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Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , par Blogoosfero - | 1 person following this article.

O baiano Edil Pacheco comemora em SP 50 anos de carreira

February 8, 2018 10:28, par segundo clichê


Edil Pacheco, um das referências do samba da Bahia, comemora seus 50 anos de carreira acompanhado pelo grupo Bambas de Sampa, liderado por Paulinho Timor e Paula Sanches, e com a participação de Dora e Carlinhos Vergueiro, em dois shows, nesta sexta-feira, dia 9, e no sábado, dia 10, no Sesc Santana, na capital paulista.

Edil é contemporâneo de alguns dos principais sambistas baianos, como os geniais Ederaldo Gentil e Batatinha. Ele começou sua carreira de compositor em meados da década de 60 do século passado, em Salvador. Em 1969, Eliana Pitman, então em pleno sucesso, gravou duas canções, "Fim de Tarde, em parceria com Luiz Galvão, e "Passatempo", em parceria com Batatinha e Cid Seixas. Em 1970, Jair Rodrigues  gravou em seu disco "Talento e Bossa" o samba "Alô Madrugada", que Edil fez em parceria com Ederaldo Gentil, que acabou fazendo sucesso em todo o Brasil.
 
Depois dessa gravação, outros importantes cantores gravaram músicas de Edil, como Gal Costa, Wilson Simonal, Alcione e Fafá de Belém. Em 1977 sai o seu primeiro disco, "Pedras Afiadas". Em 1982, Clara Nunes lança "Ijexá", composição que foi o maior sucesso de Edil Pacheco.

O baiano tem mais de 250 músicas gravadas e além de seu trabalho como compositor, ele também atua como produtor musical. 



A obra de Jacob do Bandolim, em oito capítulos

February 8, 2018 9:51, par segundo clichê


Uma notícia importante para quem gosta da música popular brasileira, e principalmente do choro: a Rádio Batuta, mantida pelo Instituto Moreira Salles, em parceria com o Instituto Jacob do Bandolim, celebra, com uma série de oito episódios, o centenário de um dos mais importantes músicos brasileiros, Jacob do Bandolim. Nascido em 14 de fevereiro de 1918, Jacob é nome central na história do choro e, portanto, personagem importante da vida musical do Instituto Moreira Salles, que preserva os acervos de Pixinguinha, Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga. O bandolinista foi grande intérprete e amigo de Pixinguinha. E teve papel decisivo na redescoberta da obra de Nazareth.

"Vibrações – O som de Jacob do Bandolim" aborda em oito capítulos, de cerca de meia hora cada, vários aspectos da vida e da música do carioca Jacob Pick Bittencourt, filho de capixaba com polonesa e que morreu de infarto com apenas 51 anos, em 13 de agosto de 1969.

Há o inovador, o virtuose, o rigoroso que não tolerava erros, o tradicionalista que torcia o nariz para novidades como a bossa nova, o arquivista que registrava tudo o que era tocado nos saraus feitos em sua casa e, acima de tudo, o intérprete e compositor de alta qualidade, influenciador de qualquer músico de choro que tenha surgido depois dele.

A série conta com as participações de Paulinho da Viola, Hamilton de Holanda, Déo Rian, Hermínio Bello de Carvalho, Izaías Bueno de Almeida, Fernando Dalcin e Sérgio Prata. E com vários trechos dos históricos depoimentos de Jacob ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Mais de 40 músicas são tocadas ao longo dos episódios.

Os responsáveis pelo documentário são músicos e estudiosos que conhecem profundamente o choro, em especial a obra de Jacob. Eles também são responsáveis, na Batuta, pelos programas Casa do Choro e Pixinguinha na Pauta.

Apresentação e roteiro: Pedro Paulo Malta
Concepção: Paulo Aragão, Marcílio Lopes e Pedro Aragão
Colaboração: Lucas Nobile
Edição: Filipe Di Castro
Apoio: Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro



Rec-Beat promove mistura de tendências musicais

February 7, 2018 17:50, par segundo clichê


O Rec-Beat realiza sua 23ª edição entre os dias 10 e 13 de fevereiro no histórico Cais da Alfândega, durante os quatro dias do Carnaval no Recife, capital pernambucana, com acesso gratuito.   

Totalizando 24 atrações, o festival será palco para diversos lançamentos de discos e shows inéditos no Recife e também a estreia de artistas da Espanha, Argentina, França e Alemanha em solo brasileiro, sublinhando o propósito do Rec-Beat em apresentar as mais novas e ousadas propostas de diferentes cenas musicais.

Em sintonia com a multiplicidade estética da música contemporânea mundial, o line-up desta 23ª edição passeia entre as novas levadas do hip hop nacional à recriação da música latina. Vai da tradição secular das bandas de pífano do interior de Pernambuco aos sons digitais do brega funk da capital do Estado. Recebe show especial de pilares da música brasileira, ao mesmo tempo que projeta novos ídolos. Muito além de um “cardápio de novidades”, o festival convoca a escutar a pluralidade de nosso tempo e a derrubar os muros que dividem a música, aproximando estéticas inovadoras diversas — tudo isso no coração da festa carnavalesca, no centro do Recife.

Don L é um dos destaques do evento entre os nomes nacionais. Membro do influente grupo Costa a Costa, o rapper cearense fará sua estreia em um festival de grande porte. Ele apresenta o show de “Roteiro Para Aïnouz vol. 3”, álbum que analisa a condição do movimento hip hop no seu atual momento de mainstreaming com uma linguagem sonora única.

Erasmo Carlos fará o show de encerramento do festival, mostrando um repertório que combina os seus clássicos eternos com as novidades do álbum “Gigante Gentil”. O Tremendão ocupa a linha curatorial do festival que busca apresentar às novas gerações um nome icônico de relevância histórica da música brasileira — Mestre Vieira, Selma do Coco, Luiz Melodia, Dona Onete, Jards Macalé, Arrigo Barnabé e João Donato são alguns dos mestres que passaram pelo Rec-Beat.


Do Espírito Santo, a jovem Ana Muller representa uma nova cena de cantores-compositores de perfil acústico que fazem gravações em casa e conquistam seu público com circulação independente do tipo faça-você-mesmo. Seu primeiro EP, intitulado com seu nome, foi lançado pelo selo Garimpo, do grupo Brasileiríssimos, e revela a voz doce, interpretação intensa e sofisticação lírica.

Como painel da nova música do país, o festival reflete a fértil produção do rap brasileiro. Além de Don L, o Rec-Beat 2018 terá Rimas & Melodias, supergrupo que reúne as minas da vanguarda do hip hop em torno de cyphers (encontro de MCs em rimas conjuntas, como as rodas de freestyle) sobre a visibilidade das mulheres e cultura negra.


O trio feminino Arrete apresenta o show do seu primeiro disco “Sempre com a Frota”, uma mistura do rap e ragga com tempero regional. Diomedes Chinaski e Luiz Lins, dois dos maiores nomes do novo rap do Nordeste, farão no festival um show conjunto inédito, acompanhado pelo DJ e beatmaker Mazili.

Afrodiáspora


O festival também reflete a crescente produção de artistas que trabalham com a memória ancestral, o futuro e a reinvenção da cultura afrodiaspórica. Baiana radicada em São Paulo e vocalista do Aláfia, Xenia França lançará o disco “Xenia” no Rec-Beat. Em seu primeiro trabalho solo ela compõe um afropop eletrônico, embalada por ritmos percussivos de matrizes afro-brasileira, passando pela música eletrônica, jazz, samba-rock, yorubá e R&B.

A baiana Larissa Luz traz seu show explosivo e performático que funde trap, rap, dubstep, rock, samba reggae e ijexá sob influência dos movimentos afrofuturismo e afropunk. De sonoridade própria que desafia classificações, ela traz ao Rec-Beat o show de “Território Conquistado”, um álbum de dez faixas que homenageiam dez criadoras negras, como as cantoras Elza Soares e Nina Simone e a escritora Maria Carolina de Jesus, entre outras.

Em paralelo, Lucas Estrela promete fazer todo mundo dançar com as músicas de seu novo álbum “Farol”, que conta com participações de Felipe e Manoel Cordeiro. Combinando a guitarrada, carimbó e a lambada com elementos do pop eletrônico e influências do post-rock, o guitarrista e produtor musical é destaque do atual movimento de renovação da música paraense.


Pernambuco


Novos nomes da cena pernambucana também marcam presença no Rec-Beat 2018. MC Tocha é o maior expoente do brega funk, movimento musical da periferia do Recife. Ele incorpora em sua música elementos que vão do novo funk paulistano ao ragga, passando pelo forró eletrônico e hip hop. O MC sintoniza a música popular urbana global e a reprocessa sob sua perspectiva local, resultando em um som simples mas inventivo, cativante e, claro, altamente dançante.

Depois de um show histórico no Rec-Beat onde iniciou sua parceria com Liniker e Almério, Johnny Hooker vai entoar as canções de seu novo álbum, “Coração”. O disco marca a reinvenção artística do cantor ao flertar com samba e afoxé em músicas solares sobre a força do amor para resistir aos períodos turbulentos da vida.

Outro ídolo local, Otto vem apresentar “Ottomatopeia”, álbum influenciado por diferentes partes do mundo, desde o rock ao romantismo de Roberta Miranda e Reginaldo Rossi, passando ainda pela ancestralidade africana.

O show Frevália é um projeto do cantor Romero Ferro, que terá as participações de Michelle Melo (ícone da música brega recifense), Monique Kessous e Natália Matos. Trilhando o caminho da música pop de sonoridade oitentista, o show propõe uma releitura contemporânea do frevo em um repertório que passeia por clássicos da folia e canções de novos compositores como Isaar, Juliano Holanda, Adriana Calcanhoto, Thaís Gulin e Moreno Veloso.


Internacional


Na escalação internacional, o festival selecionou artistas de performance singular para deixar o público mesmerizado. O espanhol Javier Díez-Ena, da Espanha, mostra o show “Theremonial”, onde amplia de maneira inovadora as possibilidades do teremim, instrumento eletrônico russo da década de 1920.

Artista seminal da música eletrônica, Bernard Fevre apresenta o seu projeto Black Devil Disco Club. Nos anos 1970, ele iniciou seus experimentos com sintetizadores e música ambiente, e foi pioneiro ao criar uma versão eletrônica e cósmica da disco music no clássico cult “Black Devil Disco Club” (1978). O álbum abriu caminho para toda uma linhagem da música de pista francesa, décadas antes de medalhões como Daft Punk.

Direto da Patagônia, as argentinas do Fémina unem elementos de diferentes ritmos latinos, como cúmbia, candombe, rumba e bolero, com o groove do hip hop e funk. Vivendo entre Berlim e Istambul, a DJ Ipek é um dos nomes mais respeitados do circuito internacional de música eletrônica. Do funk psicodélico turco à música folclórica dos Balcãs, passando pelo reggaeton e eletrônica do oriente médio, seu som tem um estilo próprio, que ela define como “Eklektik BerlinIstan” .
 

Expansão

Além do palco principal no Cais da Alfândega, no Recife, 2018 foi mais um ano de expansão para o Rec-Beat, levando edições especiais do festival para novas cidades, no período pré-carnavalesco. Estreou em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, e no Ceará em Sobral e Fortaleza. Realiza também o projeto Rec-Beat Apresenta, em duas edições, novamente em João Pessoa e Olinda. Desta forma, o Rec-Beat consolida seu conceito artístico de promover a nova música brasileira em perspectiva mundial e fomentar um público curioso, atento e ávido por novidades.

O Festival Rec-Beat 2018 tem patrocínio da Prefeitura do Recife, incentivado pelo Governo de Pernambuco, Fundarpe, por meio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura - Funcultura, apoio da Slap, Copergás, Consulado da França no Recife, Bureau Export, Institut Français, Embaixada da França no Brasil, Ibermúsicas, Embaixada da Espanha, Consulado da Alemanha, Goethe-Institut, CCBA e CePE. App Oficial: PE no Carnaval. Mídias parceiras: Brasileiríssimos, Revista O Grito!, Revista Continente e Frei Caneca FM. O Spotify é o player oficial e a realização é da Rec-Beat Produções.



O artista, o golpe e a esperança

February 7, 2018 9:25, par segundo clichê




Carlos Motta

O violonista, compositor, arranjador e cantor Cláudio Jorge está na estrada há bastante tempo. No início de sua carreira acompanhou bambas como Ismael Silva e Cartola, e de lá para cá não parou: instrumentista muito requisitado, participou de vários shows no Brasil e exterior, além de atuar em inúmeras sessões de gravações nos discos de artistas como Sivuca, Martinho da Vila, Ney Matogrosso, Leny Andrade, Roberto Ribeiro, Clementina de Jesus, Alcione, Leila Pinheiro, Fátima Guedes, João Donato, Lecy Brandão, Carlos Lyra, Beth Carvalho, Ivan Lins, grupo Fundo de Quintal e João Nogueira - entre outros do mesmo quilate. 

Compositor afiado e inspirado, suas músicas foram gravadas por intérpretes do primeiro time. Emílio Santiago, Ângela Maria, Joana, Alaíde Costa, Zeca Pagodinho, Elza Soares, Roberto Ribeiro, Zezé Mota, Jorge Aragão, Martinho da Vila, Joel Nascimento, Sivuca e Luiz Carlos da Vila são alguns deles.

Entre seus parceiros estão, nada mais, nada menos, que Cartola, João Nogueira, Aldir Blanc, Nei Lopes, Hermínio Bello de Carvalho, Ivor Lancellotti, Délcio Carvalho, Luiz Carlos da Vila, Mauro Diniz, Wilson das Neves, Arlindo Cruz e Martinho da Vila. 

É um currículo e tanto, ao qual se somam quatro discos autorais da pesada, como se dizia antigamente - o quinto deve sair este ano. 


Toda essa experiência faz de Cláudio Jorge um dos nomes mais respeitados da MPB - e do samba, principalmente.

Esse respeito vai além da sua qualidade como artista. Estende-se ao Cláudio Jorge cidadão - um cidadão de opiniões políticas fortes, em defesa da democracia, da cultura popular, das tradições de sua cidade, o Rio de Janeiro, e de um Brasil melhor para todos.

"O golpe [que destituiu a presidenta Dilma Rousseff] dividiu de vez o Brasil e com a classe artística nāo poderia ser diferente", diz na entrevista que deu ao blog.

"Minha geração aprendeu como se constrói um golpe e a constatação de como nossa democracia é frágil. Entāo, por conta do que eu já assisti nestes 68 anos, eu digo que há saídas para o Brasil, sim, mas a longo prazo. O buraco é muito embaixo. O nível de destruição deste golpe de 2016, por exemplo, é muito alto", afirma em outro momento da entrevista, cuja íntegra vai na sequência:

O golpe que afastou a presidenta Dilma Rousseff teve consequências para a criação artística, principalmente para os músicos?
Cláudio Jorge - Na criação só posso falar por mim e no meu caso perturbou, sim, na medida em que o golpe não foi só na Dilma, foi em seus eleitores, uns mais, outros menos apaixonados. Eu tenho uma apaixonada por Dilma em casa, minha esposa. Todo o processo do impeachment colaborou muito para o infarto que ela teve, e consequentemente tivemos que lidar com tudo isso. Minha inspiração para criar canções ficou ocupadíssima em produzir crônicas e posts para o Face em defesa da presidenta, de Lula e etc. Então no meu caso a consequência principal foi deslocar a minha inspiração para outros meios, mas deixar de criar, jamais.

Os artistas, pelo menos aqueles com quem você mantém contato, estão preocupados com o que está ocorrendo no Brasil - essa instabilidade política, a crescente escalada de retirada de direitos sociais, a insistente crise econômica...?
Cláudio Jorge - Acho a classe artística politizada, de um modo geral. Estāo nāo só preocupados com o que está acontecendo no Brasil como muitos até participam ativamente nas redes sociais. Uns à esquerda, outros à direita e outros ao centro. A partir de uma questão sobre direito autoral, interferência no Ecad e tudo mais, a classe já vinha há algum tempo apresentando fragmentação. O golpe dividiu de vez o Brasil e com a classe artística nāo poderia ser diferente.

No seu caso específico, como você vê essa situação? Há alguma saída a curto ou médio prazos?
Cláudio Jorge - Quando eu tinha meus 30 anos de idade fiz um visita ao meu pai, o jornalista Everaldo de Barros, de esquerda. Ele foi um dos jornalistas que trabalharam na extinta Rádio Mayrink Veiga na época do golpe de 64, e sofreu as consequências disso. Ele já nāo estava bem de saúde e batendo um papo fiz para ele naquela época exatamente a pergunta que você me faz. Resposta: "Meu filho, o Brasil nunca vai ter jeito." Na época, atribui a desilusão do meu pai à idade, à doença, ao cansaço da velhice de quem lutou, lutou e não viu seus sonhos para o país realizados. Hoje te respondo que há saídas para o Brasil, porque minha geração viveu os governos da ditadura e os governos progressistas de Lula e Dilma. Minha geração aprendeu como se constrói um golpe e a constatação de como nossa democracia é frágil. Entāo, por conta do que eu já assisti nestes 68 anos, eu te respondo que há saídas, sim, mas a longo prazo. O buraco é muito embaixo. O nível de destruição deste golpe de 2016, por exemplo, é muito alto.

Como está o Rio de Janeiro sob o "comando" do evangélico Crivella? Há algum vislumbre de luz no fim do túnel?
Cláudio Jorge -
Sou otimista em relação à prefeitura do Crivella porque ela vai passar... rsrs. Os danos estão acontecendo, mas nāo têm o poder de destruição do governo federal. Ele está fazendo um governo contra a história e a vocação da cidade do Rio de Janeiro, está mexendo com coisas sérias ligadas à ancestralidade da cidade, ligadas a um modo de ver e viver a vida que nunca foi criado por decretos. O carnaval, que é a nossa maior expressão cultural, vai na contramão dos ideais evangélicos do prefeito, mas vai ser exatamente pelo carnaval que ele vai receber as maiores críticas à sua falta de respeito para com as nossas tradições.


Quais os artistas mais "politizados" que você conhece, ou conheceu?

Cláudio Jorge - Foram e sāo muitos. Chico Buarque, Gonzaguinha, Sérgio Ricardo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Taiguara, Aldir Blanc, os politizados da minha banda de esquerda... rsrs. No meu meio dos instrumentistas destaco o arranjador e pianista Leandro Braga, o pianista e arranjador Itamar Assiére, o violonista Zé Paulo Becker, o baixista Ivan Machado... sāo muitos. Mas temos outros artistas de outras correntes políticas que sāo politizados também. Nos tempos modernos o pessoal do hip hop tá mandando muito bem, têm sido os porta vozes da nossa juventude, principalmente a da periferia, comunidades e favelas.

Como está o mercado para o samba - em baixa, estacionado, em alta? O que tem surgido de novo?
Cláudio Jorge - O mercado de música para o samba no momento está em baixa. O mercado está em alta para a música do “agronegócio”. Agora, o movimento de música, fora do mercado, continua em grande ebulição, em todos os estilos. Novos artistas surgem a cada momento arrumando um jeito de produzirem seus discos, shows e etc. As rodas de samba  se espalham pelo Brasil de norte a sul. O problema é que, estando fora do “mercado”, a remuneração profissional dos que trabalham com o samba está em crise. Com a “crise” toda a cultura de um modo geral está enfrentando problemas.

A internet veio para ajudar ou prejudicar os artistas?
Cláudio Jorge - Acho que veio para ajudar. Quando eu comecei minha carreira de cantor me lembro da dificuldade que era você conseguir um “tijolinho” para divulgar um show teu num jornal de grande circulação. Matéria sobre disco, show, então, era para poucos. Hoje você consegue alcançar muito gente nas redes sociais, aqui e fora do país. Agora, como sempre, a internet funciona melhor para quem tem mais recursos. É um processo difícil você colocar seu novo álbum em algum serviço de stream e você alcançar a mesma audiência da Anitta, por exemplo. Vender as faixas do teu disco ao ponto de dar lucro o suficiente para cobrir o que você investiu na produção, impossível.

A arte é revolucionária?
Cláudio Jorge -
Nem toda arte é revolucionária, levando-se em conta que revolucionária” esteja se referindo a transformação, progresso, evolução humana. Vivemos um tempo em que a nossa trilha sonora de massas nāo é nada revolucionária. Hoje vivemos o momento do quanto pior, melhor. Se isso acontecesse dentro de uma igualdade de opções para o ouvinte, tudo bem, nāo sofreríamos danos maiores por isso. A questão é a massificação de uma ou duas opções de consumo de música que valorizam os piores comportamentos. O efeito disso a longo prazo é uma loucura. A população brasileira dos últimos anos tem o seu gosto musical muito comprometido e isso vai de geração para geração. Se você for numa festa de criança de dois anos num desses salões de festa, tem uma hora que “Vai, Malandra" vai tocar e todo mundo vai cair dentro. Com certeza vai ter alguém pra dizer que esse meu pensamento é coisa de velho... rsrs.

O que você tem feito, quais os próximos projetos?

Cláudio Jorge - Ano passado produzi três discos muito legais. Um do meu filho, Gabriel Versiani, um disco autoral. Outro do meu parceiro Paulinho da Aba, que infelizmente faleceu recentemente, e um terceiro, em que dividi a produção e fiz os arranjos do disco, da cantora brasileira radicada em Paris, Ana Guanabara. Ainda estou surfando na onda do disco que lancei ano passado com meu amigo Augusto Martins, “Ismael Silva, uma Escola de Samba”. Fiz uma participação especial cantando no novo disco do Martinho da Vila, homenagem à Vila Isabel, além de alguns arranjos e tocar os violões, e continuo participando como violonista de seus shows. Este ano lanço mais um disco autoral “Samba Jazz, de Raiz”, no qual eu pude contar com as participações especiais de Mauro Diniz, Frejat, Fátima Guedes, Ivan Lins, Wilson das Neves e outros amigos.

Cite alguns de seus ídolos, musicais ou não, as suas maiores influências, as pessoas que ajudaram você a se tornar o que é hoje.
Cláudio Jorge - Isso é fácil... rsrs. Nas canções, meus principais ídolos sāo Ismael Silva, Chico Buarque e Gilberto Gil. No violão e guitarra, os principais sāo Jorge Santos (meu vizinho no Cachambi, violonista do regional do Waldir Azevedo), George Benson e Hélio Delmiro.



Livro conta a história de Canhoto, referência do violão brasileiro

February 6, 2018 16:46, par segundo clichê


Em "Abismo de Rosas", as Edições Sesc São Paulo resgatam a trajetória de Américo Jacomino, o “Canhoto” (1889-1928), uma das principais referências do violão instrumental brasileiro. Fruto de extensa pesquisa do historiador Sérgio Estephan, o livro faz em seu título uma referência à composição de maior sucesso de Canhoto, “Abismo de Rosas” que, segundo o musicólogo e jornalista Zuza Homem de Mello, é considerada o “hino nacional do violão brasileiro”.

Paulistano, filho de imigrantes italianos, pintor de painéis, compositor, instrumentista, professor de violão e funcionário público, o autodidata Canhoto se destacou por seu virtuosismo e pela particularidade que lhe valeu o apelido: embora canhoto, não invertia as cordas de seu instrumento. Para reconstruir a trajetória desse artista que viveu na virada do século XIX para o XX e integrou uma geração de músicos considerada pioneira do violão instrumental brasileiro, Estephan reuniu fonogramas, partituras, jornais de época, fotografias, correspondências e depoimentos.


Para além da vida e obra de Canhoto, o autor analisa as relações do violonista com o contexto histórico em que estava inserido. Assim, o primeiro capítulo traz uma reflexão sobre a música instrumental brasileira da virada do século XIX para o XX, em especial o choro, gênero que foi a base da produção musical de Canhoto. Já o segundo capítulo aborda a trajetória de Canhoto a partir de sua atividade em São Paulo, cidade que se tornava um grande centro urbano e na qual ocorria uma efervescência artística, especialmente nos chamados “espetáculos de variedades”, quando a música se mesclou com outras atividades artísticas, como o teatro, o circo, a literatura e, posteriormente, a nascente indústria cinematográfica.


As partituras e registros fonográficos são o foco do capítulo seguinte, que examina o universo de composições de Canhoto e sua técnica como instrumentista, desde a pioneira fase mecânica até o surgimento do sistema elétrico de gravações. O livro é encerrado com um capítulo dedicado à proximidade entre Canhoto e Carlos Gardel, abordando a música para violão no Brasil, na Argentina e no Paraguai, e oferecendo um breve panorama sobre o violão instrumental na América do Sul em um momento em que o instrumento reassumiu sua condição de solista e de concerto.


Aparadas as arestas que poderiam levar este livro a ser usufruído apenas por iniciados nos meandros acadêmicos, Sérgio concebeu uma obra que irá interessar desde o leitor comum, curioso por conhecer melhor a história de nossa cultura, até aquele mais especializado, ávido por se abastecer de informações reunidas pelo viés da sensibilidade e da inteligência.


O livro custa R$ 48 e pode ser comprado na loja virtual do Sesc.

 



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