 horas
Capacidade: 290 lugares
Classificação indicativa: livre
Estacionamento próprio: R$ 10 /período de 3 horas



Léa Freire e a difícil arte de se viver dos sonhos

noviembre 21, 2017 0:21, por segundo clichê


Carlos Motta

A flautista e compositora Léa Freire (foto), uma das grandes batalhadoras da música instrumental brasileira, não mede as palavras quando fala sobre o apoio que o Estado dá aos artistas do país: "Seria bom ter uma política cultural que revisse a Lei Rouanet, que criasse programas de incentivo ao artista como os que existem na Europa e Estados Unidos, que pagasse direito autoral, que conectasse seus muitos órgãos, que não fosse somente um cabide de empregos, que fosse fiscalizado... Enfim, falta fazer tudo", diz. E complementa com uma observação que dá o que pensar: "O Sesc [entidade mantida por empresários do comércio, serviços e turismo, que atua nas áreas da educação, saúde, lazer, cultura e assistência] parece fazer muito mais pela cultura do que todo o aparato estatal."

A sua é uma opinião de respeito.

Afinal, Léa tem atuado, já por um bom tempo, nas duas pontas do balcão, como uma produtiva musicista, vivendo as dificuldades impostas por um mercado que, raras exceções, trata a arte como mero entretenimento, e como empresária, à frente do selo Maritaca, que comemora, neste ano, duas décadas de bons serviços prestados à música brasileira. 

"A Maritaca hoje é muito mais mecenas do que empresa", diz ela sobre a sua gravadora, que edita apenas música instrumental.

Neste ano, o selo lançou os CDs "A Mil Tons", um dueto entre o aclamado piano de Amilton Godoy, ex-Zimbo Trio, e a flauta de Léa Freire, com composições do pianista; "Arraial", terceiro disco do grupo Vento em Madeira, do qual ela faz parte; “Flor de Sal”, sétimo disco na carreira do compositor e multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo;  "Na Calada do Dia", do baterista e compositor Edu Ribeiro, também integrante do Trio Corrente; e "Troubadour", do contrabaixista francês, estabelecido no Brasil, Thibault Delor. Não é pouca coisa.

Léa conta que ouvia, durante os anos de estudo de piano, vários músicos eruditos brasileiros, como Camargo Guarnieri, Heitor Villa Lobos, Radamés Gnattali, e Souza Lima, entre outros. Foi nesse período que também conheceu a obra de Bach, Debussy e dos autores estrangeiros e se interessou pelo jazz, que a trouxe para a bossa nova, que chamou o choro e que, por fim, lhe mostrou o caminho para os inúmeros ritmos brasileiros.

Ela lançou seu primeiro CD, “Ninhal”, em 1997, com participações especiais da Banda Mantiqueira, Quarteto Livre, Joyce, Filó Machado e outros músicos de primeira linha, num total de 51 pessoas entre instrumentistas, arranjadores e compositores.

Em 1998 integrou-se ao grupo do saxofonista e flautista Teco Cardoso, com o qual fez várias apresentações, inclusive na Universidade de Miami e no Blue Note de Nova York, montando com ele um repertório que gerou o CD “Quinteto”, gravado em Nova York.

Em 2005 lançou dois CDs, o “Antologia da Canção Brasileira – Vol. 1” e “Vol. 2”, em parceria com o trombonista Bocato, com os quais recebeu cinco indicações pela imprensa como melhor disco do ano e também como melhor show.

Em 2006 realizou turnê pela Europa e no Brasil com o pianista dinamarquês Thomas Clausen e Teco Cardoso, tendo gravado o CD "Water Bikes", lançado no Brasil e na Europa. No ano seguinte foi a vez do CD “Cartas Brasileiras”, com a participação especial do maestro Gil Jardim.

Em 2011 e 2013 lançou os CDs "Vento em Madeira" e "Brasiliana", com o Quinteto Vento em Madeira e participação especial de Monica Salmaso. O quinteto é formado, além dela, por Teco Cardoso, Tiago Costa, Fernando Demarco e Edu Ribeiro.

Ainda em 2013 houve o lançamento, em Curitiba, do CD "Léa Freire e a Orquestra à Base de Sopro de Curitiba", com arranjos inéditos de suas composições.

Como produtora e editora de música instrumental brasileira, lançou, pela Maritaca, mais de 45 CDs e dois livros. Ela tem ainda parcerias com Joyce, que gravou músicas da dupla no Japão, Alemanha, Inglaterra e Brasil.

Nesta entrevista ao blog, Léa fala sobre o mercado da música instrumental no Brasil ("imagino que se formou uma rede alternativa que dá vazão a essa produção"), sobre o seu trabalho e o do Vento em Madeira ("tocamos em projetos sociais e escolas de música"), sobre o seu lado empresarial ("a indústria de hardware é hoje também dona da mídia") e, é claro, sobre a música brasileira instrumental contemporânea.

Segundo Clichê - Como está hoje o mercado para a música instrumental no Brasil? 
Léa Freire - Temos mais músicos e mais gravações a cada ano, cada vez com melhor qualidade, feitas por apaixonados pela música que estão espalhados pelo mundo inteiro e que por sua vez espalham essa paixão. Imagino que se formou uma rede alternativa que dá vazão à essa produção. As oficinas estão sempre lotadas de novos talentos e de nomes consagrados também.  

Segundo Clichê - No caso do Vento em Madeira e do seu próprio, como está se desenvolvendo o trabalho e quais os planos para o futuro?  
Léa - O Vento, este ano, além de lançar o CD "Arraial", se dedicou a tocar nos projetos Guri, da cidade e do Estado de São Paulo, além de escolas de música públicas e privadas, voluntariamente, visando a  formação de plateia e o contato com estudantes  de música. 

Segundo Clichê - Dá para explicitar, em termos gerais, que tipo de música instrumental se faz hoje no Brasil?  
Léa - Muitos, inúmeros! Choro, choro Jazz, uns com pegada mais jazzística, outros mais regionais, coisas com uma cara erudita, outras com um pé no contemporâneo... Tem de tudo.  

Segundo Clichê - A produção brasileira é bem aceita em muitos países pelo mundo e vários artistas nacionais são conhecidos mais no Exterior do que aqui. Por que isso acontece?   
Léa - Países com educação musical nas escolas tendem a ter plateias mais acostumadas com a música sem letra. Aqui existe uma pré-indisposição criada artificialmente, que desaparece quando as pessoas têm oportunidade de conhecer essa música.  

Segundo Clichê - No que se refere à sua atuação como empresária: como tem evoluído a Maritaca Discos?  
Léa - A maior dificuldade é a difusão: a indústria do hardware hoje também é dona da mídia, das gravadoras. A Maritaca hoje é muito mais mecenas do que empresa. Nosso maior sucesso foi o "Antologia da Canção Brasileira Vol. 1". Só gravei música instrumental, mas aqui voz é instrumento e poesia também é música. Não sou muito afeita a rótulos.  

Segundo Clichê - Na sua opinião, o que o Estado, por meio de seus órgãos ligados à arte e cultura, poderia fazer para ajudar os músicos brasileiros?  
Léa - Seria bom ter uma política cultural que revisse a Lei Rouanet, que criasse programas de incentivo ao artista como os que existem na Europa e Estados Unidos, que pagasse direito autoral, que conectasse seus muitos órgãos, que não fosse somente um cabide de empregos, que fosse fiscalizado, enfim, falta fazer tudo. O Sesc parece fazer muito mais pela cultura do que todo o aparato estatal...



Semana da Consciência Negra é destaque na TV Brasil

noviembre 20, 2017 15:19, por segundo clichê


Para celebrar a Semana da Consciência Negra, a TV Brasil apresenta uma série de filmes, debates, programas jornalísticos e musicais. A emissora preparou cerca de 20 horas de atrações especiais sobre o assunto que vão ao ar até domingo (26).

Um dos destaques é a série especial Um Abraço Negro, apresentada pela jornalista Luciana Barreto, âncora do telejornal Repórter Brasil Tarde. Em cinco programas, a produção vai ao ar de hoje (20) a sexta (24), às 20h30, com uma hora de duração.


A atração recebe personalidades para debater a situação dos afrodescendentes no país, analisar desafios, comemorar conquistas e reverenciar grandes expoentes. Participam do bate-papo as atrizes Elisa Lucinda e Isabel Fillardis; os músicos Pretinho da Serrinha e Marquinhos de Oswaldo Cruz; e a jornalista Flávia Oliveira, entre outros convidados.

Cada episódio aborda diferentes perspectivas de aspectos socioeconômicos, artísticos, históricos e jurídicos. Para encerrar cada bloco de Um Abraço Negro, o projeto Mojubá, da cantora Larissa Luz e do grupo Afrojazz, brinda os telespectadores com performances musicais cheias de vigor, poesia e negritude.

Durante a semana, a TV Brasil também exibe uma série de interprogramas chamada Até Quando? que denuncia a situação degradante da população negra no país em áreas como educação, moradia, saúde, trabalho e violência. Os programetes de 30 segundos são apresentados nos intervalos da programação da emissora.

A programação temática da emissora pública começou na madrugada de hoje (20), com a exibição do premiado filme nacional "Orfeu", drama dirigido por Cacá Diegues, na faixa Cine Ibermedia. 

Confira as atrações por dia:

Segunda-feira (20)

A programação especial da TV Brasil neste Dia da Consciência Negra inclui entrevistas que trazem reflexões sobre empoderamento feminino e representação da negritude nas diversas esferas da vida. A apresentadora Vera Barroso recebe a cantora Késia Estácio no Sem Censura, às 17 horas.

No primeiro episódio de Um Abraço Negro, Luciana Barreto recebe a atriz e poeta Elisa Lucinda, e o músico Marquinhos de Oswaldo Cruz às 20h30.

A jornalista Roseann Kennedy conversa com a cantora transexual negra angolana Titica, no mesmo dia, às 21h30.

Já no Diálogo Brasil, às 22h30, Katiuscia Neri entrevista a gerente de programa da ONU Mulheres, Carolina Querino, e a secretária-executiva da Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Valdecir Nascimento.

Mais cedo, às 19h45, o telejornal Repórter Brasil Noite faz a cobertura factual dos principais eventos em comemoração à data no país. Na última semana, o programa apresentou a série de reportagens "Em Marcha" para celebrar o mês da Consciência Negra.

Terça-feira (21)

Às 20h30, a jornalista Flávia Oliveira e o históriador Amilcar Araújo Pereira participam do especial Um Abraço Negro com Luciana Barreto. Eles debatem a história das relações raciais e o impacto delas no desenvolvimento socioeconômico brasileiro.

Às 21h30, o Recordar é TV traz um especial sobre a atriz Ruth de Souza. A atração reexibe o programa Os Mágicos, de 1977, da TVE do Rio de Janeiro. "Eu gosto de trabalhar. Então sempre me apaixono pelos personagens. Acho que Sinhá Moça é meu cartão de visitas", disse a artista na época.

Em seguida, às 22 horas, o bamba Diogo Nogueira recebe o experiente Wilson Moreira e a cantora Teresa Cristina para cantar a obra do cantor e compositor Candeia no Samba na Gamboa.

Já às 23h30, o programa Curta em Cena debate as questões de acesso e visibilidade de realizadores e de assuntos ligados à cultura afro no Brasil. No estúdio, a jornalista Tâmara Freire entrevista as realizadoras Mari Campos e Raquel Beatriz sobre o resgate da figura histórica de Tia Ciata por meio do filme homônimo.

Quarta-feira (22)

O destaque de quarta é a entrevista que a atriz Isabel Fillardis e o músico Pretinho da Serrinha concedem à jornalista Luciana Barreto no especial Um Abraço Negro às 20h30. Às 23 horas, a TV Brasil exibe o filme Raça, documentário dirigido por Joel Zito Araújo e Megan Mylan.

Quinta-feira (23)

A diretora da Anistia Internacional, Jurema Werneck, e o desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Paulo Rangel, participam de Um Abraço Negro, às 20h30. Eles discutem com Luciana Barreto a participação dos negros nas altas instâncias de decisão e poder, questões relacionadas aos direitos humanos e acesso à justiça.

O escritor, ator e pesquisador de samba e cultura afro Haroldo Costa conversa com o apresentador Raphael Montes no programa Trilha de Letras que a emissora apresenta às 21h30. Eles refletem sobre racismo e a luta pela igualdade de direitos.

Em seguida, às 22 horas, o Caminhos da Reportagem vai até a Serra da Barriga, em Alagoas, para relembrar a história do Quilombo dos Palmares. Logo depois, às 23 horas, a poeta Luz Ribeiro é a atração da série documental Bravos!.

Sexta-feira (24)

Para encerrar o especial Um Abraço Negro, na sexta (24), Luciana Barreto entrevista dois talentos recém-descobertos que têm perspectivas artísticas e de vida diferentes, mas complementares: Rafael Mike, do Dream Team do Passinho, e a cantora inglesa com descendência nigeriana Folakemi.

Às 23 horas, o programa Estação Plural recebe o rapper Rashid para um papo com o trio de apresentadores formado por Ellen Oléria, Mel Gonçalves e Fefito. Os temas em pauta na entrevista são cultura do rap, hierarquia e gratidão.

A banda Ratel mistura diversos ritmos com um trabalho totalmente independente e composições críticas no programa Reverbera à meia-noite.

Sábado (25)

No sábado (25), às 21h30, o guitarrista Da Ghama, fundador do grupo Cidade Negra, faz apresentação exclusiva no programa Todas as Bossas. O artista mostra seu talento no show BaixÁfrikaBrasil.

Por fim, no domingo (26), ao meio-dia, o Partituras recebe o pianista pernambucano Amaro Freitas. Minimalismo, bebop, afrojazz, samba, frevo e balada são sonoridades que permeiam o disco Sangue Negro, que marca a estreia do artista.

À meia-noite, a angolana Aline Frazão é a convidada do programa Ao Vivo entre Amigos. Cantora, compositora, guitarrista e produtora, ela revela seu trabalho autoral. (Agência Brasil)



Motta

Novidades

0 comunidades

Ninguno