Roda de choro pode se tornar patrimônio imaterial do Rio
January 22, 2018 9:16Uma tradicional roda de choro em um dos pontos mais boêmios do bairro de Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro, pode se tornar patrimônio do Estado. Criada há quase dez anos por músicos amadores que se reúnem na Praça São Salvador, a “Arruma o Coreto”, se tornou tema de projeto de lei que transforma a roda em patrimônio cultural imaterial. Com a medida, músicos e moradores esperam garantir a permanência do movimento, que já é parte da praça.
Desde maio de 2007, aos domingos, músicos tocam clássicos do chorinho para um público que pode chegar até a 300 pessoas. A maioria é de moradores do bairro, que se juntam em volta do coreto. Alguns, de tão acostumados, nem saem de seus apartamentos para ouvir a música, apenas abrem a janela. “Não tem nada como deitar na rede e ler o jornal de domingo ouvindo chorinho”, conta o jornalista Paulo Virgílio, morador da São Salvador desde 2011.
A ideia da “Arruma o Coreto” surgiu da musicista Ana Cláudia Caetano. Moradora da região, ela lembra que a praça, do tamanho de dois campos de futebol de salão, ficava vazia nos finais de semana. Junto com sete amigos também músicos, ela teve então a ideia de se reunir no local para tocar e, com o tempo, a roda de choro estava formada. Hoje, cerca de 30 músicos se revezam aos domingos, das 11 às 14 horas. O nome da roda é uma brincadeira com o bloco de carnaval “Bagunça o meu Coreto”, que sai às terças-feiras de carnaval e termina na praça.
Com o passar dos anos, a roda passou a atrair ambulantes que vendiam bebidas e comidas e, nos últimos anos, por comerciantes vinculados a uma feira de rua. Mesmo sem autorização da prefeitura, o comércio local chegou a reunir 120 barracas e também a atrair problemas. “De tanta barraca, tem dia que não tem como entrar ou sair da praça”, afirma Ana Caetano. Ela defende que o número de comerciantes seja limitado e que a feira seja mais organizada para não atrapalhar a roda de choro, atração principal da praça, a presença do público e das famílias.
“Tem dia que a praça fica entupida de barracas e isso nos incomoda muito, para entrar ou sair só fica livre a passagem para pessoas com deficiência”, reclama. “Tem gente que faz comida aqui, traz botijão de gás. É perigoso, não há estrutura para isso”. Ela explicou que ninguém é contra a feira, mas que o comércio ali precisa ser melhor gerenciado, dentro da lei.
Outra preocupação dos músicos é com a atual organização da feira, que cobra dos expositores e impede que o comércio ambulante, original, fique na praça. “Ou seja, é um evento que não tem nada a ver com a gente, mas que surgiu por causa da gente e que, hoje, de maneira ilegal, tenta impedir até que a esposa de um dos músicos possa vender brigadeiros. Esse loteamento de uma praça que é pública, sem autorização legal, não pode continuar”.
Por causa das reclamações e desentendimentos, no ano passado, no Dia Nacional do Choro, em 23 de abril, quando Pixinguinha era homenageado, a Guarda Municipal tentou proibir a roda de choro. Foi necessária uma intermediação, por meio de vereadores.
Para resolver os problemas, foi criado um grupo de trabalho entre a prefeitura, moradores, músicos e trabalhadores da praça, com a participação da Câmara de Vereadores. A partir daí, para garantir a permanência da roda, surgiram os projetos de lei para tombar a “Arruma o coreto”, apresentados pelo município e pelo governo do Estado.
O deputado estadual Waldeck Carneiro, autor de um dos projetos, argumenta que o choro na São Salvador é um exemplo de atividade que revitaliza praças públicas. “A praça é um local de encontro, de convivência, do qual as pessoas devem se apropriar”, disse. A expectativa dele é que o projeto de tombamento imaterial, em nível estadual, seja votado até 23 de abril deste ano. “O choro está na cultura desta praça”, acrescenta o vereador Reimont, também autor de um projeto.
A prefeitura informou que, por enquanto, “reordenará” a feira de maneira que “exageros que geram reclamações sejam coibidos”. Entre as medidas, está o recadastramento de feirantes. “A gente tem todo interesse em ficar, em trabalhar, em conseguir nosso sustento”, disse um dos 70 expositores, que preferiu não se identificar. “Estamos aguardando os documentos.”
As discussões entre moradores, trabalhadores da praça, em defesa da organização das atividades na São Salvador, é feita aos domingos, paralelamente à roda de choro e à feirinha, na própria praça. (Agência Brasil)
Lançamento de clássicos em plataformas digitais vai de Dolores Duran a Sidney Magal
January 20, 2018 10:34A Universal Music está lançando mais um pacote de álbuns clássicos de vários gêneros da música popular brasileira, pela primeira vez no formato digital, em plataformas como Spotify, Deezer, Apple Music e outras.
Os lançamentos começam com Dolores Duran, que mostra seu ecletismo em "A Noite de Dolores", em que aparece cantando em francês, inglês, espanhol e, claro, em português.
A paraibana Elba Ramalho surge com "Felicidade Urgente", trabalho que conta com as participações especiais de Claudio Zoli, Sandra de Sá, Lulu Santos e Oswaldinho.
Da série "MPBC" (Música Popular Brasileira Contemporânea), quatro títulos são resgatados: os de Luiz Claudio Ramos, Stênio Mendes, Nivaldo Ornelas e Djalma Corrêa, grandes nomes da música instrumental.
No universo da axé music, os lançamentos incluem dois discos de Netinho (um deles com quatro versões do megahit "Milla") e de Margareth Menezes.
Um dos nomes mais importantes da bossa nova, Roberto Menescal, que festejou seus 80 anos em 2017, é lembrado com o irretocável "A Nova Bossa Nova de Roberto Menescal e Seu Conjunto".
Foram incluídos ainda discos ao vivo do Quarteto em Cy ("Resistindo") e Baden Powell ("Show/Recital"), além de um dos trabalhos mais importantes de Nana Caymmi, "Mudança dos Ventos".
A música sertaneja é representada pela dupla Marcos & Fernando e pelo Trio Parada Dura.
E a cigana "Sandra Rosa Madalena" é celebrada por Sidney Magal no estourado álbum de 1978.
Já a banda Os Paralamas do Sucesso marca presença com a compilação "Raridades", em que recria músicas de Jorge Ben Jor, Djavan, Gilberto Gil e Marcos Valle.
Emílio Santiago, uma das vozes mais bonitas da MPB, tem muitas de suas gravações antológicas reunidas no álbum "Coleção Obras-Primas".
A compilação "Sem Limite", por sua vez, apresenta álbuns com os grandes sucessos da rainha Alcione, incluindo "Não Deixe o Samba Morrer" e "Sufoco", e da banda Babado Novo, da época em que tinha como vocalista Claudia Leitte.
A cantora
January 19, 2018 16:06Carlos Motta
Há exatos 36 anos, no dia 19 de janeiro de 1982, o Brasil recebia, atônito a notícia de que Elis Regina havia morrido.
É difícil achar, no Brasil pós-anos 60, uma personalidade musical da altura de Elis.
Não só por ela ter sido uma excepcional cantora.
Mas também por causa de sua inteligência, sensibilidade, percepção - essas coisas que só os gênios têm.
Sem Elis, talvez não houvesse Milton Nascimento.
Ou Belchior.
Ou Renato Teixeira.
Ou tantos outros excelentes artistas.
Não haveria, também, os registros sonoros e visuais de suas performances - atuações que provam a capacidade do ser humano de superar limites, de romper barreiras, de ir além do imaginável.
Entre tantas preciosidades à disposição do público nesse imenso repositório de tesouros que é a internet, é difícil achar um que resuma o talento de Elis.
Sua interpretação de "Corsário", uma das mais belas canções da dupla João Bosco-Aldir Blanc - João Bosco, o renovador do samba, outra "descoberta" de Elis... - pode, entretanto, dar uma ideia da capacidade artística da gaúcha que, nos 36 anos em que viveu, iluminou, como uma estrela de primeiríssima grandeza, o palco glorioso da música brasileira.
Coisa linda...
Meu coração tropical está coberto de neve mas
Ferve em seu cofre gelado
E a voz vibra e a mão escreve mar
Bendita lâmina grave que fere a parede e traz
As febres loucas e breves
Que mancham o silêncio e o cais
Roseirais nova granada de Espanha
E por você eu teu corsário preso
Vou partir a geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar
Me arrastar até o mar procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
Mensagens por todo o mar
Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos
E as rosas partindo o ar
Nova granada de Espanha
E as rosas partindo o ar
"Canção Para Inglês Ver": como o genial Lalá reagiu à invasão americana
January 18, 2018 17:49Carlos Motta
Lamartine Babo, o Lalá, é um dos gigantes da música popular brasileira. O carioca morto aos 59 anos, em 1963, ficou conhecido por ter composto dezenas de deliciosas marchinhas de carnaval, que fazem sucesso até hoje, mas sua obra é muito maior: ele compôs sambas (Serra da Boa Esperança/esperança que encerra/no coração do Brasil/um punhado de terra..."), valsas ("eu sonhei que tu estava tão linda/numa noite de raro esplendor..."), e até uma opereta - embora não tocasse nenhum instrumento.
Compôs também hinos para os 11 clubes que disputavam, na sua época, o campeonato carioca, um mais bonito que o outro, uma façanha que por si só já o colocaria entre os gênios da MPB.
Foi craque também no rádio, mídia que, antes da TV, fascinava o Brasil, apresentando, durante muitos anos, o programa Trem da Alegria, junto com Yara Salles e Heber de Bôscoli - os três formavam o Trio de Ossos, que ficou famoso no país todo.
Gozador, trocadilhista, inquieto, Lamartine Babo soube como nenhum outro artista resumir a alma do carioca.
E, atento às mudanças que ocorriam no tempo em que viveu, foi um dos primeiros a perceber o impacto do "soft power" americano entre os brasileiros.
Em 1931 Lamartine lançou uma de suas músicas mais originais - ou malucas, ou cômicas, como queiram -, "Canção Para Inglês Ver", que tem uma letra aparentemente surrealista, mas que, no fundo, é uma crítica ao estrangeirismo que começava a tomar conta do Brasil - principalmente aquilo que vinha dos Estados Unidos, por meio dos primeiros filmes falados.
"Canção Para Inglês Ver", um foxtrote, ritmo nascido nos EUA, muito popular nos anos 30 do século passado, tem sido gravada até hoje - continua atualíssima.
Afinal, o Brasil de agora é muito mais americanizado que o de 87 anos atrás, quando ela foi lançada...
https://www.youtube.com/watch?v=USCS_EWv30g
Ai loviu
Forguétisclaine maini itapiru
Forguestifaive anderu dai xeu
No bonde silva manuel, manuel, manuel
Ai loviu
Tu revi istiven via catumbai
Independence la do paraguai
Estudibeiquer jaceguai
Ies mai glass, ies mai glass
Salada de alface
Flay tox mail til
Istandar oiu, forguet not mi, oi
Ai loviu
Abacaxi uisqui of chuchu
Malacacheta independence dei
No istriti flexi me estrepei
Elixir de inhame, elixir de inhame
Reclame de andaime, reclame de andaime
Mon paris jet'aime, sorvete de creme
Mai guerli gudi naiti, oi
Duble faiti
Isso parece uma canção do oeste
Coisas horríveis lá do faroeste
Do tomas veiga com manteiga
Mai sanduíche
Eu nunca fui paulo istrish
Meu nome é laska di clau
Jone felipe canar
Laiti andipauer companhia limitada iu
Zê boi iscoti avequi boi zebu
Lawrence tíbeti com feijão tutu
Trem da cozinha não é trem azul
Mai sanduíche
Eu nunca fui paulo istrish
Meu nome é laska di clau
Jone felipe canar
Laiti andipauer companhia limitada iu
Zê boi iscoti avequi boi zebu
Lawrence tíbeti com feijão tutu
Trem da cozinha não é trem azul
Show mostra o carnaval de Pixinguinha
January 18, 2018 9:34O Instituto Moreira Sales Paulista (Avenida Paulista, 2424, São Paulo), promove, dia 28 de janeiro, às 16 horas, o show "O Carnaval de Pixinguinha", com Fabiana Cozza e o Cordão Carnavalesco Assim é que é.
O espetáculo dá sequência às rodas de choro e samba que são realizadas no local todo último domingo do mês. É um evento gratuito no térreo, com lugares limitados. A distribuição de senhas é feita 30 minutos antes das 16 horas.
Com sambas, choros e maxixes, o espetáculo é inspirado na publicação homônima lançada pelo IMS, que consiste em uma caixa de partituras de diferentes compositores com arranjos escritos na década de 50 por Pixinguinha. Formado por mais de 10 músicos, o grupo inclui dois trompetes, flauta/flautim, clarinete, bombardino, tuba, banjo, quatro percussionistas e voz.
O repertório do espetáculo "O Carnaval de Pixinguinha" traz os arranjos originais do autor para sambas, choros, maxixes e polcas interpretados na formação original concebida pelo mestre, misturando músicas instrumentais e vocais.
1. Bebê (Paulino do Sacramento) - maxixe
2. Cigana de Catumbi (J.Resende) - maxixe
3. Morcego (Irineu de Almeida) - maxixe
4. Cristo nasceu na Bahia (Sebastião Cirino/Duque) - samba/voz
5. Ai, eu queria (Pixinguinha/Vidraça) - samba/voz
6. Mulher cruel (João da Bahiana) - samba/voz
7. Gavião calçudo (Pixinguinha) samba/voz
8. Assim é que é (J.Resende) - polca
9. Dando topada (Pixinguinha) - maxixe
10. Flor do abacate (Alvaro Sandim)/ Castanha (Pixinguinha)/ Já te digo (Pixinguinha) - choros
11. Urubu e o gavião (Pixinguinha)- - choro
12. Bengulê (Pixinguinha) - samba/Fabiana Cozza
13. Yaô (Pixinguinha) - samba/Fabiana Cozza
14. Adeus, Morena (Gastão Viana) - samba/voz
Bis: Pelo telefone (Donga) - samba/voz
Formação do grupo:
Leandro Cândido (flauta e flautim)
André de Almeida (clarinete)
Rubens Antunes (trompete)
Marcos Martins (trompete)
Phillips Thor (bombardino)
Marcos Tudeia (tuba)
Henrique Araújo (banjo)
Yves Finzetto, Douglas Alonso, Alfredo Castro e Rafael Toledo (percussões)
Fabiana Cozza (voz)







