O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirmou nesta quinta-feira (4) que deixará a embaixada do Equador em Londres se a Organização das Nações Unidas anunciar na sexta-feira (5) que rejeitou a denúncia dos governos do Reino Unido e da Suécia por detenção arbitrária.
“Se a ONU anunciar amanhã que perdi meu caso contra Reino Unido e Suécia, devo deixar a embaixada (do Equador em Londres) ao meio-dia de sexta-feira para aceitar a detenção por parte da polícia britânica, já que uma apelação não parece possível”, declarou em comunicado. “No entanto, se eu ganhar e as partes do Estado sejam autuadas por terem agido ilegalmente, espero o retorno imediato do meu passaporte e a rescisão de novas tentativas de me prender”, complementou.
Por meio do perfil do WikiLeaks no Twitter, Assange também garantiu que está disposto a “aceitar a detenção da polícia britânica” se não houver expectativas sérias de um novo recurso contra ele nos tribunais.
A ONU não estava disponível de imediato para comentar a notícia em Genebra, onde o Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária discutia uma ação judicial solicitada por Assange. Os especialistas que analisam o caso para a ONU prometem divulgar sua sentença nesta sexta-feira, às 11h (8h em Brasília). O grupo, que é presidido por um sul-coreano e integrado por outros três especialistas, analisa cerca de 400 casos de supostas detenções arbitrárias a cada ano, segundo um porta-voz da Comissão de Direitos Humanos da ONU.
Em Quito, o ministro equatoriano de Relações Exteriores, Ricardo Patiño, disse nesta quarta-feira (3) “estar preocupado” com a saúde de Assange, que segundo ele precisaria se submeter a um check-up fora da embaixada. O chefe da diplomacia equatoriana disse esperar “somente que o Reino Unido possa oferecer um salvo-conduto” para que Assange viaje ao Equador. Patiño também afirmou que não tem informação oficial sobre a decisão do painel da ONU que vai se pronunciar amanhã sobre o caso a pedido dos advogados de Assange.
Desde junho de 2012 o australiano de 44 anos encontra-se na embaixada do Equador em Londres, país que lhe concedeu asilo após fugir da Suécia, onde é investigado por crimes sexuais. Ele negou todas as acusações e disse que elas foram forjadas com motivação política, como uma represália pela revelação de documentos secretos divulgados através do WikiLeaks. O jornalista concordou em ser interrogado, desde que não fosse levado ao país.
Assange ainda teme que, se for enviado à Suécia, será posteriormente extraditado para os Estados Unidos e ser julgado pela divulgação de documentos secretos do governo norte-americano. O WikiLeaks ficou mundialmente famoso em 2010, quando publicou arquivos diplomáticos e segredos do exército dos EUA na internet.
Com informações de The Guardian, BBC, AFP e Canaltech.