Sinfônica de Piracicaba encerra temporada tocando Dvořák
Dicembre 13, 2017 18:06A OSP (Orquestra Sinfônica de Piracicaba) encerra a Temporada 2017 neste sábado (16), às 16h30 e às 20h30, no Teatro Municipal Erotídes de Campos, o Teatro do Engenho. As apresentações contam com a regência do maestro convidado Roberto Tibiriçá (foto). A entrada é gratuita.
Tibiriçá ocupa a cadeira número 5 da Academia Brasileira de Música. Ele coleciona passagens por grandes orquestras brasileiras, entre elas as sinfônicas do Estado de São Paulo, de Minas Gerais, da Petrobras, de Campinas, de São Bernardo do Campo, do Instituto Baccarelli e de Montevidéu, no Uruguai. No Rio de Janeiro, recebeu o Prêmio Estácio de Sá por seu trabalho com a Orquestra Sinfônica Brasileira.
O concerto traz duas das obras mais significativas do repertório de Antonín Dvořák: a primeira é Dança Eslava nº 8, rápida e rítmica, que lembra o estilo cigano e foi forjada em formas e estilos de danças populares das nações do Leste Europeu. A obra de 1878 alavancou a carreira internacional do compositor, natural da República Tcheca e diretor do Conservatório Nacional de Música da América, em Nova York.
A segunda peça é a Sinfonia nº 9 em mi menor, Op. 95, conhecida como Sinfonia Do Novo Mundo, por ter sido estreada nas comemorações dos 400 anos da descoberta da América, no Carnegie Hall, com a Filarmônica de Nova York, em 1893. A composição em quatro movimentos é baseada na melodia dos negros americanos, em temas indígenas e na música folclórica tcheca.
Dvořák é um dos compositores preferidos do maestro Jamil Maluf, diretor-artístico e regente titular da Sinfônica de Piracicaba, o que justifica a escolha de duas peças para o encerramento da Temporada 2017. “Evoco as obras de Dvořák nos momentos especiais. Em 1990, regi a 9ª Sinfonia na estreia da Orquestra Experimental de Repertório. Em 2015, no concerto de reestruturação da OSP, escolhi a 8ª Sinfonia”, diz o maestro.
Segundo Jamil Maluf, a Sinfonia Do Novo Mundo é uma das mais famosas peças do repertório da música clássica. Foi considerada como a mais grandiosa já composta em terras americanas, em crítica no The New York Post. “Trata-se de uma obra de 50 minutos, que exige extremo preparo de seu regente e do conjunto sinfônico para executa-la, o que será possível comprovar na interpretação da OSP, que a cada concerto cresce em qualidade”, diz Jamil Maluf.
Iniciada em março, a Temporada 2017 foi concebida para comemorar os 250 anos de Piracicaba e contou com concertos mensais gratuitos no Teatro Municipal Erotídes de Campos, o Teatro do Engenho, sob regência do maestro Jamil Maluf e dos maestros convidados Thiago Tavares, Erica Hindrikson e Ernst Mahle. Como solistas, participaram o violonista Fábio Zanon, o violeiro Ivan Vilela, o violinista Guido Sant’anna, o pianista Nahim Marun, os irmãos Cláudio e André Micheletti (violino e violoncelo), a soprano Eliane Coelho e o violoncelista Sihao He (China). A OSP também se apresentou no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, em julho, na praça do Capivari.
A Temporada 2017 tem como correalizadores a Prefeitura do Município de Piracicaba, por meio das secretarias SemacTur e de Educação, o copatrocínio do Grupo Pizzinatto, Occitano Apart Hotel e das Indústrias Marrucci, o apoio institucional da Empem, Oscip Pira 21 e Cultura Artística, e apoio de mídia da Rádio Educativa FM, Revista Arraso e Jornal de Piracicaba.
Por se tratar do encerramento da Temporada, a OSP convidou as 40 crianças e adolescentes do projeto Educando com a Música para fazer o receptivo ao público no concerto das 16h30. Com idade entre 6 e 17 anos, eles apresentam canções variadas, acompanhados de alguns músicos da OSP, no hall do Teatro do Engenho. O projeto Educando com Música é desenvolvido em parceria com a SemacTur (Secretária da Ação Cultural e Turismo) e a Associação Atlética Educando Pelo Esporte, sob coordenação do professor Alexandre Menegale.
A apresentação vespertina começa com a palestra O Meu Concerto de Hoje, ministrada pelo maestro Roberto Tibiriçá, em formato de bate-papo sobre o repertório escolhido. É uma oportunidade, também, para que o público faça perguntas sobre as obras, o funcionamento de uma orquestra e o universo da música erudita.
O concerto será assistido por 50 integrantes da Avistar (Associação de Atendimento à Pessoas com Deficiência Visual de Piracicaba). Para tanto, a OSP confeccionou os programas em braile.
Serviço
Orquestra Sinfônica de Piracicaba. Sábado, 16 de dezembro, às 16h30 e às 20h30, no Teatro Municipal Erotídes de Campos (avenida Doutor Maurice Allain, Parque do Engenho Central). Entrada gratuita. Informações: (19) 3413-5212 e www.sinfonicadepiracicaba.org.br.
Orquestra Sinfônica de Santa Catarina busca apoiadores
Dicembre 12, 2017 15:00A Orquestra Sinfônica de Santa Catarina, que completou 24 anos de fundação em 2017, está lançando uma campanha em busca de apoiadores, para que possa manter suas temporadas anuais, assim como criar oportunidades para os músicos do Estado e formação de novos talentos. As doações podem ser feitas mensalmente, nos valores fixos de R$ 10, R$ 30, R$ 50 e R$ 100. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail contato@ossca.com.br ou pelo telefone (48) 99962-9088.
O regente titular da orquestra é catarinense José Nilo Valle, que também é o seu diretor- artístico.
Mesmo em crise, Uerj mantém teatro em funcionamento
Dicembre 12, 2017 14:33A Divisão de Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) apresenta, no domingo (17), os últimos espetáculos deste ano. Embora passe por uma situação de crise, a Uerj mantém em funcionamento o Teatro Odylo Costa Filho, que oferece ao público eventos novos e gratuitos, principalmente relacionados à própria universidade, como os que tratam de educação, informou a diretora da Divisão de Teatro, Alba Valéria.
“A gente vem levando este ano inteiro assim. Não estamos a plena carga, mas estamos mantendo o teatro funcionando”, disse Alba Valéria. A intenção, segundo ela, é “mostrar resistência”.
Ela ressaltou que o trabalho feito pela Divisão de Teatro, assim como o de outras áreas da Uerj, contribui para conscientizar a população sobre os problemas que a instituição enfrenta, como redução de investimentos pelo governo estadual e o não pagamento de professores. “A gente tem feito esse trabalho de conscientizar a população interna e externa da importância da universidade resistir enquanto bem público.”
Amanhã, quarta-feira (13), será apresentado no teatro um projeto de extensão da professora de música Ilana Linhales, desenvolvido durante o ano inteiro com seus alunos do Colégio de Aplicação da Uerj. A apresentação faz parte do fechamento do projeto. No espetáculo "Elas – Canto Porque o Instante Existe", o grupo Ah!Banda presta homenagem às grandes compositoras brasileiras.
O grupo, que estuda a música brasileira em seus aspectos históricos, sociais, culturais e musicais, e pesquisou, desde maio, a vida e a obra de compositoras que se destacaram no cenário artístico nacional nos séculos 20 e 21. No show, Ah!Banda interpreta canções de Chiquinha Gonzaga, autora da primeira marcha carnavalesca, "Ó Abre Alas", e de compositoras contemporâneas como e Dona Ivone Lara, Marisa Monte, Céu e Maria Gadú.
Segundo a assessoria da Divisão de Teatro, o evento abre as comemorações dos 15 anos do projeto do CAp-UERJ "Juventude, Prática Musical e Expressão: vivendo e criando música com jovens", que deu origem ao grupo AH! Banda.
Sábado (16) e domingo (17), haverá também apresentações gratuitas de escolas de dança. Com capacidade para 1.106 pessoas, atualmente, o Teatro Odylo Costa Filho tem, em média, presença de 700 pessoas por espetáculo, informou Alba Valéria.
O povo também quer comer o biscoito fino da cultura
Dicembre 12, 2017 10:14Carlos Motta
O Brasil é um país de terceiro mundo com qualidade musical de primeiro mundo, diz a jornalista Maria Amélia Rocha Lopes. "Mas vivemos tempos nefastos. Lemos pouco, vemos muita televisão. O dinheiro é curto e, se for preciso cortar no orçamento familiar, será no destinado à cultura. Não estamos conseguindo ampliar o acesso a uma vida cultural intensa, formadora, que amplie horizontes", acrescenta.
Maria Amélia faz, porém, uma ressalva importante: a população também gosta do biscoito fino. "Basta ver a frequência aos espetáculos ao ar livre, gratuitos. Ou aos shows de espaços como o Sesc, por exemplo, que vende ingressos a preços populares e oferece grande qualidade."
O golpe que afastou Dilma Rousseff da presidência da República, diz, "a escola sem partido, o conservadorismo brutal que toma conta do país", tudo isso, explica, "faz piorar e muito esta situação - não há paticamente orçamento para cultura e os golpistas não tem a menor intenção de levar cultura às massas".
A opinião de Maria Amélia tem muito peso.
Afinal, ela é uma das mais experientes jornalistas da área cultural do país, crítica musical respeitada, e, nos anos em que trabalhou, entre outros veículos, no saudoso "Jornal da Tarde" e no programa "Metrópolis", da TV Cultura, conheceu as mais destacadas personalidades brasileiras do setor artístico.
Nesta entrevista, Maria Amélia fala sobre o atual cenário da música popular brasileira, o jornalismo cultural que é feito hoje no Brasil, as novas formas de divulgação do trabalho dos artistas e a atuação do Estado na área da cultura e da arte.
Nesse último tópico, ela é incisiva: "Falta tudo para o Estado fazer. De jeito algum ele vem atuando de forma eficiente. A Lei Rouanet, ao contrário do que a maioria desinformada espalha, não significa o governo sustentando vagabundo. Ela permite que empresas invistam parte do imposto de renda devido, em cultura. O problema é que as empresas só querem bancar o que lhes agrada", diz. E pergunta: "Quem quer financiar arte contestatória, espetáculos de vanguarda, artistas ainda não consagrados?"
Segundo Clichê - Como você vê o atual cenário da música popular brasileira? Falta qualidade?
Maria Amélia Rocha Lopes - Não creio que falte qualidade. O que falta é divulgação, espaço para a música consistente nos meios de comunicação de massa. Estamos vivendo a época da falsa sensação de identidade universal – parece que o país inteiro ama duplas, sertanejas ou não, e isso não é verdade. Segundo Adorno e Horkheimer, toda a cultura massificada é idêntica, causando uma aparente sensação de integração. A indústria cultural uniformiza e comercializa a arte em série. Não pretende dar espaço para individualidades e questionamentos. E vamos nós convivendo com esses trinados vocais difíceis de suportar.
Segundo Clichê - Com a queda brutal na venda de CDs, como os artistas estão se virando? A internet é o futuro para os artistas?
Maria Amélia - Acho que os artistas mais veteranos demoraram um pouco mais a perceber que o mercado da música havia mudado, que ninguém mais venderia milhões de CDs, que a música estava “solta no ar”, digital. Demoraram a se dar conta de que o melhor a fazer era lançar seu trabalho nas redes, esperar que se tornasse conhecido, viralizasse e, a partir daí, despertasse no público a vontade de ver o show daquelas canções, ao vivo. Tempos atrás os músicos lançavam seus CDs, vendiam bastante, eram valorizados por suas gravadoras e assinavam bons contratos. Poderiam ou não fazer shows. Tinham tempo. Isso se derreteu. Creio que a maioria deve estar vivendo de views na internet, de direitos autorais e shows.
Segundo Clichê - O Estado vem atuando de forma eficiente na área artístico-cultural? O que falta fazer?
Maria Amélia - Falta tudo. E, de jeito algum vem atuando de forma eficiente. Bem ao contrário. De um lado temos a Lei Rouanet que, ao contrário do que a maioria desinformada espalha, não significa o governo sustentando vagabundo. A lei permite que empresas invistam parte do imposto de renda devido, em cultura. O problema é que as empresas só querem bancar o que lhes agrada. Quem quer financiar arte contestatória, espetáculos de vanguarda, artistas ainda não consagrados? O Santander tentou lá no sul do país, mas voltou atrás correndo quando os inomináveis integrantes do MBL tomaram a exposição Queermuseu de assalto, enxergando sandices como incentivo à pedofilia, discussão de gênero, zoofilia. Talvez o momento mais interessante tenha acontecido durante a gestão de Gilberto Gil à frente do ministério com a criação dos Pontos de Cultura, uma inversão do que até então conhecíamos, com a questão cultural crescendo de baixo para cima. Até vou reproduzir um pequeno texto sobre o tema, que acho que vale a pena:
Trata-se de uma política cultural que, ao ganhar escala e articulação com programas sociais do governo e de outros ministérios, pode partir da Cultura para fazer a disputa simbólica e econômica na base da sociedade.
Esta base social também se amplia para outros segmentos sociais, alcançando os setores médios, em especial a juventude urbana, periférica, universitária, jovens artistas, novos arranjos econômicos e produtivos, toda uma nova economia que vem sendo inventada e experimentada daqueles que encontram no fazer cultural uma alternativa de trabalho, vida e inserção social.
Ficou no sonho.
Segundo Clichê - Por que a música instrumental brasileira é mais apreciada fora do país do que aqui?
Maria Amélia - Somos um país de terceiro mundo com uma qualidade musical de primeiro mundo. Mas vivemos tempos nefastos. Lemos pouco, vemos muita televisão. O dinheiro é curto e, se for preciso cortar no orçamento familiar, será no destinado à cultura. Não estamos conseguindo ampliar o acesso a uma vida cultural intensa, formadora, que amplie horizontes e nos prepare, por exemplo, para a sofisticação da música instrumental. Mas a população gosta também do biscoito fino. Basta ver a frequência aos espetáculos ao ar livre, gratuitos. Ou aos shows de espaços como o Sesc, por exemplo, que vende ingressos a preços populares e oferece grande qualidade. O golpe, a escola sem partido, o conservadorismo brutal que toma conta do país, tudo faz piorar e muito esta situação. Não há praticamente orçamento para cultura e os golpistas não tem a menor intenção de levar cultura às massas.
Segundo Clichê - Quem você destaca, entre os artistas mais novos, pela qualidade de seu trabalho? Quem merece tocar mais no rádio?
Maria Amélia - Estou ouvindo uma cantora baiana que me surpreendeu. Chama-se Jurema, é compositora e lançou há dois anos CD "Mestiça". Muito bom! E também o CD "Casa", do paulistano Tiago Frúgoli. O disco tem o baixista Noa Stroeter, o baterista João Fideles, além de Valério, Marcelo Miranda e Vitor Cabral. Música instrumental de gente muito jovem e imensamente talentosa.
Segundo Clichê - A geração dos festivais dos anos 60 teve sucessores? O que você acha do trabalho dessa turma hoje?
Maria Amélia - A geração dos festivais dos anos 60 foi grande, enorme. Escreveu e escreve a história da música popular brasileira até hoje. Eles conseguiram se reinventar, continuam produtivos, talvez não com o volume de antigamente, mas ainda com muita qualidade. Penso que existam ótimos compositores hoje, cantores nem tanto, mas acho que é preciso o tal do distanciamento histórico para medir o tamanho da nova geração.
Segundo Clichê - E sobre a imprensa especializada: há, nesta geração de jornalistas, críticos musicais, repórteres que entendem do assunto, ou vivemos a era dos "press releases"?
Maria Amélia - A imprensa, de maneira geral, caiu de qualidade. Nas redações, os mais experientes e, portanto, com melhor salário, foram substituídos por gente nova e disposta a ganhar o que oferecerem. É provável que existam talentos, mas não os tenho visto. Observando à distância, diria que você tem razão: vivemos a era dos press releases. Com a nova forma de fazer e distribuir música, os críticos perderam um pouco a razão de ser. A impressão que tenho é de que ninguém está muito interessado na opinião do outro sobre seu próprio trabalho. Mesmo que este outro tenha as ferramentas capazes de orientar, apontar defeitos e ressaltar virtudes, dar um norte, enfim.
Segundo Clichê - Sobre você: quem são seus artistas, brasileiros e de fora, preferidos? Você tem um gênero musical de preferência? Como se interessou profissionalmente por essa área? Onde você tem trabalhado atualmente?
Maria Amélia - Amo a música brasileira – de Donga e Pixinguinha a Emicida, passando por tudo o que tem no meio disso. Ando com muita saudade de grandes cantores e cantoras. Há boas novatas, mas poucas com personalidade marcante. Então, tenho garimpado coisas antigas de Gal, Elis, Bethânia (irresistível nos sambas do Recôncavo). Tenho ouvido muito Milton Nascimento, Gil, sempre, Caetano, Paulinho da Viola, Djavan, Chico, Tom, João Gilberto. Dificilmente vou dormir sem ouvir aqui no computador um pouco de Billie Holiday – ela canta "Speak Low", numa versão de 1952, que ouço praticamente todos os dias. Nina Simone, Ella e Sarah, também “sempre me visitam”. Não passo sem Beatles. Adoro o "Boogie Naipe", do Mano Brown. Gosto de Cassiano, Tim, Hyldon, Bob Marley. E tenho certeza absoluta de que estou esquecendo outros igualmente queridos. Música para mim é estado de espírito. Tem dias que só o "Acabou Chorare", dos Novos Baiano, resolve. Ou um Pablo Casals... Minha família sempre foi muito musical. Conheci o rock e a bossa-nova com meus tios. Um deles tocava bateria num trio de bossa. Minha mãe cantava muito bem, amava Orlando Silva e me passou esse gosto. Comecei no jornalismo na área de Variedades. Virar repórter especial e crítica de música foi quase um caminho natural. Atualmente, sou roteirista e apresentadora do" Bom para Todos", da TVT, um programa de serviço e informação, com temas que passam por saúde, educação, cultura, trabalho, cidadania e muito mais. Pode ser visto na página do http://facebook.com/redetvt .
Viemos dizer bem alto que a injustiça dói
Dicembre 11, 2017 12:57Carlos Motta
Uma das músicas mais tocadas e cantadas no carnaval pernambucano é "Madeira que Cupim não Rói", do mestre Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa, nascido em Surubim, 28 de outubro de 1904 e falecido no Recife, 31 de dezembro de 1997).
É uma marcha-frevo de melodia simples, mas emocionante, como várias composições de Capiba.
Não sei por que, mas toda vez que a escuto, as comportas de alguma parte de meu cérebro se rompem e as lágrimas insistem em escorrer dos meus olhos.
"Madeira que Cupim Não Rói" foi feita como um desabafo pelo fato de o bloco carnavalesco de Capiba, o Madeira de Rosarinho, ter perdido o concurso para o Batutas de São José, em 1963.
O mestre, inconformado, compôs a música, que, para surpresa de todos, foi apresentada pelo bloco no desfile das vencedoras.
A letra é poesia pura, e se pensarmos bem, reflete também, para muitos, o sentimento de se viver neste Brasil Novo, onde a injustiça cresce a cada dia, alimentada por uma porção da sociedade que não se conforma em ver uma ínfima parte de seus imensos privilégios serem trocados por uma vida um pouco melhor para milhões de pessoas para as quais a esperança sempre foi um sonho distante.
O cantor do vídeo é outro grande artista pernambucano, Claudionor Germano.
Coisa linda!
Madeira do rosarinho
Venha à cidade sua fama mostrar
E traz, com o seu pessoal, seu estandarte tão original
Não vem pra fazer barulho
Vem só dizer
E com satisfação
Queiram ou não queiram os juízes
O nosso bloco é de fato campeão
E se aqui estamos cantando esta canção
Viemos defender a nossa tradição
E dizer bem alto
Que a injustiça dói
Nós somos madeira de lei que cupim não rói.








