Porto Alegre recebe romancistas que vieram do frio
noviembre 6, 2017 10:21A 63ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre vai levar à Praça da Alfândega as histórias, experiências de vida e visões de mundo de autores das frias terras do Norte do globo. Os países nórdicos, grupo formado por Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca e Islândia, serão homenageados na feira, aberta até o dia 19.
Um dos destaques da programação é a participação dos escritores dinamarqueses Anders Rønnow Klarlund e Jakob Weinreich (foto), que escrevem sob o pseudônimo de A. J. Kazinski, e que estarão na feira para uma palestra seguida de sessão de autógrafos na quarta-feira, 15 de novembro, às 18 horas, na Sala Larisa do Master Express Grande Hotel (Rua Riachuelo, 1070).
A afinidade dos escritores nasceu em um estúdio de cinema, o que justifica o ritmo cinematográfico, com agilidade e dinamismo, de suas narrativas. Klarlund e Weinreich foram comparados a Stieg Larsson e Dan Brown, mestres do romance policial contemporâneo.
O livro de estreia de Kazinski foi "O Último Homem Bom" (Tordesilhas), lançado em 2010. Nele, o detetive Niels Bentzon está em uma trama de assassinatos que acontecem em várias cidades do mundo, mas sob as mesmas circunstâncias.
Em 2013, os autores retornaram ao personagem com o romance “O Sono e a Morte”. Já em “A Santa Aliança”, de 2016, o leitor é apresentado à ex-jornalista Eva Katz, que vê-se envolvida numa história sombria que mescla ficção e realidade com um toque de teoria conspiratória.
O alerta de Wolfenson: "Há uma intoxicação de imagens"
noviembre 6, 2017 10:09Bob Wolfenson (foto) começou cedo na carreira e aos 16 anos já trabalhava nos estúdios da Editora Abril. Fotógrafo de talento raro, ficou famoso com os cliques de nus e de moda, tendo à frente de suas lentes as maiores celebridades do país. Hoje ele se define como um fotógrafo que transita por todas as áreas. “Eu gosto da ideia de estar em trânsito. E eu não seria nenhum desses fotógrafos se eu não fosse todos esses outros. E quando eu estou sendo aquele, eu preciso que todos os outros existam em mim”. O fotógrafo é o entrevistado do programa Conversa com Roseann Kennedy, desta segunda-feira (6). A entrevista vai ao ar às 21h30, na TV Brasil.
Ao falar dos rótulos dados à fotografia publicitária e artística, Bob analisa: “O fotógrafo publicitário não paga o preço de ser um artista. Porque o artista paga um preço de ter pouco dinheiro, de ter uma alma menos contaminada [...] Mas eu me sinto muito independente. Eu faço o que eu quero. Tenho o meu público, tenho a minha audiência, gente que compra foto minha. Então não é uma coisa que me contamine muito”.
Ao comentar o acesso ao mundo cada vez mais visual, Bob faz um alerta para a banalização: “Acho que há uma intoxicação tão grande de imagens como nunca teve na história da humanidade, que você vê as imagens sem atenção. Você fica cego de tanto ver.”
O paulistano que cresceu no bairro Bom Retiro deixa claro seu amor por São Paulo e se mostra um autêntico cosmopolita, apesar de ter uma casa no campo. “Eu sou eminentemente urbano, gosto da urbe, da cidade, das ruas, das pessoas, de poder comer fora. E quando eu tiro férias eu vou para cidade grande. Eu não gosto de lugar exótico. Eu gosto é de prédio, de cultura, de troca, de possibilidade de ver coisas.”
Essa urbanidade fica bastante explícita em projetos desenvolvidos por ele como Antifachada, Encadernação Dourada e Nosoutros.
Com quase 50 anos de carreira, Bob Wolfenson já assinou editoriais das principais revistas de moda como Elle, Vogue e Marie Claire além de outras publicações como Playboy e Rolling Stone. Conhecido pelo trabalho feito com mulheres nuas, ele conta como conseguiu sair das fotos “burocráticas” para uma fotografia artística nas páginas da Playboy. E falou sobre a produção de fotos emblemáticas, das atrizes Mylla Christie, Nanda Costa, Vera Fischer e também do inesquecível ensaio de Maitê Proença, em 1996, pelas ruas da Sicília, na Itália, para a revista.
Quando se trata de retratos, são raras as celebridades que não posaram para suas lentes. Caetano Veloso, Fernanda Torres, Darcy Ribeiro, Jô Soares, Dorival Caymmi, Ney Matogrosso são algumas das personalidades fotografadas por Bob. Nessa conversa, ele conta um pouco sobre como produziu retratos memoráveis como o do escritor João Cabral de Melo.
No currículo, Bob também inclui vários prêmios, exposições e livros publicados, como Jardim da Luz, Moda no Brasil por Brasileiros, Antifachada – Encadernação Dourada e Apreensões. Bob Wolfenson ainda encontra tempo para palestras e workshops nos quais conversa com pessoas que querem ouvir as suas histórias. Mas quando se trata de dar significados às suas obras, Bob é democrático: “A obra é aberta. Você faz uma obra e ela está sujeita a mil interpretações, mil leituras. Graças da Deus, que não é só o que está na minha intenção”.
Bob Wolfenson lança na segunda-feira (6) um livro de retratos só com mulheres no qual mistura imagens provocativas com outras mais contidas da beleza feminina. O livro, que é o sétimo de sua carreira, resgata cliques dos 47 anos de profissão. Traz retratos de Gisele Bündchen, Sônia Braga, Tais Araújo, Luiza Brunet, Fernanda Torres, Malu Mader, Juliana Paes, Rita Lee e Alessandra Negrini, Anitta, entre outras. (Agência Brasil)
Forró para alemão
noviembre 6, 2017 9:49O Forró de Colônia, realizado anualmente nessa cidade alemã, é um exemplo da força da música brasileira na Europa, e no caso, desse gênero musical típico do Nordeste: de 2016 para 2017, o número de festivais de forró no continente triplicou, passando de 15 para 50.
Eventos como esse atraem cada vez mais participantes interessados em aprender a dança e os ritmos de origem nordestina, tornando-se um ponto de encontro cultural entre brasileiros e estrangeiros.
Em sua quinta edição, o Forró de Colônia, contou com a presença do compositor e sanfoneiro Flávio José (foto).
"Esse movimento que se vê aqui na Europa, ele já existe no Brasil ali no Sudeste", disse o músico. "Tem movimentos dessa natureza em São Paulo, em Minas, em Itaúnas, que é muito tradicional. Enfim, se sabe que no Nordeste em si não há tanto porque lá existe uma visibilidade muito grande para o que é modismo, além de um pouco de discriminação para a nossa música. Uma vez eu disse que quem iria salvar a música nordestina iria ser o Sudeste e a Europa. Aí estranharam, perguntaram por quê. Eu respondi que a internet estava aí para comprovar o que eu estava dizendo e, chegando aqui, eu não tenho a menor dúvida disso", completou.
Painel com 28 telas é destaque de exposição em SP
noviembre 4, 2017 9:44A paulistana Maiana Nussbacher vai expor suas obras em São Paulo, sua cidade natalz, pela primeira vez. No dia 11 de novembro, a partir das 12 horas, o Clube Hebraica, em Pinheiros, recebe a exposição “Inquietude”, com entrada gratuita, que revelará diversas faces de seu trabalho. A curadoria da mostra é de Olivio Guedes.
A artista plástica, com formação na FAAP, atua há 18 anos profissionalmente, período em que realizou muitas experimentações. O uso de diferentes materiais, a inspiração em artistas, como Monet, Jackson Pollock e Alfredo Volpi, além de sua sensibilidade aflorada, fizeram com que Maiana criasse seu próprio estilo.
Na exposição serão apresentados mais de 50 trabalhos da artista, entre pinturas (principalmente de tinta acrílica, aquarela, pigmentos puros etc), esculturas e colagens. Um dos destaques será um grande painel com 28 telas, que serão posicionadas lado a lado, e formarão uma enorme parede colorida e repleta de formas. Também haverá dois backlights, com luzes que mudam de cor para trazer vida e dinamismo às obras.
Entre as séries de trabalho que serão mostradas ao público estão Títulos, Subtítulos e Editoras, em que a artista se inspirou inicialmente em estantes repleta de livros, uma de suas paixões. Então adicionou novas cores, formas e sonhos às prateleiras imaginárias para criar suas telas. Já a série Paisagens Distantes, continua relacionada a esse universo, porém de forma diferente, em que as obras de arte representam as páginas abertas dos livros. Na série Instantes de Confinamento, Maiana explica que cada obra tem o seu mundo, representando o interior de cada ser humano. Alguns dos quadros desta série têm bordas transparentes, propositalmente, para mostrar que cada pessoa possui suas barreiras, mesmo se estiver em contato com tudo e todos.
Maiana Nussbacher cursou Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP/SP) e desde 1999 atua profissionalmente. Já expôs em diversas cidades brasileiras como Campo Grande (MS), Vinhedo e Santos (SP). Também já apresentou seu trabalho fora do Brasil, em uma mostra em São Francisco (EUA), além de ter vendido uma série de obras para colecionadores em Miami. Como artista, ela define-se como um ser livre, e seu objetivo maior é levar alegria e luz para as pessoas, a partir do colorido e da vida de suas telas.
Atelier Maiana Nussbacher: www.maiana.com.br
Um romance sobre cigarros, silêncios e literatura
noviembre 4, 2017 9:34
O romance será lançado dia 10, às 19 horas, no Salão de Exposição Cultural, no Centro de Guaratinguetá, interior de São Paulo, onde vive o autor. No dia 12, o lançamento será durante a Balada Literária, no B_arco Centro Cultural, em São Paulo (Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, n°426, Pinheiros).
O protagonista do romance é Quim, jovem formado em letras que revisa artigos e escreve uma coluna sobre literatura no jornal de uma pequena cidade, não nomeada, mas inspirada em Guaratinguetá. Casado com a artista plástica Madalena, é pai da pequena Selene. Apaixonado por livros, Quim é um escritor frustrado, que abandonou as tentativas de rabiscar sonetos e um romance imaginado mas nunca iniciado ainda na adolescência.
Sua única família sempre foi seu pai, com quem diz gostar de passar o tempo, e parece mesmo ansiar por isso. Os dois foram abandonados pela mãe, de quem Quim diz não ter rancor. Mas Quim nos diz muitas coisas no papel. Seus devaneios enquanto escreve nos falam outras. Nessa narrativa dentro da narrativa, formada pelos pensamentos que por vezes conflitam com os escritos, surge em determinado momento do diário o questionamento: “Agora me responda uma coisa: se não te aflige uma doença pulmonar nem qualquer outra doença; se a merreca que gasta com o cigarro não te faz falta (...) em que momento insano você encheu o peito de tamanho atrevimento e tomou a irrefletida decisão de parar de fumar? Por que isso agora, Quim? Responda..."
Quim não responde. O narrador não dá pistas fáceis. Nada de importante em “O Diário da Casa Arruinada” se apresenta cristalino, tudo parece oculto sob uma espessa cortina (como se Quim, tendo largado o cigarro, não conseguisse se livrar da fumaça que embaça a visão do que se passa na sua casa, na sua vida).
Mas o questionamento sobre o cigarro indica que o abandono do hábito que sequer o aflige pode ser só uma desculpa para escrever. E a retomada do sonho juvenil não parece ter qualquer relação com prazer, o que, aliás, é um dos eixos do livro.
“Um dos eixos é a questão da literatura como uma coisa que atormenta o cidadão, a escrita que atormenta em vez de satisfazer”, diz Feijó.
O protagonista revela uma suposta crise no casamento com Madalena. O ardor, aparentemente, deu lugar à tepidez. Porém, não há brigas, gritos, desabafos. É na ausência das palavras e em conversações e comportamentos contidos que se evidencia a fissura encontrada por Quim em sua bolha familiar (não há amigos, colegas ou parentes distantes na vida do rapaz; suas relações se resumem a Madalena, Selene, à empregada Irene, ao pai nunca presente e a um amigo imaginário, resquício do romance que nunca escreveu).
É no silêncio e nas expectativas frustradas de comunicação (nas conversações evitadas pelo pai e pela mulher, nas platitudes que saem das bocas contradizendo o que os olhos gritam) que a fina fissura evolui rapidamente para uma rachadura. Onde há rachadura, haverá ruínas. É o que o diário parece gritar para Quim conforme a narrativa avança, numa prosa poética e refinada, especialidade de Feijó, que promove intertextualidade com Machado de Assis, Manuel Bandeira, Drummond, Homero e outros grandes escritores.
Por meio de um vocabulário rico, vasto mesmo no relato de situações comezinhas como fazer a barba ou ir ao parque com a filha, Feijó revela as descobertas de um personagem que parece, cada vez mais, que preferia ocultá-las. “A linha que me guiou é de um homem que não quer ver o que está diante de si, e precisa da escrita. Ele pensa numa escrita que vai revelar coisas que não consegue ver sozinho, ou não quer ver”, afirma.
Se o plano de Quim era usar a literatura para ver o que não conseguia ou não queria enxergar, o diário parece levá-lo sem caminho de volta. É como se os escritos tomassem vida própria, guiando Quim numa viagem para dentro de si, para aquele lugar recôndito onde as coisas são mostradas. Não há mais estrada para deixar tudo como estava. Tudo, absolutamente tudo, cada olhar enviesado ou resposta represada, parece encaminhá-lo para a confirmação de um segredo terrível, que o protagonista pressente embora jamais anuncie. Em “Diário da Casa Arruinada”, nada é anunciado, explicitado.
A sutileza é a mola mestra que guia o leitor para um destino cujo teor horripilante contrasta com a brandura do caminho. Se os personagens de Kafka, uma das referências literárias do autor, são surpreendentes porque agem com extrema racionalidade diante de absurdos inimagináveis, o Quim de Tiago Feijó surpreende porque entra num inferno da alma quase sem perceber como é que chegou lá.
Tiago Feijó, 34 anos, nasceu em Fortaleza (CE) e cresceu em Guaratinguetá. Formado em letras clássicas pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), lançou em 2015 seu livro de estreia, “Insolitudes” (contos). A obra lhe rendeu o Prêmio Ideal Clube de Literatura de 2014 (quando o livro ainda era inédito) e o Prêmio Bunkyo de livro do ano 2016. No dia 26 de outubro, o autor também ganhou o prêmio Sesc/DF de Contos Machados de Assis.








