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Blog do damirso

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Para entender a crise mundial do petróleo

17 de Dezembro de 2014, 16:18, por Daniel Miranda Soares

O que não estão contando para você sobre a crise mundial do petróleo

Postado em 16 dez 2014
por : Paulo Nogueira

Em sua eterna luta para jogar mais sombras onde já não existe luz, a imprensa brasileira está ignorando o fato mais importante do ano na economia mundial: a dramática queda do preço do petróleo.

É um fato que terá impactos brutais no mundo globalizado, mas a mídia nacional prefere centrar seus holofotes na Petrobras, como se se tratasse de um caso único de depressão num ambiente de extrema alegria.

Desde junho, quando atingiu o pico de 115 dólares o barril, o preço do petróleo caiu pela metade. Nesta semana, o barril está sendo vendido na casa dos 60 dólares.

Vários fatores se somaram para que isso acontecesse, mas você pode resumir a explicação na tradicional lei da demanda e da oferta.

A produção de petróleo, hoje, supera amplamente o consumo.

Isso está ligado à crise econômica mundial. Com sua economia se desacelerando, a China consome hoje muito menos petróleo do que fazia. O mesmo ocorre com outra potência, a Alemanha.

Os Estados Unidos, tradicionalmente os maiores importadores, está quase auto-suficiente, graças ao “shale oil” —  saudado como uma revolução no campo energético.

Trata-se, essencialmente, da extração de gás e petróleo do xisto, um tipo de rocha.

Reduzida a demanda, era esperado que a OPEP, a organização que congrega os maiores exportadores, baixasse sua produção, para defender o preço.

Mas não.

Para surpresa generalizada, a OPEP, numa reunião em novembro, decidiu manter a produção nos mesmos níveis.

Foi quando o universo do petróleo entrou em convulsão.

Mas por que os produtores tomaram essa decisão?

Especialistas acham que o objetivo maior é matar o “shale oil” americano. A extração é muito mais cara. Caso o barril fique barato, a indústria do “shale oil” tende a se inviabilizar, e esta seria uma excelente notícia para os países da OPEP.

Mas efeitos muito mais imediatos da baixa da cotação estão já sendo sentidos em países como a Rússia, o Irã e a Venezuela. Todos eles dependem visceralmente das exportações de petróleo.

Para o orçamento russo se manter equilibrado, o barril deve estar na faixa dos 100 dólares.

Economistas já preveem uma queda de 5% do PIB russo em 2015. O sofrimento russo deu margem a que fosse ventilada a teoria de que por trás de tudo estariam os Estados Unidos, empenhados em criar problemas para Putin.

Faz sentido? Faz. Ou pode fazer. Mas o custo, para os americanos, é elevado. Sua florescente indústria de “shale oil” pode simplesmente se desintegrar.

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E o Brasil, no meio disso tudo?

O quadro ainda não é totalmente claro. Há alguns benefícios: apesar de produzir como nunca, o Brasil ainda é um grande consumidor de petróleo.

Isso significa que as despesas de importação se reduzirão substancialmente. É, também, um alívio financeiro para a Petrobras, que subsidia os consumidores brasileiros.

A Petrobras vende a gasolina no Brasil por um preço inferior àquele pelo qual ela compra. O subsídio se destina, primeiro e acima de tudo, a controlar a inflação.

A ameaça mais séria, para o Brasil, vem do pré-sal. Como o “shale oil” americano, a extração do pré-sal é mais cara que a convencional.

Alguns estudos sugerem que com o barril a 40 dólares o pré-sal se inviabilizaria. Mas antes disso a vítima seria a indústria americana de óleo alternativo.

É razoável supor que o barril não descerá muito além dos 60 dólares.

A OPEP disse que ia esperar uns meses para ver o que ocorria. Um preço muito baixo, por um tempo longo, poderia ser fatal para a OPEP.

Assim, é presumível que, em algum momento nos primeiros meses de 2015, a produção seja reduzida para que o preço se recomponha.

Enquanto isso, as companhias petrolíferas são ferozmente castigadas. Nos últimos seis meses, as ações da Goodrich Petroleum caíram 86%. As da Oasis Petroleum, 75%.

A Petrobras é um caso entre muitos, e não um caso único, ao contrário do que a imprensa brasileira noticia.

Nada na economia mundial, em 2014, foi tão importante quanto o colapso dos preços do petróleo – mas a mídia brasileira, no afã de bater na Petrobras e consequentemente no governo, parece que não percebeu.

 

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


Crise em Ipatinga desacelera e inicia recuperação

12 de Dezembro de 2014, 16:39, por Daniel Miranda Soares

artigo originalmente publicado no Diário do Aço em 10.12.2014 (edição digital e dia 11.12.2014 edição impressa)no  seguinte endereço:  http://www.diariodoaco.com.br/noticia/88100-7/opiniao/crise-do-setor-siderurgico-desacelera-em-ipatinga

 

A previsão de investimentos do BNDES para o setor siderúrgico cai 46% no triênio 2015/2018 em relação ao triênio 2013/2016. A decisão do BNDES se baseia no elevado índice de ociosidade do parque instalado do setor. “O mercado mundial de aço tem hoje uma ociosidade altíssima, com um Nuci (nível de utilização da capacidade instalada) entre 72% e 74%. No Brasil, o Nuci é de 70%”, comenta Pedro Sergio Landim, do BNDES. O Nuci já foi pior no período pós-crise de 2009 quando chegou a 63%, havendo também um alívio na balança comercial do setor, com as importações de aço caindo de US$ 5,4 bilhões em 2010 para US$ 3,7 bilhões em 2013.  “O mercado de aço é caracterizado, atualmente, por uma situação de sobre oferta e de margens reduzidas, tanto no Brasil quanto no mundo”, afirma Landim.

A capacidade instalada atual no país é de 48,5 milhões de toneladas por ano. Segundo projeção do Instituto Aço Brasil (IABr), o consumo aparente deve somar 24,7 milhões de toneladas este ano, queda de 6,4% com relação ao ano anterior. Para 2015, o IABr espera uma retomada “modesta”, com alta de 4% nas vendas ao mercado interno. O setor vem reivindicando do governo medidas para conter as importações de aço que devem subir 9,7% este ano. Embora o governo já tenha atendido várias reivindicações que resultaram numa queda das importações, mas concorrer com a China é muito difícil - o custo do aço chinês entra aqui mais barato que o aço nacional, embora o aço brasileiro seja competitivo em termos globais.

Ainda há gargalos a enfrentar para diminuir mais os custos brasileiros, tais como: logística, custo energético, dependência de importação de tecnologias, etc. O estudo do BNDES, porém, aponta vantagens que podem contribuir para que a siderurgia nacional possa sair da crise, como o desenvolvimento tecnológico (uso do Tecnored - produção de gusa com maior variedade de insumos; uso do biocoque, carvão vegetal, etc.) e a necessidade de aços especiais para o pré-sal.


     Tudo isso começou com a crise mundial de 2008, atingindo a China - maior produtora mundial de aço - que com a desaceleração da demanda mundial e décadas de expansão desenfreada agora atinge a indústria. A China está com excesso de oferta e tenta desovar sua produção no mercado internacional. Os lucros do setor siderúrgico chinês caíram 98 por cento no ano passado e muitas empresas registraram prejuízo. O governo chinês vai encorajar fusões e fechamentos de usinas obsoletas com o objetivo de aumentar a concentração nas 10 maiores empresas até 2015. Assim o governo chinês não mais vai ajudar as empresas em crise, simplesmente vai deixar que morram.

      A crise do setor siderúrgico brasileiro atingiu em cheio a cidade de Ipatinga, sede principal da Usiminas, a maior siderúrgica nacional. A empresa acumulou um prejuízo de R$598 milhões em 2012, mas recuperou bem em 2013 quando obteve um pequeno lucro de R$17 milhões. A empresa realizou cortes de pessoal e de custos, diversificando suas atividades com a mineração de ferro, mas mesmo assim houve queda de produção (4% em relação a 2012) e sua dívida líquida permaneceu estável. Ipatinga sofre as consequências da crise desde 2011. Dados do CAGED do Ministério do Trabalho (emprego formal registrado em carteira de trabalho) revelam que até 2010, os saldos de emprego (admitidos menos demitidos) foram positivos em Ipatinga, mas de 2011 a 2013 foram negativos em 7858 postos de trabalho na indústria de transformação.

Em Minas a indústria metalúrgica obteve saldos negativos em postos de trabalho no mesmo período: 4362 menos empregos de 2011 a 2013. Mas enquanto a metalurgia mineira registra menos 2179 empregos em 2014 (até outubro), Ipatinga registra mais 717 empregos em 2014, indicando alguma recuperação da indústria de transformação da cidade, indústria esta que nunca sofreu saldos negativos no CAGED desde 2011 em termos de Minas e Brasil.  É claro que a cidade perdeu preciosos postos de trabalho e isso teve consequências no comércio e no setor serviços, afetando os empregos destes setores. Mas a partir deste fundo do poço, com menos massa salarial, a cidade inicia um processo de recuperação incrementando novas atividades em outras áreas, tais como construção civil (+1315 novos empregos) e setor serviços (+1153).


    Durante todo o período de crise a Administração Pública da cidade não sofreu reveses, mantendo o mesmo nível de emprego e o mesmo nível de receitas. Pode-se ver pela contabilidade pública que as receitas correntes do município não caíram em termos nominais, embora tenham aumentado menos que a inflação no período 2011/2012 (2,26%), mas conseguiram aumento acima da inflação em 2013/2012 (8,8%). Em 2014 (até outubro) as receitas totais são maiores do que todo o ano de 2013.

Embora a imprensa tenha dado destaque para a queda de arrecadação do ISS (-25,2% em 2012/2011 e -4,4% em 2013/2012), no entanto a receita deste imposto até agora está sendo maior do que foi arrecadado em 2012 e 16,8% mais que 2013. A recuperação do ISS em 2014 é um sintoma de que a economia do município está em processo de recuperação. Além do mais as receitas próprias do município (ISS, IPTU, taxas, etc.) representam apenas 1/6 do total das receitas (nos municípios pequenos estas receitas são menos de 1/10), pois os municípios brasileiros dependem muito de transferências do governo estadual (ICMS via Lei Robin Hood) e do governo federal (FPM, Fundeb, etc.). As transferências não sofreram quedas nominais embora os aumentos tenham sido abaixo da inflação mas foram compensadas com crescimentos maiores dos tributos municipais em 2013/2012 (7,4%) e 2014/2013(10,6%). Enfim a Administração Pública sentiu o impacto da crise, mas manteve-se em equilíbrio, não sofrendo quedas no vermelho.


    Embora a indústria metalúrgica esteja em crise em Ipatinga e em Minas, devido à situação internacional, não se pode dizer o mesmo da indústria de transformação em Minas e no Brasil. Ipatinga é o único dos cinco municípios selecionados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Petrobras para receber um programa de capacitação de fornecedores da indústria de petróleo e gás, longe do mar. “Justamente porque temos uma forte experiência em metal-mecânica”, acrescenta Jeferson Bachour Coelho, dono da Líder Indústria Mecânica, uma das empresas que constroem peças para a indústria naval.

Uma dezena de empresas do município passou a fornecer peças para a cadeia produtiva do pré-sal e recebem apoio de entidades industriais e de agencias de fomento como BNDES e FINEP. Com o aumento da produção do pré-sal que pode ser dobrada até 2020 e a entrada em operação de mais quatro refinarias da Petrobrás (o Brasil não constrói refinarias desde 1980), nossa esperança é que o APL (arranjo produtivo local) desta cadeia produtiva em Ipatinga e Vale do Aço, possa trazer grandes progressos à indústria regional e mineira.

*Daniel Miranda Soares. Economista, Msc.