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Segundo Clichê

Febbraio 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

"O País da Suruba": livro retrata o Brasil pós-golpe

Ottobre 18, 2017 9:24, by segundo clichê


Um partido das mulheres sem mulheres, um deputado que discursa em defesa de um bombom, um senador que se apresta a nomear uma melancia, um presidente que troca Paraguai por Portugal e confunde Noruega com Suécia. 

É o que acontece em um lugar que ficou muito estranho nos últimos anos. Que país é este? Ora, é o país onde o líder do governo no Senado fala assim: “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada.” Pode-se chamá-lo então de “O País da Suruba”. Esse o título do livro do jornalista Ayrton Centeno que a editora Libretos está lançando , com o subtítulo “155 provas - e não apenas convicções - de como o golpe de 2016 diminuiu, ridicularizou e emburreceu o Brasil”.


"O País da Suruba" terá tarde de autógrafos na Feira do Livro de Pelotas no dia 5 de novembro. E na Feira do Livro de Porto Alegre no dia 11 do mesmo mês, acompanhado de debate com o ilustrador Edgar Vasques e o jornalista Elmar Bones.

Usando a farsa para contar onde o Brasil foi parar, o autor singra as mesmas águas que outro jornalista, Sérgio Porto, navegou para recontar a explosão do bestialógico depois do golpe de 1964. Na época, tornou-se o Febeapá, ou seja, o “Festival de Besteira que Assola o País”. Como todo regime espúrio aumenta exponencialmente a produção da besteira nacional, a história se repete agora e, claro, novamente como comédia. Ou, mais precisamente, como tragicomédia. 

Uma das afinidades entre os golpes de 1964 e de 2016 está no regressismo, a revanche do velho contra o novo, do arcaico contra o moderno, do passado contra o futuro. “O golpe apresentou-se como uma gigantesca volta ao que a modernização havia relegado”, escreveu o crítico literário Roberto Schwartz sobre 1964. Figuras apagadas, muitas vezes caricatas, ergueram-se das sombras para encenar aquilo que Schwartz definiu como “um espetáculo de anacronismo social”.

Anacrônico é justamente o picadeiro feroz em que o Brasil se converteu pós-golpe de 2016. O Executivo, sob o tacão de um bando de homens brancos, ricos, velhos, retrógados e, dizem por aí, corruptos, remete diariamente à sociedade decisões toscas, cabeçadas na parede e gafes em escala industrial. 

O insaciável Legislativo disputa com o Executivo quem é o mais impopular. O Judiciário, antes discreto, move-se para o centro do palco, jogando-se também na fogueira das vaidades, fascínio que também engolfou promotores, procuradores e policiais, além dos donatários das capitanias hereditárias da mídia e seus comunicadores, quase todos atrelados ao discurso patronal.

Autor de outros três livros, entre eles "Os Vencedores", de 2014 (Geração Editorial), onde resgata o combate dos jovens à ditadura de 1964, Centeno compilou na imprensa, ao longo dos dois últimos anos, centenas de situações pitorescas, que selecionou para recontá-las agora com permanente bom humor e ironia cortante.

O País da Suruba, com 128 páginas, tem capa e ilustrações de Edgar Vasques. 



Escola para quem, para quê?

Ottobre 17, 2017 9:50, by segundo clichê


Parte da explicação da situação trágica em que o país se encontra está nessa informação: a cada ano, quase 3 milhões de jovens abandonam a escola no Brasil, segundo o estudo Políticas Públicas para Redução do Abandono e Evasão Escolar de Jovens, de autoria do Insper, instituição de ensino superior.

No fim deste ano, um em cada quatro jovens entre 15 e 17 anos de idade vão abandonar seus estudos, não vão se matricular para o ano seguinte ou serão reprovados. Isso corresponde a um universo de 2,8 milhões de pessoas (27%), entre os 10 milhões de jovens estimados no país nessa faixa etária e que deveriam, de acordo com a Constituição, estar frequentando a escola.


Desse total de 10 milhões de jovens, cerca de 15% ou 1,5 milhão, sequer vão se matricular para o início do ano letivo. Do restante, entre aqueles que se matriculam, cerca de 7% ou 700 mil jovens vão abandonar a escola antes do fim do ano. Além disso, cerca de 600 mil alunos (5%) serão reprovados por faltas, o que completa os 2,8 milhões de jovens que estarão fora da escola a cada ano.

Segundo o estudo, mais da metade desses jovens (59% do total ou cerca de 6,1 milhões) vai concluir o Ensino Médio com no máximo um ano de atraso. A evasão (ausência de matrícula no início do ano letivo) e o abandono escolar (desistência durante o ano escolar) dos jovens também implica prejuízo econômico: cerca de R$ 35 bilhões por ano são desperdiçados no país por causa dessa realidade.

O estudo mostra ainda que houve uma estagnação na matrícula dos jovens entre 15 e 16 anos e que a porcentagem de jovens de 17 anos fora da escola cresceu 6 pontos percentuais nos últimos 15 anos, passando de 34% para 39,8%. Isso, segundo o estudo, contradiz uma tendência mundial: dados da Unesco apontam que 74% dos países avançam mais rapidamente na inclusão de jovens de 15 a 17 anos que o Brasil.

Os dados revelam que mais da metade das nações tem menor porcentagem de jovens fora da escola que o Brasil. Se mantiver esse ritmo, o país levará 200 anos para atingir a meta estabelecida no Plano Nacional de Educação: universalizar o atendimento escolar para essa faixa etária – que, pelo plano, deveria ter sido concluída no ano passado.

As principais razões para o chamado “desengajamento dos jovens”, segundo o estudo, estão associadas à pobreza e à dificuldade de acesso, tais como a falta de escolas na comunidade onde o jovem vive ou a falta de recursos para o transporte até a escola. Há também questões relacionadas à inadequação do currículo adotado, do clima escolar e da baixa qualidade dos serviços oferecidos pela escola.

Para reverter o quadro, o estudo propõe a criação de políticas públicas para diminuir o desengajamento como a garantia de acesso principalmente para aqueles que vivem em áreas rurais ou que têm alguma deficiência ou para jovens que cumprem pena privados de liberdade.

O estudo também propõe a criação de cursos profissionalizantes, um sistema de aconselhamento, práticas esportivas e artísticas, aumento das atividades à distância e flexibilização dos horários das aulas e do modelo de avaliação para ajudar a reduzir a evasão escolar.

E pensar que a presidenta Dilma Rousseff pretendia destinar 80% do dinheiro da exploração do petróleo do pré-sal para a educação...

E pensar que o pré-sal vai ser agora explorado pelas petroleiras internacionais, que vão abocanhar praticamente toda a sua riqueza...



O minúsculo se diz vítima de um golpe...

Ottobre 16, 2017 15:47, by segundo clichê




O Brasil é o país da piada pronta.

Pois não é que Michel Temer, o minúsculo, aquele que ocupa o cargo de presidente da República por causa de uma bem sucedida trama, uma conspiração, um golpe que derrubou a presidenta legítima, Dilma Rousseff, escreveu uma carta a deputados e senadores na qual diz que é vítima de “uma campanha implacável com ataques torpes e mentirosos” e que há uma “conspiração” para derrubá-lo do cargo?


A carta foi enviada por Temer a parlamentares da base aliada e da oposição no momento em que a segunda denúncia da Procuradoria-geral da República (PGR) contra ele está sendo analisada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

Temer inicia a carta dizendo que a “indignação” é o que o faz se dirigir a eles. “São muitos os que me aconselham a nada dizer a respeito dos episódios que atingiram diretamente a minha honra. Mas para mim é inadmissível. Não posso silenciar. Não devo silenciar”, escreveu.


O presidente diz aos parlamentares que “afirmações falsas, denúncias ineptas alicerçadas em fatos construídos artificialmente sustentaram as inverdades que foram divulgadas” e que “a armação está sendo desmontada”.

O cinismo e a desfaçatez, além da hipocrisia, fizeram desta terra o seu porto seguro e aqui prosperam, como ervas daninhas.



O chorinho, ou o que o Brasil tem de melhor

Ottobre 16, 2017 13:59, by segundo clichê
 

 

Carlos Motta



O Brasil que deu certo está por toda a parte, só não vê - ou ouve - quem não quer.

Está nas ruas das cidades, nas escolas, nas praças, nos teatros, nos palcos mambembes, nos salões da elite, nos botecos pés sujos, está em qualquer lugar onde caibam algumas pessoas - em mínimos metros quadrados os representantes desse Brasil que deu certo são capazes de mostrar o seu imenso talento.

O que seria do Brasil sem a força desse povo que canta, toca, compõe, sem pensar em grandes recompensas, a não ser o prazer de espalhar a sua arte, de receber em troca dela aplausos muitas vezes entusiasmados?

A música popular brasileira é o maior tesouro que este imenso país possui.


Os americanos são bons nesse campo, não há dúvida, são os campeões mundiais de audiência, espalham com orgulho seu rock, seu country, seu blues, seu jazz, suas baladas - e a gente os admira, os respeita, porque eles merecem toda a reverência.

Mas nós, os humildes brasileiros, estamos no jogo - e não só para competir.

A bossa nova invadiu o campo adversário com suas harmonias sofisticadas, melodias comoventes e intérpretes maravilhosos.

E depois veio o samba, o pai inconteste da bossa nova, símbolo maior da união nacional - em que lugar deste enorme país não se toca, não se dança e não se canta o samba?

E os músicos do mundo todo foram se encantando com a música brasileira, descobrindo joias que aqui são tão pouco reveladas.

Caso do choro, ou chorinho, como queiram, o mais antigo gênero musical brasileiro, que teve adeptos e criadores geniais, como Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Severino Araújo, Altamiro Carrilho - e dezenas de outros mais.

O choro é hoje estudado, tocado e reverenciado na Europa, nas Américas, na Ásia, em todo o planeta.

O instrumentista brasileiro é aplaudido pelas plateias mais exigentes.

E, incrível, aqui mesmo, o país que a cada dia se torna mais e mais uma colônia do grande irmão do Norte, que recebe diariamente toneladas e toneladas do mais tóxico lixo cultural, o choro - como o samba e outros ritmos mais regionais - cresce, amplia a sua audiência, mostra caras novas, talentos indiscutíveis.

É o caso do grupo Desenhando o Choro, muito atuante na região das cidades paulistas de Amparo e Bragança Paulista, que acaba de lançar o seu segundo CD, "Nosso Momento".

O Desenhando é composto pelo flautista Fefê Corradini, violonista Rafael Schimidt, cavaquinista Jairo Ribeiro e pandeirista Paulinho Marciano.

Como no seu primeiro CD, "Desenhando!", todas as composições são de autoria ou dos componentes do grupo, principalmente de Rafael Schimidt, ou de músicos amigos.

As músicas continuam a tradição das melodias sofisticadas dos choros de antigamente, a interpretação é de alto nível, e a produção do novo disco, feita com "muito sacrifício", como diz Fefê Corradini, é simples, porém profissional e eficiente - afinal, do que mais precisa a boa música além de bons intérpretes?

E os músicos do Desenhando são ótimos, tão bons que um deles, o violonista Rafael Schimidt, vai aos poucos consolidando uma carreira solo que já chamou a atenção de bambas do instrumento, como o hoje internacional Yamandu Costa, com quem ele já dividiu o palco.

Rafael tem um trunfo a mais na sua curta, mas profícua carreira: é um compositor de mão cheia, autor de mais de 80 músicas.

Neste último CD do grupo, ele assina 9 das 10 faixas, algumas em parceria com Rafael Beck, um jovem flautista já considerado um fenômeno da música brasileira, e com o consagrado violonista Douglas Lora.

Num país de economia arrasada, crise política sem precedentes e instituições em farrapos, é alentador saber que ao menos a sua música não só resiste, mas amplia sua influência na cultura, agregando cada vez mais talentos indiscutíveis de uma geração que não se acomoda em fórmulas antigas e bem-sucedidas, mas que busca sempre se aperfeiçoar tecnicamente e experimentar novos enfoques, novos caminhos.

O novo trabalho do Desenhando reflete essa alegria de se fazer bem algo de que se gosta. Seu título, "Nosso Momento", diz tudo. 



Economia em ponto morto

Ottobre 13, 2017 9:55, by segundo clichê


Marcelo P. F. Manzano

Mais uma vez as pesquisas mensais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) captam uma reversão do nível de atividade econômica ocorrida no último mês de agosto. Assim como já tinha sido verificado no caso do indicador da produção industrial (que registrou uma queda de 0,8%), foram divulgados os números relativos às vendas no varejo, as quais caíram 0,5% na passagem de julho para agosto, depois de uma sequência de quatro altas mensais consecutivas.


Tomadas em conjunto, as quedas da produção industrial e do volume de vendas no comércio varejista sinalizam que os impulsos sobre a demanda agregada alcançados a partir da liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ao longo do primeiro semestre já perderam efeito e não são mais capazes de reanimar a atividade econômica.

Assim, embora seja razoável estimar uma pequena recuperação cíclica da economia a partir dos próximos meses, o aspecto fundamental a se considerar até aqui é que, com exceção das exportações, os demais motores da demanda continuam em ponto morto, com o país ainda estacionado no sopé da ribanceira. (Fundação Perseu Abramo)



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