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Segundo Clichê

febrero 27, 2017 15:48 , por Blogoosfero - | 1 person following this article.

Django, Stéphane, Jimmy, Piracicaba

noviembre 24, 2017 12:32, por segundo clichê


Carlos Motta

Lá pelo fim dos anos 70 ou início dos anos 80 do século passado, na então calma Jundiaí, eu cumpria uma rotina semanal que rendeu saborosos frutos para a minha educação artística: ia até uma banca de jornais no centro da cidade pegar os fascículos de música editados pela Abril. O jornaleiro os guardava para mim, religiosamente, e foi graças a ele que pude completar minhas coleções de música erudita, popular brasileira, de ópera e de jazz.

Tenho os fascículos até hoje - considero-os uma preciosidade da qual não me afastarei até o fim da vida.

Foi por intermédio deles que fiquei conhecendo a obra de inúmeros artistas geniais, brasileiros e estrangeiros, que vestiam fraque ou bermuda, carregavam uma batuta ou um tamborim, soltavam a voz num estrepitoso dó de peito ou a usavam como uma extensão de sua respiração - para mim, até hoje, música é tanto Pavarotti como João Gilberto, Vicente Celestino e Dick Farney, Maria Callas e Elizeth Cardoso, Beatles e Hermeto, Lamartine Babo e Muddy Waters, Pixinguinha e Bach, razão e emoção.

E foi num dos fascículos da coleção de jazz que escutei, pela primeira vez, o violão mágico de Django Reinhardt e o violino celestial de Stéphane Grapelli, os dois brincando de quem é capaz de humilhar mais os pobres ouvintes, os ordinários servos da grande ordem da música universal.

Certa noite, uma gloriosa noite, vi, com esses olhos que a terra há de comer, e ouvi, com esses ouvidos hoje tão infectados pela algaravia do mundo, um já septuagenário Grapelli deixar uma plateia de, sei lá, umas mil e tantas pessoas, embasbacada com as notas que tirava de seu violino, numa das primeiras edições do Free Jazz Festival, em São Paulo.

O homem tocava como se estivesse fazendo a coisa mais natural do mundo, como se, por exemplo, fosse eu batendo um papo com algum amigo de longa data num botequim mais que conhecido.

Anos e anos depois, com a internet já dominando a vida de todos nós, fiquei sabendo da existência de um tal de Jimmy Rosenberg - e lá vou eu ao YouTube para me maravilhar, novamente, com a capacidade que o ser humano tem para fazer coisas extraordinárias.

Dali em diante, foi difícil segurar o fascínio por esse ritmo alegre e espontâneo, que permite aos executantes demonstrar todo o seu virtuosismo, a sua técnica e sensibilidade.

Faltava apenas ver e ouvir, de perto, ou como dizem, ao vivo, o pessoal se esbaldar nos improvisos, se lambuzar nas deliciosas melodias, e se remexer com a batida hipnótica daquilo que se rotulou de "jazz cigano".

Hoje não falta mais, graças a essa turma que promove o Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, uma pérola artística que ficará guardada num compartimento especial do meu cérebro por muito tempo.

Dizer que passei algumas horas de puro êxtase no Engenho Central é pouco.

Mais que isso, devo confessar, assistir ao festival foi como me deixar levar pelo rio Piracicaba, que corria a poucos metros do palco, num fluxo ininterrupto de força e beleza.

Naquele momento tive a certeza de que, pelo exemplo da arte, o homem pode superar preconceitos e fazer um mundo melhor - um mundo como, só para deixar bem claro, essa obra-prima chamada Minor Swing, perfeita combinação entre ritmo, melodia e harmonia, ou, se preferirem, entre o desejo, a realidade e a esperança.

(Publicado originalmente no site do Hot Club de Piracicaba)



Fabiana Cozza sobe ao palco para cantar Bola de Nieve

noviembre 24, 2017 11:19, por segundo clichê


Com roteiro e direção de Elias Andreato, o espetáculo "Fabiana Cozza Canta Bola de Nieve" destaca a obra do pianista, cantor e compositor cubano, nascido Ignácio Jacinto Villa Fernandez (1911-1971). Ele será apresentado no dia 1º de dezembro, às 21 horas, no Sesc Santo Amaro, em São Paulo.

Bola de Nieve foi um dos maiores nomes da música cubana: discriminado em seu país por ser homossexual, reinou absoluto em países como México (onde viveu), Espanha e toda a América Latina. 

Fabiana Cozza é uma das melhores intérpretes da atualidade. No show, com as músicas de seu novo CD, "Ay amor!", ela será acompanhada pelo pianista Pepe Cisneros.

No repertório estão composições de Bola de Nieve, como a faixa-título, e canções de nomes como Virgilio Expósito e Homero Expósito (“Vete de Mí”), Margarita Lecuona (“Babalú”) e María Grever (“Alma Mía”). O disco nasceu do registro musical do espetáculo Canto Teatral para Bola de Nieve, de Elias Andreato (que também assina o roteiro e a direção do álbum "Ay amor!", apresentado pela primeira vez por Fabiana Cozza e Pepe Cisneros na Galeria Olido (em São Paulo), em 2016. Nesse mesmo ano, depois de outra temporada de shows – dessa vez na Casa do Choro (no Rio de Janeiro) –, “o trio” foi convidado pela Biscoito Fino para gravar as canções do trabalho. 

“Ay amor! fala dos amores impossíveis que o Bola de Nieve cantava. A ideia é que eu represente a alma feminina e o alter ego dele”, diz Fabiana. “Nós imprimimos no disco toda a dramaticidade que conseguimos no palco. As pessoas se emocionam profundamente. É como se elas se reportassem para aquilo que estou dizendo.”

Segundo Fabiana, "Ay amor!" é ainda poético, atual e revolucionário, já que traz à tona não só a beleza e a complexidade da obra de Bola de Nieve, mas também a sua coragem em se apresentar perante uma sociedade à época muito conservadora e racista, fazendo com que, assim mesmo, a sua arte sobressaísse. 



A voz dos invisíveis

noviembre 24, 2017 10:26, por segundo clichê




Carlos Motta

E lá se vão 35 anos da morte de um dos mais originais artistas populares do Brasil, o inconfundível Adoniran Barbosa, nascido João Rubinato na cidade paulista de Valinhos em 6 de agosto de 1910 e falecido em 23 de novembro de 1982 na capital paulista.

Muitos, mas muito mesmo, falaram e dissecaram a obra de Adoniran, ressaltando a revolução linguística de suas letras, que incorporaram, como nenhum outro, a maneira de se expressar do povo, essas pessoas comuns, batalhadoras do dia a dia, heróis anônimos da sobrevivência.

Adoniram, porém, fez mais: ao pôr em evidência em suas músicas o sujeito ordinário, esse ser quase invisível que, na verdade, é o grande protagonista histórico desta sofrida nação, ele acabou revelando todas as mazelas, toda a injustiça e desigualdade que amarram o país no atraso, ignorância e subdesenvolvimento.

Quantos Jocas, Charutinhos, Mato Grossos, Arnestos, Manés, Iracemas, Nicolas, Geraldas, quantas Malvinas, quantas tristes margaridas, existem ainda neste Brasil, à espera de uma vida menos sofrida, de uma oportunidade para melhorar o salário ou para conseguir um emprego?

E quantas vezes ainda os jornais noticiarão o que Adoniram colocou em seu "Despejo na Favela", um retrato cru de uma situação que, de certa forma, sintetiza este país?

Canta, Adoniran!

Despejo na Favela

Quando o oficial de justiça chegou
Lá na favela
E, contra seu desejo
Entregou pra seu narciso
Um aviso, uma ordem de despejo

— Assinada, seu doutor
Assim dizia a 'pedição'
"Dentro de dez dias
Quero a favela vazia
E os barracos todos no chão"

— É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior

— Não tem nada não, seu doutor
Não tem nada não
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão
Não tem nada não, seu doutor
Vou sair daqui
Pra não ouvir o ronco do trator

— Pra mim não tem 'probrema'
Em qualquer canto eu me arrumo
De qualquer jeito eu me ajeito
Depois, o que eu tenho é tão pouco
Minha mudança é tão pequena
Que cabe no bolso de trás

...Mas essa gente aí, hein?
Como é que faz?
Mas essa gente aí, hein?
Com'é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí
Como é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí, hein?!
Como é que faz?



Uma noite de samba em Campinas para ajudar quem precisa

noviembre 24, 2017 10:11, por segundo clichê


O grupo Samba de Gaveta apresenta-se no sábado, dia 2 de dezembro, a partir das 20 horas, no Alzirão Empório e Bar, em Campinas, com o objetivo de ajudar o Movimento Assistencial Espírita (M.A.E.) Maria Rosa a realizar a festa de Natal para os seus mais de 400 assistidos. Os ingressos para o “Samba Solidário” custam R$ 30 e o valor arrecadado será revertido integralmente para a entidade assistencial que atua há 50 anos na cidade, atendendo crianças, jovens e idosos na região dos Amarais.

Os ingressos podem ser pedidos pelos telefones (19) 9 9771-6735 (Vera Longuini), (19) 9 9978-2828 (Celina Dias) e (19) 9 9703-4438 (Regina Zorzetto) ou com os próprios integrantes do grupo (19 99773-7998). O Alzirão Empório e Bar fica na Avenida Barão de Itapura, 2365, esquina com a Rua Osvaldo Cruz (próximo ao Colégio Liceu).

Criado em 2012, o Samba de Gaveta é formado por Ronei Carnier (voz e violão de 6 cordas), Dino Palma (voz e cavaquinho), Pedro Piezzone, o Pezão (voz e violão de 7 cordas), Adilson Pontin (voz e ritmo), e Sinézio Shina (voz e ritmo). No repertório estão composições de sambistas e cantores que fizeram sucesso entre os anos de 1965 e 1985, como Benito Di Paula, Agepê, Originais do Samba, Tim Maia, Jorge Ben Jor e Clara Nunes.  

Conhecidos na noite campineira, os integrantes do Samba de Gaveta queriam iniciar um projeto filantrópico que unisse um evento cultural a uma boa causa. Procuraram um espaço que permitisse a apresentação do grupo para, no mínimo, 100 pessoas, e uma entidade assistencial que necessitasse de auxílio financeiro para alguma ação pontual.

De pronto, eles conseguiram o apoio do Alzirão para a cessão do espaço. Em seguida foram apresentados à presidente do M.A.E. Maria Rosa, Celina Dias, e conheceram a história e o importante trabalho social que a entidade realiza em Campinas.

“Não nos contentamos apenas com a qualidade do nosso repertório e com compromisso de divertir o nosso público. Também queremos usar as nossas habilidades para contribuir com a construção de uma sociedade mais justa e fraterna. O que temos a oferecer é a nossa música. Por isso, criamos o projeto “Samba Solidário” pelo qual ajudamos na arrecadação de recursos financeiros para que a entidade possa manter ou realizar os seus projetos em benefício da sociedade”, explica Shina.

Conhecido originalmente em Campinas como “Sopa do Grameiro”, o Movimento Assistencial Espírita (MAE) Maria Rosa é uma entidade beneficente criada em 1967 por Vandir Justino da Costa Dias (1933-1987), e por seu marido Carlos Adalberto de Carvalho Dias.

Desde agosto de 1978, a entidade promove o atendimento assistencial em sua sede na Rua Vicente Palombo, 34, Jardim Campineiro, em Campinas. Os projetos promovidos pela entidade focam o desenvolvimento das potencialidades físicas, intelectuais, emocionais e sociais de seus assistidos, desde a infância até a terceira idade, por meio de ações educativas, esportivas e culturais, tornando-os agentes de transformação de suas vidas.



Itiberê, 50 anos na estrada da música universal

noviembre 23, 2017 14:22, por segundo clichê


Carlos Motta

Cinquenta anos atrás, Itiberê Zwarg começou a tocar contrabaixo no grupo de Hermeto Pascoal. A banda do "Campeão", como o genial multi-instrumentista alagoano é conhecido pelos amigos, mudou de formação várias vezes. Itiberê, porém, continua nela até hoje, ao mesmo tempo que desenvolve seu trabalho de compositor, arranjador, professor e líder de seu septeto e da Itiberê Orquestra Família, formada por alunos das oficinas de música que ministra pelo Brasil afora - uma prova de sua coerência artística.

Itiberê faz a música que gosta, essa que foi batizada por Hermeto de "música universal", que é, como explica o baixista, nada mais, nada menos, que "a síntese de todas as manifestações musicais que existem".

E se essa música não toca tanto no rádio o quanto deveria, pela sua qualidade, ela tem sido capaz de, segundo Itiberê, "lotar nossos concertos" e fazer com que as pessoas saiam deles "flutuando numa atmosfera de viagem que não precisa de estímulo de droga nenhuma". 

O mais recente exemplo disso que Itiberê fala é o seu novo CD, “Universal Music Orchestra - Itiberê Zwarg & UMO Feat Hermeto Paschoal”, lançado pelo selo Biscoito Fino e disponível em lojas físicas e plataformas digitais. 

O disco, que comemora os 50 anos de carreira do músico, é um registro de um projeto especial em 2015, com a Universal Music Orchestra, uma das mais importantes big bands da Finlândia. Itiberê ficou dez dias na capital do país, Helsinque, convivendo com os músicos de lá. O resultado é esse novo trabalho, com 13 músicas, 12 suas - a exceção é o clássico "Autumm Leaves" -,  gravadas em apenas três dias, com a participação especial de Hermeto.

"Nem bem foi lançado nas plataformas digitais, recebi muitos elogios, curtidas e compartilhamentos", diz Itiberê na entrevista que deu ao blog. "Está sendo a vitrine que eu precisava para mostrar meu trabalho com essa linguagem de forma universal."

"Eu sou muito otimista e tenho certeza de que apesar de convivermos com essa estrutura comercial, que com suas garras tenta dominar tudo, mais ou menos como os traficantes fazem com as pessoas, a música se impõe sobre todas as dificuldades, porque o público, que é nossa razão de existir, cada vez mais quer separar o que é do que não é arte verdadeira", diz Itiberê.

Que assim seja. 

Com a palavra, Itiberê:

Segundo Clichê - Como você vê o cenário da música popular instrumental no Brasil?

Itiberê Zwarg  - Primeiramente, acho que tenho que falar que o termo “popular instrumental” não retrata o que acontece na nossa cultura musical, e explico por quê: no século XX, a música no mundo evoluiu muito sob o ponto de vista harmônico, rítmico, melódico e técnico, num nível que não fica atrás daquela que é chamada “música erudita”, e algumas das vezes a suplantou nos quatro quesitos citados. Acho que temos que acabar com essas divisões, como se fossem os  partidos políticos de hoje, ou seja se você é de um, não pode trafegar pelo outro e vice-versa. Daí surge o campeoníssimo Hermeto Pascoal com sua genialidade e nos apresenta a “música universal”, que é a síntese de todas as manifestações musicais que existem. Agora, isso tudo não tem nada a ver com a música que é veiculada nas rádios, televisões etc. Essa reage aos estímulos da grana que os produtores querem ganhar, e muito poucos trabalhos desses podemos chamar de arte, pois visam tão e somente a grana fácil. Por outro lado, te digo que nossos concertos estão sempre lotados e as pessoas costumam sair deles flutuando numa atmosfera de viagem que não precisa de estímulo de droga nenhuma. O Brasil é um celeiro de grandes talentos, e nesse sentido o cenário da música aqui no Brasil está muito bem. Também existem alguns bons produtores, que fazem o público ter a oportunidade de assistir (e nós de tocar) a grandes concertos, como por exemplo o SESC, Sesi, festivais de jazz e alguns clubes de jazz, onde se pode apresentar trabalhos de qualidade. 
Eu sou muito otimista e tenho certeza de que apesar de convivermos com essa estrutura comercial, que com suas garras tenta dominar tudo, mais ou menos como os traficantes fazem com as pessoas, a música se impõe sobre todas as dificuldades, porque o público, que é nossa razão de existir, cada vez mais quer separar o que é do que não é arte verdadeira. Sempre existirão os incautos e ainda não conectados que a gente com paciência e carinho vai catequizando com o som. Viva a música universal!

Segundo Clichê - O que seria preciso para que a música instrumental alcançasse um público maior?

Itiberê - Que mais irmãos em som acreditem que só a nossa resiliência em fazer arte poderá desenvolver esse nicho cultural que orgulha a todos nós brasileiros, por sua excelência, e que é aplaudida em todo o mundo.

Segundo Clichê - Por que, na sua opinião, em muitos casos, a música brasileira é mais apreciada no exterior do que no seu próprio país?
Itiberê - Ainda por culpa desse mercado cruel para com a arte e para com o público. Em tudo o mundo existe esse mercado, mas como eu tive a oportunidade de estar em vários países mundo afora, pude constatar que aqui ele é muito cruel -  com raras exceções.

Segundo Clichê - Como tem sido o trabalho com as suas oficinas?

Itiberê - As “Oficinas da Música Universal” são uma das alegrias que tenho, pois elas são a base de tudo o que fiz e faço. Em 1999 comecei a fazê-las, primeiro na escola Villa Lobos, depois na Pro-Arte Maracatu Brasil e agora na Escola de Música da Praia de Botafogo - EMPB, e de forma itinerante, por todo o mundo, como  Nova York, Paris, Bogotá, duas vezes, Santa fé, na Argentina, Buenos Aires, Punta Ballena, no Uruguai, Tóquio, e por todo o Brasil. Tenho podido direcionar muitos jovens talentos que dignificam nossa arte musical. Eu tenho uma "máxima" que é: “Eu não formo ninguém para o mercado de trabalho, eu os tiro de lá.” Atualmente, tenho feito inovações que são muito boas: trata-se de fazer um trabalho - composição, arranjo, que componho ao vivo na presença dos alunos, que assim vivenciam o processo de criação -, e depois de tocado e amadurecido, entramos no estúdio e gravamos o que foi produzido. O resultado é espetacular, com todos tendo a oportunidade de olhar o que ficou bonito e o que não ficou bom, também, e onde se pode melhorar, assim fazendo uma  bem-vinda autocrítica, que sempre será a mola do desenvolvimento.

Segundo Clichê - Fale um pouco sobre como foi a sua agenda neste ano, os projetos futuros, sobre o seu novo disco.
Itiberê - Este ano tem sido um ano de ricas colheitas do que foi plantado já há muito tempo e estou muito feliz com isso. Dentre o que aconteceu, destaco minha viagem ao Japão com o Hermeto Pascoal & Grupo, onde fizemos quatro lindos concertos e onde tive a oportunidade de fazer cinco oficinas, sendo uma delas com crianças, que foi um lindo aprendizado para mim. Consegui fazer uma interação muito rica com as crianças tocando livremente, assim como estamos acostumados a ver as crianças rabiscando desenhos no papel. Elas tiravam sons dos instrumentos que tinham disponíveis. Ao final respondi a algumas perguntas das mães e uma em especial foi marcante. A mãe me perguntou: "Será que minha filha tem que ter aulas regulares em escolas aos cinco anos?" No que lhe respondi que não, pois nessa idade a música tem que ser lúdica e sem cobranças de resultados, somente o brincar com os sons. Ela me agradeceu aliviada, e eu entendi que na cultura deles isso é comum. Começa-se muito cedo a aprender a técnica e outras coisas. Logo chegando de volta ao Brasil, gravamos o CD “No Mundo Dos Sons”, com o  Hermeto Pascoal & Grupo, pelo selo SESC, que está sendo uma linda realização. O Ajurinã Zwarg, que está presente desde a primeira oficina, que se tornou a Itiberê Orquestra Família em 1999, fez também nesse CD sua estréia como baterista e saxofonista. Neste ano meu grupo ganhou um novo integrante, que é o jovem e talentoso Raphael Santos, de 18 anos, que toca violão, piano, sax tenor e flauta, e que irá estrear em CD no próximo trabalho que faremos, em fevereiro de 2018, pelo selo SESC. No momento preparamos o repertório com carinho e alegria. Este ano recebi proposta do produtor Joe Jotle, de Londres, que já foi aceita, de relançar o primeiro CD da Itiberê Orquestra Família, “Pedra do Espia” em dois formatos, CD e LP. O Ruy Pereira está fazendo a capa e logo mais estará sendo lançado. Também neste ano minha filha Mariana Zwarg, que já toca comigo desde o CD “Calendário do Som”, da Orquestra Família, teve um lindo convite para atuar com um sexteto em alguns festivais europeus, onde homenageou os 80 anos de seu padrinho, Hermeto Pascoal, com um supersucesso, tanto que foi convidada a voltar no próximo verão. Isso com meus filhos é para mim uma das alegrias da vida, ou seja: papai do céu me deu essa responsabilidade não só como pai, mas como quem produz oportunidades de desenvolvimento musical. Agora tenho que falar do CD “Universal Music Orchestra - Itiberê Zwarg & UMO Feat Hermeto Paschoal”, que fecha o ano das minhas colheitas. Foram dias memoráveis os que passei em Helsinque, na Finlândia, ensaiando, me apresentando no festival, e em seguida gravando em apenas três dias todo o repertório, com a participação do mestre Hermeto, da minha filha tocando flauta piccolo. Está sendo a vitrine que eu precisava para mostrar meu trabalho com essa linguagem de forma universal, contando com o leve sotaque de quem está acostumado a tocar jazz, mas podendo levar uma infinidade de matizes que eles nunca imaginaram tocar. O resultado foi excelente. Esse trabalho foi mixado em Amsterdã pelo Paul Pouwer e por mim. Está sendo lançado pela gravadora Biscoito Fino, que abraçou o projeto. Tenho recebido depois lançamento virtual pelas plataformas digitais inúmeros elogios ao trabalho, o que me deixa muito feliz. Quanto ao futuro, primeiramente tenho que plantá-lo para depois colher o que foi trabalhado. Parte grande de tudo o que tenho recebido se volta para o plantio, no dia a dia dos ensaios, composições e arranjos, com meu septeto e minhas oficinas.

Segundo Clichê - E a internet, ajuda ou não a difusão do trabalho do músico?

Itiberê - Sim, ela ajuda e muito. Na internet, todos têm oportunidades de se colocar, o que a torna um veículo de comunicação verdadeiramente democrático, mas é claro que iremos ouvir de tudo. À medida em que as pessoas aprendem a peneirar suas escolhas do que ouvir, poderão ter o que mais gostam sempre, e a qualidade artística vai sobrar.
Antes da internet, a maioria das gravadoras produzia e dava atenção ao que lhes daria resultados imediatos, e um músico “alternativo”, se é que podemos chamar assim, não era cotado por não oferecer perfil de sucesso imediato, e então era muito mais difícil se colocar naquele contexto. Agora, poucos dias depois do lançamento do “Itiberê Zwarg & UMO”, recebi 500 curtidas e não sei quantos compartilhamentos nas mídias sociais. Através delas meu trabalho está chegando para todos em todos os lugares do planeta, e isso é bom, não é? Também por causa da rapidez que os e-mails correm, podemos agendar com antecedência e segurança os futuros concertos. Os e-mails servem como documento válido.

Ouça o novo disco de Itiberê Zwarg:

iTunes: http://apple.co/2jpDwfm

Spotify: http://spoti.fi/2zEFLS2

Apple Music: http://apple.co/2zHa22J

Deezer: http://bit.ly/2AHTnJr

Google Play: https://goo.gl/VD48oz


Napster: http://bit.ly/2zHnDqN



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