Roda de Conversa: discurso de ódio sempre foi marginal e se adaptou a práticas políticas
31 de Outubro de 2018, 12:35Tema de outubro, discurso de ódio teve a mediação de Renato Freitas, advogado e ativista das periferias em Curitiba
Na noite de terça-feira, 30 de outubro, o Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região realizou mais uma edição da Roda de Conversa, encontro mensal aberto à comunidade, para debate de temáticas escolhidas pelos participantes.
Para mediar a reflexão sobre o discurso de ódio, o Sindicato convidou o advogado Renato Freitas, que tem origem periférica e surgiu como liderança política ao denunciar violência e racismo, que ele mesmo sofreu em duas oportunidades enquanto esteve em campanha: primeiro em 2016, enquanto candidato a vereador, quando foi detido pela guarda municipal de Curitiba, e mais recentemente em 2018, quando foi alvejado com balas de borracha, por membros da mesma corporação, enquanto fazia campanha para sua candidatura a deputado estadual.
Renato Freitas situou o discurso de ódio como recente prática política e institucional, mas que historicamente sempre foi discurso marginal, “um sistema subterrâneo de solução de conflitos”. Ele explica que ódio e violência sempre foram muito próximos e que o aparelhamento estatal, representado pelas polícias, funciona para legitimar o ódio através da coerção, gerando uma incompatibilidade: “o Brasil ser o país mais violento do mundo não resulta no repasse de informações necessárias para se efetivar uma estratégia de combate à violência”, define.
Para ele, a violência e as consequentes mortes não são aleatórias, são nas quebradas. “Existe uma porta giratória entre a prisão e a quebrada, onde o Estado é mínimo na economia e nas políticas sociais mas a presença do estado no braço penal é forte”, diz. Renato retomou estudos que se referem às periferias brasileiras como “campos de extermínio” e que o RAP e os intelectuais orgânicos denunciam isso há tempos.
Diante dessa lógica, em que a polícia nas periferias é efetiva para crimes como o tráfico e o roubo, mas que mantem uma taxa baixa de solução de homicídios (ele menciona que a cada 100 homicídios, a média é de somente 5 solucionados), “você não precisa propor saúde e educação como política pública, mas sim resolver o medo criado”, e esse caráter se resume ao conceito de “segurança pública”.
Renato abordou também o preconceito geográfico com a favela e explicou que para entender o fenômeno do ódio no país é preciso entender o bordão “bandido bom é bandido morto”, apropriado pelo presidente eleito Bolsonaro e que “unifica boa parte do país”. Para ele, a atuação da imprensa com a proliferação de programas policiais em que a falta de necessidades básicas e menos retratada que a violência, influencia o imaginário social, que também é reforçado por outros programas televisivos, como as novelas, que reforça o estereótipo do jovem negro “da rua de trás”.
Esses elementos, para Renato, formam a concepção que resultam no estabelecimento do fascismo neste momento.
Encarceramento
O convidado sugeriu que o próximo tema, do encontro em novembro, seja o encarceramento, e será realizado no dia 27, a última terça-feira do mês. Renato explicou que o perfil da pessoa presa e morta no Brasil é o homem jovem, negro, de periferia e com o ensino fundamental incompleto, em que no país há captura e vigilância eficaz, denotando racismo forte no país.
Fonte: FETEC-CUT-PR
Rede de apoio acolhe mulheres que sofrem violência em Campo Largo
31 de Outubro de 2018, 9:32Em média, dez mulheres sofrem algum tipo de violência por dia na cidade. O número foi fornecido pelo coletivo “Juntas Somos Mais”, que atende as famílias oferecendo apoio pedagógico, jurídico e psicológico, além de cursos profissionalizantes
Em tempos de cólera, muito se conversa sobre intolerância e as razões para tantos casos de violência no Brasil, principalmente contra a mulher. E não é de hoje que o Sindimovec (Sindicato dos Metalúrgicos de Campo Largo) denuncia esse problema . Tanto é verdade que em todas as entrevistas sobre esse tema, dentro do projeto “Perfil dos Trabalhadores”, uma máxima se confirma: as mulheres da cidade estão desprotegidas.
“Vivemos numa cidade em que o sistema patriarcal é muito presente, vemos isso como normal, mas temos sempre que lembrar que o machismo não é normal. Aí nossa postura diante de qualquer coisa que diz respeito a isso já faz com que a gente sofra certas ameaças” – Fabiana Portes.
Para entender melhor sobre o assunto, conversamos com um coletivo de profissionais que criou o projeto “Juntas Somos Mais”. O trabalho faz parte do Instituto Árvore da Vida e busca atender e fortalecer as mulheres em várias frentes, além de estruturar o seguinte tripé: atuar na questão psicológica, fazer orientação jurídica e pedagógica (AQUI o acesso a page no face do “Juntas Somos Mais” com todos os serviços e novidades).
Fabiana Portes, Charize Portela e Karla Knauber na sede do projeto “Juntas Somos Mais”Para isso, Karla Knauber (bacharel em Direito formada no CNEC), Fabiana Portes (psicanalista formada pelo IBP) e Charize Portela (pedagoga formada na Unopar), começaram a ouvir mulheres vítimas de violência em Campo Largo e criaram uma rede de apoio. Hoje, elas estão em contato direto com diversas famílias.
Oficialmente o projeto começou em março deste ano. Porém, há três anos, paralelo aos trabalhos acadêmicos de Karla e Fabiana, amigas de longa data, pontos similares em relação ao combate à violência doméstica e à autonomia da mulher ajudaram a dar corpo ao que depois se tornou o “Juntas Somos Mais”.
Foi assim que surgiu a ideia de unir teoria e prática. E para completar o tripé que forma o núcleo do coletivo, chegou Charize, que é pedagoga.
“Quando nós identificamos que realmente a cidade não tinha praticamente nada voltado a mulher, com exceção das redes ligadas a administração pública, começamos os trabalhos. Tivemos sorte de conhecer pessoas que nos deram apoio para nos desenvolver” – Karla Knauber.
Autonomia, fortalecimento, família e profissionalização
Durante a conversa, um consenso entre as três profissionais é que, para quebrar o ciclo violento dentro da família, a mulher precisa de autonomia. E isso não passa exclusivamente por questões econômicas, mas também pelo aspecto cultural e profissional. Outro ponto é que, numa estrutura complexa como são as famílias de uma maneira geral, também é preciso dar atenção aos filhos dessas mães.
“Temos um cuidado especial com as crianças. Temos uma forma lúdica de atuar com os filhos. Porque, às vezes, eles ficam agressivos na escola e esses relatos chegam até nós” – Charize Portela.
E para dar conta de trabalhar nos três eixos já apontados, o núcleo do projeto faz o acolhimento dessas mulheres e posteriormente o encaminhamento aos atendimentos necessário. Elas ainda contam com a parceria de inúmeros voluntários para ter uma atuação permanente. Assim, Charize, Karla e Fabiane estão sempre em contato com as famílias.
“Primeiro ouvimos. Procuramos saber como é essa mulher que está conosco, como é sua vida familiar, se tem filhos, se eles estão na escola, se ela trabalha, etc. Assim sabemos quais os riscos e a necessidade dela. Após isso, encaminhamos aos parceiros voluntários” – Karla Knauber.
Mas dentro de toda essa complexidade, uma coisa que é tratada com cuidado especial é a profissionalização. Há cursos de capacitação (logo) e recentemente foi firmada parceria com uma terapeuta e demais cursos como yoga, jiu jutsu, contraturno escolar e ainda com previsão de trazerem ao projeto escotismo e rugby.
“A mulher e sua família precisam de alicerces para sair da situação de violência. Por isso trabalhamos ponto por ponto. A gente acredita também na autonomia financeira, pois a grande maioria das mulheres nessa condição é dependente e nós queremos romper isso” – Fabiana Portes.
A palavra autonomia sempre está presente no projeto, que não tem vínculo com o poder público. O trabalho é na base, no fortalecimento, para que quando uma mulher vá à delegacia fazer uma denúncia, por exemplo, não se sinta sozinha e consiga um laudo ou uma medida protetiva.
Alguns relatos
“Na delegacia há uma exposição muito grande. Quando uma mulher chega nesse ponto ela está no limite. Temos o relato de uma das nossas assistidas que apanhou durante dez anos de sua vida e no dia que ela resolveu ir à delegacia foi quando apanhou das nove da noite até seis da manhã” – Fabiana Portes.
Além disso, há outra tipo de violência que é comum e que muitas vezes faz com que a mulher sofra em dose dupla, digamos assim. Trata-se da agressão psicológica, onde a pessoa sofre com agressões e desqualificações diárias dentro de casa, coisas do tipo “você não presta pra nada”, “ninguém vai te querer”, etc.
“Isso também dói e é agressão. Aí quando a mulher chega à delegacia e vai contar o que aconteceu, explicar que o parceiro grita com ela, as pessoas não levam aquilo como agressão. Aí ela é, de novo, desqualificada. Hoje, para se levar a sério uma denúncia, só quando a mulher apanha muito” – Fabiana Portes.
A verdade é que a violência está ao nosso redor:
“Uma das assistidas que nos procurou e fez todo acompanhamento participava de uma igreja em Curitiba. Ela não se sentia a vontade para expor o que acontecia com ela dentro da igreja ou para com os outros integrantes. Não queria que ninguém soubesse o que estava passando, pois temia ser discriminada. A discriminação é um dos pontos que faz com que as mulheres temam se abrir” – Karla Knauber.
“Temos relatos de agressões físicas leves e intensas. Já teve situação que um rapaz quebrou o braço de uma assistida. Houve caso de esfaqueamento, em que a mulher acabou no hospital e, quando amigos do trabalho tentaram tirar ela de casa, os próprios familiares a fizeram voltar com o agressor” – Karla Knauber.
“A gente trabalha com a criança no lúdico. Através da pintura, dos jogos e do desenho. Cada traço, cada movimento, a gente percebe que a criança tá passando por um sistema que não é formal. Então, tentamos, junto com a mãe e muitas vezes junto com a escola, através dos jogos e das conversas, dependendo da idade, identificar algumas atitudes. Muitas vezes as pessoas pensam que a criança tá fazendo birra, mas, dependendo da situação, não é. Acontece de aluno responder a professora, se isolar e brigar muito. Ajudamos trabalhando através da música, na relação com a arte e com a história” – Charize Portela.
Machismo: cultural e institucionalizado
Que o machismo é cultural, não é novidade. Agora, como quebrar esse ciclo presente em todas as esferas da sociedade?
“Hoje nós estamos aqui numa luta constante pra quebrar esse estigma, porque não há um conhecimento histórico sobre isso. Aí se equipara o machismo ao feminismo e uma coisa não tem nada a ver com a outra. Por isso a luta é constante. A mulher sofre represália o tempo todo, dentro de casa, com pai, com irmão, com avô, com filho e com o marido, porque tudo faz parte da nossa cultura. E o que temos que fazer o tempo todo é quebrar esse estereotipo” – Fabiana Portes.
Essa quebra de barreiras vai muito além do atendimento à mulher. A violência institucionalizada nas famílias faz com que as agressões perdurem para outras gerações.
“Quando tem agressão na família, tanto meninos quanto meninas se tornam agressivos. Isso acontece muito com a própria mãe, é o que chamamos de mãe narcísica (quando ela passa a cometer agressões nos filhos inconscientemente); é uma questão de hierarquia doméstica. E família é abraço, amor e acolhimento. Infelizmente a agressão familiar está muito presente e acontece em todos os níveis” – Fabiana Portes.
No fim da conversa, uma coisa ficou clara: toda ajuda é bem vinda. A ideia é que as pessoas não se calem. Façam denuncias. Procurem ajuda. Se voluntariem.
“O verdadeiro olhar do empoderamento feminino é trazer autonomia para a mulher. É esse o nosso trabalho. Acho que toda mulher tem uma história em relação a assédio. Infelizmente eu não converso com uma mulher, ou dentro da academia ou na universidade, que não tenha passado por algo assim. Outro dia, conversando abertamente com uma mulher, ela me disse: o machismo é normal” – Fabiana Portes.
A mensagem que fica é que a sociedade não pode tratar a violência como algo banal.
Por Regis Luís Cardoso (texto e foto).
Banco do Brasil anuncia descomissionamentos um dia após a eleição
30 de Outubro de 2018, 11:55Em todo o país, serão 127 funcionários atingidos pelos cortes nas gerências e escolhidos serão definidos por colegas gestores em cada local de trabalho
Na segunda-feira, 29 de outubro, um dia após o segundo turno das eleições presidenciais, os setores de Gestão de Pessoas (Gepes) em diversas regiões do país anunciaram aos sindicatos, sem negociação, uma nova reestruturação no Banco do Brasil, que iniciou mudanças após o impeachment de Dilma, marcando novo entendimento sobre papel do banco público a partir do governo Temer.
Os cortes atingem bancários em São Paulo, Curitiba, Brasília e Belo Horizonte e são em cargos gerenciais de apoio e os afetados serão escolhidos pelo primeiro gestor de cada local de trabalho. Os descomissionamentos não terão critérios específicos.
Para Daniele Bittencourt, diretora da Secretaria Geral da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR) é evidente essa mudança de entendimento de qual é o papel do banco público, a partir da queda da presidenta Dilma e o resultado das eleições em 2018 denotam que os trabalhadores desses bancos não compreenderam que poderiam ser prejudicados com a manutenção de um programa de governo neoliberal.
“Paulo Guedes anunciou privatização de BB e Caixa na Globo News, em entrevista na TV. Sabemos que privatização tem como primeira consequência a autorização para demitir. As entidades sindicais atuaram incansavelmente para que as pessoas entendessem como a escolha de um candidato e de um partido afeta a vida de todos, mas infelizmente, o governo eleito não esperou nem tomar posse e os bancos que são gerenciados pelo governo federal implantaram novas medidas no primeiro dia após a apuração da eleição”, afirma a dirigente, que é funcionária do BB.
Os cargos afetados com descomissionamentos são Gerentes de Área, Gerentes de Solução (ex-Divisão), Gerentes de Grupo e Gerentes de Setor. O Banco do Brasil anunciou que metade dos funcionários já tem realocação definida mas ainda restam 66 que não têm destino certo dentro do banco e teriam “prioridade de escolha de novas vagas”. Esses bancários também terão que tirar certificado CPA-20 em prazo determinado pelo BB e estarão identificados no sistema interno como excedentes.
O banco prometeu que, com os descomissionamentos e consequente perda salarial nas gratificações, terão acesso a Verba de Caráter Provisório (VCP) por quatro meses. Contudo, as regras da VCP restringem o acesso a essa remuneração. “Como o banco iniciou a reestruturação em 2016, esses bancários não vão conseguir comprovar, por exemplo, que exercem a mesma função pelo prazo exigido”, alerta Daniele.
Com informações do SP Bancários e do Bancários de Curitiba
FETEC-CUT-PR
Saiba mais: Sonho da carreira estável vira pesadelo para trabalhadores do Banco do Brasil
Paulo Guedes, ministro da economia de Bolsonaro, já coloca preço para vender Caixa e BB
Frente ligada a partido de vice de Bolsonaro já exaltou Mussolini e Hitler
27 de Outubro de 2018, 9:21FN, que diz defender o “pior dos males” nesse segundo turno, também tem posts que incitam ódio a mulheres, judeus e gays
Mariana Franco Ramos
especial para o Terra Sem Males
Movimento de extrema-direita inspirado no fascismo italiano, a Frente Nacionalista (FN) tem ligação também com o PRTB, partido do General Hamilton Mourão (PRTB-RS), que é vice-candidato a presidente da República na chapa encabeçada por Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Na página do grupo no Facebook, há um post defendendo, no segundo turno, o que seria o “menos pior dos males”. “O PRTB foi o único partido a apoiar a FN e tecnicamente ficaríamos com o candidato deles. Mas aos fenaistas deixamos livre a escolha”, escreveram os administradores.
A FN existe desde abril de 2015. Foi criada em Curitiba (PR), com a pretensão de se tornar um partido político e disputar futuramente as eleições. Naquela época, chegou a divulgar a realização de um congresso de fundação para mil pessoas. Conforme matéria publicada na Deutsche Welle, o encontro acabou cancelado após mobilização de entidades de defesa dos direitos humanos, que alertaram a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp), o Ministério Público (MP) Estadual e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o risco de estimular atos de violência. Leia mais aqui
No cartaz de divulgação do evento, as logomarcas da frente, da Rádio Combate, do PRTB de Mourão e Levy Fidelix e do grupo skinhead “Carecas do ABC”, acusado de envolvimento em ataques contra LGBTs (sigla usada para se referir a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) em São Paulo, foram colocadas lado a lado. Haveria ainda a apresentação de bandas ligadas ao movimento, algumas delas conhecidas por incitar ódio a mulheres, judeus e LGBTs. O PRTB e o PSL, sigla de Bolsonaro, contudo, nunca falaram publicamente sobre o assunto.
Entre as propostas destacadas no site e nas redes sociais da FN estão o fim da imigração, o combate ao “perigo comunista”, o ataque ao feminismo “em defesa dos reais interesses da mulher e da sociedade”, a profissionalização das forças armadas, a pena de morte para corruptos e a retomada da autonomia nuclear. Apesar do grupo rejeitar os “rótulos” de nazista ou fascista, fóruns de discussão na internet fazem apologia a líderes como Benito Mussolini, Adolf Hitler e Plínio Salgado, o último fundador da Ação Integralista Brasileira (AIB), de inclinação fascista.
Nazismo e fascismo
O nazismo surgiu depois da Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918), quando a Alemanha foi destruída economicamente. O partido alegava que a culpa de todos os problemas da crise seria dos imigrantes, dos comunistas e dos liberais, que “causavam a desordem” e “roubavam” as oportunidades dos “alemães puros”, isto é, pertencentes à raça ariana.
Hitler chegou ao poder em 1933, pelo voto popular. Sob seu comando teve início o Holocausto, um processo de genocídio da população judia e de outras etnias. Mais de seis milhões de pessoas morreram, a maioria delas em campos de concentração, nas câmaras de gás.
O fascismo também surgiu após a Primeira Guerra, mas na Itália, com a liderança de Mussolini. Tem, da mesma forma, tendências autoritárias e anticomunistas. Os regimes fascistas possuem entre as suas principais características a valorização do sentimento de nacionalismo, da proteção do país e da defesa da segurança nacional. Utilizam, ainda, o militarismo e preceitos religiosos como formas de controle e manipulação do povo.
Veja algumas propostas da Frente Nacionalista:
– Retorno da autoridade do professor e da escola;
– Fim de todos os sistemas de cotas nas universidades;
– Incorporação dos povos indígenas à vida nacional: “o estatuto das Áreas Indígenas deve ser revisto para que os brasileiros indígenas se tornem cidadãos participantes da cultura e da economia nacional, e não meros nobres selvagens do mito iluminista”;
– A mulher que optar por não exercer a condição de maternidade terá sua idade e tempo de aposentadoria iguais aos do homem. Consta no site que a FN “ataca o feminismo em defesa dos reais interesses da mulher e da sociedade”;
– Proibição de financiamento bancário para construção e aquisição de residências para famílias de média e alta renda;
– Eliminação do auxílio-reclusão à família do preso;
– Proibição da apologia ao comunismo e ao separatismo;
– Retomada dos programas de autonomia nuclear;
– Profissionalização das forças armadas, visando à criação de um corpo permanente de militares aptos a operar os armamentos modernos;
– Retomada do desenvolvimento da Amazônia Legal, limitando as áreas de conservação ambiental e criando um zoneamento econômico para a retomada do caminho do progresso. “É inadmissível que hoje mais de 40% da área da Amazônia Legal esteja na categoria de unidade de conservação ambiental”.
Confira frases destacadas no site, atualmente desativado, e no Facebook da frente:
“A unidade doutrinária da FN advém da defesa da família como unidade espiritual e econômica da sociedade (teoria distributivista) e de um modelo político de Estado Orgânico, baseado nas representações de classe e grupo social”.
“A FN defende os valores cristãos e o patriotismo como forma de união de todos os brasileiros que acreditam nas potencialidades de nosso país e de nossa gente”.
“Somos contra o movimento LGBT porque tem nos atacado gratuitamente, apenas por defendermos os valores da família tradicional. Somos levados a crer que esse grupo usa os gays para impor seus objetivos políticos”;
“O brasileiro hoje paga um preço muito alto por confiar em pessoas sem escrúpulos, apátridas que lançam sobre a Pátria a terrível chaga vermelha, que nos quer escravizar e destruir todos os valores e tradições do nosso povo”.
“A FN diz não as drogas pesadas e leves. A droga leve não passa de um trampolim para diversos outros problemas físicos, psicológicos e sociais”.
“Só o nacionalismo é capaz de salvar-nos de tanta injúria, blasfêmia e traição”
“A FN é a materialização dos piores pesadelos dos políticos profissionais da esquerda e da direita, simplesmente porque no modelo de Estado Orgânico o cidadão brasileiro será representado diretamente por suas associações de classe e grupo no congresso, eliminando os intermediários”.
“Somos contra a perversão pós-moderna que reside no conceito de diversidade. A real diversidade a ser levada em conta no Brasil é sua vastidão etno-cultural, cujas matrizes devem ser buscadas no sentido de definirmos nossa identidade e forjarmos o nosso logos nacional”.
Confira músicas de bandas que participariam do Congresso e outras divulgadas pela FN:
Atacando LGBTs, mulheres e o Estado de Israel
https://www.youtube.com/watch?v=aBV9r7AHZXI
Contrárias aos imigrantes
https://www.youtube.com/watch?v=Q0MMbP-alpA
Incitando a violência
https://www.youtube.com/watch?v=IvW6IVSXgNo
Nós somos CNBB. Nós somos CIMI
26 de Outubro de 2018, 18:21Confira abaixo uma carta-manifesto da Comissão Pastoral da Terra:
“Felizes vocês se forem insultados e perseguidos e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim” (Mt 5, 11).
Nós, Conselheiros e Conselheiras, Coordenação Executiva Nacional e Diretoria da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em reunião do Conselho Nacional, queremos MANIFESTAR nosso REPÚDIO às afirmações do Sr. Jair Bolsonaro que, em vídeo que circula nas redes sociais, ofende a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), chamando estes dois Organismos de “banda podre da Igreja Católica”.
As ofensas dirigidas a estes Organismos se estendem também a todos os católicos e a todas as católicas do Brasil e do Mundo, já que somos muitos e muitas, mas formamos um só corpo (cf. 1 Cor 12, 13).
A CNBB, diferentemente das acusações do Sr. Jair Bolsonaro, é um Organismo que há 66 anos coordena as atividades de todos os bispos Católicos do Brasil, que tanto bem tem feito não somente à Igreja Católica, mas ao povo brasileiro, quando tomou a defesa dos perseguidos e torturados pela ditadura militar. Durante todos os anos de sua história tem tomado posição ao lado do bem, da verdade, da justiça, da vida, da dignidade da pessoa humana, especialmente dos mais pobres e excluídos. Tem se manifestado em Documentos, Mensagens e Notas no sentido de promover a democracia, os direitos dos trabalhadores, dos povos indígenas, das comunidades camponesas e a favor de uma Reforma Agrária autêntica.
A CNBB, portanto, não pode jamais ser chamada de “banda podre da Igreja Católica”, pelo contrário, ela nos ajuda a ser e viver como cristãos e cristãs, no seguimento de Cristo, que veio para que tivéssemos vida e vida em abundância (cf. Jo 10, 10). A CNBB nos representa. Nós somos CNBB.
O CIMI, diferentemente das acusações do Sr. Jair Bolsonaro, é um Organismo da Igreja Católica que nasceu para SERVIR os Povos Indígenas e tem cumprido exemplarmente esta missão, sendo muitas das vezes a única voz em sua defesa e em apoio às suas lutas, para não perderem suas terras e territórios, para preservarem suas culturas e direitos e para reconquistarem territórios dos quais foram esbulhados pela sociedade envolvente.
O CIMI, também, não pode jamais ser chamado de “banda podre da Igreja Católica”. Ele é uma das muitas formas de se praticar a caridade cristã, através da prática da solidariedade com os Povos Indígenas. O CIMI nos representa. Nós somos CIMI!
Cremos que o povo brasileiro, os cristãos de todas as Igrejas e os Católicos ficarão com quem faz o bem e promove a vida e a paz; com quem busca a verdade e denuncia a mentira e as injustiças; ficarão com a CNBB e com o CIMI.
Assumimos como nossas as afirmações da Nota Conjunta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), CNBB e outras entidades sobre o momento em que vivemos. Com elas queremos:
“AFIRMAR o peremptório repúdio a toda manifestação de ódio, violência, intolerância, preconceito e desprezo aos direitos humanos, assacadas sob qualquer pretexto que seja, contra indivíduos ou grupos sociais, bem como a toda e qualquer incitação política, proposta legislativa ou de governo que venha a tolerá-las ou incentivá-las”;
“REITERAR a imperiosa necessidade de preservação de um ambiente sociopolítico genuinamente ético, democrático, de diálogo, com liberdade de imprensa, livre de constrangimentos e de autoritarismos, da corrupção endêmica, do fisiologismo político, do aparelhamento das instituições e da divulgação de falsas notícias como veículo de manipulação eleitoral, para que se garanta o livre debate de ideias e de concepções políticas divergentes, sempre lastreado em premissas fáticas verdadeiras”.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32).
Goiânia (GO), 26 de outubro de 2018.
Conselho Nacional, Coordenação Executiva Nacional e Diretoria da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Vigília Lula Livre organiza comemoração em solidariedade ao aniversário do ex-presidente Lula
26 de Outubro de 2018, 17:40No dia 27 de outubro (sábado), as organizações populares que integram a Vigília Lula Livre organizam uma atividade de comemoração na data de aniversário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que completa 73 anos de idade.
A celebração se inicia às 11h30 e termina às 14h30, marcada por apresentações culturais e pela presença de familiares de Lula, políticos e lideranças de movimentos populares, além de integrantes da equipe do Instituto Lula.
Prisão arbitrária
A data é também uma reflexão sobre a injustiça da prisão política e arbitrária de Lula, condenado há 203 dias sem o devido processo legal, sem direito a recursos e com um Judiciário atuando no tempo da política e não no marco constitucional, apontam as entidades.
A Vigília Lula Livre também produziu uma carta em solidariedade, que foi enviada ao ex-presidente por meio dos advogados. No dia de hoje (26), Lula também recebeu visita dos advogados Dr. Luiz Fernando Pereira, Dr.Manoel Caetano Ferreira Filho e Dr. Luiz Carlos da Rocha e foi presenteado por eles.
Fotos: Ricardo Stuckert / Instituto Lula
Marcha em Curitiba denuncia risco de despejo da Ocupação Dona Cida
26 de Outubro de 2018, 16:48Prefeito Rafael Greca cercou área da Prefeitura com cordas e enfileirou guardas municipais dentro do prédio, mas mandou dizer que não esperava manifestação no local
Moradores da Ocupação Dona Cida, que reúne cerca de 400 famílias no bairro CIC, em Curitiba, se manifestaram em marcha no Centro Cívico, na manhã desta sexta-feira, 26 de outubro, para ato público que denuncia risco iminente de despejo após decisão judicial de reintegração de posse.
Uma carta de reivindicação seria apresentada ao prefeito Rafael Greca, solicitando sensibilidade em relação aos problemas sociais e de moradia, para que houvesse o compromisso de regularização da área e permanência das famílias, evitando desalojamento de 140 crianças. Mas o que encontraram foi a sede da prefeitura cercada com cordas.
Uma comissão de representação dos moradores da ocupação foi redirecionada para reunião na sede da Cohab, que fica a poucos quilômetros dali, no calçadão da Rua XV. Os moradores da Dona Cida, que contavam com a solidariedade das famílias das ocupações Tiradentes, Nova Primavera e 29 de Março, permaneceram em frente à Prefeitura.
A marcha foi simbolicamente liderada por famílias haitianas que moram nas ocupações, que abriram a manifestação levando a bandeira, seguidas pelas mães que carregavam seus filhos no colo, em carrinhos, caminhando. Por homens e mulheres, por pessoas idosas e por apoiadores da causa, que foram prestar solidariedade.
Renato Freitas, advogado militante das periferias, afirmou que essa era uma luta digna, pelo mínimo, e que as leis não são respeitadas quando é para o pobre.
A advogada Mariana Auler, do Instituto Democracia Popular, disse para os manifestantes que essa luta é popular, do povo nas ruas, mas que da parte dos advogados a luta também seria até o fim com as armas do direito, referindo-se ao suporte jurídico e de negociação que entidades como o IDP e a Defensoria Pública atuam para reverter a decisão judicial.
A defensora pública Olenka Lins também estava na Prefeitura, para acompanhar a reunião que não teve com o prefeito. Ela afirmou que sua presença era para intermediar de forma pacífica uma solução para os moradores.
Os vereadores Goura e Professora Josete também compareceram à manifestação para apoiar as famílias das ocupações e reiteraram a defesa do direito à moradia como direito que o poder público tem obrigação de garantir.
Após a marcha, as famílias permaneceram em vigília em frente à Prefeitura, aguardando retorno da reunião com a presidência da Cohab, a companhia de habitação popular do município.
As advogadas do IDP Mariana Auler e Sylvia Malatesta acompanharam a negociação, com a presença do presidente da Cohab, José Lupion Neto, em que foi definida uma nova reunião na próxima segunda-feira, 29 de outubro, às 16h, para que o órgão dê retorno das demandas. “É uma importante reabertura de diálogo para a solução desse conflito. As famílias não podem morar eternamente sob risco de despejo”, avalia Sylvia Malatesta.
Acesse aqui o álbum de fotos no facebook
Saiba mais:
Famílias da Ocupação Dona Cida se mobilizam contra ameaça de despejo
Comunidade Dona Cida sofre nova ameaça de despejo
Confira fotos da Ocupação Dona Cida
Por Paula Zarth Padilha
Instituto Democracia Popular
Famílias da Ocupação Dona Cida protestam contra possível despejo em Curitiba
26 de Outubro de 2018, 15:20Moradores da Ocupação Dona Cida, que reúne cerca de 400 famílias no bairro CIC, em Curitiba, se manifestaram em marcha no Centro Cívico, na manhã desta sexta-feira, 26 de outubro, para ato público que denuncia risco iminente de despejo após decisão judicial de reintegração de posse. Saiba mais.
Confira abaixo algumas fotos do repórter fotográfico Joka Madruga, exclusivo para o Terra Sem Males, sobre o protesto em frente à prefeitura da capital paranaense.
Famílias da Ocupação Dona Cida se mobilizam contra ameaça de despejo
24 de Outubro de 2018, 16:10Ato público será realizado na próxima sexta-feira, 26 de outubro, no Centro Cívico, a partir das 9h
As vielas são de barro, com caminhos fragmentados ladeira acima, ruazinha abaixo, mas já se percebe a presença do estado na forma de postes de energia com iluminação pública para além da estrada principal que leva às quatro ocupações consolidadas no bairro Cidade Industrial, em Curitiba.
As famílias chegaram por lá em 2012, formando a Nova Primavera, com as demais, Tiradentes e 29 de Março constituídas em 2015. A última ocupação foi formada ali na região em 2016, a Dona Cida, que reúne 400 famílias e está em risco de desalojamento após decisão judicial de reintegração de posse publicada no dia 17 de outubro de 2018. Juntas, aproximadamente 1,2 mil famílias veem nas ocupações a única forma de ter moradia e, ao mesmo tempo, ter comida na mesa.
“Minha vida melhorou 90% aqui na ocupação, ainda que as principais dificuldades sejam (o acesso) a água e luz”, conta Neia, mãe de três crianças pequenas, moradora da Dona Cida. Ela estava ao lado da mãe, que trabalha na separação de materiais reciclados, e da filha menor, que ainda não conseguiu vaga em creche. “Quando eu pagava aluguel era muito difícil”. Ela explica qual será o destino dessas 400 famílias se houver o despejo determinado pela justiça: “Se houver desocupação, a maioria das pessoas não tem para onde ir. A maioria das pessoas vai pra casa de parentes, porque não tem como emprestar esse dinheiro ou alugar uma casa”.]
A Ocupação Dona Cida, mais recente a ser consolidada, está organizada de forma comunitária: existe uma associação de moradores, que coordena melhorias coletivas: há um parquinho infantil com escorregador, gangorra e torre de escalada, como existe em várias praças de Curitiba, e uma tenda azul para a realização das reuniões, assembleias e eventos festivos.
Juliana, vice-presidente da associação, explica que em um dos terrenos próximos à tenda será construída uma cooperativa para a realização de cursos de capacitação para geração de renda para as mulheres da ocupação. Eles já contam com a promessa de doação de material de construção para erguer o espaço comunitário. “Todo mundo que não tem onde morar, mora aqui. E as pessoas constroem tudo com muita dificuldade. Uns catam papel, alguns vivem de bolsa família”, afirma.
Sergio é o coordenador da ocupação, que possui uma comissão de 12 lideranças que são responsáveis pelo “controle” populacional e por intermediar as ações com o poder público que, na realidade das ocupações, restringe-se à presença de assistentes sociais da prefeitura e ao acesso a atendimento de saúde no posto mais próximo. “A gente veio pra cá porque a gente não tem outro recurso, então pra gente, o que a gente mais queria realmente era ficar aqui”, explica.
Ainda que a decisão judicial de reintegração seja referente a apenas uma das áreas, a insegurança jurídica é motivo de preocupação para todas as 1.200 famílias das demais ocupações. Lilia, moradora da Ocupação Tiradentes, conta que somente nesta, são 300 crianças. “A gente recebe doação de frutas, de verduras, a maioria das crianças frequenta escola e realizam atividades quando não estão na escola. No Natal, nós arranjamos padrinhos, elas escrevem cartinhas para o Papai Noel e no dia da festa todas ganham presente”.
A Tiradentes, localizada ao lado da Dona Cida, fica numa área em disputa com um lixão (de uma massa falida administrada pela empresa Essencis). É possível ver atrás das casas de madeira e lona e de uma pequena floresta, os caminhões de recolhimento de lixo em cima das montanhas de lixo. “Querem tirar as moradias para ampliar o lixão”, explica.
Os moradores das quatro ocupações vão realizar um ato público no Centro Cívico de Curitiba na próxima sexta-feira, 26 de outubro, para denunciar o risco de despejo e tentarem ser recebidos na Prefeitura de Curitiba e no Governo Estadual. A concentração será às 9h00 na Praça da Mulher Nua e do Homem Nu.
A decisão judicial foi determinada em um processo de reintegração que estava parado desde 2016 e que teve como justificativa de retomada reiteradas negativas da Prefeitura, que se manifestou em não ter interesse na desapropriação da área após a posse de Rafael Greca. O Instituto Democracia Popular (IDP) e a Defensoria Pública do Paraná estão atuando no processo com recursos judiciais e articulação junto ao Ministério Público para que seja dada uma solução que não seja a expulsão de 400 famílias sem terem para onde ir.
“A gente veio nas ocupações em solidariedade às pessoas, existem aqui muitas crianças, muitos idosos, e como se dá uma decisão dessas sem saber o que vai ser feito com essas pessoas?”, questiona a presidenta do IDP, Libina Silva Rocha.
O IDP entende que o judiciário deveria considerar as ocupações como um problema social que demanda atuação do poder público em solucionar a falta de moradia e não apenas pelo despejo. “Deveria agir como fomentador do debate e da busca de diálogo, com soluções efetivas não apenas sob o viés da propriedade mas também pelas dificuldades das famílias que vivem nas ocupações”, explica a estudante de Direito Valéria Fiori, que pesquisa a temática das regularizações fundiárias.
Seja solidário, participe!
Ato em defesa das Ocupações por moradia
Dona Cida, Tiradentes, 29 de Março e Nova Primavera
Data: sexta-feira, 26 de outubro de 2018
Horário: 9h00
Local: Centro Cívico de Curitiba
(Concentração na Praça 19 de Dezembro – Mulher Nua e Homem Nu
Saiba mais: Comunidade Dona Cida sofre nova ameaça de despejo
Assembleia dos moradores
Reportagem Paula Zarth Padilha
Edição de vídeo Valéria Fiori
Instituto Democracia Popular
Brasil de Fato | Mutirão de casa em casa
24 de Outubro de 2018, 15:50“O melhor caçador não é quem atira melhor, mas o que escuta melhor”, Velho Antônio
Brasil de Fato
Nosso povo está doído, sofrido.
É isso o que sentimos no mutirão que movimentos populares estão fazendo em bairros da periferia de Curitiba e região metropolitana. Está sendo um exercício único, de certa forma atrasado, mas de realmente escutar as dores e as questões que as pessoas guardam. É hora de dizer, sim, mas há momentos em que um escutar pode convencer mais, principalmente nos dias de hoje.
Há muito espaço sempre para prosas e conversas nas casas que visitamos, dificilmente as pessoas são reativas, mesmo quando é irreversivelmente eleitor de Bolsonaro. Há muita gente com Haddad, ainda que mais tímida neste momento para externalizar seu voto. Porém, a pesquisa de ontem (23), mostra movimentação e possibilidades de mudança de tendência.
A violência, a estrutura social desigual, o relato que cada pessoa tem pra nos contar, de um parente ou amigo assassinado, o medo e a necessidade de resolver tudo sem passar por um judiciário – também injusto e eficiente quando interessa – tudo isso é alimento pro bolsonarismo.
Em quase todas as conversas, fica claro que não há motivo racional ou propostas para votar em Bolsonaro. A decisão é por conta da rejeição aos partidos (o PT foi colocado fortemente nessa conta) e à desilusão com possíveis saídas. Bolsonaro tem conseguido ser uma velha múmia com traje novo, representar a mudança, descolando-se inclusive das outras múmias, como Temer e Meirelles, a quem ele foi fiel escudeiro nas votações e no golpe contra Dilma.
Não é hora pra análises profundas, apenas é importante dizer que o caminho, neste momento, parece ser de dialogar com as pessoas que estão desconfiadas com o PT e com Haddad, mas têm um grande pé atrás com o discurso violento de Bolsonaro. Estão indecisas, inclusive ao falar de alguma possível opção. É quase unânime a avaliação de que o governo Lula foi o melhor nas últimas décadas, e as pessoas abrem sorrisos ao falar desse tempo, porém é preciso estudar por que isso não se transforma totalmente em votos para Haddad. Mas fica claro nessas conversas que se Lula fosse candidato seria eleito facilmente, se não fosse perseguido politicamente.
Porém esses contatos nos mutirões deixam uma mensagem importante de democracia – a exemplo do que Haddad tem defendido -, enquanto nas outras fileiras o ódio cresce de forma exponencial. E esse contato nos bairros, nas ruas, casa por casa, deve se intensificar nesses quatro dias da reta final das eleições e deve seguir mesmo após o momento eleitoral. É uma das melhores formas de resistir.
Tenhamos fé no nosso povo que ele resiste.
Edição: Laís Melo
Foto: “Não desperdicem um só pensamento”, Brecht / Pedro Carrano