NSA coleta dados, mas não consegue analisá-los
31 de Dezembro de 2013, 10:55 - sem comentários aindaWilliam Binney, criador de alguns dos códigos de computador usados pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos para espionar o tráfego de internet ao redor do mundo, fez uma afirmação inusitada na conferência sobre privacidade no mundo digital que ocorreu em setembro em Lausanne, na Suíça. Segundo ele, a agência tem tanta informação que não consegue entendê-la. “Eles estão se tornando disfuncionais de tanto acumular dados”, disse Binney aos presentes na conferência.
A agência está se afogando em dados inúteis, que prejudicam sua capacidade de realizar um monitoramento apropriado, alega Binney, que chegou a um cargo civil equivalente a general durante seus 31 anos de carreira na NSA (sigla da agência em inglês) antes de se aposentar, em 2001. Analistas estão tão sobrecarregados com informações que não podem fazer seu trabalho direito, e a enorme quantidade de dados cria uma tentação irresistível de usá-los de forma errada. O alerta dele recebeu muito menos atenção que as questões legais levantadas pelas declarações de Edward Snowden, ex-funcionário terceirizado da NSA, sobre a coleta de informações em massa da agência no mundo. Essas revelações deflagraram uma revisão das táticas agressivas de espionagem da NSA.
De fato, a NSA precisa de mais espaço para armazenar os dados que obtém – e novos registros de ligações telefônicas, dados sobre transferências de dinheiro e outras informações continuam chegando. Um novo centro de armazenamento que está sendo construído no estado americano de Utah vai, no futuro, ser capaz de guardar 100.000 vezes mais material impresso do que a Biblioteca do Congresso americano, uma das maiores do mundo.
Um “software inteligente”
Alguns dos documentos divulgados por Snowden revelam as preocupações dentro da NSA com o volume excessivo de dados. Um memorando interno de 2012 sobre o rastreamento de celulares estrangeiros disse que a atividade estava “excedendo nossa capacidade de absorver, processar e armazenar” dados. Em março de 2013, alguns analistas da NSA pediram permissão para coletar menos dados através de um programa chamado Muscular porque “o valor relativamente baixo da informação não justifica o volume considerável da coleta”, segundo um outro documento.
Em resposta às perguntas sobre as alegações de Binney, uma porta-voz da NSA diz que a agência não “está coletando tudo, mas precisamos, sim, de ferramentas para coletar informações de inimigos estrangeiros que desejam causar danos à nação e seus aliados”. Os programas de monitoramento atuais foram aprovados por “todos os três poderes do governo” e cada poder “tem função supervisora”, acrescentou. Num comunicado por meio de seu advogado, Snowden diz: “Quando você começa sua rotina de trabalho toda manhã mexendo numa pilha de sete bilhões de vidas inocentes, algumas coisas vão lhe escapar.” E acrescenta: “Estamos cegando as pessoas com dados que elas não precisam.”
Um painel a serviço da presidência dos EUA recomendou este mês que a agência interrompa sua coleta de registros de chamadas telefônicas dos americanos. O governo poderia atingir o mesmo objetivo consultando algumas operadoras de telefonia, concluiu o painel. O painel também sugeriu que seja criado um “software inteligente” que possa classificar os dados à medida que a informação seja coletada, em vez do sistema atual, em que “vastas quantidades de dados são coletadas e a classificação feita depois que eles são copiados” para os sistemas de bancos de dados. As autoridades estão examinando o relatório do painel.
Proteger a privacidade
Um outro grupo formado para examinar as práticas da NSA deve divulgar suas conclusões em 2014. Além disso, parlamentares americanos propuseram vários projetos de lei que alterariam a forma como a NSA coleta e usa os dados. Binney, que tem 70 anos, diz estar em geral pouco impressionado com o “burocrático” relatório do painel, embora acredite que “seria significativo” se a polêmica levasse à adoção da iniciativa do “software inteligente” e à criação de um grupo de supervisão tecnológica com total acesso “para monitorar os passos da NSA”. Binney vive de sua aposentadoria e faz aparições ocasionais na mídia para falar sobre seu trabalho na NSA.
A agência de espionagem tem defendido seus programas, que ela afirma serem essenciais na luta contra o terrorismo. Mas ter dados em excesso pode ser problemático, segundo Binney e um grupo de colegas que vêm expressando suas preocupações desde que perderam uma batalha interna, no fim dos anos 90, para criar ferramentas de monitoramento que protegessem a privacidade na internet. Na época, a agência lutava para passar de um mero serviço de monitoramento de transmissões de rádio e satélite à condição de uma agência de espionagem eficaz no nascente mundo digital.
Binney, que havia entrado na NSA em 1965 com um grupo de matemáticos contratados para lidar com o universo crescente de cifras e códigos, trabalhava com o chefe do centro de pesquisa num programa inovador de monitoramento de tráfego na internet. “Decidimos focar na comunidade terrorista conhecida, que existia principalmente fora do país”, diz Ed Loomis, que dirigia o centro de pesquisa. “Mas também tínhamos interesse em todas as comunicações que mantinham com qualquer um nos EUA.” Binney e Loomis acreditavam que o poder do novo sistema, que chamaram de ThinThread, deveria ser restrito para proteger a privacidade dos cidadãos. Binney projetou uma maneira de criptografar todos os dados coletados nos EUA, permitindo que analistas da agência decodificassem a informação só com um mandado do Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira, que supervisiona as atividades da NSA que afetam residentes dos EUA.
“Eles direcionaram minhas soluções”
O projeto nunca chegou a ser lançado, já que os advogados da NSA não quiseram relaxar uma proibição ao registro de comunicações nos EUA. Em vez disso, Loomis foi informado que a NSA financiaria um programa de vigilância chamado Trailblazer, criado por uma empresa externa. Transtornados com a decisão, Binney, Loomis e um outro funcionário da NSA, Kirk Wiebe, anunciaram planos de se aposentar em outubro de 2001. Binney chegou a reconsiderar após os atentados de 11 de setembro, mas acabou indo em frente ao tomar conhecimento dos novos planos para usar sua tecnologia de análise de dados na caçada a terroristas. Com uma grande diferença: as proteções à privacidade dos cidadãos contra intrusões ilegais foram eliminadas, diz ele.
Em 2002, os três funcionários aposentados da NSA solicitaram ao Departamento de Defesa dos EUA que investigasse se a suspensão do ThinThread e o financiamento do Trailblazer haviam sido feitos de forma adequada. Binney se recolheu à vida de aposentado. Mas o programa de vigilância da NSA começou a chamar mais atenção. Em 2006, um técnico da telefônica AT&T vazou documentos que mostravam que a empresa estava trabalhando com a NSA para vasculhar a internet com uma tecnologia semelhante ao sistema construído por Binney e Loomis. As críticas à agência engrossaram depois que os jornais The New York Times e Baltimore Sun publicaram artigos sobre o programa de espionagem.
Autoridades suspeitaram que os funcionários aposentados da NSA estivessem envolvidos no vazamento, segundo documentos do governo. Binney e seus dois colegas não foram acusados de nenhum crime, mas um empregado da NSA, Thomas Drake, foi processado pelo governo por violar a Lei de Espionagem dos EUA. As ações contra Drake irritaram Binney, que decidiu falar publicamente sobre suas preocupações. Em abril de 2012, num evento sobre espionagem digital em Nova York, Binney declarou: “Eu estava focado em ameaças estrangeiras.” [...] “Infelizmente, depois de 11 de setembro eles direcionaram minhas soluções para este país e todos aqui.”
As recomendações do painel
Em agosto daquele ano, a diretora de cinema Laura Poitras lançou um documentário on-line de oito minutos sobre Binney. Ela o chamou de whistleblower, o termo em inglês para quem denuncia atividades ilegais numa organização, muitas vezes do governo. Após ver o filme, Snowden entregou a Poitras uma pilha de documentos não divulgados, diz ela. Alguns deles sustentavam os argumentos de Binney. Por exemplo, documentos detalhavam os dois programas de vigilância clandestinos da agência: a coleta em massa de registros de telefonemas e programas de análise de tráfego na internet. A NSA não contestou os documentos.
O governo de Barack Obama afirma que o programa de internet foi extinto em 2011, embora a coleta de registros telefônicos ainda esteja em curso. John C. Inglis, vice-diretor da NSA, disse a parlamentares em julho que a agência teve a aprovação da Justiça para analisar registros telefônicos coletados. O tipo de análise usada, feita para um suposto terrorista, poderia autorizar a NSA a vasculhar os registros de pelo menos um milhão de pessoas.
Binney diz que exortou os parlamentares e um conselho de supervisão a limitar a coleta de dados e criar uma equipe de auditoria técnica para verificar alegações sobre a coleta e uso de informação pela NSA. O painel presidencial sugeriu acabar de vez com a coleta indiscriminada de dados telefônicos. Em vez disso, as telefônicas deveriam armazenar os registros e entregá-los somente com uma ordem judicial, afirma o painel. Obama vai decidir nas próximas semanas se as recomendações do painel serão adotadas.
Por Julia Angwin.
Com informações do Observatório da Imprensa.
O ano em que ficamos expostos
31 de Dezembro de 2013, 10:51 - sem comentários aindaEm 2013 só deu você: seus textos foram lidos, suas fotos compartilhadas, seus vídeos assistidos e seus comentários curtidos. Mas por quem mesmo? Quantas outras pessoas, além de seus familiares, colegas de trabalho e amigos tiveram acesso a conteúdos gerados por você? E isso porque estamos falando apenas de pessoas e não de máquinas, embora a relação entre pessoas e dispositivos eletrônicos esteja no coração do problema da superexposição nas redes sociais.
Estamos compartilhando mais informações porque temos os dispositivos para fazer isso ou esses mesmos dispositivos existem porque desejamos compartilhar mais informações? Em que momento a nossa relação com a tecnologia passa da fase de estranhamento para a de aceitação social? Como as leis podem se adequar à essa realidade para promover um ambiente mais seguro, sem restringir o desenvolvimento tecnológico? Existem muitas perguntas quando o assunto é a análise das transformações impulsionadas pelas modernas tecnologias de informação e de comunicação, mas todos parecem concordar que estamos compartilhando cada vez mais conteúdos pela internet.
Então não faria mais sentido em se falar em direito à privacidade, certo? A situação não poderia ser mais paradoxal: se a privacidade morreu, porque se comenta tanto sobre o tema? Existe na verdade uma transformação em curso sobre como a proteção dos dados pessoais passa a ter aspecto central na gestão da identidade de cada um.
“Deixa eu ser seu espião”
Estamos acostumados a gerir os nossos dados financeiros, mas pouca preocupação é dedicada aos dados pessoais, mesmo agora que o senso comum começa a perceber as suas possibilidades de monetarização. As mais diversas abordagens sobre a questão da privacidade ao longo de 2013 passam um atestado de vida do tema. No cenário internacional, os escândalos sobre a existência de programas governamentais de espionagem expuseram as relações entre países, ao passo que no nível doméstico eles impulsionaram os governos a desenvolver mecanismos para aumentar a segurança nas comunicações e assegurar a privacidade dos seus cidadãos.
Esse movimento terminou por revelar como algumas das mais conhecidas empresas de tecnologias cooperam ou servem de instrumento para que governos pudessem implementar sistemas de monitoramento indiscriminado. Um dos primeiros slides revelados por Edward Snowden continha o nome de empresas envolvidas no programa de vigilância Prism, como Microsoft, Google, Yahoo, Facebook, Apple etc. A relação dessas empresas, quase uma cesta básica do uso da internet, revelou o grau de acesso a informações pessoais e como a relação usuário-empresa precisa ir além de um simples clique para aceitar termos de uso que ninguém lê.
Os diversos casos sobre compartilhamento indevido de conteúdos através de redes e aplicativos sociais foram também destaque. Em 2013 entrou em vigor a chamada Lei Carolina Dieckmann, que criminaliza a invasão de dispositivo informático alheio, com violação de mecanismo de segurança, para obter, adulterar ou destruir dados sem autorização do titular do dispositivo. Mas o que dizer de um momento em que grande parte dos danos surge não da invasão desautorizada de máquinas, mas sim do compartilhamento espontâneo da própria vítima com pessoas que terminam por distribuir o conteúdo para terceiros?
É importante entender a relação entre o design de aplicativos, o uso que se faz deles e suas consequências. Vivemos um momento no qual o compartilhamento é constantemente estimulado, o fator da novidade agrega milhares de usuários a uma plataforma em questão de dias e as fronteiras regulatórias esbarram em autorizações para uso de dados das quais o usuário mal se recorda de ter concedido. Em tempos de superexposição, o refrão daquela música dos anos oitenta “deixa eu ser seu espião” periga não ser entendido pelas futuras gerações.
Por Carlos Affonso de Souza.
Com informações do Observatório da Imprensa.
Conheça o Bugtroid, uma ferramenta de pentesting para Android
31 de Dezembro de 2013, 10:50 - sem comentários aindaBugtroid, para quem não conhece, é uma ferramenta inovadora, que foi desenvolvida pela equipe de Bugtraq -Team. As principais características deste apk, é que ele tem mais de 200 ferramentas para Android e Linux (PRO) para técnicas de pentest e demais práticas forenses, através do seu tablet ou Smarthphone.
Ele tem um menu categorizado de acordo com a natureza da ferramenta, a partir do qual podemos encontrar uma extensa série de características, tais como Anonymity, Search People, Audit for frequencies 802.11 (Wireless and Bluetooth), Mapping Networks, DDOS, Sniffers, Pentesting, Forensic, Web Analysis, Cryptography, Brute Force, entre outros.
Com informações de Hack-Tools e Under-Linux.
Uso de ‘tablets’ e ‘smartphones’ por crianças deve ser monitorado por pais
31 de Dezembro de 2013, 10:44 - sem comentários aindaA facilidade com que crianças de até 3 anos lidam com tablets e smartphones vem preocupando pediatras e outros especialistas. Hoje em dia é muito comum que pais deixem seus filhos navegando nos gadgets em restaurantes ou no carro, de modo a mantê-los quietinhos numa viagem ou enquanto esperam a refeição. Mesmo sem ler, as crianças conseguem escolher sozinhas filmes para assistir, jogos ou ver fotos de família e amigos no tablet ou smartphone. E os pais se sentem menos culpados por achar que, usando os aparelhos mesmo em idade tão tenra, as crianças aprendem alguma coisa com os aplicativos.
Não por acaso, os dispositivos figuraram entre os mais procurados para presentes de Natal este ano. Fabricantes como a Samsung colocaram no mercado tablets especialmente projetados para os pequeninos e boa parte dos tablets para adultos já vem com controles que os pais devem configurar para filtrar o conteúdo.
Mas os especialistas observam que não há qualquer prova de que passar muito tempo navegando num tablet ofereça qualquer benefício educacional ou relativo ao desenvolvimento das crianças. Na verdade, essa navegação tira as crianças de seu elemento natural: brincar, interagir com amigos e adultos ao vivo e usar brinquedos comuns, que não sejam digitais. Para os médicos, ficar muito tempo entretido com a tela de um celular ou tablet cada vez mais se mostra ligado a problemas comportamentais e atraso no desenvolvimento social.
— Os tablets só estão no mercado há pouco mais de três anos, ou seja, a pesquisa sobre seu impacto numa criança ainda se encontra num estágio bem inicial — afirma o pediatra Dimitri Christakis, do Seattle Children’s Hospital.
Segundo ele, jogos e apps educativos têm algum valor real pela interação da criança com o dispositivo, mas apenas ver vídeos no gadget é como assistir à TV, em que o espectador é mais passivo.
De acordo com Christakis, os pais devem verificar se o uso do tablet não está afetando outras atividades cotidianas da criança, como ler, interagir com adultos e dormir.
— A Academia Americana de Pediatria recomenda no máximo duas horas de uso de tablets ou smartphones por dia para crianças de mais de 2 anos. E eu penso que uma hora por dia é mais que suficiente — diz. — Nada é mais importante para crianças dessa tenra idade que passar tempo com seus pais e com as pessoas que cuidam delas. Se o uso do tablet as afasta disso, não é bom.
O aprendizado da linguagem também pode ser atrasado pelo atenção excessiva aos gadgets eletrônicos, diz a psicóloga infantil Rahil Briggs, do Monefiore Medical Center em Nova York.
— A natureza solitária do uso dos eletrônicos significa que as crianças não estão aproveitando seu tempo para aprender a fazer amigos ou como se comportar socialmente — diz Briggs.
Outros especialistas, porém, acham que os tablets e smartphones são benéficos do ponto de vista educacional. De acordo com Jill Buban, diretora da Escola Educacional da Post University, em Connecticut, diz que, quanto mais as crianças puderem absorver e compreender a tecnologia antes de entrar na escola, mais confortáveis se sentirão ao entrar numa sala de aula pela primeira vez.
— Mas mesmo assim os melhores apps educativos têm de ser monitorados pelos pais, e seu uso, limitado. O ideal é que não sejam usados mais que 30 minutos por vez — diz Jill.
Adam Cohen diz que seu filho Marc, de 5 anos, usa apps em tablets desde 1 ano e meio de idade.
— No começo ele ficava um pouco sozinho, mas agora consegue ler tão bem a ponto de quase chegar ao nível da segunda série, e eu credito isso aos apps do iPad — diz o pai. — Agora ele tem seu próprio tablet e sua irmã, Harper, que sequer completou um ano, parece frustrada por não ter o seu também.
Definitivamente, é uma nova era para a criançada. Até o tradicional programa “Vila Sésamo” tem atualmente em seu departamento digital 45 aplicativos e 160 e-books.
— No fim, trata-se de uma questão de equilíbrio, e o que procuramos fazer é proporcionar uma experiência enriquecedora de mídia onde quer que pais e filhos estejam, da TV ao tablet — diz Scott Chambers, vice-presidente de conteúdo digital da Sesame Workshop.
Com informações de Observatório da Imprensa.
Brasil pegou firme no ensino online
31 de Dezembro de 2013, 10:37 - sem comentários ainda
O papel da tecnologia na educação teve uma inflexão importante em 2013: a velocidade com que soluções inovadoras chegaram ao ensino e o impacto que tiveram na aprendizagem mudou de patamar. Um aspecto importante dessa pequena “revolução” chegou com força ao Brasil: a disseminação de conteúdo de alta qualidade de forma aberta e gratuita. Inicialmente restrito aos Estados Unidos, os Moocs (cursos abertos massivos online em sua sigla em inglês) começaram a ganhar o mundo. O Coursera, maior provedor de Moocs do mundo, com 85 universidades e quase 6 milhões de alunos, e o edX, união de MIT e Harvard, ficaram mais próximos do Brasil. Com seus primeiros cursos traduzidos para o português, o Coursera viu o número de alunos aqui aumentar 90%.
Um dos professores mais assistidos do mundo, Michael Sandel, do curso Justiça, de Harvard, criou sua primeira sala de aula global, em que alunos de cinco países, incluindo o Brasil, puderam assistir aulas e debater simultaneamente. Muito além de transmitir aulas online, em 2013, os Moocs inovaram nas experimentações para aumentar a retenção de estudantes (menos de 10% dos inscritos concluem o curso).
Inteligência artificial para corrigir questões dissertativas, peer grading – os colegas de curso corrigem as tarefas – e uma gama enorme de exercícios e fóruns de apoio aos alunos fizeram com que a interação dos alunos com as plataformas avançasse significativamente. Nesse mercado, o Brasil foi mais do que mero consumidor. A startup Veduca lançou os primeiros Moocs brasileiros, com professores da USP e do ITA.
Plataforma instrutiva
Em novembro, Google e Fundação Lemann juntaram forças para lançar o YouTube Edu, plataforma organizada e com curadoria, que oferece gratuitamente as melhores vídeo-aulas de professores brasileiros. Com mais de 8 mil aulas e focada inicialmente no ensino médio, a plataforma cobrirá os 12 anos do ensino básico e vai realizar concursos para identificar os melhores professores de todo o Brasil em 2014.
O uso das ferramentas online para estudar já começa a entrar também no cotidiano dos candidatos ao Enem. O desafio Geekie Games, no qual estudantes se prepararam para o exame em uma plataforma adaptativa, teve mais de 500 mil alunos inscritos. Se o acesso a tanto conteúdo de alta qualidade certamente ajuda os alunos que querem melhorar sua formação, a maior novidade talvez seja a incorporação da tecnologia dentro das salas de aula.
No Brasil, a experiência de maior alcance é a da Khan Academy: mais de 10.000 alunos, de 8 a 10 anos de idade, de escolas públicas do Ceará ao Paraná puderam aprender matemática com o auxílio de uma plataforma de exercícios, vídeos e colaboração online. Os professores têm informação em tempo real sobre os alunos e podem incorporar à sua estratégia de aula maneiras de garantir o progresso de cada aluno.
Cenário promissor
A partir de janeiro, a plataforma ficará aberta gratuitamente na internet e chegará a 100 mil alunos. Estamos ainda no começo. Formar os professores, avaliar os efeitos na aprendizagem, melhorar a experiência para o usuário e garantir infraestrutura de qualidade para que a internet chegue de verdade às escolas são alguns dos enormes desafios pela frente.
É claro também que estas novidades são fruto de um processo que não é recente. Ha décadas pesquisadores e professores trabalham para trazer soluções para a educação e utilizar o potencial da tecnologia para melhorar o ensino.
Mas o alcance da internet e a abertura das redes de ensino para a inovação criam um atual cenário poderoso e promissor, que nos faz acreditar que o grande impacto da tecnologia na educação ainda está por vir.
Por Denis Mizne.
Com informações do Observatório da Imprensa.