Neta de Dias Gomes e Janete Clair lança EP autoral
6 de Abril de 2023, 9:25Foto: Fernando Dias |
Herdeira de um sobrenome dos mais respeitados do país, Tatiana Dias Gomes (foto) não apenas evoca a literatura e a dramaturgia dos seus avós, Dias Gomes e Janete Clair, como ainda ganhou de bônus as veias artísticas dos filhos dos escritores: seu pai, o baterista Alfredo Dias Gomes, além dos tios musicistas Guilherme Dias Gomes e Denise Emmer – também um dos grandes nomes da poesia brasileira.
A carioca, nascida em 1985 - que desde criança já cantava, chegando, inclusive, a gravar dois jingles, participando, ao lado de cantores como Ivan Lins e Ritchie, da trilha sonora do espetáculo El Toreador, baseado em uma obra de sua avó – lança o EP “Romance” com cinco faixas autorais, já disponível nas plataformas digitais.
Crescida assistindo a ensaios, gravações e shows de seu pai e a ensaios e peças de sua mãe - a atriz Neuza Caribé - Tatiana Dias Gomes já se dizia cantora quando muito criança.
Psicóloga em atividade, formada na PUC-Rio (2007) com pós-graduação em psicologia clínica, já participava, na adolescência, como backing vocal da banda de pop rock Simetria. Como cantora, apresentou-se desde nova em palcos como Mistura Fina e Teatro Municipal Paulo Gracindo, realizando parcerias com Daniel Mendonça e Sérgio Naciffe (canção “Dançando na Lua”, 2014), Jorge Simas (“Cantiga Pra Ninar Quem se Ama”, 2008) e Victor Lósso (“Domingo em Casa”, 2022).
Com seu pai, lançou em 2019 o EP “Tributo para Michael”. Interpretadas em formato acústico, pai e filha resgataram a genialidade do rei do pop com releituras bem próprias e singulares. Essa foi a primeira parceria dos dois em um mesmo projeto, embora Tatiana tenha cantado com o pai no estúdio e nos palcos ao longo de toda a vida – antes do tributo a Michael Jackson, os dois já haviam registrado a parceria em um CD demo com releituras de clássicos da MPB.
Gravado no estúdio do seu pai na Lagoa, Rio de Janeiro, e masterizado no icônico Abbey Road Studios, “Romance” contou com um time de excelência: além do Alfredo na bateria, participaram Jefferson Lescowich (baixo), Jessé Sadoc (trompete) e Yuval Bem Lior (guitarra). Das cinco faixas – todas assinadas por Alfredo Dias Gomes – duas foram compostas em parceria com Tatiana (“Ver o mar” e “Essa canção”).
http://tratore.ffm.to/tatianaromance
Para ouvir:
https://on.soundcloud.com/DUvBFXMhVx77dHc49
Novo álbum do baixista Zuzo Moussawer homenageia a cidade de Santos
20 de Março de 2023, 9:51Com quase quatro décadas de carreira, formado em Trilha Sonora no Berklee College of Music e com um longo histórico de gravações, álbuns, videoaulas, trilhas sonoras e DVDs, o baixista e compositor Zuzo Moussawer lança nas plataformas digitais seu sexto álbum de carreira, “Canais Musicais”, também disponível em vídeo no YouTube.
Gravado em Santos com o seu quarteto, formado ainda por Mauro Hector (guitarra), André Willian (teclados) e André Carneiro (bateria), o novo álbum, com sete músicas, é uma homenagem a sua cidade natal, representada pelos sete canais que a cortam: cada faixa é inspirada na região do entorno de cada canal.
Totalmente instrumental e autoral, “Canais Musicais" traz muitos improvisos alternando com temas que vão desde o bepop ao choro e ritmos arábicos.
Zuzo, baixista desde 1985, iniciou sua carreira tocando heavy metal. Depois de um ano, passou a integrar a banda de blues-rock “Druidas”. Em 1987 entrou na banda de rock instrumental “Mr. Green”, onde permaneceu por cinco anos e gravou um álbum em 1990. Nesse período participava de gravações de jingles, tocava em casas noturnas de Santos e gravava com diversos cantores nacionais, entre eles Eduardo Dusek.
Em 1994 formou a banda Santa Claus, extinta um ano depois, e a partir daí dedicou-se a sua carreira solo, gravando quatro álbuns, duas videoaulas e um show em DVD. Em 1995, gravou uma videoaula pelo selo Aprenda Música intitulada “Slap & Two-hands Rock”. Lançou, em 1997, seu primeiro CD solo, chamado "Express".
No ano 2000, lançou o CD "Raízes x Influências", com uma proposta totalmente diferente do álbum anterior. Conceitual, o trabalho promoveu a interação da música brasileira e árabe com o Funk, Blues, Jazz e Country, abrangendo o universo acústico e percussivo, contando com a presença de vários músicos, como Robertinho Silva (percussão), Duda Neves, Alexandre Reis, Plínio Romero e Pablo Silva (bateria) e Sami Khouri (alaúde e voz), entre outros.
Em 2002, foram gravadas duas novas videoaulas pelo selo Aprenda Música sobre fundamentos de levadas e solos, que após três anos foram relançadas em um único DVD.
Em 2005, lançou seu terceiro CD, "Prato da Casa", um álbum com standards de jazz e música brasileira, tocados por um baixo e a bateria de Pablo Silva. A outra metade teve a mesma formação mais os vocais de Zuzo com músicas e letras do próprio baixista. Ainda em 2005, Zuzo foi finalista do concurso internacional de solo de baixo, International Solo Bass Competition, realizado na Carolina do Sul nos Estados Unidos, ficando em segundo lugar.
Em 2007, lançou, novamente pelo selo Aprenda Música, seu primeiro show ao vivo em DVD. Realizado em São Paulo, o show traz o músico em formações solo, duo com o baterista Fernando Baggio, e em trio com o baterista Pablo Silva e o guitarrista Mauro Hector. Em 2009, Zuzo se graduou na Berklee College of Music nos EUA em Trilha Sonora (Film Scoring). Em 2011, lançou seu quarto CD "Organic Urban World" e, em 2012, voltou para o Brasil. Em 2015, lançou o DVD duplo “Em Casa”, gravado em Santos.
No fim de 2018, lançou o CD "Groove de Câmara", propondo, dentro de um universo jazzístico, promover a interação de ritmos brasileiros (Samba, Afoxé, Maracatú e Baião) com o Funk, Soul, Blues, Country e até com a música árabe. Buscando também promover a fusão dessas linguagens com a música erudita, Zuzo gravou o álbum com um quarteto de cordas, formado ainda por dois violinos, viola e violoncelo.
Atualmente, Zuzo Moussawer toca em diversos projetos de Jazz, Rock, Soul e música brasileira, além de seu projeto solo, e se dedica a composições, aulas, arranjos e produção musical.
O álbum já está disponível no link https://tratore.ffm.to/canaismusicais e no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=f1Lf-lwZdCA&t=2071s). Informações sobre os demais CDs autorais podem ser encontradas em www.zuzo.com.br.
Festival integra música e arquitetura dos principais palácios brasileiros
21 de Dezembro de 2022, 9:55Em sua segunda edição, o Fima – Festival Interativo de Música e Arquitetura convida o público a viver mais uma experiência que une música e arquitetura, agora em alguns dos mais importantes palácios do Brasil. Além do Rio de Janeiro, o Fima estará presente também nos Estados do Maranhão, Pará e Minas Gerais, com historiadores de arte e arquitetos abrindo caminhos para que músicos brasileiros possam apresentar obras que dialogam com a arquitetura, a arte decorativa e a história de edifícios icônicos, que representam alguns dos mais importantes patrimônios materiais do nosso país. Com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, todas as apresentações do Fima têm entrada gratuita.
O Palacete do Petit Trianon (foto), na Academia Brasileira de Letras, e os palácios do Catete e Imperial de Petrópolis, estão entre os locais que receberão os concertos no Estado do Rio de Janeiro.
Idealizador e diretor-artístico do evento, o músico e produtor cultural Pablo Castellar revela que nesta segunda edição serão celebrados, em sua maioria, palácios dos períodos colonial e imperial. “Ofereceremos ao público, através de um diálogo cativante e multissensorial entre a música e a arquitetura do Fima, a oportunidade de apreciar, valorizar e construir um sentimento de pertencimento em relação a esses valiosos patrimônios culturais de nossa sociedade que ao longo dos séculos também abrigaram personagens icônicos de nossa história”, afirmou.
Concerto de abertura
A abertura desta nova temporada do Fima será no dia 22 de dezembro, quinta-feira, celebrando os 100 anos da formidável réplica do Petit Trianon de Versailles, que após sediar o pavilhão francês na Exposição Internacional do Centenário da Independência em 1922, foi doado pelo governo da França, no ano seguinte, à Academia Brasileira de Letras.
No salão onde tomam posse os imortais da ABL, vão se apresentar o sopranista Bruno de Sá e o virtuoso piano da maestra Priscila Bomfim. O duo será acompanhado dos comentários do arquiteto e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Gustavo Rocha-Peixoto.
Considerado “uma voz poderosa com tons de mel (…) uma real descoberta” pela revista brasileira Concerto – na qual, inclusive, estampa a capa da edição deste mês de dezembro - e arrancando elogios do jornal francês Le Monde (“o sopranista brasileiro deixou estupefato o mundo lírico...”), o jovem Bruno de Sá destacou-se ao receber o OPER! Prêmio 2020 na categoria “Melhor Revelação do Ano”. Como artista exclusivo da Erato/Warner Classics, seu primeiro álbum solo “Roma Travestita” foi lançado em setembro de 2022, recebendo elogios da imprensa e do público em todo o mundo.
Primeira mulher e diretora musical a reger óperas da temporada oficial do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a pianista e maestra Priscila Bomfim já regeu importantes orquestras brasileiras e, em 2022, estreou óperas inéditas dos compositores Mario Ferraro, Armando Lôbo, Arrigo Barnabé e Tim Rescala.
O programa fará uma viagem pela história e pela arquitetura do palacete, desde a sua concepção na França - construído no século XVIII pelo Rei Luís XV para a sua amante, a Madame de Pompadour, passando pelo reinado de Luiz XVI, que o ofereceu à esposa Maria Antonieta - até chegar a esplanada do Castelo, no Rio de Janeiro, para as celebrações do centenário da Independência e, em seguida, tornar-se a primeira sede própria da Academia Brasileira de Letras. Assim, serão interpretadas obras de compositores dos séculos XVII ao XXI, passando por nomes como Scarlatti, Broschi, Piccinni, Mozart, até chegar aos brasileiros Villa-Lobos, Ovalle, Santoro e Miranda.
Programação 2023
Nas semanas dos aniversários dos municípios do Rio de Janeiro e de Petrópolis, o Fima vai celebrar dois importantes palácios destas cidades. No dia 4 de março, o festival estará no Palácio do Catete apresentando a soprano Daniela Carvalho, com os comentários do pesquisador e historiador do museu, Marcus Macri. Já no dia 18 de março, celebrando os 180 anos de Petrópolis, o Fima estará no Palácio Imperial. O coral dos Canarinhos de Petrópolis, que comemora os 80 anos de fundação, vai apresentar, acompanhado ao piano pelo seu maestro Marco Aurelio Licht, um programa de música coral da época do império trazendo obras de Marcos Portugal, Mozart, Verdi, Offenbach e Carlos Gomes, com comentário de Maurício Vicente Ferreia Júnior, diretor do museu.
Diferentemente da edição anterior – realizada apenas no Estado do Rio de Janeiro – o II Fima, desta vez, contemplará importantes palácios de outras cidades brasileiras.
Em de janeiro, o festival embarca para a capital do Pará, onde visitará o Palácio Lauro Sodré, com apresentação da mezzo-soprano Carolina Faria e da pianista Ana Maria Adade, natural de Belém. Os comentários estarão a cargo do historiador e professor da UFPA, Aldrin Figueiredo.
Em abril, o FIMA chega ao Palácio dos Leões, em São Luiz (MA), com participação do violinista Paulo Martelli, trazendo obras de Bach, Fernando Sor e Villa-Lobos. Em maio, será a vez de Ouro Petro (MG) receber o Festival em programação a ser anunciada.
O Fima também poderá ser assistido virtualmente. Além de toda programação presencial, haverá exibição online dos concertos (filmados em formato tradicional e em 360º), lançamento de websérie com notas de programa sobre os concertos e entrevistas com os convidados, e um podcast com os músicos e palestrantes.
As realizações do festival contemplam, também, aulas magnas de música gratuitas, presenciais ou remotas, com artistas convidados para o evento e o "Fima na Escola’’. Esta última é uma ação educacional para alunos da rede pública do município do Rio de Janeiro, com o objetivo de sensibilizar crianças, estimulando novos caminhos de valorização de suas identidades culturais. Tudo isso para que melhor compreendam a importância do patrimônio histórico de sua comunidade.
Serviço
22/12, quinta-feira – Abertura do II Fima na Academia Brasileira de Letras
Horário: 18h30
Local: Teatro R. Magalhães Jr.
Endereço: Rua Presidente Wilson, 203,
Rio de Janeiro
Entrada Franca
Livre
As senhas para assistir o concerto deverão ser retiradas gratuitamente na própria Academia Brasileira de Letras (ABL) uma hora antes do espetáculo, sendo solicitado apenas o nome, e-mail e CPF (respeitando as regras da Lei Federal de Incentivo à Cultura e da LGPD). A entrada será realizada pelo portão de acesso principal da ABL localizado ao lado direto do Petit Trianon.
Brasileiro compõe peça para "piano robô"
16 de Dezembro de 2022, 18:13Com obras interpretadas por músicos e conjuntos internacionais desde 2003 – grupos de câmara da Europa, Ásia e Américas - o pianista e compositor carioca Luiz Castelões, radicado em Juiz de Fora, se lança em outras fronteiras, mais especificamente as tecnológicas.
Doutor em música pela Universidade de Boston e, desde 2009, professor de composição na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o músico estreia, em uma nova colaboração com o produtor juizforano Nando Costa, “Black MIDI” (Midi Negro), uma suíte em quatro movimentos para disklavier, uma espécie de “piano robô” da Yamaha, que vem sendo desenvolvido há 40 anos. No Brasil, além de pouco conhecido, o instrumento carece de repertório mais significativo – há apenas algumas experimentações, porém, sem registro de obras completas escritas para ele.
O vídeo registrando o “piano robô” executando a obra acaba de ser lançado no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=EjA-I4sRyMU) e desperta perplexidade pela desenvoltura, exatidão precisão na interpretação da máquina. A música tem uma longa história de máquinas que tocam sozinhas – por exemplo, o Museu de Utrecht (Holanda) tem uma vasta coleção de caixinhas de música e dispositivos automáticos de séculos atrás – e, no caso do piano, é natural a associação com a pianola, uma espécie de “avô do disklavier que tocava sozinha, lendo rolos perfurados, mas sem as potencialidades da era digital.
A obra de Luiz Castelões é parte de uma série de outras do compositor feitas para serem tocadas por máquinas e sucede ao lançamento de seus “2 Realejos Digitais” para sintetizador solo, estreada em novembro de 2022 pelo pernambucano Henrique Vaz e também disponível no YouTube. “A utilização de máquinas ou robôs para executar música não tem por objetivo substituir o ser humano”, afirma Castelões, “mas apenas possibilitar que a imaginação musical possa ultrapassar as limitações do corpo humano e, assim, criar música que seria impossível de ser tocada por seres humanos”.
Assim, a obra inclui velocidades e texturas humanamente impossíveis em sua partitura, mas, sem perder o lirismo. “Estaríamos perante um robô já humanizado, sentimental, musical? A conferir!”, comenta.
A música de Luiz Castelões começou a ser executada por artistas estrangeiros, primeiramente, na América Latina, chegando aos Estados Unidos em 2005 e, em seguida, na Europa, em 2013. Já foi estreada e gravada por grupos internacionais como o East Chamber Music (Canadá, 2022), Roadrunner Trio (Holanda, 2020), o Ensemble Linea (França, 2019), o Aleph Gitarrenquartett (Espanha, 2019), o Ecce Ensemble (França, 2018), o Ensemble Mise-En (Coreia, 2018 e 2017), o Quartetto Maurice (Itália, 2016 e 2014) e o Mivos Quartet (Espanha, 2015).
Com influências da música popular brasileira, da música de câmara contemporânea e do universo pop, sua obra recebeu prêmios como os do Ibermúsicas (2015), Escola de Música da UFRJ (menção honrosa, 2012), Festival Primeiro Plano (Melhor Som, 2003) e Funarte (Prêmio da XIV bienal de música brasileira contemporânea, 2001).
Filho de Paulo Leminiski e Salvadores Dali recriam "Dor Elegante"
24 de Agosto de 2022, 16:46A extensa obra literária de Paulo Leminski, frequentemente lembrada e imortalizada em homenagens, teses acadêmicas e produções artísticas diversas, ganha mais um capítulo. Revelado como filho legítimo do autor brasileiro pelo jornalista Toninho Vaz, em 2001, na biografia “O bandido que sabia latim” (Ed. Record) – na época, lançada pela Editora Nossa Cultura e que enfrentou reações da família do poeta paranaense, chegando, inclusive, a ficar fora do mercado por anos – o músico curitibano Paulo Leminski Neto retoma suas verdadeiras origens e, com o grupo carioca Salvadores Dali, lança uma nova versão de “Dor Elegante”, originalmente musicalizada por Itamar Assunção nos anos 90 em cima de letra do poeta, e mais tarde gravada, entre outros, por Zélia Duncan e Chico César.
Para consagrar esse inesperado encontro com o filho do poeta tão popular na década de 1980, os Salvadores produziram um videoclipe musical, filmado na Biblioteca Parque Estadual, no centro do Rio de Janeiro. Para a produção também ser elegante, capturaram influências de alguns clássicos do cinema cult. O clipe conta ainda com a participação da cantora Nay Duarte atuando como modelo. O lançamento será precedido de uma live com o biógrafo que revelou toda a história da paternidade omitida, e a data não poderia deixar de ser o aniversário do poeta, 24 de agosto, quando Leminski faria 78 anos de idade.
Nos idos da década de 80, o poeta curitibano Paulo Leminski era a maior influência nas letras da banda de adolescentes que mais tarde daria origem aos Salvadores Dali. Mas o grupo carioca nunca imaginaria que, mais de 30 anos depois, uma amizade tão forte dos músicos se formaria com o primogênito do poeta. O fato é que Paulo, depois de voltar de Curitiba, com certidão de nascimento retificada, ele se hospedou no Rio de Janeiro justamente na casa de Nelson Ricardo, compositor dos Salvadores Dali. Desse encontro é claro que rolaria muita música - Paulo foi vocalista de “Robertinho do Recife e Metalmania” e “X-Rated”, abrindo shows do “Faith no More”, “Korn” e “Quiet Riot”. Coincidentemente, os Salvadores justamente naquele momento se encontravam sem vocalista.
Assim, imediatamente a interação musical se expandiu para um novo projeto do grupo: refazer "Dor Elegante" como música, abandonando a composição original de Itamar Assunção, propondo nova melodia e harmonia e explorando novos horizontes para a antiga poesia. O toque final seria a inserção de um rap com letra de Leminski Neto, no meio da nova música.
Desse modo, com um pop rock mais contemporâneo, eles conseguiram fazer uma nova subversão, conceito que a banda criou para definir suas versões iradas de composições não autorais. Vamos lembrar que eles já fizeram isso com Noel Rosa, durante o primeiro ano da Pandemia, e depois com “Bella Ciao”, que viralizou em setembro 2021.
“Mas dessa vez seria um desafio ainda maior”, diz o guitarrista Marcio Meirelles, “afinal mexer com a conexão melopoética de uma canção já consagrada poderia ser considerado um sacrilégio ainda maior do que apenas fazer um novo arranjo. Além disso saímos de nossa zona de conforto que era o rock dos anos 80 e mergulhamos num som bem mais contemporâneo.”
"O tema da letra também foge completamente do humor registrado no EP de Noel dos Salvadores, ou da rebeldia revolucionária que eles encontraram em ‘Bella Ciao’”, lembra Paulo Leminski Neto, atual vocalista do grupo. “Em 'Dor Elegante', o grupo mudou radicalmente, passou a lidar com um universo denso. É a poesia do gênio adoecido e que, apesar do sofrimento, não renuncia à potência, à sobriedade e ao vitalismo. Não se trata, portando, de esconder a dor, como faz a geração do Instagram, mas apesar da dor, ser capaz de continuar heroicamente seguindo a vida.”
Assista ao videoclipe: