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Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , par Blogoosfero - | 1 person following this article.

Os pais da criança sumiram

May 23, 2017 10:08, par segundo clichê


O Banco Itaú enviou, dias atrás, um interessante comunicado aos seus correntistas, alertando para a queda no rendimento de algumas aplicações, principalmente os fundos multimercados, e atribuindo o "impacto negativo" às "ultimas notícias" sobre o cenário político: "É importante destacar que os acontecimentos do atual contexto aumentaram muito a incerteza, impactando, no curto prazo, os preços dos ativos no mercado como um todo", diz trecho da correspondência.

O texto, porém, não toca no principal, ou seja, o que ocasionou esse cenário político de turbulência, que se reflete negativamente em vários produtos do mercado financeiro, prejudicando, pelo menos no curto prazo, milhares de pequenos aplicadores.


O Itaú, como quase a totalidade das empresas brasileiras, de uma forma ou de outra, incentivou e colaborou para a destituição da presidenta Dilma Rousseff, e, por consequência, para a instauração desse governo formado por canalhas e corruptos. 

Muita água ainda há de passar sob essa "ponte para o futuro" que os golpistas estão tentando construir. Quem sabe, algum dia, se saberá o quanto cada personagem desta tragédia contribuiu para trazer o caos ao país. 

Hoje, achar os pais da criança, é uma tarefa muito difícil. 

A chamada "base de apoio" do Dr. Mesóclise e seu bando de picaretas dissipa-se com uma incrível velocidade: os ratos abandonam o navio pois pressentem o seu naufrágio iminente.

Do lado empresarial, com algumas raras exceções, o quadro é dramático. 

Os setores de serviço e industrial ainda sofrem com as dores da recessão, e não resta muito mais a fazer, a não ser cortar custos, o que implica a demissão de mais trabalhadores - como se os cerca de 15 milhões que foram jogados para fora do mercado de trabalho nos últimos dois anos fosse coisa pequena.

O setor financeiro é, por enquanto, o que menos sofreu com a crise, mas não vai tardar para que o peso de milhões de pessoas sem rendimento abale seus gordos lucros.

Os 50 milhões de eleitores de Aécio Neves em 2014 se reduziram a uns miseráveis milhares. 

O Dr. Mesóclise se tornou a figura mais detestada da nação.

Os protagonistas do golpe que abateu não um governo legítimo, mas a essência da democracia brasileira, se tornaram mortos-vivos.

O país se arrasta se rumo.

E os responsáveis pelo desastre se escondem, covardemente, na esperança que possam escapar do julgamento da história. (Carlos Motta)



O Brasil cor-de-rosa do Dr. Mesóclise

May 22, 2017 15:54, par segundo clichê


Num fim de feira total, resta ao governo do Dr. Mesóclise usar descaradamente tudo o que estiver ao seu alcance para tentar injetar o máximo de otimismo nos brasileiros.

A homepage da Agência Brasil de hoje, por exemplo, mostra um país à beira do paraíso de leite e mel. 

Notícia mesmo, não tem nenhuma, só propaganda.



O fim das mesóclises

May 22, 2017 10:56, par segundo clichê


E no fim nem as mesóclises resistiram.

O vice decorativo, alçado à condição de executor das mais profundas "reformas" jamais vistas nesta pobre república, não resistiu a uma conversa de um ardiloso empresário - conversa na qual não empregou, em nenhum momento, o desusado recurso gramatical de encaixar o pronome no meio do verbo.

Ao contrário, visto na intimidade, ele se revelou um homem tão absolutamente ordinário, tão igual aos seus colaboradores, notórios safardanas, que ficou pairando no ar uma questão que se mostra fundamental para todos os que se preocupam com a vida nesta miserável nação: como, afinal, foi possível que um homem dessa estatura ínfima chegasse onde chegou? 


O que fizemos de errado ao permitir que as mesóclises se sobrepusessem às palavras duras, essenciais, necessárias, tristes e doloridas, de milhões de pessoas, essas sim, que estão na raiz da pátria?

Como pode um povo ser enganado dessa maneira, ser conduzido como gado, sem um mugido, para o abatedouro?

E por que, vistas as entranhas do poder em toda a sua nauseabunda putrefação, elas ainda não foram incineradas e reduzidas a cinzas, num ato de purificação?

Estranho país este nosso, que se permite ser saqueado, vilipendiado e corrompido por uma súcia, e ainda louvá-la como se fosse a "elite" possuidora de refinado conhecimento, inesgotável sabedoria, elevada cultura, e não apenas e tão somente, de uma riqueza formada à custa da espoliação dos miseráveis, aos arranjos criminosos e clandestinos, e à jogatina na roleta da especulação. 

Nos palácios brasilienses vaga hoje o fantasma daquele que pretendeu ser, com sua alocação acaciana, o porta-voz dessa estrutura secular de poder, o homem que recolocaria o país nos trilhos que levam ao atraso, à dependência, à pérfida divisão de classes, à vergonhosa desigualdade social.

Esse espectro, nu, desprovido de suas roupas caras e da máscara de distinção que usou por décadas, representa, de certa forma, toda a espécie dos endinheirados que não permite, nunca, que o país suprima, na sua voz cotidiana, a linguagem empolada dos patifes. 

Foram-se as mesóclises; permanece, todavia, a cacofonia de uma casta cruel, que não permite objeções em seu projeto de dominação. (Carlos Motta)



O país que se tornou o lar dos canalhas

May 20, 2017 11:30, par segundo clichê


Durante décadas o Brasil foi o país do carnaval, o país do futebol, o país das praias e mulatas, o país do futuro, o gigante bobo.

E também o país da desigualdade, o país da violência no campo e na cidade, o país da miséria, o país da ignorância.

O ninho dos oportunistas, o lar dos especuladores, o berço dos aproveitadores.

Até que, durante uma década, o Brasil fez um esforço para superar aquilo que o notável cronista Nelson Rodrigues diagnosticou como "complexo de vira-lata", o irresistível desejo de se autodepreciar, de se mostrar sempre inferior aos outros, em todas as áreas.


Aos poucos, o mundo foi vendo um outro Brasil, mais sério, mais otimista, mais criativo, mais competente na tarefa de levar a sua população a viver com menos dificuldades, a realizar seus sonhos e não abandonar a esperança de possibilitar a seus filhos um conforto que não teve.

O mundo começou a respeitar esse imenso país, de inesgotáveis riquezas, e a ouvir o que ele tinha a dizer a respeito da convivência pacífica e do desenvolvimento equilibrado das nações, pois afinal ele próprio estava fazendo a lição de casa, tirando dezenas de milhões de pessoas da pobreza, ampliando o mercado consumidor, investindo como nunca em infraestrutura e habitação, criando uma rede de proteção para os mais frágeis, e reservando a maior parte dos recursos da monumental reserva de petróleo da camada do pré-sal para a educação e a saúde, cumprindo assim, com os objetivos da magnífica Carta Constitucional promulgada em 1988.

Foi uma década de avanços sociais e econômicos como nenhuma outra.

Foi, porém, um sonho, interrompido pelas forças que sempre conspiraram contra o progresso do país.

Hoje, o Brasil nem é mais o país do carnaval, o país do futebol, das praias e mulatas.

Tampouco o gigante bobo - ou o país do futuro.

O Brasil hoje é tão simplesmente o refúgio dos canalhas, a fonte de onde brotam o escárnio, a hipocrisia e o cinismo.

Um aconchegante lar para larápios, escroques e bandoleiros de variados tipos.

Uma vergonha universal, um escárnio a toda ideia de civilização.

O Brasil deixou de ser uma nação para se tornar um ajuntamento onde as pessoas se obrigam apenas a sobreviver, de qualquer maneira, a qualquer custo. (Carlos Motta)



Saber leis não é decorar suas palavras

May 20, 2017 10:12, par segundo clichê


A propósito do artiguete "A imprensa e a tragédia", o blog recebeu interessante texto de Fabiano Formiga, "egresso (aposentado) de uma profissão 'jurídica'", como se intitula.

Ele aborda a linguagem do direito, tão peculiar.

Vamos a ele:


Artigo muito estimulante, assim, fiquei refletindo numa outra profissão, que tem em comum com o jornalismo o substrato da sua atividade: a linguagem.

Esta outra profissão é a do advogado, que, sob este prisma da linguagem, não difere em nada do papel do juiz, do delegado de polícia ou do Ministério Público.

Uma diferença marcante entre as duas profissões está em que a faculdade de jornalismo não gera uma linguagem própria, nem a impõe aos jornalistas. Basta comparar os estilos de Jânio de Freitas e de Élio Gaspari, digo a sua forma, sua expressão, não o conteúdo.

No mundo do Direito, o profissional necessita usar certa linguagem, para ser lido e reconhecido como tal. Isso conduz a uma mimésis, um arremedo difuso, todos copiando expressões, tiques, bordões, uns dos outros. Os exemplos não teriam fim: a expressão 'em sede de', nada vernácula, usada pleonasticamente, ao invés de uma simples preposição (em (sede de) mandado de segurança; em (sede de) liminar....). Recentemente, há alguns anos, foi abolida a preposição contra, substituída pela locução 'em desfavor de', ou, 'em face de', para designar o antagonismo das partes no processo. Em nenhum desses exemplos, se sabe quem, que autor, que autoridade seria a fonte.

Não se trata, entretanto, de gramática ou de estilo ou de usos da língua....trata-se de uma linguagem que serve de envoltório para qualquer asneira, tanto como para algum pensamento digno do nome. Os exemplos são cotidianos, mas um paradigma dessa ambiguidade é a condenação de um morador de rua, por estar trazendo consigo dois tubos de desinfetante, tidos como explosivos; a interdição do Instituto Lula; a condenação de um homem que cortou de uma árvore alguns fragmentos para fazer um chá...

Na base da ambiguidade da linguagem usada pelos profissionais do Direito está, paradoxalmente, a crença em que o Direito, as leis, são escritas de modo unívoco, isto é, as palavras teriam apenas um único significado. Esta ilusão de uma linguagem unívoca no Direito enganou Montesquieu:

"Mais les juges de la nation ne sont, comme nous avons dit, que la bouche qui prononce les paroles de la loi ; des êtres inanimés, qui n’en peuvent modérer ni la force ni la rigueur." Mas os juízes da nação não são, como temos dito, senão a boca que pronuncia as palavras da lei; seres inanimados que não podem moderar nem a sua força nem seu vigor. (Esprit des Lois, Livre XI, Chap.VI)

A ideia de uma interpretação literal, de modo que resultasse sempre no mesmo conteúdo, é a um tempo, ilusão e ideologia. A igualdade e abstração das normas jurídicas repousaria no seu conteúdo - os valores - jamais nos seus enunciados, nunca nos seus significantes.

Assim, tamanha a largueza na interpretação das leis, não seria necessário que o Tribunal Federal de Porto Alegre considerasse excepcionais condutas processuais do juiz Moro. Repita-se, a dicção do Direito reside na ponderação dos valores inscritos nas normas, ou, como foi escrito no Digesto: saber leis não é decorar suas palavras, mas extrair sua força e vigor.

"Scire leges non hoc est verba earum tenere sed vim ac postestatem."

Sob a aparência (nem sempre) de cumprir leis, os ditos profissionais do Direito aplicam seus valores (de sua classe social), de regra, com inúmeros vetores, como tem sido analisada neste blog a atuação de Moro.

Bem, não é conveniente me estender mais, senão isso viraria um tratado, coisa que não me disponho a fazer. Os textos em francês e em latim servem para dar autenticidade ao meu escrito, nunca para demonstrar cultura (livresca?).



Motta

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