Música e meio ambiente, tudo a ver
Giugno 5, 2018 16:52Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 5 de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data, estabelecida durante a Conferência de Estocolmo, tem como objetivo chamar a atenção sobre a necessidade de definir políticas públicas e ações voltadas à conservação da natureza e sustentabilidade do planeta. Em 1981, o governo brasileiro também criou a Semana Nacional do Meio Ambiente reforçando a necessidade de reflexão sobre o tema.
Para muitos artistas o meio ambiente é fonte de inspiração. As composições ajudam a refletir sobre a interferência do homem na natureza e a necessidade da conservação. Segundo a ecóloga, doutora em Biologia Vegetal, professora da Universidade Federal do Paraná e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Marcia Marques, fazer uma pausa, observar o universo ao redor e dele extrair palavras com significado e sentimento é algo reservado para mentes artísticas, populares ou eruditas, de várias gerações. “Ao se apropriar deste sentimento, ressignificamos as palavras para nossa própria realidade e delas podemos extrair experiências culturais novas e interpretar o mundo com novos olhares”, diz.
A especialista selecionou e comentou oito canções que, com palavras, voz e a sensibilidade de alguns dos grandes poetas da música brasileira, retomam os temas mais importantes para a sustentabilidade do planeta.
1.“Terra” (Caetano Veloso)
“Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?”
Enquanto preso, durante a ditadura militar, Caetano teria visto as fotografias registradas pelos astronautas da Apollo 8 que iniciavam a corrida rumo à Lua. A imagem de um planeta azul, pequenino, dava a noção de quão imenso é o universo e quão especial e vulnerável é este planeta Terra. As mudanças globais que já estão em curso deverão provocar danos irreversíveis ao planeta. O aumento da temperatura e a elevação dos níveis dos oceanos vão provocar migração e desaparecimento de espécies, aumento de tempestades, enchentes e doenças. A espécie humana, principalmente as populações mais carentes e vulneráveis, sofrerão profundamente com estas mudanças. Mesmo sendo todos “errantes navegantes” desta jornada, porque esquecemos da “menina Terra”?
2.“Asa Branca” (Luiz Gonzaga & Humberto Teixeira)
“Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão”
Nascido no interior de Pernambuco, em meio à Caatinga, Luiz Gonzaga não apenas inventou o baião como também declamou, em poesia e música, a vida do povo sertanejo. A caatinga é, naturalmente, um ambiente muito seco, com chuvas raras e, ainda assim, com uma grande biodiversidade de plantas e animais adaptados a essa condição. Áreas secas do mundo, com alto grau de devastação, tendem a sofrer com a desertificação, especialmente em cenários futuros de aquecimento global. Gerar condições de vida às pessoas que vivem em situações de vulnerabilidade é um passo importante para a sustentabilidade do planeta.
3.“Manguetown” (Chico Science & Nação Zumbi)
“Fui no mangue catar lixo,
Pegar caranguejo,
Conversar com urubu.”
Os manguezais são áreas úmidas distribuídas em quase toda a costa brasileira, muito importantes para a reprodução de animais marinhos e a ciclagem de nutrientes nas regiões estuarinas. Grande parte dos manguezais brasileiros estão em unidades de conservação e, muitas delas, com permissão do uso sustentável de recursos como o caranguejo, importantes para a economia das populações ribeirinhas. No entanto, esses ecossistemas são ameaçados devido à poluição, superexploração da pesca, agricultura, crescimento dos centros urbanos, entre outros. Essa é a situação dos manguezais da região metropolitana do Recife, onde Chico Science & Nação Zumbi relataram a convivência de lixo e o caranguejo, recurso utilizado pela população pobre da região.
4.“O cio da Terra” (Chico Buarque & Milton Nascimento)
“Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão”
O trabalho agrário relatado nesta bela canção nos faz pensar numa relação harmoniosa entre o homem do campo e a terra. Apenas ele é capaz de compreender os ritmos da natureza e, a partir deste conhecimento, “forjar no trigo o milagre do pão” para alimentar pessoas de todo o mundo. A agricultura em pequena escala, com o trabalho das mãos de uma família, sabe compreender a natureza, a importância dos seus serviços e seu processo de renovação. Em grandes escalas, o lucro é mais importante que a própria terra, o uso de fertilizantes e agrotóxicos polui águas e solos, afetando a relação do homem com a natureza. É sim possível produzir alimentos e riquezas sem desmatar novas áreas, sem utilizar substâncias químicas de maneira excessiva, mas tornando a produção agrícola mais eficiente. Somente mãos comprometidas com o futuro do planeta podem “afagar a terra” no seu sentido mais profundo.
5.“Ponta de areia” (Milton Nascimento & Fernando Brant)
“Ponta de areia ponto final
Da Bahia-Minas estrada natural
Que ligava Minas ao porto ao mar
Caminho de ferro mandaram arrancar”
A estrada de ferro entre o nordeste de Minas Gerais e o litoral da Bahia funcionou por pouco mais de 80 anos, no fim do século XIX e início do XX, e foi desativada, enchendo de tristeza os povoados por onde passava. O transporte e a mobilidade são questões indissociadas da vida humana moderna, itens obrigatórios para qualquer pauta relacionada a um futuro sustentável. A matriz energética mundial é quase totalmente dependente de fontes não renováveis de petróleo, gás natural e carvão, as quais têm um grande efeito poluidor. Já as fontes renováveis, como a energia hidrelétrica e mesmo a eólica, ainda que “limpas”, causam danos à natureza pela inundação das barragens e as mortes de animais voadores, respectivamente. Diversificar e aprimorar as formas de transporte, buscando diminuir a frota de veículos a combustão, aumentar o transporte público e as ferrovias, hidrovias e ciclovias, além de buscar formas de economia de energia, são essenciais para um futuro sustentável.
6.“O Rio” (Marisa Monte, Seu Jorge, Arnaldo Antunes & Carlinhos Brown)
“Lembra, meu filho, passou, passará
Essa certeza, a ciência nos dá
Que vai chover quando o sol se cansar
Para que flores não faltem jamais”
As águas continentais, de rios e lagos, são renovadas em um ciclo ininterrupto pela atmosfera, biota e superfície da Terra. É a principal fonte hídrica para a agricultura, indústria e consumo humano e animal. O consumo de água mais que octuplicou no último século no mundo, enquanto as fontes hídricas continuam sendo, basicamente, as mesmas. O consumo exagerado de produtos que demandam muita água para sua produção, como a carne e o algodão, a poluição de rios e o desperdício no uso de água potável precisam ser freados para um futuro sustentável onde “flores não faltem, jamais”.
7.“Passaredo” (Chico Buarque & Francis Hime)
“Voa, macuco
Voa, viúva
Utiariti
Bico calado
Toma cuidado
Que o homem vem aí”
A perda da biodiversidade é a ação do homem que mais transgrediu os limites aceitáveis para que processos essenciais do planeta Terra possam ocorrer. Em termos globais, o homem já causou a extinção de mais de 300 espécies de animais e 150 espécies de plantas e, do total de espécies existentes hoje (1,7 milhão), 5% encontram-se ameaçadas. São inúmeras as causas de perda de espécies, principalmente a destruição dos habitats onde vivem, a exploração exagerada de espécies pesqueiras e madeiras, a caça e a invasão de espécies exóticas que competem com as espécies locais. Mudar essas estatísticas requer ações eficientes, como eliminar completamente estas ameaças e criar e manter unidades de conservação para garantir a sobrevivência das espécies.
8.“Luar do Sertão” (Catulo da Paixão Cearense & João Pernambuco)
“A gente fria
Desta terra sem poesia
Não se importa com esta lua
Nem faz caso do luar
Enquanto a onça
Lá na verde capoeira
Leva uma hora inteira
Vendo a lua derivar”
Esta canção, com mais de 100 anos, é um hino em reverência à vida simples do interior do Brasil. O homem pré-revolução industrial vivia num mundo onde os movimentos da natureza eram a sua principal inspiração, justificava suas ações e emoções. Hoje, com a sociedade de consumo, busca-se prazer no comprar, ter e consumir, e venera-se o capital, o que gera um impacto irreversível sobre os recursos naturais. Além disso, a produção dos bens de consumo é, muitas vezes, feita em bases sociais e econômicas pouco equilibradas. Uma vida simplificada, com menos consumo, maior distribuição de renda e melhores condições de vida para todos os habitantes da Terra é a única saída para um planeta com mais de 8 bilhões de habitantes.
As músicas do texto estão na playlist “Um som para o meio ambiente”, criada pela especialista e disponível no Spotify.
Jorge Ben Jor leva seu "Salve Simpatia" a São Paulo
Giugno 5, 2018 16:37Um dos mais importantes músicos brasileiros, autor de inúmeros sucessos,Jorge Ben Jor, estará apresentando seu show "Salve Simpatia" no Espaço das Américas (Rua Tagipuru, 795, Barra Funda, São Paulo)no sábado, dia 23 de junho.
A assinatura de Ben Jor é marcada pelo inconfundível ritmo do seu violão, que transcende qualquer regra de classificação. Seu estilo foge de qualquer rótulo: é samba com maracatu, bossa com rock, baião com funk. O hoje clássico LP “Samba Esquema Novo”, lançado em meados dos anos 60 do século passado, já mostrava a criatividade do carioca Jorge Menezes, trazendo futuros sucessos como “Mas que Nada” e “Por Causa de Você Menina”.
Ben Jor, com o disco, acabara de revolucionar a música brasileira com um estilo único, que colocava em comunhão as raízes brasileiras e africanas. Seu talento fez com que ele participasse de dois dos programas musicais mais famosos da época: “O Fino da Bossa” - comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues - e “Jovem Guarda”, de Roberto e Erasmo Carlos.
Diversos movimentos musicais surgiram e ruíram, mas Jorge Bem Jor continuou sendo cada vez mais cultuado por suas canções.
A miscelânea de sons de sua música talvez seja resultado natural de uma infância passada ao som de Luiz Gonzaga, Ataulfo Alves e João Gilberto, com participação em coros de igreja e blocos de carnaval.
Ben Jor diz que jamais lhe passou pela cabeça que ele seria um dos protagonistas da história da música popular brasileira. Apesar disso ele se tornou ídolo de uma legião de músicos que não escondem a grande influência que tiveram da batida de seu violão - ou guitarra - e do ritmo inconfundível de suas composições.
O ingressos para o show estão à venda nas bilheterias do Espaço das Américas (de segunda a sábado das 10 às 19 horas, sem taxa de conveniência) ou acessar o site Ticket 360. (https://goo.gl/xgibPV). Os preços: Pista 1º Lote, R$ 50,00 (meia) e R$ 100,00 (inteira); Setor A, B, C, R$ 110,00 (meia) e R$ 220,00 (inteira).
Luis Leite registra "Despedida" em vídeo
Giugno 5, 2018 11:14O violonista carioca Luis Leite está lançando o videoclipe da música “Despedida”, dando prosseguimento à divulgação do seu terceiro CD, "Vento Sul". No disco, ele contou com as participações da violista Elisa Monteiro e de Sergio Krakowski (adufo). Com produção, direção, roteiro e edição da cineasta Paula Dante, o filme abraça esteticamente o tom intimista e poético da música do violonista, num clipe de três minutos de duração. Com apenas dois dias de captação e filmagem em uma casa abandonada no bucólico Largo do Boticário, no Cosme Velho (Rio de Janeiro), a produção se destaca pela fotografia sofisticada, buscando realçar os contrastes de luz e movimento entre os ambientes interno e externo do imóvel, em sintonia completa com a sonoridade dos acordes.
“Despedida” é a última faixa do CD “Vento Sul”, lançado pelo violonista no início do ano e inspirado na música da América do Sul. Com intensa atividade internacional, apresentações em mais de 20 países, o violonista concebeu o mais introspectivo álbum de sua carreira. É um convite a uma audição delicada, sem pressa – um incentivo à exploração do nosso espaço interno de escuta. Usando seu virtuosismo não apenas por meio da destreza que possui, mas também com um controle absoluto da sonoridade, do conteúdo expressivo e da interpretação, pontos fortes deste seu novo trabalho, o músico comprova em “Vento Sul” a razão de ser considerado um dos violonistas brasileiros de maior destaque na cena instrumental contemporânea.
Luis Leite nasceu e cresceu no Rio de Janeiro, numa atmosfera familiar musical. Seu avô, um violonista amador, o ensinou os primeiros acordes. Seu pai e tios também tocavam, e o violão era o instrumento que congregava todos ao redor da música. Com interesse em variadas vertentes musicais, navegou desde cedo por diferentes estilos, do choro e do jazz à música clássica, começando a se apresentar profissionalmente aos 14 anos com o Grupo Camerístico de Violões. Estudou violão na UniRio e aos 19 anos, após receber o primeiro lugar em concursos nacionais de violão, se especializou na Accademia Musicale Chigiana (Siena, Itália).
Posteriormente mudou-se para Viena, onde viveu por uma década, recebendo os diplomas de bacharel e mestre pela Universität für Musik Wien, sob orientação do renomado violonista Alvaro Pierri. Durante seu tempo residindo na Europa, Luis recebeu o primeiro lugar em diversos concursos internacionais de violão, como no Ivor Mairants International Guitar Competition (Londres) e no John Duarte International Guitar Competition (Rust). Retornou ao Brasil assumindo a cátedra de Violão da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde desde então coordena o programa de Bacharelado em Violão. Em sequência, concluiu seu Doutorado (PhD) em Música pela UniRio desenvolvendo pesquisa sobre novas linguagens de improvisação musical. Foi também vencedor do XI Prêmio BDMG Instrumental em Belo Horizonte. Lançou os discos autorais 'Mundo Urbano' e 'Ostinato'.
Site: www.luisleite.art.br
Preço do CD físico: R$30,00
Preço do CD digital (baixar por MP3s diretamente do site do artista): R$15,00
A alma não tem cor
Giugno 4, 2018 15:27Carlos Motta
Já faz alguns anos que o criativo André Abujamra, ex-Mulheres Negras e líder da eclética banda Karnak, compôs "Alma Não Tem Cor", música que põe fim a essa polêmica sem sentido criada pela indicação da talentosa Fabiana Cozza como intérprete, num espetáculo teatral, da senhora da canção, a eterna Dona Ivone Lara.
A alma, diz Abujamra, é colorida, multicolor, azul, amarelo, verde, verdinha, marrom...
Seria bom que todos os que transformaram a negra Fabiana Cozza num ser humano de pele branca escutassem com atenção a música de Abujamra.
Alma não tem cor
Porque eu sou branco?
Alma não tem cor
Porque eu sou negro?
Branquinho
Neguinho
Branco negão
Percebam que a alma não tem cor
Ela é colorida
Ela é multicolor
Azul amarelo
Verde verdinho marrom
Carú Bonifácio estreia show com trabalho autoral
Giugno 4, 2018 15:13Em seu primeiro trabalho autoral a cantora, compositora e atriz Carú Bonifácio traz para o programa Tardes Musicais da Casa-Museu Ema Klabin (Rua Portugal, 43, Jardim Europa, São Paulo) o seu show Fábula Feminina, com ritmos que permeiam o reggae, samba, rap e a MPB. O espetáculo será no sábado, dia 9 de junho, a partir das 16h30, com entrada franca. Carú Bonifácio (voz) se apresenta acompanhada por Fábio Martinez (contrabaixo), Edvan Mota (percussão), Di Ganza (violão) e Jacqueline Oshima (teclado e sanfona).
No repertório estão clássicos como “O morro não tem vez” (Tom Jobim), “Violeta” (Renato Pessoa) e composições autorais: “Replanto” , “Capoeira Aquática”, “Ancoragem”, “Queima”, “Não me sobra mais nada”, “Aquários”, “Prelúdio ao voo” , “ Shine of the moon” e “Negra Tinta”.
Projeto do engenheiro-arquiteto Alfredo Ernesto Becker, a Casa-Museu Ema Klabin teve como inspiração o Palácio de Sanssouci, em Potsdam, Alemanha. O museu reúne mais de 1.500 obras, entre pinturas do russo Marc Chagall e do holandês Frans Post, dos modernistas brasileiros Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari e Lasar Segall; talhas do mineiro Mestre Valentim, mobiliário de época, peças arqueológicas e decorativas.
O espaço cultural abre de quarta a domingo, das 14 às 17 horas (com permanência até às 18 horas), sem agendamento. Nos fins de semana e feriados a visita tem entrada franca. Nos outros dias, o ingresso custa R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).
Desde março, o site da casa-museu ganhou um blog que vai ajudar a conhecer um pouco mais sobre o rico acervo desse importante polo cultural, com fotos, entrevistas e curiosidades sobre os bastidores do museu. No blog, a coordenadora do Núcleo de Acervo e Pesquisa da Fundação Ema Klabin, Daniele Paro, fala sobre como é feito o trabalho de preservação da coleção.







