O webOS é uma parte triste da história dos smartphones e tablets. É o exemplo mais claro de que não haverá novatos bem-sucedidos nesse campo de batalha, mesmo que a plataforma traga uma ótima interface e tenha alguns bilhões de dólares para se sustentar. Mas em um mundo mais justo, o sistema da Palm seria um sucesso, com hardware potente e software sensacional: o Verge descobriu documentos que mostram o webOS que poderia ter sido.
A característica mais notável é o visual quase “flat”, chamado internamente de “Mochi”. Ele seria lançado em 2011, junto à nova versão do webOS, antes do Android chegar ao visual Holo no Ice Cream Sandwich, e bem antes do iOS 7 ser lançado pela Apple.
O Mochi não era totalmente “flat” – ainda havia gradientes e sombras, por exemplo – o que o deixava mais humano. E ele incorporava inúmeros elementos do “flat design”, como fontes grandes; uso do espaço em branco; cores chamativas em fundos claros; e pouco uso de botões – para voltar, por exemplo, você tocava e arrastava abas na interface.
Isto nos leva a outra função genial do webOS: a multitarefa esperta. Dói um pouco assistir ao vídeo abaixo, pois ela parece tão boa que eu queria vê-la em todo smartphone e tablet:
A ideia era expandir a interface de “cards” criada por Matias Duarte (que hoje comanda o design do Android). O webOS era centrado em multitarefa: a tela inicial continha cards dos apps abertos, e você podia reuni-los em grupos. No entanto, só era possível usar um app por vez.
Para aproximar o webOS de um sistema de computador – mas sem usar a metáfora de janelas – a equipe de design resolveu colocar apps lado a lado. Mas, como você pode notar do vídeo acima, isso é bem melhor do que o Windows 8(.1) consegue fazer.
Se você está no app de Email, tocar em um link abre o navegador. Toque no remetente do e-mail, e você abre o app de Contatos – enquanto o navegador fica “por baixo”. Toque no endereço físico da pessoa, e o mapa abre por cima. Para voltar ao e-mail, basta arrastar o app para a direita – as abas ficam ocultas.
Aqui há elementos do Windows 8.1 e também da interface Q-Slide criada pela LG, que permite acessar certos apps deslizando da borda esquerda; eles aparecem empilhados em cards. Porém, tudo isso foi feito lá em 2011 – e a concorrência ainda nem chegou perto de uma multitarefa tão bacana.
O webOS poderia ser pioneiro nessas tendências de interface em smartphones e tablets. Mas ele chegou tarde, e não tinha os bilhões de dólares que Apple, Google e Microsoft usariam para apoiar seus próprios sistemas operacionais.
A reportagem do The Verge também revela o hardware que a Palm, já comprada pela HP, estava preparando. O “Twain” seria um tablet que se aproximava do laptop, antecipando a onda de híbridos com Windows 8. Ele teria um teclado deslizante por baixo da tela, além de carregamento sem fio, NFC e saída HDMI.
A Palm também preparava o smartphone “Mako”: ele teria as especificações do HTC One X e uma traseira de vidro, carregamento sem fio, 4G LTE e tela de alta resolução, e seria lançado no início de 2012.
No máximo, eles renderam um protótipo não-funcional de design, e nunca viraram realidade. Tanto a Palm como a HP não conseguiam entregar produtos no prazo, e sofriam uma pressão enorme da concorrência. Como nota o Verge, “o mercado provavelmente teria condenado estes produtos com webOS se a HP não tivesse feito isso antes” – mas ainda é difícil reconhecer isto.
Com informações de Gizmodo e The Verge.
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