A sujeira do urubu
August 30, 2017 10:26Carlos Motta
Uma das histórias mais famosas entre o pessoal que trabalhou no Jornal da Tarde e Estadão - eles eram divididos por um corredor - é a do urubu.
Contam - não presenciei o ocorrido porque estava em férias - que a ave entrou por um dos janelões e deu alguns sobrevoos pela redação, que entrou em pânico.
Foram registradas, enquanto o animal reconhecia o terreno desconhecido, cenas de histeria, de choro e de nervosismo.
Quanto mais faziam para pegar a negra ave, mais ela se amedrontava, até que entrou numa sala e ficou acuada pelos seguranças, chamados para dar fim ao pandemônio.
Sem saída, com medo, a sua reação foi regurgitar, ou vomitar, como queiram.
Todos sabem que o urubu é considerado o lixeiro da natureza.
Tem uma incrível capacidade de comer qualquer coisa, até mesmo carne pútrida.
Por isso o conteúdo de seu estômago não é muito agradável.
E o cheiro, idem.
Acabaram capturando o bicho, mas o ar ficou empesteado.
A redação demorou para se recuperar do susto.
Da mesma forma que os faxineiros, que tiveram muito trabalho para limpar a sujeira toda.
A aventura do urubu aconteceu há muitos anos.
O Jornal da Tarde nem existe mais.
Mas a ave e o pessoal que se espantou com os rasantes que ela deu no enorme salão do jornal servem como metáfora para o Brasil de hoje, invadido não só por um urubu, mas por um bando deles, cada qual com mais fome, cada qual mais disposto a se empanturrar com qualquer carcaça que encontre.
A diferença entre os dois casos é que agora quem vomita não é o urubu, mas o povo brasileiro, que, atônito com o apetite desses abutres, não sabe como se livrar deles.
Nem estimar quanto tempo será necessário para limpar, se algum dia eles forem embora, a sujeira que estão fazendo.
O trio calafrio
August 29, 2017 16:19Temer, Fufuca, Maia.
É inacreditável que um país de mais de 200 milhões de habitantes, PIB de cerca de US$ 2 trilhões, tenha essa trinca em sua cadeia de comando.
O Brasil nunca se rebaixou tanto.
Não é para rir.
É para chorar.
Déficit primário do governo golpista não para de crescer
August 29, 2017 16:09O desastre econômico provocado pelo governo golpista se aprofunda cada vez mais: a frustração de receitas no programa de regularização de ativos no exterior e de arrecadação de tributos pagos pelas instituições financeiras fizeram o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrar o maior déficit primário da história em julho. É possível que a máquina pública entre em colapso brevemente, se o cenário fiscal não se alterar.
No mês passado, o resultado ficou negativo em R$ 20,152 bilhões, diante de déficit de
R$ 19,227 bilhões em julho do ano passado. O déficit primário é o resultado negativo nas contas do governo desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública.
Os números foram divulgados pelo Tesouro Nacional. De janeiro a julho, o déficit primário somou R$ 76,277 bilhões, também o pior resultado da história. Nos sete primeiros meses do ano passado, o resultado negativo somava R$ 55,693 bilhões. A comparação, no entanto, foi influenciada pela antecipação do pagamento de precatórios.
Tradicionalmente pagos em novembro e dezembro, eles passaram a ser pagos em maio e junho, piorando o resultado em R$ 18,1 bilhões. O Tesouro decidiu fazer a antecipação para economizar R$ 700 milhões com juros que deixam de ser atualizados.
Os precatórios são títulos que o governo emite para pagar sentenças judiciais transitadas em julgado (quando não cabe mais recurso). De acordo com o Tesouro Nacional, não fosse a antecipação, o déficit primário acumulado de janeiro a julho totalizaria R$ 58,2 bilhões. O resultado negativo, no entanto, continuaria recorde para o período.
De janeiro e julho, as receitas líquidas caíram 3,1%, descontada a inflação oficial pelo IPCA, mas as despesas totais ficaram estáveis, caindo 0,2%, também considerando o IPCA.
Segundo o Tesouro, apenas em julho, o déficit ficou R$ 4,5 bilhões maior em relação ao programado pelo governo. As receitas administradas pelo Fisco vieram R$ 6 bilhões abaixo do previsto. Isso ocorreu por causa de frustrações de R$ 4,6 bilhões na arrecadação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, principalmente os pagos pelos bancos, e de R$ 1,4 bilhão com o programa de regularização de ativos no exterior, também conhecido como repatriação.
Em relação às despesas, a alta foi puxada pela Previdência Social e pelo funcionalismo público. Os gastos com os benefícios da Previdência Social subiram 6,9% acima da inflação nos sete primeiros meses do ano, por causa do aumento do valor dos benefícios e do número de beneficiários. Por causa de acordos salariais fechados nos dois últimos anos e da antecipação dos precatórios, os gastos com o funcionalismo acumulam alta de 10,9% acima do IPCA de janeiro a julho.
As demais despesas obrigatórias acumulam queda de 9,1%, também descontada a inflação oficial. O recuo é puxado pela reoneração da folha de pagamentos, que diminuiu em 27,9% a compensação paga pelo Tesouro Nacional à Previdência Social, e pela queda de 26,3% no pagamento de subsídios e subvenções. Também contribuiu para a redução o não pagamento de créditos extraordinários do Orçamento ocorridos no ano passado, que não se repetiram este ano.
As despesas de custeio (manutenção da máquina pública) acumulam queda de 10,5% em 2017 descontado o IPCA. A redução de gastos, no entanto, concentra-se nos investimentos, que totalizam R$ 19,953 bilhões e caíram 38,4% de janeiro a julho, em valores também corrigidos pela inflação.
Principal programa federal de investimentos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) gastou R$ 12,066 bilhões de janeiro a julho, redução de 48%. O Programa Minha Casa, Minha Vida executou R$ 1,656 bilhão, retração de 55,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Essas variações descontam a inflação oficial. (Com informações da Agência Brasil)
Rendimento cai em quatro das cinco grandes regiões do país
August 29, 2017 15:34Os trabalhadores das regiões Sudeste e Sul foram os mais afetados. A remuneração média reduziu-se em R$ 39,00 e R$ 22,00 respectivamente no 2º trimestre de 2017. A Região Norte foi a única que apresentou resultado positivo, com um aumento do rendimento real de R$ 14,00.
A queda no rendimento do trabalhador ocorre num momento crítico, exatamente quando o governo reduz e dificulta o acesso da população a direitos sociais e trabalhistas. Alguns Estados se destacaram negativamente nessa redução de renda e em um curto período, são eles: Roraima (R$ 89,00), Rio Grande do Norte (R$ 75,00), Sergipe (R$ 73,00), Espírito Santo e Rio de Janeiro (R$ 66,00), Mato Grosso (R$ 56,00) e São Paulo (R$ 49,00).
O aumento da renda real ocorreu de forma mais significativa apenas nos Estados do centro-norte do país. Em Rondônia, Maranhão e Distrito Federal foi de R$ 59,00, no Amazonas R$ 63,00 e no Amapá, que teve o maior crescimento, de R$ 154,00 para a média dos 296 mil trabalhadores locais.
Os Estados onde os trabalhadores possuem as maiores médias de rendimentos são Distrito Federal, com R$ 3.726,00 e São Paulo, com R$ 2.743,00. No outro extremo, os ocupados de seis Estados apresentam remuneração média inferior a R$ 1.500, são eles: Maranhão (R$ 1.258,00), Alagoas (R$ 1.321,00), Ceará (R$ 1.361,00), Piauí (R$ 1.384,00), Pará
(R$ 1.391,00) e Bahia (R$ 1.439,00). (Fundação Perseu Abramo; ilustração: Freepik)
Caravana de Lula promove encontro com Brasil real
August 29, 2017 15:20A viagem pelo Brasil nordestino é uma constante aula de geografia: a paisagem muda, o modo como vivem nas várias cidadezinhas idem, a constatação das características regionais, a vegetação que muda, cabras e bodes no caminho que mostram o tempo todo que a vida é bem diversa daquela que se vive no Sul/Sudeste. Ainda bem!
Juntei-me à Caravana a partir de João Pessoa (PB), já percorri mais de 600 quilômetros e presenciei dúzias de atos espontâneos no percusso dos ônibus que acompanham Lula nesta jornada. O dia a dia do ônibus repleto de companheiras e companheiros da comunicação não é dos mais leves: horas de estrada, correria a cada parada, calor, sol e muita solidariedade.
Lula comprova a cada momento que sua popularidade não é uma simples tabela com números, como as que produzem os institutos de pesquisa. A comoção e correria com passagem e presença de Lula pelos lugarejos mais distantes dos grandes centros provam isso. A cada ato espontâneo no caminho da Caravana (e não são poucos), como os vários relatados pelas equipes de comunicação presentes, pode-se quase pegar com as mãos o carinho e amor expressados pela população mais humilde destes lugares.
Nesta terça-feira, 29 de agosto, a Caravana sai do Rio Grande do Norte com o sabor ainda fresco do gigante ato da noite anterior, em Mossoró, uma das cidades mais progressistas do povo potiguar, e parte em direção ao Ceará. O calor é intenso assim como a vontade das pessoas de chegar perto de Lula, falar com ele ou fazer uma selfie. No caminho, lágrimas, acenos e bandeiras, desejos de boa sorte e muita torcida por um futuro melhor para o país.
No Brasil real percorrido pela Caravana as pessoas são reais. Não são números ou estatísticas. E suas necessidades são mais reais ainda: ainda falta água apesar de vários avanços só possíveis durante os governos de Lula e Dilma, como os resultados da transposição do Rio São Francisco; ainda falta opção de emprego e renda; ainda falta muito para a qualidade de vida digna chegar a esses rincões.
Mesmo faltando, apesar das dificuldades variadas para a sobrevivência e criação dos filhos e filhas deste Brasilzão, o que essa gente sabe é que teve uma vida melhor durante as gestões federais protagonizadas pelo PT e seus governos. Sabem que as possibilidades de melhorar a vida eram reais e ocorriam: a escola e universidade chegaram, a água apareceu finalmente, os médicos foram até as comunidades, as comunidades formaram também seus médicos e as palavras de Lula nos palanques e palcos do caminho falam disso: “Antes vocês tinham que andar de jegue e hoje tá todo mundo de moto, antes o filho do pedreiro não podia ser engenheiro e agora pode sim." (Fundação Perseu Abramo; foto: Ricardo Stuckert)









