Marcas d’água, finais diferentes e versões regionais são algumas das armas dos estúdios de cinema para tentar lutar contra a pirataria e levar as pessoas ao cinema. Mas agora, uma associação de produtoras de cinema na Índia está olhando para dentro do próprio negócio como uma forma de prejudicar quem está no mercado de filmes ilegais, e revelou que pode interromper o lançamento de filmes por até três meses como uma forma de “quebrar” os bucaneiros.
A ideia parece bizarra de início, mas faz todo um sentido para os executivos da Tamil Film Producer’s Council. Para eles, uma interrupção nos lançamentos pode prejudicar os próprios negócios, claro, mas vai acabar com o dos que distribuem e vendem filmes pirateados, uma vez que eles não terão nada de novo para apresentar a seus “clientes”. Sem novidades, eles deixarão o negócio, e assim, o terreno ficará livre por pelo menos algum tempo.
A Índia, como um dos países mais populosos do mundo, é também um dos que mais sofre com a pirataria. Sua produção em grande escala de filmes, seriados e novelas sofre golpes diários da pirataria, com qualquer banquinha de rua oferecendo longas que nem mesmo saíram no cinema ou episódios assim que eles são exibidos na televisão.
A ideia da TFPC é suspender as novidades por três meses, com alguns representantes cogitando estender esse período por até um semestre. O “boicote” seria uma medida drástica não apenas para acabar com a pirataria, mas também para pressionar o governo e as autoridades competentes a tomarem atitudes com relação ao problema, uma vez que a ausência de novidades também teria um impacto forte sobre a economia do país.
E a ideia de perdas nem seria assim tão grave entre as produtoras, já que segundo as informações do site Torrent Freak, a queda no faturamento decorrente da pirataria também deixaria de existir, o que acabaria compensando as coisas pelo menos um pouco.
Por outro lado, existem os membros da TFPC que acreditam que essa interrupção não apenas não seria eficaz como tornaria tudo ainda pior, uma vez que nem mesmo os ganhos legítimos oriundos desta indústria entrariam no caixa, enquanto as empresas continuariam gastando para criar shows, filmes e outras atrações.
O rombo seria gigantesco, já que a Tamil tem cerca de três longas lançados todas as semanas. Quando o boicote chegasse ao fim, toda essa demanda estaria competindo por atenção, salas e ingressos com outras produções, enquanto aquelas que continuarem a sair durante o período teriam uma ampla vantagem. É justamente por isso que a questão ainda está sendo estudada, e muitos acreditam que ela não vai deixar de ser apenas uma ideia.
Seja como for, como sempre, surge a esperança ao longe, no horizonte. A Cheran, uma das produtoras que pertencem à TFPC, não apenas se opôs à ideia de boicote como criou um plano para redução de preços dos DVDs oficiais, de forma que eles se aproximem do valor dos piratas. Para ela, a pirataria jamais poderá ser derrotada, e assim, diz a empresa, teria conseguido vendas bastante superiores que as outras companhias do setor, além de um faturamento acima da média, já que quando o valor deixa de ser uma questão, os consumidores sempre tendem a optar pela que tem maior qualidade.
Com informações do Torrent Freak e Canaltech.