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Motta

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Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

Meirelles, ou o otimismo cínico

May 26, 2017 17:27, by segundo clichê


Notícia da Agência Brasil, a produtora oficial de press releases do governo golpista, praticamente decreta o fim da crise econômica: o Brasil, segundo o seu alegre ministro da Fazenda, vai crescer em média 2,3% ao ano proximamente, e, se não atrapalharem, 4% logo em seguida. 

Vai ser o paraíso na Terra!



Meirelles diz que Brasil vive clima de pessimismo exagerado na economia

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje (26) que se instalou um clima exagerado de pessimismo no país em relação à economia. “Nós temos uma tendência, em determinados momentos em que as notícias são todas boas, de colocar um otimismo exagerado, o que é negativo porque leva a decisões equivocadas. Em alguns momentos, [de colocar] um pessimismo exagerado também. É importante serenidade e equilíbrio nesse tipo de situação”, afirmou.

Para Meirelles, o Brasil está discutindo e aprovando reformas importantes, como a trabalhista e a da Previdência, a Lei do Teto de Gastos e a da governança das estatais, que estão colocando o país no rumo do crescimento. “É um momento em que o equilíbrio é importante”, reforçou.

Meirelles participou hoje do 89º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), em Brasília, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF).

O ministro apresentou aos empresários dados econômicos e destacou as boas perspectivas para a economia brasileira. Para ele, a crise política que o governo do presidente Michel Temer vive nas últimas semanas não vai atrapalhar a continuidade do crescimento que o país vem registrando, nem a aprovação das reformas e projetos. “Isto é, cada vez mais, uma agenda nacional. A minha hipótese de trabalho é de continuidade [do governo Temer]”, disse.

Segundo Meirelles, com a estabilização da economia e as reformas, o Brasil tem condições de sair da crise e voltar a crescer em média 2,3% ao ano, nos próximos anos. “Com as reformas microeconômicas, que também estamos propondo, e a diminuição do tamanho do Estado, podemos aumentar essa taxa de crescimento potencial para os anos seguintes e chegar a um número entre 3,5% e 4%. Aí, sim, entrar em uma rota de crescimento robusto”, explicou.

Por essas e outras vê-se a importância de o país ter no comando de sua economia um homem que usa óculos cor-de-rosa.



Uma Dinamarca passa por debaixo da mesa

May 26, 2017 10:14, by segundo clichê


Marcelo P. F. Manzano 

Os acontecimentos políticos da semana passada, patrocinados pelos donos da JBS, trouxeram à tona de forma dramática as vísceras do capitalismo brasileiro. Os canais subterrâneos que interligam o poder econômico ao poder político nos foram revelados em horário nobre e por todos os meios de comunicação.

Mas é curioso que em meio a tantas revelações, tantos bilhões circulando de mão em mão, quase ninguém do MPF, da Justiça, da Globo ou da Folha de São Paulo queira saber de onde vem afinal essa dinheirama?

São fartas as denúncias de uso de caixa 2 para financiar a campanha e a vida dos poderosos e é fundamental que possamos corrigir e oxalá eliminar essas mazelas que fragilizam esta já precária democracia em que estamos metidos. Contudo, por que, afinal, ninguém quer falar de onde é que o grupo JBS, os mamutes da Odebrecht ou da OAS tiraram esse oceano de dinheiro não contabilizado para comprar leis e governos que lhes favoreçam?


Ora, ora, sabemos desde sempre que os fazendeiros brasucas não têm o costume de declarar os milhares de boizinhos que mantêm no pasto e que por isso chegam à nossa mesa a preços camaradas. Sabemos também que a fina flor da família brasileira – tanto quanto os gerânios de ocasião – não é lá chegada em declarar os ganhos de capital que aufere com a venda de casas nos Jardins, nem muito menos os alugueis das salas comerciais com os quais garantem a vida fácil de seus descendentes.

Convenhamos, esse malcheiroso oceano de caixa 2 que agora ameaça dissolver nosso futuro é o desfecho inevitável de nossos pequenos pecados argentários. Brota em forma de riachinho do bolso maroto de “gente de bem” e necessariamente vai se acumular em alguma larga barragem, sob a guarda de um grande e liso tubarão branco. 

A grana escusa do Joesley ou dos Odebrecht só pode ser escusa porque foi antes pagamento escuso na mão de outro, o qual, por sua vez, a escondia em contabilidade paralela que era alimentada por pagamentos de outros fulanos menos famosos, que talvez aceitaram vender um imóvel com valor diferente do declarado ao fisco, parte em grana, parte parcelado.

Claro que, reduzidos à nossa pequenez, nós, cidadãos comuns, não costumamos perder o sono por conta dos efeitos nefastos que decorrem do desconto pelo pagamento sem recibo para o dentista na semana passada. Mas não custa lembrar: de acordo com os cálculos do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), a somatória de todas estas maracutaias que circulam anualmente de forma subterrânea no Brasil corresponde a estrondosos 16,2% do PIB (R$ 989 bilhões em 2016). 

É essa massa de grana – equivalente ao PIB da Dinamarca! – que, ao fim e ao cabo, vai brotar do lado de lá do sistema, corrompendo autoridades de diferentes poderes para garantir privilégios a uns poucos em detrimento dos interesses difusos do país, entre os quais os nossos. (Fundação Perseu Abramo)



Os números da tragédia: investimento no PAC caiu 64%, e no Minha Casa, 77%

May 26, 2017 10:10, by segundo clichê


O noticiário da Agência Brasil, uma verdadeira fábrica de press releases otimistas sobre o governo federal, destaca que "a queda das despesas e o reforço de caixa do Imposto de Renda Pessoa Física fez (sic) as contas do Governo Central registrarem o melhor resultado para meses de abril em três anos". O título é quase épico: "Governo Central tem melhor resultado nas contas para abril em três anos."

Descontado o erro de concordância logo no lide ( primeiro parágrafo, supostamente o mais importante) da notícia, supõe-se que o texto contenha informações verdadeiras.

Ao menos nos números que apresenta.


Ele segue: "No mês passado, o Tesouro Nacional, a Previdência Social e o Banco Central registraram superávit primário de R$ 12,569 bilhões, o esforço fiscal mais alto para o mês desde abril de 2014 (R$ 16,612 bilhões)."

Em seguida, há a preocupação em ser didático com o leitor: "O superávit primário é a economia do governo para pagar os juros da dívida pública. Por causa do início do calendário de pagamentos do Imposto de Renda Pessoa Física, as contas do Governo Central nunca têm resultado negativo em meses de abril. Neste ano, a arrecadação foi reforçada pelo aumento de R$ 7,8 bilhões na cota-parte de compensações financeiras por causa do aumento do preço do petróleo, que impulsionou os royalties pagos ao governo federal."

E mais: "Apesar do superávit em abril, o Governo Central continua a registrar déficit primário (resultado negativo desconsiderando os juros da dívida pública) em 2017. De janeiro a abril, as contas acumulam rombo de R$ 5,643 bilhões. Este é o segundo pior resultado da história para o período, só perdendo para o primeiro quadrimestre do ano passado, quando o déficit primário estava em R$ 8,237 bilhões."

O mais importante, porém, para entender o momento por que passa a economia brasileira, sob a direção de um governo em fim de feira, está nos parágrafos seguintes (os grifos são meus):

"Nos quatro primeiros meses do ano, as receitas líquidas caíram 3,6%, descontada a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas as despesas totais acumulam recuo maior: 4,3%, também considerando o IPCA. O resultado ajudou a diminuir o déficit primário acumulado em 2017 em relação ao mesmo período do ano passado. 

"Em relação às despesas, a queda foi puxada pelas despesas não obrigatórias, que caíram 23,6% em 2017 em valores corrigidos pela inflação por causa da queda dos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), e pelas despesas obrigatórias, que caíram 14,5% no primeiro quadrimestre.

"O recuo dos gastos obrigatórios é puxado pela reoneração da folha de pagamentos, que diminuiu em 36,7% a compensação paga pelo Tesouro Nacional à Previdência Social, e pela queda de 30,2% no pagamento de subsídios e subvenções. Também contribuiu para a redução o não pagamento de créditos extraordinários do Orçamento ocorridos no ano passado, que não se repetiram este ano.

"As contas públicas, no entanto, continuam pressionadas pelos gastos com os benefícios da Previdência Social, que subiram 5,5% acima da inflação nos quatro primeiros meses do ano, por causa do aumento do valor dos benefícios e do número de beneficiários [algo lógico, devido às notícias aterrorizantes sobre as mudanças das regras para a aposentadoria]. Por causa de acordos salariais fechados nos dois últimos anos, os gastos com o funcionalismo acumulam alta de 7,3% acima do IPCA de janeiro a abril.

"As despesas de custeio (manutenção da máquina pública) acumulam queda de 15,9% em 2017 descontado o IPCA. A redução de gastos, no entanto, concentra-se nos investimentos, que totalizam R$ 8,161 bilhões e caíram 60,3% de janeiro a abril, em valores também corrigidos pela inflação.

"Principal programa federal de investimentos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) gastou R$ 5,336 bilhões de janeiro a abril, redução de 64%. O Programa Minha Casa, Minha Vida executou R$ 509 milhões, retração de 77,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Essas variações descontam a inflação oficial."

Resumo da ópera: ninguém investe no Brasil neste momento trágico de sua história, nem a gloriosa iniciativa privada, à espera de algum milagre que faça a atividade econômica subir alguns centímetros do fundo do poço, nem o governo federal, por absoluta incapacidade de caixa. (Carlos Motta)



O próximo ato da tragédia

May 25, 2017 10:37, by segundo clichê


E o golpe mostrou ao que veio.

Bastou apenas um ano para que as consequências trágicas da aventura corroessem a jovem e imatura democracia brasileira de tal maneira que reconstruí-la será uma tarefa não só demorada, mas extremamente difícil.

Isso porque os golpistas não feriram apenas a Constituição ao depor, sem que houvesse crime, uma presidenta eleita com 54 milhões de votos. 

Eles conseguiram desempregar milhões de pessoas, arruinar importantes setores da economia, aprofundar a recessão, transformar a Justiça num instrumento de perseguição política, desmontar grande parte dos programas sociais que ajudaram a combater a miséria, esgarçar as relações institucionais, e expor o Brasil como uma imensa república de bananas para o mundo todo.

Os mais recentes escândalos revelaram apenas o que já era sabido: o golpe instalou no país uma cleptocracia.  

Em sua luta desesperada pela sobrevivência, o presidente desta república de ladrões pode aprofundar ainda mais o desastre a que todos assistem.

Sua queda, porém, é questão de dias - como a história mostrou inúmeras vezes, o monstro parido pelos golpistas começa a devorar seus criadores.

A grande dúvida é sobre como será o próximo ato da tragédia, se ameno, conciliador, resultado de um amplo pacto de reconstrução nacional, ou uma mera continuidade deste lastimável prólogo, um texto absolutamente caótico.

Esse é o grande problema do Brasil, hoje e sempre - a falta de bons autores para a criação de um projeto que explore as suas imensas potencialidades e o leve ao século 21.

Os trabalhistas bem que tentaram encenar o seu roteiro social-democrata, com relativo êxito.

Mas, por ingenuidade ou incapacidade, deixaram que a peça fosse sabotada por vários de seus atores, temerosos de serem rebaixados para simples figurantes.

Agora, com o teatro em ruínas, são poucas as esperanças de que essa companhia rota e mambembe recupere, ao menos, a sua dignidade.

Para isso ela teria de ser dirigida por alguém que compreendesse a gravidade do momento e aceitasse como premissa para o seu trabalho o diálogo com todos os envolvidos no projeto - atores, produção e, principalmente, a plateia. (Carlos Motta)



Isso é uma vergonha!

May 24, 2017 9:53, by segundo clichê

Muito já se falou sobre a indigência do jornalismo brasileiro, a falta de capacitação técnica dos profissionais, a deturpação der seus princípios básicos, a subordinação das pautas aos interesses do patrão e anunciantes, e a ampla disseminação da ideologia dominante, esse pseudocapitalismo que impera no país.

Todos os dias surgem exemplos de que o que se pratica no Brasil é tudo, menos jornalismo, seja nos jornais, nas rádios ou na televisão.

Um ótimo exemplo desse abastardamento da função jornalística é a concessão de prêmios para os profissionais, por diversas empresas da área: quase sempre os lauréis vão para os "globais", ou seja, para as figuras carimbadas da mídia empresarial, justamente essa que se dedica permanentemente a desvirtuar a função da imprensa.


Um desses eventos, o Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas, vai homenagear este ano com o Prêmio Personalidade da Comunicação, um dos mais antigos e resistentes reacionários da profissão, Boris Casoy, aquele que, além de seus bordões lacerdianos, ficou famoso por ter dito, numa passagem de uma reportagem sobre as festas de fim de ano de 2009, no Jornal da Band, uma frase emblemática sobreas suas convicções: "Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras - o mais baixo da escala de trabalho." 

Os patrocinadores justificam a concessão do prêmio a Casoy por ele ser "referência para o jornalismo brasileiro" e ter ajudado a formar "uma geração de jornalistas criando um estilo próprio, o de âncora com opinião".

Aquela moça que levou outro dia, ao vivo e em cores, uma bronca do seu patrão Silvio Santos por não se limitar a ler as notícias no telejornal que apresenta, provavelmente se formou na escola de Casoy, o homem que repete, com insistência irritante, platitudes como "precisamos passar o Brasil a limpo" - como se ele próprio não fosse parte da sujeira que pretende varrer.

Seu mais famoso bordão, porém, é o que mais aplica a esse tipo de premiação, promovida para perpetuar o arremedo de imprensa existente no país: "Isso é uma vergonha!"

Muita vergonha. (Carlos Motta)



Motta

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