O American Registry for Internet Number (ARIN) anunciou nesta quinta-feira (24) que não possui mais nenhum endereço de IPv4 disponível naquela região, que inclui países como Canadá e Estados Unidos. Ou seja, organizações que procuram endereço de IP fixo na web precisarão encontrar outra saída.
Em julho, a ARIN havia divulgado algo semelhante. Na ocasião, o órgão anunciou que os “estoques” de IPv4 estavam chegando ao fim e que eles passariam a fazer uma lista de espera com todos que quisessem adquirir um novo.
A partir de agora, as opções para empresas que deseja adquirir a quarta versão do IP se restringem a comprar de alguém que já possui ou então partir de vez para o IPv6, a nova versão do protocolo de internet. E mesmo os sortudos que entraram na lista de espera não devem ficar muito animados, pois a quantidade de IPv4 ainda disponível é bem baixa.
Além da lista de espera, uma das saídas adotadas pelo ARIN foi pedir às empresas que fizessem solicitações menores de blocos de IPv4. Em longo prazo, isso pode ocasionar alguns problemas – afinal, organizações como provedores de internet lidam com milhões de IP, o que nos deixa a dúvida sobre como será resolvida a questão da inevitável necessidade de novos blocos de IP.
Contudo, o esgotamento das possibilidades do ARIN em relação ao IPv4 acaba favorecendo a negociação de blocos deste tipo de protocolo entre as próprias companhias. Isso porque como o órgão não detém mais blocos, acabaram-se as restrições para a comercialização. Antes disso, uma empresa que vendesse blocos para outra ficaria 12 meses sem poder fazer uma nova solicitação junto ao órgão.
IPv6: problema e solução
Se lembrarmos que o mercado funciona na base da lei da oferta e da procura, não é difícil imaginar que a cotação do IPv4 deve subir bastante conforme ele se torne escasso. Diante das necessidades de algumas companhias, outras entidades podem elevar o preço de seus blocos remanescentes.
Assim, o caminho mais óbvio é partir para o IPv6, que contém ainda 99,9% de seus blocos completamente vazios. O problema aqui é que, para a comunicação acontecer entre cliente e servidor, é preciso que ambos estejam utilizando a mesma versão do protocolo. Apesar do panorama de uso do IPv6 ter melhorado ao longo dos últimos anos, especialmente a partir de 2012, ano de seu lançamento mundial oficial, ele ainda é utilizado por menos de 10% das conexões na atualidade.
De acordo com o Google, Bélgica e Suíça são os países que lideram o ranking de adoção do IPv6 — ele representa 35,9% e 22,6% das conexões em cada um dos países, respectivamente. No Brasil, 4,77% das conexões já utilizam a versão mais recente do protocolo de internet (a título de comparação, estamos à frente de países como Canadá, Austrália e Reino Unido).
Apesar do panorama atual, o avanço do IPv6 é visível e deve ser só questão de tempo até que ele se consolide de fato. Um quarto dos 500 sites mais acessados do mundo já apresenta suporte para esta versão, indício de que as mudanças estão a caminho.
Com informações de ARIN, Google e Canaltech.