Servidores públicos participam de ato em Cascavel
29 de Maio de 2015, 17:01Foto: Julio Carignano
Servidores públicos em Cascavel se concentraram no calçadão da Avenida Brasil, nesta sexta-feira, 29 de maio, onde os professores em greve mantêm um acampamento e local em que estão sendo ministradas aulas públicas aos estudantes que se preparam para as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Na linha de frente da marcha estudantes do ensino médio organizaram uma performance teatral que simulou a ofensiva da Polícia Militar no dia 29 de abril para cima dos professores. Os servidores também levaram cruzes e balões nas cores pretas (simbolizando o luto) e brancas (simbolizando a paz e o pedido de não violência). Ao fim da marcha, os servidores tingiram o espelho da d’água da Praça do Migrante de vermelho simbolizando o sangue dos servidores públicos do Paraná.
Foto: Julio Carignano
Foto: Julio Carignano
Foto: Julio Carignano
Foto: Julio Carignano
Texto e fotos: Julio Carignano
Sítio Coletivo
Ato relembra massacre do dia 29 de abril
29 de Maio de 2015, 14:45Em Curitiba, 10 mil pessoas relembram o massacre de 29 de abril e integram o Dia Nacional de Paralisação. Foto: Joka Madruga/APP Sindicato
Na manhã desta sexta-feira, 29 de maio, mais de 10 mil pessoas participaram de caminhada entre a Praça 19 de Dezembro e o Palácio Iguaçu, percorrendo as ruas do Centro Cívico em memória ao massacre contra os professores, ocorrido há um mês.
A data coincidiu com o Dia Nacional de Paralisação chamado pelas centrais sindicais, em protesto contra o projeto de lei das terceirizações, aprovado na Câmara Federal e em tramitação no Senado, e contra medidas provisórias do governo federal que mudaram regras de benefícios previdenciários e pagos aos trabalhadores.
Trabalhadores de diversas categorias foram às ruas e, ao lado de estudantes, mais uma vez entoaram o “Fora Beto Richa”, pedindo justiça e responsabilização nas ações que ocorreram no dia 29 de abril, quando a polícia militar utilizou balas de borracha, bombas de efeito moral, gás de pimenta e outros artifícios promovendo a violência contra os professores que queriam acompanhar a votação do projeto de lei que alterou as regras previdenciárias dos servidores públicos do estado. A ação durou mais de duas horas de ataque ininterrupto e teve um saldo de mais de 200 feridos. Diversos órgãos de fiscalização ainda investigam o que ocorreu no chamado Massacre do Centro Cívico.
A greve dos professores continua e junto com outras categorias de servidores públicos do Paraná já dura mais de 30 dias. A pauta é pela data-base dos servidores, que reivindicam a reposição da inflação no período, de 8,17%, mas o governo primeiro ofereceu 5% e agora vai mandar para votação na Assembleia Legislativa, na próxima segunda-feira, 01 de junho, uma proposta de reajuste de 3,45% em três parcelas, de setembro a novembro, e ainda, propondo a mudança da data-base para janeiro de 2016 e só então uma promessa de reposição da inflação.
Para o presidente da APP Sindicato, Hermes Leão, o Paraná está passando por uma ditadura civil, comandada pelo governador Beto Richa. Ele afirmou, de cima do caminhão de som, que a categoria não vai se submeter a ameaças de que vai continuar mobilizada. A APP está convocando todos para uma mobilização em frente a Alep para acompanhar a votação do dia 01 de junho.
Ato na Assembleia Legislativa – Quando a passeata chegou na Praça dos Três Poderes, os manifestantes soltaram rojões e balões brancos e produziram um mural com marcas de mãos vermelhas, simbolizando o sangue derramado dos professores no dia do massacre. Todos foram convidados a deixar mensagens no mural que estava exposto nas grades da Casa do Povo.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Paraná terá novos atos nesta sexta-feira, 29
28 de Maio de 2015, 16:36Em Dia Nacional de Paralisação, trabalhadores vão ocupar novamente as ruas do Centro Cívico, em Curitiba. Foto: Joka Madruga.
Nesta sexta-feira, 29 de maio, uma mobilização convocada em todo o país de resistência ao projeto de lei das terceirizações e às medidas de ajuste fiscal do governo toma proporções ainda maiores com a adesão da população paranaense em apoio às mobilizações no Estado.
O ato pretende reunir 100 mil pessoas em diversas manifestações regionais pela greve dos educadores e demais categorias de servidores públicos estaduais; para o massacre promovido pelo governador Beto Richa no dia 29 de abril não ser esquecido; pela defesa do emprego de trabalhadores do HSBC, que está passando pelo processo de venda no país e tem sua sede em Curitiba.
A concentração, na capital, chamada pelas centrais sindicais é a partir das 10 horas na Praça 19 de Dezembro, seguido de passeata até o Centro Cívico. Participe!
Saiba mais: Dia Nacional de Paralisação acontece nesta sexta-feira
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Assine a nota de apoio à Ocupação Tiradentes
28 de Maio de 2015, 15:30Ocupação Tiradentes sobre ameaça de despejo. Foto: Joka Madruga
Uma nota de solidariedade e apoio à Ocupação Tiradentes, que completa um mês nesta semana e é formada por 800 famílias, será encaminhada para diversos órgãos governamentais, como Prefeitura, Governo Estadual e Ministérios, entre outros.
A Nota de Solidariedade fala da luta por moradia e da ameaça de despejo que as famílias estão sofrendo. Para assinar o apoio, escreva para comunicacao@cefuria.org.br, de preferência até esta sexta-feira, dia 29 de maio.
Confira:
CURITIBA – NOTA DE SOLIDARIEDADE E APOIO À OCUPAÇÃO TIRADENTES
<< Para: Prefeito de Curitiba; Governador do Estado do Paraná; COHAB-CT; Câmara Municipal de Curitiba; Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado do Paraná; Assembléia Legislativa do Paraná; Ministério das Cidades; Presidência da República >>
Nós, organizações abaixo assinadas, manifestamos nossa solidariedade e apoio à Ocupação Tiradentes, organizada pelo Movimento Popular por Moradia (MPM), que reúne cerca de 800 famílias de trabalhadores/as sem teto e está sob ameaça de despejo. Desde a madrugada do dia 17 de abril, o terreno de 145.200 m², localizado na Rua dos Palmenses, 3721, na Cidade Industrial de Curitiba – CIC, vive uma profunda transformação: de uma área abandonada há anos, passou a espaço de moradia para centenas de pessoas. Os primeiros dias foram em baixo de lona, barracos improvisados, mas que já abrigavam famílias inteiras, inclusive crianças e idosos. Passado um mês, as moradias avançaram para madeirite, tábua e coberturas que protegem melhor da chuva e do frio de Curitiba.
A luta pela moradia é saída para pessoas que sofrem com a constante elevação das taxas de inflação no preço dos aluguéis e dos imóveis, aliado ao aumento do desemprego (em especial, na indústria) e à diminuição da atividade econômica. Esta situação simplesmente tem impedido o acesso à moradia digna por grande parte da população dos bairros mais pobres de Curitiba e Região Metropolitana. Soma-se a isso o grande atraso no início do programa Minha Casa Minha Vida 3, do governo federal, originariamente prometido para julho de 2014, adiado em seguida para janeiro de 2015 e que permanece sem data para sua efetiva implantação. Nesse contexto, um estudo da Fundação João Pinheiro mostra que o déficit habitacional em Curitiba era de 68.835 habitações em 2011 e passou para 86.820 em 2012, um crescimento de 26,1%.
E, enquanto para parte dos trabalhadores/as o direito à moradia é mera letra morta na legislação brasileira, a especulação imobiliária ou o puro interesse privado deixam terrenos e prédios vazios, inutilizados, no centro e na periferia das cidades. É o caso da área da Ocupação Tiradentes. O lote é de propriedade da massa falida denominada STIRPS, em falência desde 2009, e que possui uma série de dívidas de IPTU. O terreno também já foi flagrado abrigando ilegalmente lixo e resíduos perigosos do aterro privado Essencis, colocando em risco o meio ambiente e a saúde pública. Além disso, foi publicado amplamente na mídia o fato de a Essencis realizar contratos e obter licenças ambientais sob suspeita na área da Ocupação Tiradentes, sendo o caso investigado pelo Ministério Público, Polícia Civil e outros órgãos públicos.
Apesar das explícitas irregularidades e do impasse sobre a propriedade do terreno que, em todo caso, mostra o descumprimento da função social da propriedade urbana, houve uma decisão recente da 17ª Vara Cível de Curitiba que concedeu liminar em favor da empresa Essencis, ordenando despejo das 800 famílias moradoras da Ocupação Tiradentes. A decisão ignora as tentativas de negociação feitas pelas famílias, por meio de manifestações em órgãos públicos. A decisão atende somente os interesses empresariais, e ignora qualquer possibilidade de diálogo e conciliação na busca de uma solução efetiva para o problema da moradia digna.
Nós viemos alertar os efeitos dramáticos que o despejo forçado das famílias pode causar. Apelamos para que todas as vias institucionais de negociação sejam realizadas, inclusive Audiências Públicas. Não é justo que centenas de famílias moradoras da Tiradentes sejam despejadas sem qualquer solução habitacional. Esperamos que reine o bom senso e que não vejamos um conflito violento e massacre de trabalhadores/as sem-teto.
Solicitamos que os governos federal, estadual e municipal se sensibilizem com a situação das famílias e com a maior brevidade atendam suas reivindicações, assim como garantam que as negociações com o movimento aconteçam sem nenhum tipo de violência.
Paz, justiça e moradia digna para as famílias da Ocupação Tiradentes!
Curitiba, 28 de maio de 2015.
Terra Sem Males assina a Nota de Solidariedade e apoio à Ocupação Tiradentes
Reforma Agrária: Justiça determina que terra da Araupel é pública
27 de Maio de 2015, 17:47Decisão que beneficia assentados é histórica, afirma superintendente do Incra
Acampamento Herdeiros da Luta 1º de Maio. Famílias aguardam regularização das demais áreas. Foto: Joka Madruga.
Após mais de dez anos de tramitação de dois processos na Justiça Federal de Cascavel, o Incra obteve sentença favorável contra as empresas Araupel e Rio das Cobras Reflorestamento.
A sentença reconhece que as terras onde está instalado o Assentamento Celso Furtado são pertencentes à União, por ser região de fronteira, e não são passíveis de usucapião pela Araupel. A área foi cedida de forma irregular pelo governo do estado à empresa. A justiça tornou definitiva a posse da área a favor do Incra.
A sentença refere-se a 23 mil hectares de uma área total de 63 mil hectares, onde também está localizado o maior acampamento de trabalhadores rurais sem terra do Paraná, o Herdeiros da Luta – 1º de maio.
“É uma decisão histórica porque enfrentou uma questão mal resolvida no passado. O Incra questionou o domínio da área, o título da terra e a fiscalização do uso social do local. Agora o próximo passo é propor a nulidade da área restante e legalizar os demais acampamentos”, comemora Nilton Bezerra Guedes, superintendente do Incra no Paraná.
Para Miranda, da direção nacional do MST e coordenador do acampamento Herdeiros da Luta, é importante que agora o Incra agilize o pedido de regularização das áreas restantes. “Nós estávamos ansiosos, já falamos com o povo sobre a decisão da justiça, que é importante, mas o restante da área também deve ser destinado urgente para a reforma agrária”, pondera um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
A Araupel ainda pode recorrer em outras instâncias da justiça, mas obteve diversas derrotas nestas ações: seu pedido de indenização foi julgado improcedente e a Rio das Cobras deverá restituir o valor de R$ 75 milhões que foram pagos em um acordo previsto no ano de 2004. Os valores de custas do processo e de perícias realizadas também serão pagos pelas empresas.
No assentamento Celso Furtado vivem 1107 famílias e no acampamento Herdeiros da Luta 1º de Maio, formado há um ano entre os municípios de Rio Bonito do Iguaçu e Quedas do Iguaçu, são 1.500 famílias instaladas.
Confira abaixo a íntegra da sentença:
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Deputado Romanelli, líder do governo, informa Beto Richa que Assembleia não votará reajuste de servidores abaixo da inflação
26 de Maio de 2015, 13:27Romanelli disse aos deputados na última segunda-feira, 25 , que não medirá esforços para reabrir as negociações entre governo do Paraná e servidores públicos grevistas. Foto: Joka Madruga
Durante sessão da última segunda-feira, 25 de maio, no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná, o deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli, líder do governador Beto Richa na casa, disse aos demais deputados que encaminhou ao governador a posição da bancada governista de que o reajuste dos servidores públicos estaduais deve repor integralmente a inflação, ou seja, o índice deve ser de 8,17%.
A greve dos professores está perto de completar um mês e nesta terça-feira, 26 de maio, outras categorias aderiram ao que já está sendo chamada de greve geral das categorias. Além de professores e funcionários de escolas estaduais, estão em greve professores de universidades estaduais, agentes penitenciários e hoje servidores do judiciário também aderiram ao movimento.
O governador suspendeu as negociações após anunciar que encaminharia para votação o reajuste de 5%, parcelado em duas vezes, mas de acordo com informações dos parlamentares, o projeto ainda não foi encaminhado para votação. A liderança do Partido dos Trabalhadores atribui essa demora e omissão do governo ao medo de perder a disputa entre os deputados, “pois a maioria de sua base não quer se indispor ainda mais com os servidores”.
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
À espera de um milagre
25 de Maio de 2015, 14:47Não são apenas as fileiras coxinhas que sobrevivem de indignação seletiva. Muitas vestes petistas podem ter sido picadas por essa doença que lhes deixa febris a razão. Nem trato aqui de tapar o sol com a peneira na questão da corrupção. O olhar agora se mira sobre a forma política e econômica que o governo Dilma tem tratado os trabalhadores. Neste ponto tem faltado punho e voz a muitos membros da esquerda para protestar. Parecem apenas olhar descrentes a cada vez que o povo é traído. Parecem esperar por um milagre.
A apatia na defesa da luta dos trabalhadores teve mais uma demonstração na semana passada. A nova penitência imposta aos brasileiros foi os cortes promovidos na saúde e educação. 21 bilhões que simplesmente não vão para as escolas, Cmeis, UBS e UPAs, que não vão virar livros e lápis, nem remédio, ambulância e reforço no SUS. Dinheiro (a falta dele) que enxugará programas federais nos estados e municípios. Contudo, o governo Dilma tem feito a lição de casa. Só que à direita. Por isso, nos próximos dias, deve ser reprovado pelos professores federais que entram em greve.
Mesmo assim, o delírio segue mantido. Fosse um governo liberal, de bico grande, e o efeito colateral das medidas impopulares seria sentido nas ruas e redes sociais. Um exemplo ocorre contra os governos Beto Richa e Geraldo Alckmin. Contra eles, as medidas impopulares são denunciadas. Contudo, para Dilma, a militância só toma ciência das políticas através dos jornais. Nunca é convidada a opinar; apenas a sustentar. Como pediu Marco Aurélio Garcia em encontro do partido no sábado, 23, em São Paulo: “Temos que propor, no imediato, que essas correções que estão sendo feitas do ponto de vista fiscal possam efetivamente permitir que daqui uns poucos meses nós estejamos com este problema resolvido”. Por outro lado, essa postura amplia a surdez da direção em relação à base. Cada vez mais pouco se queixam das decisões. Raros criticam, por exemplo, que o imposto sobre o lucro dos bancos é “antiácido” que resultará em apenas quatro bilhões a mais aos cofres públicos (contra os 70 bilhões do corte). Para piorar a posologia, aqueles que divergem dessa dieta impopular ainda são constrangidos com a afirmação de que “fazem o jogo da direita”. Ao que rebate, por exemplo, Ricardo Kotscho: “Nunca vi uma reunião do PT tão vazia como essa, quando no passado se disputava um crachá. Isso é um sintoma grave de uma crise que nos”. Nisso, se conclui que a militância padece de inanição.
Só um milagre salva. E um milagre, em sua essência, é atribuir a terceiros, a alguém iluminado, a solução de seus problemas. É ser passivo diante da onda que engole suas bandeiras históricas. Contudo, enquanto a cura dos enfermos não atinge os corações vermelhos, ajustes fiscais são impostos, Selic sobe mais do que pressão, bisturis são lançados no lombo dos desempregados, bancos públicos elevam suas taxas, movimentos sociais são deixados em quarentena e o capital segue recebendo sua hóstia consagrada.
Por Manoel Ramires
Crônicas Curitibanas / Terra Sem Males
Greve no Paraná: Servidores públicos fazem ato em frente a ParanáPrevidência
25 de Maio de 2015, 13:27Motoristas são abordados na esquina da ParanáPrevidência. Foto: Joka Madruga.
A greve dos professores e de outras categorias de servidores públicos estaduais do Paraná segue forte nesta segunda-feira, 25 de maio. Educadores fecharam os 32 Núcleos Regionais de Educação do Paraná e a APP Sindicato organiza um ato em frente à sede da Paraná Previdência, no bairro São Francisco, em Curitiba.
Com cartazes, os grevistas pedem aos motoristas que passam ao local um buzinaço em apoio à mobilização. Os carros estão sendo adesivados com mensagens que pedem “Fora Beto Richa”.
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Crônica: Cinco minutos de uma noite de resistência
21 de Maio de 2015, 23:33Numa atitude de resistência, e talvez inspirada no vitorioso acampamento dos professores que foi montado na greve da categoria em fevereiro e março de 2015, em frente aos principais prédios públicos do Paraná, no Centro Cívico, nossos mestres acamparam nas áreas externas da sede da Secretaria Estadual da Fazenda, no centro de Curitiba.
Na noite desta quinta-feira, 21 de maio, estive no acampamento. Foram cinco minutos, mas me pareceu uma noite inteira. Eu senti frio, mas também senti orgulho. Uma emoção sem fim. E pensei se as pessoas percebem a grandiosidade desse ato de coragem. Umas 30 pessoas, maioria mulheres, outras 15 barracas montadas naquele chão gelado. E é pelo coletivo. Pela aposentadoria, melhoria nos salários e nas condições de trabalho de 80 mil pessoas.
Não dá para negar a capacidade de mobilização e apoio da população à causa. A média é de uma passeata por semana, com 20, 30 mil pessoas reunidas e tomando as ruas. Querendo justiça, o reconhecimento de que foi sim um massacre, e que os culpados sejam responsabilizados. Mas no acampamento…
Lá não tem luz nas barracas, os professores e professoras não têm acesso aos banheiros e por isso foram instalados dois banheiros químicos. As condições de alimentação são precárias, os atos de resistência admiráveis.
Durante o dia, buzinaço. E cartazes. Os que eu mais gosto são: Buzine contra o reajuste do IPVA; Buzine contra o reajuste da luz, da água. E a mensagem que fica é: saiba quem de fato está te estorquindo com os reajustes dos impostos, Beto Richa.
Violeiros animam a noite fria dos professores acampados na frente da Secretaria da Fazenda. Foto: Joka Madruga
Faz frio em Curitiba. Nesta noite, uma professora voluntária levou sopa para seus colegas de profissão. Dois músicos tocavam violão e cantavam, também para aquecer, mobilizar, e direcionar aqueles olhares. A luta é de muitos, a resistência é de todos. Hoje teve reunião, não teve proposta. A greve continua. O brilho no olhar também.
* Os servidores públicos estaduais estão em greve há 23 dias lutando por um reajuste salarial justo, que contemple ao menos a reposição da inflação.
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Paranaenses enviam mensagens a deputado do camburão que vai casar
21 de Maio de 2015, 23:19Já está com mais de 4 mil acessos o site na internet dedicado ao casamento do deputado estadual Tiago Amaral, que vai se casar nesta sexta-feira, 22 de maio, em Londrina. Em meio às mensagens de felicitações ao casal, a página contém centenas de mensagens alusivas ao dia em que os deputados estaduais entraram na Assembleia Legislativa do Paraná dentro de um camburão do batalhão de choque da Polícia Militar (12 de fevereiro).
Outras centenas de mensagens fazem referência ao massacre dos professores com extrema violência por parte da polícia, no dia 29 de abril, enquanto os deputados estaduais continuavam a sessão de votação dentro da assembleia, sem se abalar com os mais de 200 feridos no lado de fora do prédio.
Acesse aqui o link com as mensagens
Constam na lista de presente alguns mimos acima das possibilidades financeiras da maioria dos trabalhadores assalariados. Por exemplo: refrigerador de R$11.499,00; conjunto de 8 baixelas por R$ 3.304,00; conjunto com 30 taças por R$ 1.626,90. Acesse aqui a lista completa.
Os servidores públicos estaduais estão em greve há 23 dias devido ao impasse na negociação salarial. O governador oferece apenas 5% de reajuste parcelado em duas vezes. A inflação para o período da data-base é de 8,17%. Para chegar a esse índice, é calculada a média de reajuste dos preços nos últimos doze meses, na data-base da categoria, que no caso dos servidores é 01 de maio.
Para efeito de comparação, os deputados estaduais têm sua remuneração no valor de R$ 25.322,25 por mês desde janeiro de 2015, o que equivale a um reajuste de 26,3% se comparado aos salários pagos em dezembro do ano passado.
A disparidade salarial também é refletida (e pode ser comparada facilmente) com o padrão de vida de um deputado em relação a um trabalhador. Retomando a cerimônia de casamento. Tiago Amaral é figura pública, deve declarar sua renda e patrimônio para o TSE e todos têm acesso. Assim como seu casamento está aberto em um site na internet.
E a vida segue para os notórios personagens das duas maiores greves de trabalhadores de 2015. O povo está nas ruas, as escolas estão paradas e alguns deputados que decidiram o futuro dos servidores públicos, para pior, querem presentes caros.