Em dezembro do ano passado, o Google deu pistas sobre como vai construir seu próximo grande projeto: fabricar robôs. A primeira foi o anúncio do engenheiro Andy Rubin, criador do sistema operacional Android, como chefe do grupo de robótica da empresa; a segunda veio dias depois com a compra da Boston Dynamics, companhia especializada em produzir máquinas humanoides para o Pentágono e outras entidades governamentais.
Ainda é difícil dizer quais são os verdadeiros planos da gigante de Mountain View para os robôs do futuro. Inicialmente, o projeto vai incorporar os aparelhos na indústria e na economia para ampliar o processo de automação em diferentes setores, como montagens de eletrônicos e serviços de entrega de produtos. No entanto, a empresa deve investir pesado em tecnologias que irão beneficiar também o usuário comum. E o que comprova essa afirmação é a compra da Nest Labs nesta semana por US$ 3,2 bilhões em dinheiro.
A Nest Labs é conhecida principalmente nos Estados Unidos por produzir vários tipos de dispositivos para equipar a casa, como alarmes de fumaça e termostatos inteligentes que podem ser controlados por aplicativos em tablets e smartphones. Entre os fundadores da empresa está Tony Fadell, um dos designers responsáveis pela criação dos primeiros modelos de iPods da Apple.
Bom, mas por que tanto interesse do Google em adquirir a companhia? Há quem diga que o principal objetivo é levar para o lar as tecnologias dos produtos do Google usadas na internet e nos aparelhos móveis. Mas, como destaca o jornal New York Times, a verdade é que a empresa parece estar de olho em um futuro dominado não apenas pelo mobile, mas também por “objetos com consciência”, segundo Fadell.
“Toda vez que eu ligo a TV há a informação de que alguém está em casa. Quando a porta da geladeira se abre, há outro sensor, mais informação”, disse Fadell se referindo ao termostato criado pela Nest Labs, que pode controlar e recolher esses dados. “Mas o futuro vai ser diferente quando nós tivermos redes de sensores que possam evoluir e permitir que todos interajam com estes padrões de aprendizagem”.
E faz sentido. Outras instituições, como Facebook, Yahoo! e Twitter, fizeram aquisições milionárias nos últimos anos, mas todas focadas em serviços de design, software, publicidade e conteúdo. Ou seja, nada físico. Já o Google adquiriu sozinho, ao longo do ano passado, mais de doze empresas voltadas para o hardware que trabalham em projetos um tanto malucos à primeira vista, mas que podem dar um panorama não tão distante de como vamos viver cada vez mais incorporados à tecnologia.
A Boston Dynamics, por exemplo, é referência na criação de robôs humanoides que imitam o comportamento de animais selvagens da natureza para se adaptar a diversos tipos de obstáculos. O Cheetah (leopardo, em português) atinge até 46,6 quilômetros por hora – mais rápido que o medalhista olímpico Usain Bolt -, e o BigDog (cachorro grande) consegue escalar superfícies altas e se deslocar em terrenos cheios de lama. Existe até um robô inteligente capaz de andar por conta própria, sem a necessidade de alguém no comando.
Outra companhia comprada pelo Google é a Holomni, especialista em design e produção de rodas de alta tecnologia robótica – possivelmente para robôs ou até mesmo para a frota de carros sem motorista da empresa. Há também a Makani Power, que fabrica turbinas eólicas, mas ainda não se sabe como o Google vai aplicar esses dispositivos em seus produtos.
“Os carros sem motorista eram coisa de ficção científica quando começaram a ser desenvolvidos em 2009, mas agora estão chegando ao alcance de todos. Este é o melhor emprego do mundo. Você começa a pensar sobre o que você gostaria de construir para si mesmo”, declarou Andy Rubin na época em que assumiu a liderança da divisão de robôs da companhia.
É claro que todas essas aquisições do Google podem falhar, e até soa exagerado imaginar que sensores estarão espalhados por todos os objetos da nossa casa. Fato é que a gigante das buscas prevê um futuro no qual as máquinas não serão apenas aparelhos que acessam e exibem um número limitado de informações pré-determinadas, mas que também irão se adequar às necessidades do usuário naquele momento.
Se depender do que estamos vendo agora, no presente, o Google vai se arriscar ainda mais nessas ideias malucas (mesmo que elas não saiam como o planejado) para se posicionar em um futuro para o qual outras empresas de tecnologia parecem não estar se preparando.
Com informações de Canaltech.
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