Ir al contenido

Motta

Full screen

Segundo Clichê

febrero 27, 2017 15:48 , por Blogoosfero - | 1 person following this article.

O Mundo Bizarro vai engolindo o Brasil

julio 21, 2017 10:26, por segundo clichê


Li muito gibi quando era moleque.

O primeiro deles foi o Pato Donald, que meu pai, o saudoso capitão Accioly, comprava toda semana, religiosamente. 

Tenho até hoje, guardados, vários exemplares da revistinha, e também do Zé Carioca, lançado algum tempo depois do Pato.

Com mais idade, descobri outros gibis, de faroeste e super-heróis.

Enchi uma Cesta de Natal Amaral - alguém se lembra dela? - com as revistas, que depois de reler várias vezes, trocava por outras com os amigos de então.

Suportava as missas dominicais das 11 horas, na Catedral Nossa Senhora do Desterro, em Jundiaí, interior paulista, para as quais ia levado por minha mãe, porque sabia que depois seria recompensado pela visita às quatro bancas de revistas, ao lado da igreja, que exibiam as maravilhas do mundo de fantasia que toda criança frequenta.

Foi nas páginas do Super-Homem que conheci um desses universos surpreendentes. 


Não, não foi Krypton, a terra natal do herói, mas sim o extraordinário Mundo Bizarro, um planeta simetricamente oposto à Terra, até mesmo no comportamento de seus habitantes.

O Super-Homem de lá era um vilão de meter medo, e Lex Luthor, pasmem, era bonzinho!

Os anos se passaram, e, com a triste realidade de nosso dia a dia, o Mundo Bizarro se apagou de minha memória - assim como toda a fantasia do universo dos super-heróis, xerifes, detetives, patos e ratos falantes.

E tudo corria no ritmo dos homens ordinários, até que, para minha surpresa, descubro que o Mundo Bizarro existe, sim, não é apenas uma criação dos estúdios da DC Comics - ele está aqui, no Brasil, camuflado em praticamente todas as suas cidades.

Qualquer um de nós, com um pouco de atenção, é capaz de descobrir os "bizarros".

Eles geralmente se vestem bem, usam roupas de grifes caras, ternos bem cortados, se locomovem em carrões, principalmente SUVs com vidros escuros, raramente se misturam com os terráqueos, e ocupam altos cargos, seja na administração pública, seja na chamada iniciativa privada.

Têm, também, a característica de dizer uma coisa e fazer outra. 

Aparentemente, estão do lado da lei, são caridosos, religiosos, têm a fala suave - são, em resumo, homens de bem.

Dissimulados, enganam muita gente.

Volta e meia, porém, alguns deles são apanhados fazendo as suas maldades. 

Alguns são punidos, mas a maioria se livra de qualquer pena.

É que no Brasil de verdade, esse imenso país de tantas e tão profundas injustiças, o maior poder de um super-herói não é voar, nem ficar invisível ou ter uma força sobre-humana para combater o crime - é simplesmente ser capaz de sobreviver.

O Mundo Bizarro cresce, se espalha e vai tomando conta do Brasil. (Carlos Motta)



O novo esporte que alucina as multidões

julio 20, 2017 10:35, por segundo clichê


De uns tempos para cá o futebol deixou de ser o esporte mais popular do Brasil.

Ainda tem, é claro, muitos torcedores fanáticos, capazes de fazer as maiores loucuras.

Conheci, no velho Estadão, um corintiano que, provocado por mim, que lhe perguntei o que faria se abrisse o jornal de manhã e lesse uma manchete dizendo que o Corinthians tinha acabado, respondeu, curto e grosso:

- A minha vida também acabava naquele momento.

Logo depois, em voz baixa, tomado pela emoção, fez uma confissão surpreendente:

- O Corinthians é a coisa mais importante da minha vida, mais importante que a minha mulher, que meus filhos...

Pois bem, acredito que ainda existam no Brasil pessoas como esse meu antigo colega. 

Mas o esporte que mais tem fascinado os brasileiros atualmente é esse dedicado a caçar os variados tipos de corruptos que infestam a sociedade. 


Não passa um dia sem que um nome de um novo mestre em corrupção seja revelado, para orgulho de todos nós, que desejamos ver o Brasil sempre entre os primeiros do mundo seja lá no que for.

É um tal de "fulano roubou R$ 100 milhões", "sicrano tinha 20 contas na Suíça", "beltrano cobrava propina até da merenda escolar"...

Uma maravilha!

E o povo acompanha com ansiedade os lances desse jogo, faz as suas apostas, torce com paixão, sofre quando vê o seu corrupto preferido ser ultrapassado por um novato qualquer, que se insinua, como quem não quer nada, entre os preferidos, veteranos já testados e aprovados em todos os tipos de pilantragem.

Há também, como no futebol, os juízes, que a exemplo dos jogadores, têm seus fãs.

Alguns até viraram celebridades, estão sempre dando entrevistas, recebem prêmios diversos, são convidados para expor seus vastos conhecimentos não só sobre as regras do jogo, mas sobre esse fantástico universo da corrupção.

Essa nova febre nacional, ao contrário de outras modinhas, parece que veio para ficar.

Há um esforço das autoridades para que a prática do esporte seja ampliada, mesmo com o risco de que, de tanto que se espalhe, ele seja desvirtuado e acabe incluindo corruptos não tão corruptos, meros aprendizes, ou simplesmente gente honesta.

Outro perigo que ronda a recém-criada liga nacional de caça aos corruptos é a notícia, ainda não confirmada por fontes oficiais, de que existem juízes comprados - ou vendidos, depende do ponto de vista -, que têm os seus corruptos preferidos, e fazem questão de ignorar outros tão ou mais pilantras que os queridinhos do público.

Se isso for verdade, o escândalo será tão grande que pode comprometer a continuidade desse esporte - para alívio do futebol e infortúnio da Rede Globo de Televisão, que está investindo pesado nele. (Carlos Motta)



Temer faz do Brasil um capitalismo sem ossos

julio 19, 2017 16:14, por segundo clichê

A destruição do Estado brasileiro realizada pelo governo Temer é avassaladora e inédita. A cada semana que se passa, novos desmontes aprovados a toque de caixa por um congresso manchado por inúmeras denúncias de corrupção e que negocia cargos e verbas com um governo ilegítimo que se orienta apenas pelos interesses do mercado financeiro.

Nos últimos dias, além de esfacelar a CLT e lançar dezenas de milhões de brasileiros à incerteza, de propor a regularização de 350 mil hectares de terras griladas na Amazônia (um presente de R$ 500 milhões!), de avançar com o desmonte da Petrobras, ficamos sabendo agora que, em plena recessão, o BNDES reduziu em 17% o volume total de empréstimos no primeiro semestre de 2017 e que o crédito para o setor industrial voltou ao nível dos anos 1990, com uma queda de 42% sobre o mesmo período do ano passado.


Claro que entre os repetidores de sinais que sobram na grande imprensa a ordem é dizer que por conta da crise é hora de “botar a casa em ordem”, “cortar os excessos” e assim em nome da “austeridade” reestabelecer a “confiança” do investidor.

Não custa lembrar, porém, que como bem revela o oportuno Livro Verde do BNDES, em um capítulo especialmente dedicado à gravíssima crise de 2008-2009 (veja nas páginas 24 e 25), naquela ocasião o governo Lula agiu no sentido inverso, não só evitando o aprofundamento da crise, como alavancando uma rápida recuperação da economia que levou a um crescimento de 7,5% do PIB já em 2010.

Entre muitas outras medidas anticíclicas que foram tomadas à época (redução de 5 p.p da taxa Selic; liberação de recursos do compulsório bancário; expansão dos investimentos no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida (MCMV); redução de tributos como o IPI, IOF PIS/Cofins e utilização dos bancos oficiais para expansão das operações de crédito da economia), durante o período mais crítico daquela crise os desembolsos do BNDES saltaram de R$ 79,8 bilhões em agosto de 2008 (no acumulado em 12 meses) para R$ 136,4 bilhões no fim de 2009, enquanto as aprovações de novos empréstimos seguiram a mesma dinâmica, saindo R$ 109,8 bilhões para atingir R$ 170,2 bilhões no mesmo período.

Consequentemente, em vez de colher mais recessão e desemprego como ocorre hoje, sob a corajosa liderança do presidente Lula, a economia reagiu de forma rápida e exitosa. A produção industrial, que havia caído quase 20% no último trimestre de 2008, voltou a crescer aceleradamente já a partir de janeiro de 2009, da mesma forma que o PIB, medido pelo IBC-Br, depois de levar um tombo de quase 8% entre setembro e dezembro de 2008, voltou ao nível pré-crise já em dezembro de 2009.

Infelizmente, contudo, a despeito desses e muitos outros números do Livro Verde que reafirmam de forma contundente a vital importância do BNDES para o desenvolvimento produtivo nacional, nada indica que o presidente Temer e muito menos o ministro Meirelles serão demovidos da ideia de seguir desconstruindo os pilares do Estado brasileiro, pois atendem a outros interesses que não os do conjunto da nação. (Marcelo P.F.Manzano/Fundação Perseu Abramo)



Protagonismo internacional do Brasil agoniza depois do golpe

julio 19, 2017 16:09, por segundo clichê

Dois acontecimentos mostraram o arrefecimento crescente da política externa brasileira: a pouca representação do país no Fórum Acadêmico do Brics e a emenda para mudar o nome da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Ambos os fatos decorrem de uma vontade das forças que estão no poder para entregar o Brasil de bandeja aos países centrais, tornando-o um ator pequeno no cenário mundial, submisso e omisso frente às vontades imperialistas.

Um dos pontos altos durante os governos de Lula e Dilma foi, sem dúvida, o projeto de política externa. Tendo como eixos principais a integração latino-americana e as relações no chamado Sul global, a política externa projetou o Brasil para o mundo, tornando-o um importante player mundial. Vimos a refundação do Mercosul, a criação da União de Nações Sul-americanas (Unasul), do Brics e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), além da institucionalização da Unila que seria um mecanismo para integrar os estudantes da América Latina e, assim, promover o intercâmbio de conhecimento na região.

O Brics tornou-se um importante canal entre Brasil, Rússia, China e África do Sul para coordenação das atuações desses países em outras instâncias como, por exemplo, o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ademais, em 2014 foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, o que fortaleceria economicamente a aliança entre esses emergentes.

Porém, depois da posse do governo golpista e das nomeações de atrapalhados títeres do PSDB para o Ministério das Relações Exteriores, o diálogo com o Sul vem perdendo força frente a uma priorização das relações com os países centrais, como os Estados Unidos e a União Europeia. Nesse sentido, durante o Fórum Acadêmico dos Brics, que ocorreu na China, entre os dias 10 e 12 de junho, a pouca participação brasileira foi sintomática. O Itamaraty e o “presidente” mandaram para o evento representantes de baixo escalão, que não articularam nenhuma estratégia para o fortalecimento do Brics, tampouco demonstraram algum projeto de política externa. (Luana Forlini/Fundação Perseu Abramo)



As esquecidas lições de história

julio 19, 2017 12:05, por segundo clichê



A Polônia vai destruir todos os monumentos "soviéticos", ou seja, os que glorificam o Exército Vermelho, que botou os nazistas para correr de lá.

A Polônia, é bom lembrar, teve um regime comunista, satélite dos soviéticos, depois da Segunda Guerra Mundial, que, como os outros do Leste Europeu, sucumbiu lá pelos anos 90 do século passado.

Hoje o país é capitalista, membro da Otan, alinhado aos Estados Unidos, e seu governo é francamente antirrusso. 

Verdade seja dita, poloneses e russos nunca se deram muito bem.

Talvez isso explique essa medida extrema de botar no chão os monumentos que exaltam as tropas soviéticas.

Mas se a gente for pensar um pouco, o que a Polônia está fazendo é simplesmente fraudar a história, apagar um episódio importante de sua vida.

Coisa feia, coisa que, a bem da verdade, quase todo mundo faz - a história não é sempre escrita pelos vencedores?

Quase da mesma forma que a Polônia, o Brasil não faz nenhuma questão de lembrar que há poucas décadas uma ditadura militar prendeu, torturou e matou um monte de gente que se opunha a ela. 


Durante 20 anos o Brasil teve um dos regimes mais fechados do planeta, com generais carrancudos e sombrios se revezando na presidência, um Congresso de araque, imprensa e arte censuradas, sindicatos pelegos, e todo o tipo de arbitrariedade contra quem ousasse falar mal do governo - ou simplesmente contra qualquer um de quem as "autoridades" não gostassem.

Torturadores, assassinos e psicopatas sádicos não foram até hoje, tanto tempo depois do fim da ditadura, punidos pelo que fizeram - uma anistia absurda perdoou os seus crimes, crimes contra a humanidade.

Pior - alguns deles posam como heróis, dão entrevistas desafiadoras, mentem de maneira descarada, e afrontam, com essas mentiras, a memória de todas as vítimas de sua crueldade.

Os brasileiros mais jovens não têm a menor noção do que foi a ditadura e do mal que ela fez ao país.

Ao contrário, muitos deles glorificam hoje uma figura abjeta como o deputado Bolsonaro, apoiador incondicional da ditadura, e que tem chances de se sair bem na eleição presidencial marcada para o próximo ano.

Dizer que um dos problemas mais graves do país é a educação, ou a falta dela, já se tornou um chavão.

Falta, porém, enfatizar que, se por um desses grandes acasos, o ensino se tornar realmente uma prioridade para os nossos governantes, ele deveria abrigar lições de história, não só aquelas de um passado distante, mas de uma época mais recente, cujos eventos ainda têm forte reflexo sobre a vida da nação. (Carlos Motta)



Motta

0 comunidades

Ninguno