Quem já acompanha o noticiário de tecnologia no final dos anos 90 deve se lembrar do “estouro da bolha”, quando a internet ainda era novidade e todas as empresas queriam embarcar nessa. Nesse caminho, uma valorização absurda de ações das chamadas “ponto com” levou a Nasdaq a índices altíssimos que, pouco depois, naufragaram, levando consigo boa parte das companhias recém-criadas. Para Michael Moritz, um dos principais investidores do Vale do Silício, é melhor se segurar, pois tudo está prestes a acontecer novamente.
Segundo ele, o mercado encontra-se em um momento muito otimista, o que, em teoria, é ótimo. Por outro lado, esse mesmo movimento está levando à avaliação acima da média de pequenas startups, o que acaba levando a investimentos desenfreados por parte de gente que não sabe muito bem o que está fazendo, mas quer entrar na onda. O resultado será a perda de dezenas de milhões de dólares e o fechamento cruel de muitas empresas menores.
As grandes, de acordo com o investidor, parecem estar seguras, pois possuem uma bela base para se apoiarem. O grande perigo da vez, porém, se relaciona aos “unicórnios”, como são chamadas as companhias que têm valor de cerca de US$ 1 bilhão. São elas que estão começando no negócio, têm mais a perder e devem se ver em maus lençóis em breve.
Com tudo isso, Moritz critica o entusiasmo atual do mercado, afirmando que estamos em um tempo em que até mesmo as ideias mais malucas podem atrair dinheiro. Nessa mesma medida, afrouxaram-se também os critérios para avaliação das companhias, uma vez que temos um movimento altamente maleável. O resultado de tudo isso é uma configuração que, segundo ele mesmo, lembra uma nova bolha digital. Mas, claro, sem o mesmo impacto da que aconteceu no passado justamente pelo fato de as empresas grandes terem bases financeiras bastante sólidas.
A expectativa é que esse movimento para baixo comece a acontecer ainda neste ano. Moritz é otimista, afirmando que, enquanto muitos unicórnios deixarão de existir, outras, mais sensatas, aproveitarão o momento para crescer a ganhar terreno, caso consigam gerar a confiança necessária dos investidores.
Mais do que tudo isso, ele manda um alerta para aqueles que estão deixando as grandes companhias para criar suas próprias startups e investir nas próprias ideias: preparem-se. A expectativa é que milhões de dólares por ano sejam perdidos, e para quem não é necessariamente o dono das empresas em ascensão, a coisa pode ficar um pouco mais complicada.
Com informações de Business Insider, The Times e Canaltech.