Começou quase que como uma piada, mas acabou se tornando uma grande alternativa e, por que não, um bom negócio para o Google. A ideia de construir óculos de realidade virtual feitos de papelão para acoplar o celular ganhou as manchetes de todo o mundo e deu origem a um verdadeiro mercado de variações e versões diferentes, voltados para públicos, aparelhos e utilizações diversas. E a gigante das buscas acaba de oficializar toda essa produção artesanal, criando o selo “Works With Cardboard”.
A ideia, aqui, é facilitar a vida de usuários, fabricantes e desenvolvedores na hora de trabalhar com tais equipamentos. Para os primeiros, o selo que será distribuído aos desenvolvedores garante que seus softwares funcionem com todos os óculos oficializados, além de mostrar que eles contam com ferramentas de compatibilidade para garantir que tudo corra bem com os mais variados modelos.
Enquanto isso, os produtores desse tipo de solução caseira passam a contar com uma ferramenta que facilita a adaptação. Cada um deles, por exemplo, pode inserir informações sobre a distância focal da lente usada e o método de controle, recebendo um QR Code que, quando escaneado pelo utilizador, adapta os apps ao “aparelho” que ele tem em mãos, tudo de forma rápida e simples.
A iniciativa foi bem recebida pelos desenvolvedores de software, mas ao mesmo tempo, significa que eles terão um pouco mais de trabalho na hora de produzir aplicações para o Cardboard. Agora, para que eles recebam a certificação e permaneçam com ela, será obrigatório que os apps funcionem com todos os modelos oficializados, de forma a garantir a maior abrangência possível, justamente o grande mote por trás do projeto.
Para facilitar esse trabalho, o Google promete lançar uma série de documentos com instruções e regras a serem seguidas, além de atualizar o SDK do Cardboard para que ele indique quando algo está fora dos padrões. Além disso, a ideia é sugerir alterações a serem feitas de forma automática, pelo próprio kit de desenvolvimento, de forma a reduzir a carga de trabalho sobre os produtores independentes, por exemplo.
De acordo com declarações anteriores, a ideia do projeto é justamente garantir que o mundo da realidade virtual seja aberto e esteja disponível para todos. Ao liberar esquemas e instruções para que usuários criem seus próprios óculos e utilizem os celulares que já possuem, o Google deseja abrir as portas dessa tendência para além dos dispositivos caros e fechados que devem chegar pelas mãos de empresas como Sony e Facebook, por exemplo.
Alguns podem dizer, porém, que essa padronização pode ser um passo atrás nesse sentido, já que impõe regras criadas pelo próprio Google sobre uma tecnologia que, em sua concepção, deveria ser livre. Em defesa, a empresa poderia alegar que a ideia é basicamente a mesma do Android – um sistema livre a todos, mas que tem um segmento “mainstream” focado para atingir o maior número possível de usuários.
Com informações de Google, Slash Gear e Canaltech.