A venda de computadores caiu pela primeira vez em 30 anos no Brasil em 2014, revelou a 26ª pesquisa sobre o Mercado Brasileiro de TI do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada (GVcia) da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgada nesta quinta-feira (16).
Segundo os dados apurados, a queda nas vendas foi de 10% em relação ao ano anterior, totalizando 20,4 milhões de unidades. Para 2015, no entanto, a estimativa é de uma retomada de crescimento da ordem 8%, o que deve totalizar 22 milhões de unidades. Metade deste crescimento deverá ser devida às vendas de tablets, dispositivos incluídos na categoria dos computadores pelo levantamento.
O Brasil tem hoje 152 milhões de computadores em uso, o que aponta para uma penetração de 75%, segundo o GVcia — ou seja, o Brasil possui cerca de três computadores em uso para cada quatro habitantes. Com a queda nas vendas, a nova estimativa é que o país atinja a marca de um computador ativo por habitante até o final de 2017. A média de penetração mundial é hoje de 56%, nos Estados Unidos a penetração é de 134%.
“Nós estamos atravessando um fenômeno no qual a vida útil da máquina está crescendo, não diminuindo. A gente está ficando mais tempo com a mesma máquina. E isso vai voltar a diminuir quando houver uma ruptura que obrigue a gente a ter processadores diferentes”, afirmou o professor fundador do GVcia e responsável pela pesquisa, Fernando S. Meirelles, durante a apresentação do levantamento. “Por um lado é negativo ter reduzido as vendas, mas não é relevante, o que é importante é que passamos de um patamar de 100 milhões há três anos para 152 milhões hoje”, opinou.
Desde que a pesquisa começou a ser realizada, o Brasil só havia passado por um período sem crescimento nas vendas, durante os anos de reserva de mercado entre 1987 e 1993.
Para os celulares e smartphones, no entanto, o caminho é o oposto. Pela primeira vez neste ano, o número total de smartphones ultrapassou o de computadores, de acordo com o levantamento. Hoje o Brasil possui 154 milhões de smartphones versus 152 milhões de computadores.
Levando em consideração também os chamados feature phones, a penetração já é de 162% — ou 1,62 dispositivos por habitante. O índice é bem superior à média mundial de 117% e à média de mercados mais desenvolvidos, como a taxa de 148% observada nos Estados Unidos.
De acordo com Meirelles, o fato pode se dever principalmente ao hábito do consumidor brasileiro de manter múltiplos chips de diferentes operadoras, para realizar ligações e mandar torpedos com as combinações mais econômicas possíveis.
Investimentos de TI por Empresas
Apesar do recuo nas vendas de computadores, o mercado de TI continua movimentado no país. Segundo os dados do levantamento, em 2014 o investimento em TI representa uma média de 7,6% da receita das empresas brasileiras.
O avanço foi pequeno em relação ao ano anterior, com apenas 0,1% de aumento observado frente ao dado de 2013, mas ainda assim, considerado positivo frente à retração geral da economia. Para o ano que vem, a expectativa é de um novo aumento próximo a 0,3%. De acordo com Meirelles, o estudo avaliou que na última década, a cada aumento de 1% nos gastos e investimentos em TI, as indústrias de capital abertas no Brasil aumentaram seus lucros em 7% no período de dois anos.
A porcentagem de investimentos, no entanto, também varia conforme o setor: os bancos ainda lideram, investindo quase o dobro da média das empresas nacionais em TI (13,8% da receita), seguido pelo setor de serviços, com 10,8%. Varejo ainda segue na traseira, investindo apenas cerca de 3% da sua receita em TI. Em média, o chamado Custo Anual por Teclado (CAPT) totalizou R$ 24,6 mil no ano passado.
Para a pesquisa foram entrevistadas 2.340 médias e grandes empresas no Brasil, que incluem 68% das 500 maiores empresas do país.
Com informações de Canaltech.