Aqueles que não querem pagar pelo Microsoft Office, mas precisam de uma suíte de aplicativos completa para trabalho em seus computadores, sempre podem optar pelo OpenOffice, uma das principais alternativas gratuitas e de código aberto para esse fim. Contudo, essa opção pode estar com os dias contados, já que especialistas começaram nesta semana a decretar o início do fim do pacote de aplicações, que começa a ficar extremamente defasado em relação a seu oponente muito mais versátil, o LibreOffice.
Não é como se os downloads estivessem caindo ou o interesse dos usuários estivesse passando para outras coisas. O OpenOffice ainda é um dos conjuntos de softwares mais baixados nas categorias de produtividade e possui uma base de usuários significativa que pode até não crescer de forma exponencial, mas também não mostra sinais de cansaço ou redução mesmo com a chegada de ferramentas de cloud computing. O grande vilão, aqui, foram os problemas internos e a fuga de talentos da iniciativa.
Originalmente, o OpenOffice era gerenciado pela Sun Microsystems, que, em 2010, foi adquirida pela Oracle. Um ano depois, os trabalhos relacionados à suíte foram transferidos para a Apache, que realizou um trabalho de repaginação na plataforma. Nesse meio tempo, porém, boa parte da equipe de desenvolvimento deixou o grupo e passou a trabalhar em um novo conjunto de aplicativos de produtividade com código aberto, o LibreOffice, que vem ganhando representatividade e usuários na base da propaganda e do boca-a-boca.
Enquanto o “concorrente” conta hoje com 250 desenvolvedores ativos em diversos países, com backgrounds e especialidades diferentes, o OpenOffice, já há algum tempo sem ser atualizado, tem apenas 16. E 60% deles trabalham juntos na IBM, o que não apenas toma conta de boa parte de seus dias, mas também limita um pouco a abrangência de conhecimento dos responsáveis pela plataforma.
Mais do que isso, posições gerenciais importantes em um sistema desse tipo não existem mais dentro da organização. A equipe responsável pelo OpenOffice, por exemplo, não tem mais um gerente de projetos nem alguém para coordenar os lançamentos de atualizações e correções. Para os usuários, isso acaba ficando oculto, mas ao perceberem que estão diante de um software defasado e já com alguns problemas de compatibilidade, muitos podem procurar outra opção.
Mas, mais do que isso, o grande detalhe que pode acabar significando o fim do OpenOffice, como proclamam alguns especialistas, é a recusa de trabalhar com outras aplicações e desenvolvedores. A colaboração não é exatamente incentivada dentro da organização e, mesmo vendo sua posição sendo tomada por outro produto, os responsáveis pela plataforma continuam acreditando que podem fazer tudo sozinhos e dentro de seus limites, uma ideia que, se interpretada de determinada maneira, vai contra os próprios princípios da comunidade do software livre que está por trás do pacote.
No relatório de status mais recente liberado para a comunidade, não existe menção alguma sobre um possível fim do OpenOffice ou as dificuldades que o grupo de desenvolvedores estaria passando, apesar das causas estarem todas lá. Oficialmente, o pacote de aplicativos continua firme e forte, disponível para todos e ainda em desenvolvimento. Mas para muita gente a pergunta que se faz neste momento é: até quando?
Com informações de Apache, Extreme Tech e Canaltech.