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Blog do damirso

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Questões da economia dos países dependentes segundo a Teoria da Dependência,

24 de Agosto de 2018, 19:11, por Daniel Miranda Soares - 0sem comentários ainda

QUESTÕES ATUAIS DOS PAÍSES DEPENDENTES (Teoria da Dependência segundo o livro do prof. Mathias S. Luce.)

 

Vários autores na América Latina e em outros países do Terceiro Mundo, já analisaram as especificidades das economias subdesenvolvidas ou dependentes ou periféricas ou simplesmente economias em desenvolvimento como as economias da América Latina, África, Médio Oriente e Ásia. Existem várias teorias e muitos pontos comuns entre elas. Os economistas da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina, órgão da ONU sediado em Santiago do Chile, foram uma das correntes que mais desenvolveram estudos específicos. Entre eles podemos citar Celso Furtado, considerado o maior economista brasileiro, autor de vários livros considerados referência teórica e histórica. Sua primeira grande obra Formação Econômica do Brasil, foi um dos primeiros estudos mais aprofundados sobre histórica econômica do Brasil, publicado em 1959. Vários outros autores contribuíram também de forma decisiva para uma melhor compreensão de nossa realidade, entre eles Rui Mauro Marini e Vânia Bambirra. Marini é autor do clássico Dialética da Dependência de 1973, em que introduz uma análise marxista mais profunda sobre estas economias, aproveitando partes de estudos anteriores de outros autores, Ele, Bambirra e Theotônio dos Santos desenvolvem uma análise econômica mais integrada, aproveitando conceitos de Marx e Lenin e aprofundando os estudos das relações entre estas economias periféricas e as economias centrais, afirmando que o desenvolvimento destas economias estavam intrinsecamente inseridas dentro das relações entre fôrças produtivas e relações sociais de produção do sistema como um todo….Ou seja, um estudo do todo do sistema capitalistas e suas relações internas e externas. O livro do prof. Mathias Seibel Luce, Teoria Marxista da Dependência – problemas e categorias – uma visão histórica (editora Expressão Popular, São Paulo, 2018), aproveita todas estas análises, focando mais em Marini e desta forma atualiza as questões teóricas relacionadas à Teoria da Dependência.

 

Os autores aproveitam bastante das tabelas da Cepal para analisar a deterioração dos termos do intercâmbio que os analistas da TMD concebem como transferência de valor como intercâmbio desigual. Duas formas de transferência de valores são fundamentais para manter a dependência dos países periféricos: a deterioração dos termos do intercâmbio e a remessa de lucros, juros, royalties e dividendos. Aqui vai uma crítica contundente aos cepalinos: eles pregavam que a industrialização dos países dependentes seria uma solução por excelência para superar o subdesenvolvimento e a dependência. Para os autores da TMD existem quatro formas para a transferência de valor como intercâmbio desigual: 1) deterioração dos termos do intercâmbio; 2) o serviço da dívida (remessa de juros) como dependência financeira; 3) remessas de lucros, royalties e dividendos (como dependência tecnológica) por não controlarem as tecnologias e meios de produção necessários para uma série de mercadorias produzidas; 4) apropriação da renda diferencial e de renda absoluta de monopólio sobre os recursos naturais…. As transferências de valor provocam a reprodução ampliada da dependência, que mudam de forma e de grau historicamente, mantendo a dependência como elemento estrutural destas sociedades…

 

Por que a industrialização não promove o desenvolvimento dos países periféricos? Segundo a TMD, define-se como industrialização orgânica aquela que irradia os avanços de produtividade para o conjunto dos ramos e setores da produção e que desenvolve e complexifica a atividade industrial seja no setor I, seja no setor II (bens de capital)….Nossa industrialização não é orgânica ….nos países dependentes o setor I depende da importação de bens do setor II dos países avançados, por meio do mercado mundial, portanto depende também tecnologicamente destes setores, transferindo valores para isso. Os bens de consumo produzido pelos países dependentes são muitas vezes de consumo suntuário ( bens mistos como os automóveis) – bens de luxo. O traço característico da economia dependente é sua tendência a divorciar a produção das necessidades de consumo das amplas massas. A expansão da produção suntuária foi realizada à custa de um forte desequilíbrio intersetorial. No âmbito interno das sociedades latino-americanas foram se criando massas cada vez mais numerosas que se encontram excluídas do gozo dos frutos desse tipo de desenvolvimento. Em 1972, segundo a ONU 43% da população percebiam rendimentos inferiores a 180 dólares; e 27% da população total recebiam rendimentos inferiores a 90 dólares ao ano vivendo em situação de “indigência”. OU SEJA APENAS 30% DOS LATINO-AMERICANOS PARTICIPAVAM DOS FRUTOS DO PADRÃO DE DESENVOLVIMENTO QUE NOS FOI IMPOSTO. (Rui Mauro Marini).

 

Enfim, a distribuição intersetorial do valor pendeu para o lado que não possui a capacidade de irradiar efeitos para o restante da economia , ocorrendo a fixação da mais-valia extraordinária no subsetor produtor de bens suntuários e não sua conversão em mais-valia relativa, em que seu movimento seguiria o curso normal da tendência ao nivelamento da taxa de lucro.

É assim que uma contradição inerente à produção capitalista assume formas específicas nas economias dependentes. Segundo o prof. Mathias, uma outra característica das economias dependentes é a superexploração do trabalho. Ele analisa que mesmo com aumento de produtividade, o capital nestas economias ainda dispõe de outras formas para aumentar a exploração do trabalho, como p.ex.: 1) pagamento da força de trabalho abaixo de seu valor; 2) o prolongamento da jornada de trabalho além dos limites normais; e 3) o aumento da intensidade além dos limites normais. Um exemplo do primeiro é que em junho de 2017, o salário mínimo (SMN) era de R$937,00 (o oficial); enquanto que o salário mínimo ideal calculado pelo DIEESE estava em torno de R$3.727,00; ou seja quatro vezes o salário mínimo oficial. No segundo, geralmente a jornada de trabalho nos países dependentes é sempre maior do que a dos países avançados, além dos trabalhadores se submeterem a jornadas maiores que a jornada legal. Exemplo do terceiro é p.ex. na indústria automobilística mesmo quando houve aumento de produtividade (37 carros produzidos por hora em 1997 para 74 veículos por hora em 2005) como saber o quanto desse aumento se deve a maior composição técnica ou a maior intensidade? Em um desses anos 6 mil operários da GM foram afastados temporariamente por doenças laborais, representando 30% da fôrça de trabalho da empresa – é uma prova irrefutável da superexploração mediante aumento da intensidade. Isso sem falar que o aumento da intensidade aumenta também o número de acidentes de trabalho que no Brasil é muito alto. Entre 2002 e 2008 esse número dobrou, passando de 393.000 para 747.663 segundo dados do INSS.

 

Entre os fundadores da TMD, foi Vânia Bambirra quem mais se dedicou ao estudo das formações sociais, elaborando uma tipologia das fases de desenvolvimento das economias dependentes. Num primeiro momento ela tipificou duas configurações históricas comuns a América Latina. A primeira formações dependentes-exportadoras, que marcaram a economia da região desde as rupturas das ex-metrópoles e a formação do mercado mundial, que vai de meados do séc. XIX até o início do processo de industrialização (finais do séc. XIX), quando estes países dependiam basicamente de exportação de produtos primários (minerais e agrícolas) para satisfazer demandas em crescimento dos países avançados. Depois como formações dependentes-industriais, naqueles países que passaram por um processo de industrialização, nos marcos da condição de dependência. Na fase industrial, ela estabeleceu três tipos: tipo A, países que iniciaram a industrialização a partir das últimas décadas do séc. XIX e desdobraram-no a partir da crise de 1929: Brasil, México, Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai.; tipo B, países que iniciaram seu processo de industrialização a partir da Segunda Guerra Mundial, controlado pelo capital estrangeiro monopolista; e tipo C, países que não atravessaram um processo de industrialização propriamente dito, embora possam abrigar indústrias. Para Bambirra apenas os países tipo A houve um conjunto de transformações que levou ao surgimento de uma burguesia vinculada ao mercado interno. Esta tipologia da industrialização dependente é complementada pela abordagem do padrão de reprodução do capital, esboçado por Marini e Jaime Osório. De acordo com Jaime Osório existiram e existem quatro padrões: 1) padrão agromineiro-exportador; 2) padrão industrial internalizado; 3) padrão industrial na fase de integração ao capital estrangeiro; e 4) novo padrão exportador de especialização produtiva.

 

O Padrão industrial Internalizado vigorou entre 1930 e meados de 1950 nas economias tipo A. No Brasil já a partir de 1931. Com a diminuição dos laços de dependência entre as crises de 1929 e a 2ª G.M começa a produção de produtos industriais indisponíveis no mercado mundial, com a produção industrial voltada para o mercado interno, e consequente afirmação hegemônica de uma burguesia industrial e atuação estatal a seu favor. O Estado atua criando a Petrobrás, a siderúrgica CSN, a CHESF enfim, bens intermediários necessários ao processo industrial e já no ano de 1957 a indústria supera a agropecuária no PIB. Esse modelo se esgota e a partir de meados dos anos 1950, fazendo emergir uma nova cisão que se materializa sob o padrão industrial diversificado na fase de integração ao capital estrangeiro . Tendo necessidade de passar a nova fase de industrialização para produzir máquinas e equipamentos, setor II, o Estado e o capital industrial se associa ao capital estrangeiro que assim acelera a monopolização e controle da indústria manufatureira pelo capital externo nos ramos mais dinâmicos. Esse desenvolvimento associado e integrado ao imperialismo promove redistribuição regressiva da renda; incremento da superexploração em suas diversas formas; incremento das transferências de valor nas formas das remessas de lucros, royalties e dividendos e do serviço da dívida, a qual no início dos anos 1980 assumiria dimensões explosivas, marcando o fim deste padrão de reprodução com o acontecimento chave que foi a crise da dívida.

Entre os anos 1980 e 1990 teve origem a um novo padrão exportador de especialização produtiva que vigora até hoje. Esse novo padrão marcou o fim do padrão industrial em suas diversas etapas (internalizada e autônoma; diversificada) que prevaleceu na AL entre as décadas de 1940 e meados da de 1970 nas principais economias. O novo padrão exportador implicou uma destruição importante de indústrias ou seu reposicionamento no sistema geral global do capitalismo e caracteriza-se pela desindustrialização. A desindustrialização e a permanência de algumas indústrias relevantes estão subordinadas a um novo projeto exportador no qual os eixos exportadores constituem segmentos de grandes cadeias produtivas globais sob o controle de grandes empresas transnacionais. Os principais mercados deste novo padrão de reprodução encontram-se no exterior. A especialização produtiva tende a apoiar em alguns eixos de exportação: agrícolas, minerais, industriais (com produção e também atividades de montagem ou maquila) e de serviços. Exemplos: produção de petróleo e derivados, soja, minério de ferro, cobre, montagem de automóveis com graus diversos de complexidade, maquila eletrônica, call center, etc. O novo padrão reedita novos enclaves na medida que concentra o dinamismo da produção em poucas atividades, sem estabelecer relações orgânicas com o restante da estrutura produtiva, sendo o salários e impostos o porte fundamental à dinâmica da economia local. No novo padrão, estes novos eixos de exportação não obedecem a projetos nacionais de desenvolvimento, sendo o capital mundial o que define que nichos privilegiar e impulsionar nas economias específicas. Neste novo contexto a industrialização com produção local e necessidades nacionais não existe para as grandes corporações multinacionais.

 

DESINDUSTRIALIZAÇÃO E GLOBALIZAÇÃO. CHINA – A FÁBRICA DO MUNDO. A acirrada competição entre fabricantes de automóveis, levou várias destas empresas a instalarem suas fábricas na China, para usufruir de vantagens relativas no mercado mundial (baixos salários e baixos preços do capital constante), elevando assim suas taxas de lucro. Companhias como a General Motors fecharam suas fábricas em Detroit e a transferiram para a China. Se em 2007 o lucro obtido pelas 17 maiores empresas de automóveis provinham em 30% da China, Brasil, Rússia e Índia, em contraste com 22,5% oriundos da América do Norte, 36,5% da Europa e 12% do Japão e Coréia do Sul; em 2012, o primeiro grupo de países passariam a representar 57% do total ( sendo China mais da metade da cifra do grupo), América do Norte responderia por 42,5%, a Europa teve crescimento negativo de -1% e Japão e Coréia do Sul apenas 1%. Capitais migram e se redistribuem a nível mundial para ultrapassar suas margens de lucro.

 

No final do livro o professor expõe um resumo teórico do pensamento dos autores que analisou sob a perspectiva marxista (incluindo sua própria contribuição teórica) e conclui, entre outros pontos, por exemplo sobre a BURGUESIA LATINO AMERICANA. A burguesia latino-americana por seu caráter dependente, associado e integrado ao imperialismo, baixa a cabeça para os de cima e pisa redobrado nos de baixo. Seu poder repousa em uma exploração redobrada, uma superexploração da fôrça de trabalho como mecanismo de compensação, produzindo um divórcio entre a estrutura produtiva e as necessidades das massas.. Ela não põe em risco seu privilégio de classe e as estruturas de dominação.

 

SOBRE O SOCIALISMO…. As tarefas democráticas da revolução não se confundem com as tarefas democrático-burguesas…..o caráter da revolução latino-americana – incluindo o Brasil – deverá ser anti-imperialista e socialista, realizada pela classe trabalhadora urbana e rural, tendo setores da pequena burguesia como seus aliados, e dando voz e poder a toda a diversidade de nossos povos, como as lutas de libertação das mulheres contra o patriarcado, dos negros contra o racismo e dos povos indígenas contra o genocídio cultural. ….também defende a luta pelo meio ambiente e a preservação das condições ecológicas e de saúde geral da população…..para se libertar do imperialismo tem que haver uma política soberana de ciência e tecnologia…. A auto determinação dos povos e a soberania nacional são objetivos da luta anti-imperialista….. o socialismo será nossa segunda independência como emancipação política e emancipação humana…. A superação da dependência é uma meta que se imbrica profundamente com o enfrentamento do próprio capitalismo e suas formas de poder….. por um Brasil e uma América Latina livres do capitalismo e de toda relação de alienação…..são os desafios do século XXI.

 

Daniel Miranda Soares é economista, ex-professor universitário e mestre pela UFV.



“QUEM MANDA NO MUNDO” ? Trechos do livro de Noam Chomsky.

14 de Agosto de 2018, 10:48, por Daniel Miranda Soares - 0sem comentários ainda

QUEM MANDA NO MUNDO” ? Trechos do livro de Noam Chomsky ( ed. Planeta, SP, 2018)

 

A GUERRA FRIA FOI UMA FARSA..........No pós-guerra, os EUA difundiam uma "versão padrão" de que o primeiro compromisso do governo é garantir segurança CONTRA A AMEAÇA RUSSA..... Depois que a URSS foi extinta o governo americano continuou sua mesma política externa, invadindo e derrubando governos..... em sua "nova política" os EUA TINHAM QUE MANTER SEU ESTABLISMENT MILITAR.... sua "base industrial de defesa" - a expressão se referia à indústria hight-tech, que depende pesadamente de vasta intervenção estatal para pesquisa e desenvolvimento, atuando sigilosamente sob a asa do Pentágono....que os economistas costumam chamar de "economia de livre mercado". (p.191). .....CINQUENTA ANOS DE ENGANAÇÃO E MENTIRAS, o governo admitia-se discretamente que a principal preocupação no Terceiro Mundo não eram os russos, mas antes o que se chamava de "nacionalismo radical", que significava nacionalismo independente, que não estava sob controle dos EUA (dizia documento de Segurança Nacional da Casa Branca, gov. Bush, 1990)..…

 

 

NACIONALISMO? SÓ PARA OS EUA….TERCEIRO MUNDO NÃO PODE….. Os EUA defendem o nacionalismo pra eles mesmos, pois a economia americana depende pesadamente de uma substancial intervenção do Estado. (p.192)... Já para os outros do Terceiro Mundo é proibido governos nacionalistas... na América Latina governos nacionalistas tendem a atender os interesses da maioria da população....NÃO PODE!, primeiro tem que atender os interesses dos investidores norte-americanos, enquanto que a América Latina só deve servir para suprir matérias primas... Como as administrações Truman e Eisenhower deixaram bem claro, a América Latina não poderia passar por um "desenvolvimento industrial excessivo" que talvez prejudicasse os interesses dos EUA. (p.193).

 

ATROCIDADES….. um avião civil da Iran Air voo 655 foi abatido por um missil guiado disparado pelo cruzador norte-americano Vincennes, operando em águas iranianas no golfo Pérsico…. Todas as 290 pessoas a bordo morreram inclusive 66 crianças….é o caso de se perguntar… o que exatamente o Vincennes estava fazendo em águas iranianas ? A resposta é simples: a belonave estava defendendo o grande amigo de Washington, Saddam Hussein, em sua assassina agressão contra o Irã…… dois anos depois o comandante do Vincennes foi agraciado com a Legião de Mérito por “conduta excepcionalmente meritória na execução de extraordinários serviços”… a derrubada do avião não foi mencionada na cerimônia…. O Presidente Ronald Reagan culpou os iranianos pelo desastre e defendeu as ações do navio de guerra, que “seguiu ordens padrão e procedimentos amplamente divulgados, disparando para se proteger contra um possível ataque”. (p. 204).

 

ALÉM DA CRISE DOS MÍSSEIS CUBANOS…. Houve outras ocasiões próximas de uma eventual guerra nuclear….. em 1983, arquivos recentemente divulgados revelam que a situação era mais grave do que se supunha os historiadores…. Um estudo da CIA intitulado “O temor da guerra era real” concluiu que a inteligência dos EUA subestimou as preocupações com a Rússia e a ameaça de um ataque nuclear preventivo soviético… motivo: o governo Reagan lançou operações para sondar as forças aéreas soviéticas por meio da simulação de ataques aéreos e navais e de um alerta nuclear de alto nível, concebido para ser detectado pelos russos….Washington estava posicionando mísseis estratégicos Pershing II na Europa, a cinco minutos de tempo de voo de Moscou….. O protocolo das Forças Armadas soviéticas era retaliar lançando seu próprio ataque nuclear. Felizmente, o oficial no comando, Stanislav Petrov, decidiu desobedecer às ordens e não comunicar os alertas aos seus superiores. Ele recebeu uma reprimenda oficial. E graças a essa negligente falta de cumprimento do dever, ainda estamos vivos para falar a respeito. (p.229).

 

OS EUA SÃO O PRINCIPAL ESTADO TERRORISTA DO MUNDO….(cap.17 e seguintes). Na cultura politica ocidental, torna-se como algo natural e adequado que o Líder do Mundo Livre governe um Estado bandido terrorista e proclame abertamente sua excelência nesse tipo de crime. Em 14 de outubro de 2014, a reportagem de primeira página do jornal The New York Times trazia um estudo elaborado pela CIA examinando operações terroristas de grande envergadura comandadas pela Casa Branca e realizadas ao redor do mundo, em um esforço para determinar os fatores que levaram ao sucesso ou ao fracasso de cada uma delas. E a organização não foi capaz de encontrar muita coisa. ….Em Angola, os Estados Unidos juntaram-se à África do Sul fornecendo o apoio decisivo para a UNITA, o exército terrorista de Jonas Savimbi. Depois que a própria África do Sul já havia retirado seu apoio daquele “monstro cuja ânsia por poder havia impingido ao seu povo um apavorante sofrimento (nas palavras do embaixador britânico em Angola, Marrack Goulding) numa declaração respaldada pelo chefe da CIA na vizinha Kinshasa. O alto funcionário da CIA alertava que “não era uma boa idéia” apoiar o monstro, “por causa da extensão dos crimes de Savimbi. Ele era terrivelmente brutal.

Apesar das amplas e assassinas operações terroristas apoiadas pelos EUA em Angola, forças cubanas expulsaram do país os agressores sul-africanos, forçaram-nos a deixar a Namíbia ilegalmente ocupada e abriram caminho para a realização da eleição em Angola…..eleição livre e reconhecida internacionalmente por 800 observadores internacionais, para quem as eleições haviam sido livres e justas, segundo o NYT. …..após sua derrota no pleito Savimbi desprezou o resultado das eleições e continuou a guerra terrorista com o respaldo dos EUA.

As façanhas de Cuba na libertação da África e no fim do apartheid foram enaltecidas por Nelson Mandela quando ele finalmente ganhou a liberdade. Um de seus primeiros atos foi declarar que “durante todos os meus anos de prisão, Cuba foi uma inspiração e Fidel Castro, uma torre de fortaleza…. As vitórias cubanas destruíram o mito da invencibilidade do opressor branco e inspiraram as lutas de massas da África do Sul…. Um ponto de inflexão para a libertação de nosso continente – e do meu povo - do flagelo do apartheid….. Que outro país pode apontar para um histórico de maior altruísmo do que Cuba demonstrou em suas relações com a África?”.

O comandante terrorista Henry Kissinger, ao contrário, ficou “apoplético” diante da insubordinação do “zé-ninguém” Castro, que a seu ver tinha de ser “esmagado”, conforme relatam William LeoGrande e Peter Kornbluh em seu livro Back channel to Cuba fiando-se em documentos recentemente dessegredados e liberados para conhecimento público. Em Cuba, as operações terroristas de Washington foram lançadas com plena fúria pelo presidente Kennedy e seu irmão para punir os cubanos por terem derrotado a invasão da baía dos Porcos orquestrada pelos EUA. Essa guerra terrorista não foi café pequeno. Envolveu a participação de 400 norte americanos, 2.000 cubanos, uma esquadra privada de lanchas e um orçamento anual de 50 milhões de dólares. A operação foi comandada em parte por uma base da CIA de Miami, violando o Ato de Neutralidade e a lei que proibe operações da CIA dentro dos EUA. As ações incluíram o bombardeamento de hotéis e instalações industriais, o afundamento de barcos pesqueiros, o envenenamento de plantações e rebanhos, a contaminação dos estoques de açúcar para exportação e assim por diante…. (típicas ações terroristas). Algumas dessas operações não receberam autorizações específicas da CIA, mas foram executadas pelas forças terroristas que a CIA custeava e apoiava, uma distinção que é irrelevante e não faz diferença no caso.

Como se revelou desde então, a guerra terrorista (Operação Mangusto) foi um fator de peso na decisão de Khrushchev de enviar mísseis para Cuba e na resultante “crise dos mísseis”, que chegou ameaçadoramente perto de uma guerra nuclear fatal. Deu-se atenção a apenas uma parte ínfima da guerra terrorista: as centenas tentativas de assassinar Fidel Castro, geralmente desconsideradas e tidas como meras traquinagens pueris da CIA. Além disso, nada do que aconteceu despertou muito interesse ou comentários. Em 2010 o pesquisador canadense Keith Bolender, publicou em seu livro Voices from the other side analisando os impactos das ações terroristas sobre os cubanos. Estudo valioso que em larga medida passou em branco e foi ignorado. …. a classe política aceita como normal e adequado que os EUA sejam uma superpotência terrorista, imune às leis e normas civilizadas.

 

De acordo com as mais importantes agências de pesquisa de opinião ocidentais (Win/Gallup International),o prêmio de “mais grave ameaça” cabe aos EUA, que o mundo considera a mais séria ameaça à paz mundial por larga margem. Felizmente, os norte-americanos foram poupados dessa informação insignificante. Quinze anos atrás o analista político Samuel Huntington alertava em um texto da revista Foreign Affairs, do establishment, que para a maior parte do mundo os EUA estavam “se tornando a superpotência vilã…. A única e maior ameaça externa às suas sociedades”. Suas palavras foram ecoadas por Robert Jervis, presidente da Associação Norte Americana de Ciência Política: “aos olhos da maior parte do mundo, o principal Estado bandido hoje são os Estados Unidos.” …. a opinião global corrobora, por ampla margem, esse juízo.

 

Daniel Miranda Soares é economista, ex-professor universitário e mestre pela UFV.



Explosão de gasômetro em Ipatinga causa mortes e prejuízos milionários

12 de Agosto de 2018, 10:05, por Daniel Miranda Soares - 0sem comentários ainda

EXPLOSÃO DE GASÔMETRO  CAUSA MORTES E PERDAS MILIONÁRIAS EM IPATINGA NO VALE DO AÇO.

 

RESUMO:   EXPLOSÕES CAUSAM MORTES E PERDAS MILIONÁRIAS.... EMPRESA TENTA ABAFAR PROBLEMAS PARA EVITAR MAIOR DESGASTE DE SUA IMAGEM....AÇÕES DA USIMINAS CAÍRAM 11% NO MESMO DIA DO ACIDENTE...... SEU COMUNICADO OFICIAL É REPRODUZIDO EM TODOS OS JORNAIS.....ELA ESTÁ MAIS PREOCUPADA COM O DESGASTE DO ACIDENTE DO QUE COM A VIDA DOS TRABALHADORES.....Os prejuízos operacionais também serão relevantes. Um novo gasômetro pode custar até 60 milhões de reais.......Um dia sem produção pode chegar a custar 40 milhões de reais à companhia.....Esses casos ainda precisam ser investigados. Mas evidenciam o momento conturbado que a Usiminas vem passando. .....a manutenção do equipamento era uma necessidade conhecida”, diz um executivo próximo à empresa...... No início do mês, a Justiça pediu o afastamento de Luiz Carlos de Miranda, representante dos empregados, do conselho de administração na companhia. A decisão ocorreu após o Ministério Público do Trabalho (MPT) alegar fraude na eleição de Miranda......Analistas apostavam na recuperação da empresa, que quase foi à falência em 2016......Agora, a missão da empresa é mostrar que o acidente e os problemas recentes não vão trazer velhos fantasmas para o dia a dia da Usiminas..

 

REVISTA EXAME.  Por André Jankavski. access_time 11 ago 2018,

"O chão de Ipatinga, em Minas Gerais, tremeu no início da tarde desta sexta-feira 10. Uma explosão em um dos gasômetros da usina da Usiminas, localizada na cidade do Vale do Aço, deixou 34 pessoas feridas. Gasômetro é uma estrutura usada para armazenar o gás usado na alimentação da siderúrgica.

Prédios nos arredores, como a Câmara dos Vereadores, tiveram janelas quebradas com o impacto. Não há registro de lesões graves e nem mortes, segundo a empresa. Logo após a explosão, a siderúrgica fez a evacuação de todos os funcionários da unidade.

Segundo EXAME apurou, o acidente pode custar caro para a Usiminas. A explosão trouxe perdas imediatas: as ações da empresa chegaram a cair quase 11% na tarde de sexta-feira, depois de fechar o dia com recuo de 6%, algo como 700 milhões de reais.

Os prejuízos operacionais também serão relevantes. Um novo gasômetro pode custar até 60 milhões de reais. Como a usina foi evacuada e a produção parou temporariamente, os prejuízos podem aumentar. Um dia sem produção pode chegar a custar 40 milhões de reais à companhia. A Usiminas tem uma apólice de seguro que cobre prejuízos até 600 milhões de dólares.

“O acidente pode ter ocorrido por inúmeros motivos. Mas a manutenção do equipamento era uma necessidade conhecida”, diz um executivo próximo à empresa.  Em comunicado por escrito, a Usiminas afirma: “toda a manutenção preventiva dos gasômetros foi feita e segue rigorosos padrões internacionais. As causas do acidente já estão sendo investigadas pela empresa com apoio das autoridades competentes”.

O acidente ocorre apenas dois dias depois de uma morte dentro da Usina de Ipatinga. Na última quarta, o funcionário terceirizado Luis Fernando Pereira sofreu um acidente durante a manutenção e limpeza em um equipamento da Aciaria, unidade da usina que transforma o ferro em aço. A ironia dos dois acidentes é que a Usiminas recebeu de terça a quinta-feira um workshop de segurança do trabalho realizado pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração.

Esses casos ainda precisam ser investigados. Mas evidenciam o momento conturbado que a Usiminas vem passando. No início do mês, a Justiça pediu o afastamento de Luiz Carlos de Miranda, representante dos empregados, do conselho de administração na companhia. A decisão ocorreu após o Ministério Público do Trabalho (MPT) alegar fraude na eleição de Miranda e ainda pedir uma multa de 100 milhões de reais por conta das irregularidades.

Segundo a denúncia do MPT, Miranda cometeu irregularidades nas duas últimas eleições. Na peça, o procurador do Trabalho, Adolfo Jacob, afirmou que há evidências de que as duas últimas eleições, ocorridas neste ano e em 2016, foram “dirigidas e viciadas por fraudes generalizadas que comprometeram a democracia, a transparência e a lisura nos processos eleitorais.”

Histórico de problemas

No início do ano, parecia que a temporada de más notícias da Usiminas poderia ter ficado para trás. Isso porque a empresa anunciou que a briga entre os seus controladores, os ítalo-argentinos da Ternium/Techint e os japoneses da Nippon, Steel tinha terminado. O confronto durava cinco anos, desde o afastamento do presidente Julián Eguren, ligado à Ternium. Ele e outros diretores foram acusados de terem recebidos remunerações e benefícios acima do permitido pelo estatuto da Usiminas.

Desde então, os dois controladores passaram a não se bicar. Houve quatro afastamentos de presidentes entre setembro de 2014 e março de 2017 – sempre cercadas de decisões judiciais e acusações mútuas entre japoneses e ítalo-argentinos. Atualmente, Sérgio Leite é o presidente da empresa por indicação da Ternium.

Por isso, o cessar fogo anunciado em fevereiro parecia o início de um período de relativa tranquilidade da companhia. Analistas apostavam na recuperação da empresa, que quase foi à falência em 2016. Nos últimos doze meses, os papéis da companhia valorizaram 45%.

Isso antes do acidente. Agora, a missão da empresa é mostrar que o acidente e os problemas recentes não vão trazer velhos fantasmas para o dia a dia da Usiminas. "

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Esse é o relato da revista.... mas será que não houve mortes, mesmo?

Eu duvido muito....uma explosão violenta daquelas, quebrando vidraças a 2 km de distância.... mandando teto do gasômetro em cima da agência do Banco Mercantil do Brasil no centro da cidade de Ipatinga a kms de distância.... todo mundo sentiu um forte abalo, como se fosse uma onda sonora empurrando pessoas.... é claro que houve fake news, como sempre... mas também ficamos sabendo da opinião de médicos (que ouviram de colegas) e de estudantes de medicina que atenderam como socorristas que houve dezenas de mortes,.... comentários de socorristas entre eles, não poderia ser fake.... tem algum fundamento.

PORQUE COMO VIMOS ACIMA, HÁ MOTIVOS DE SOBRA PARA QUE A EMPRESA ABAFE A NOTÍCIA....UMA NOTÍCIA DE UM ACIDENTE QUE PROVOCOU MORTES É MUITO MAIS GRAVE DO QUE UM ACIDENTE QUE SÓ PROVOCOU DANOS MATERIAIS....mais grave para sua imagem e para a desvalorização de suas ações na Bolsa.....COMO SE SABE A USIMINAS MANDA NA CIDADE...É A EMPRESA MAIS PODEROSA DA REGIÃO....ela comanda as ações políticas também, embora não com muito sucesso....ela já tentou impedir a candidatura de Chico Ferramenta ao sindicato dos metalúrgicos várias vezes e conseguiu : Chico não conseguiu se eleger como presidente do Sindicato....mas conseguiu se eleger como Prefeito da Cidade.

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Daniel Miranda Soares é economista, ex-professor universitário e possui mestrado pela UFV.