A deep web é cercada de mistérios e dúvidas, afinal ela está distante da maioria dos mortais que liga seu computador todo santo dia para se conectar à internet. Porém, apesar de famosa por ser o local em que drogas, armas e serviços criminosos são comercializados sem grandes problemas, este espaço amplo e diverso também é palco para outros tipos de serviços.
Uma prova disso é o lançamento de uma versão da ProPublica na deep web. O grupo de mídia é mantido por uma organização sem fins lucrativos sediada em Nova York, Estados Unidos, responsável por produzir matérias jornalísticas investigativas e de interesse público, sendo o primeiro veículo exclusivamente de internet a receber um Prêmio Pulitzer (o Oscar do jornalismo), em 2010. O portal de notícias, agora, pode também ser acessado como um serviço oculto dentro da rede Tor, o sistema que oferece conexões anônimas a milhões de pessoas em todo o mundo.
Mais privacidade
A chegada da ProPublica à deep web vem no rastro de movimentações em busca de mais privacidade por pessoas de todo o mundo. Como a web de superfície está cada vez mais tomada por olhares que monitoram os seus movimentos, a web profunda aparece como alternativa para quem quer anonimato. “Qualquer pessoa deveria ter a possibilidade de decidir que tipo de metadado deixa para trás”, comentou o desenvolvedor responsável por transportar a ProPublica para a rede Tor, Mike Tigas, em conversa com a Wired. “Nós não queremos que alguém saiba que você veio até nós e o que você leu”, prossegue.
Optar por acessar o ProPublica via serviço oculto da rede Tor é uma saída mais segura do que simplesmente usar um navegador como o Tor. Neste caso, algum malware ainda poderia burlar os protocolos de segurança a fim de identificar as páginas que você acessou em seu navegador. Além disso, Tigas também reconhece que a maioria dos leitores do portal não tem razões concretas para tamanha paranoia, entretanto, pessoas localizadas em países cujos dissidentes políticos sofrem penas graves podem se beneficiar enormemente de tal medida.
Tigas espera que o passo dado pela ProPublica sirva de referência para outros grupos de mídia que desejem fazer o mesmo a fim de garantir a privacidade de seus leitores e também mudar a fama negativa da deep web. “Pessoalmente, eu espero que outras pessoas veja que há usos para os serviços ocultos além de apenas hospedar sites ilegais”, comenta o desenvolvedor. “Ter bons exemplos de páginas como ProPublica e Securedrop usando os serviços ocultos mostra que essas coisas não servem apenas para criminosos.”
Com informações de Wired e Canaltech.