Go to the content

Motta

Full screen

Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

Única diretora do Cinema Novo tem mostra em SP

March 5, 2018 9:19, by segundo clichê


A partir de quarta-feira (7), o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na capital paulista, apresenta a obra da cineasta Helena Solberg. Nascida no Rio de Janeiro, em 1938, a diretora estreou na década de 1960 e é um dos principais nomes do Cinema Novo. Apesar de ter trabalhado ao lado de diretores como Rogério Sganzerla, que fez a montagem do seu primeiro curta-metragem, A Entrevista, de1966, Helena Solberg não é tão lembrada quanto os colegas que fizeram parte do movimento que mudou o cinema brasileiro.

Com 24 exibições, além de debates, a retrospectiva traz toda a filmografia da diretora. Segundo o curador Leonardo Amaral, o objetivo é resgatar a obra de Helena, “que tem uma importância muito grande dentro da história do cinema brasileiro. É a única mulher dentro do Cinema Novo e pouquíssimo comentada”.

Influenciado pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague (Onda Nova) francesa, o Cinema Novo foi um movimento caracterizado por filmes de baixo orçamento, temática popular e que buscavam um realismo brasileiro.

Na primeira noite, será exibido o documentário Carmen Miranda: Bananas Is My Business. O filme foi realizado após o retorno de Helena, que viveu e produziu nos Estados Unidos nas décadas de 70 e 80 do século passado, ao Brasil. Helena voltou ao país depois da redemocratização, na década de 90. “Carmen Miranda: Bananas Is My Business pode ser visto como um filme político também, porque, além uma personagem feminina, que se conecta a essas várias obras dela, apresenta a questão da mulher”, destaca Leonardo Amaral, ao relacionar a filme com o restante da obra da cineasta, que aborda temas políticos e feministas.

“Ela faz um resgate de Carmen Miranda, em uma tentativa de traçar uma imagem que não fosse aquela vista nos Estados Unidos, do exotismo, das bananas. A ideia era trazer a Carmen Miranda enquanto uma personagem forte, uma expressão brasileira nos Estados Unidos”, diz o curador da mostra, ao explicar como a narrativa é construída.

Para Amaral, o longa reflete, até certo ponto, a própria trajetória da diretora. “Há até um certo espelhamento entre a Carmen Miranda e a Helena Solberg. Elas vão aos Estados Unidos, e é lá, de uma certa maneira, que elas afirmam a sua obra.”

Enquanto estava no exterior, Helena fez documentários que abordam a violência dos regimes ditatoriais no Chile, comandado por Augusto Pinochet, e no Nicarágua, governada por Anastasio Somoza. Em especial sobre este último, Das Cinzas – Nicarágua Hoje, de 1982, também coloca em foco a luta do movimento sandinista pela libertação do país.

As questões relativas à mulher foram uma constante na produção de Helena Solberg, cujo último filme, lançado no ano passado, Meu Corpo, Minha Vida, tem como tema o aborto. De acordo com Leonardo Amaral, a obra aborda os problemas que as mulheres enfrentam em relação ao próprio corpo. O longa-metragem Meu Corpo, Minha Vida foi pensado para ser exibido na televisão, acrescenta Amaral.

Os temas relacionados à mulher perpassam toda a obra da cineasta. Em seu primeiro curta-metragem, a diretora entrevistou diversas jovens sobre virgindade, casamento, sexo e política, sobrepondo as falas com imagens de uma moça que se prepara para um casamento. A Dupla Jornada, de 1975, busca reproduzir situações e as condições de vida de mulheres latino-americanas que trabalham fora de casa.

A mostra sobre a obra da cineasta Helene Solberg vai até o dia 19 deste mês no CCBB, no centro da cidade. (Agência Brasil)



Taiguara, a voz mais censurada pela ditadura

March 3, 2018 10:36, by segundo clichê



Carlos Motta

A ditadura militar instaurada no Brasil em 1964 e que caiu de podre 20 anos depois perseguiu implacavelmente inúmeros artistas que ousaram se opor a ela - ou simplesmente adotaram uma liberdade estética fora dos padrões oficiais. Na música popular, os casos mais notórios são os de Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque.

Nenhum cantor e compositor, porém, foi tão perseguido quanto o talentosíssimo Taiguara, que nos anos 60 e 70 do século passado foi figura constante nos festivais de música e paradas de sucesso, com as suas canções e voz despudoradamente românticas - ao mesmo tempo em que, em seus shows e entrevistas, dizia cobras e lagartos do regime que suprimia as liberdades do povo brasileiro.

A jornalista Janes Rocha, que escreveu um livro sobre o artista, levantou 81 composições de Taiguara vetadas pela censura.

Dois discos, “Imyra, Tayra, Ipy” e “Let the children hear the music”, gravado em Londres, foram inteiramente proibidos depois de lançados.

A barra era muito pesada naqueles tempos de "Brasil, ame-o ou deixe-o"...

Taiguara morreu em 1996. Doze anos antes, lançou uma obra-prima, o disco "Canções de Amor e Liberdade", absolutamente político, um grito de revolta, um testemunho de um grande artista sobre uma época que envergonha a espécie humana.

É um disco de rara coerência, com melodias calcadas em ritmos regionais, letras que soam como lindos poemas libertário e arranjos criativos.

Uma das faixas, "Voz do Leste", tem a participação da excelente dupla sertaneja Cacique e Pajé. "Anita", um bolero, é dedicada à filha de Luís Carlos Prestes, o eterno "Cavaleiro da Esperança"; o clássico "Índia" ressurge com a letra original traduzida; "Estrela Vermelha", com melodia do avô de Taiguara Graciliano Silva, é de um lirismo emocionante...

Que falta faz um Taiguara neste Brasil Novo!

https://www.youtube.com/watch?v=1tfWmF6eHY0&t=64s

Voz do Leste

Sou Voz Operária do Tatuapé
Canto enquanto enfrento o batente co'a mão
Trabalho no ritmo desse Chamamé
Meu pouco Salário faz minha ilusão

Sou voz operária do Tatuapé
Vivo como posso e me deixa o patrão
E enquanto respira dessa chaminé
Meu povo se vira e não vê solução

No teatro da vergonha
aonde a verdade não se diz
Tem quem representa a massa,
quem ri da desgraça
E quem banca o infeliz

Tem até burguês que sonha
que entra em cena e engana a atriz
Tem quem sustenta a trapaça
e depois que fracassa
amordaça o país

Tem quem sustenta a trapaça
E depois que fracassa,
Amordaça o país.

Já meu drama é o da cegonha...
quase morre o meu guri...
Sobra pr'o Leste a fumaça
e a peste ameaça
O ar do Piqueri

Pior que a matança medonha
é o desemprego pra engolir...
Seja no peito ou na raça,
esse teatro devasso
Alguém tem que proibir...

Seja no palco ou na praça
Essas peças sem graça
vão ter que sair.
(sair de cartaz...)

Sou voz operária...



A coisa tá feia: se o Picasso fosse vivo ia pintar tabuleta

March 1, 2018 10:30, by segundo clichê


Carlos Motta

Tião Carreiro é conhecido como o Rei do Pagode, ritmo que criou naturalmente, com base nos ritmos regionais que tão bem conhecia - e tocava, em sua viola, como ninguém.

Tião Carreiro, além desse título, é também lembrado como um dos mais icônicos artistas do gênero que se convencionou chamar de "sertanejo" ou "caipira", um balaio onde se encontra uma variedade de ritmos e influências.

Embora tenha atuado com outros parceiros - Carreirinho, Paraíso e Praiano - foi com Pardinho que ele se tornou uma lenda para o público em geral e para os violeiros em particular - sua habilidade é tanta que houve quem dissesse, fazendo uma analogia com o gênero musical mais difundido no mundo, que ele é o "Jimi Hendrix brasileiro".

Tião Carreiro, nascido em 1934, morreu em 1993. Deixou um legado artístico imenso e uma legião de fãs absolutamente fiel.

Algumas de suas composições são peças obrigatórias no repertório de qualquer artista "sertanejo" que se preze.

Como a deliciosa "A Coisa Tá Feia", dele em parceria com outro craque do gênero, Lourival dos Santos: "Já está no cabo da enxada quem pegava na caneta/Quem tinha mãozinha fina foi parar na picareta/Já tem doutor na pedreira dando duro na marreta", dizem três de seus 28 versos, escritos para ironizar uma realidade que, mais que nunca, está viva, neste incrível, inacreditável e surrealista Brasil Novo.

https://www.youtube.com/watch?v=6vpFdu_WDmY

Burro que fugiu do laço tá de baixo da roseta
Quem fugiu de canivete foi topar com baioneta
Já está no cabo da enxada quem pegava na caneta
Quem tinha mãozinha fina foi parar na picareta
Já tem doutor na pedreira dando duro na marreta
A coisa tá feia, a coisa tá preta...
Quem não for filho de Deus, tá na unha do capeta.


Criança na mamadeira, já tá fazendo careta
Até o leite das crianças virou droga na chupeta
Já está pagando o pato, até filho de proveta
Mundo velho é uma bomba, girando neste planeta
Qualquer dia a bomba estoura é só relar na espoleta
A coisa tá feia, a coisa tá preta...
Quem não for filho de Deus, tá na unha do capeta.


Quem dava caixinha alta, já esta cortando a gorjeta
Já não ganha mais esmola nem quem anda de muleta
Faz mudança na carroça quem fazia na carreta
Colírio de dedo-duro é pimenta malagueta
Sopa de caco de vidro é banquete de cagueta
A coisa tá feia, a coisa tá preta...
Quem não for filho de Deus, tá na unha do capeta.


Quem foi o rei do baralho virou trouxa na roleta
Gavião que pegava cobra, já foge de borboleta
Se o Picasso fosse vivo ia pintar tabuleta
Bezerrada de gravata que se cuide não se meta
Quem mamava no governo agora secou a teta
A coisa tá feia, a coisa tá preta...
Quem não for filho de Deus, tá na unha do capeta.



Trabalho, um tantão assim; dinheiro, um tiquinho assim

February 28, 2018 10:30, by segundo clichê


Carlos Motta

Em 1956, Marlene lançava a música "O Lamento da Lavadeira", de Monsueto Menezes, João Violão e Nilo Chagas, que foi posteriormente gravada por vários intérpretes, entre eles Pery Ribeiro, Elza Soares, Martinho da Vila, Dudu Nobre e Marisa Monte.

Os versos da composição falam do trabalho cotidiano extenuante das lavadeiras que eram empregadas das mulheres da "alta sociedade" - outra leitura é que a música aborda as condições em que determinadas escravas eram obrigadas a trabalhar.

Seja como for, a degradante realidade exposta em "O Lamento da Lavadeira", por incrível que pareça, permanece atual no Brasil, seis décadas depois de a obra se tornar pública.

O mais conhecido de seus autores, Monsueto, falecido em 1973, deixou várias composições que são ainda cantadas pelos mais importantes artistas da música popular brasileira, como “Eu Quero Essa Mulher Assim Mesmo”, “Me Deixa em Paz”, “Mora na Filosofia” e a “A Fonte Secou”. 

Monsueto também trabalhou em cinema, tendo participado de dez filmes brasileiros, três argentinos e um italiano, e na televisão, em quadros de programas humorísticos. Fora isso, ainda se virava pintando quadros na linha dos artistas "primitivos", mesmo estilo que consagrou Heitor dos Prazeres, um dos pioneiros do samba.

Outro dos autores desse clássico da MPB, Nilo Chagas, foi parceiro de Herivelto Martins na dupla Preto e Branco, que se tornou posteriormente o Trio de Ouro, com o ingresso de Dalva de Oliveira.


"Trabalho, um tantão assim/Cansaço, é bastante, sim/A roupa, um montão assim/Dinheiro, um tiquinho assim": impressionante, nada muda neste país! 

https://www.youtube.com/watch?v=MakChh80hX0

Sabão, um pedacinho assim
A água, um pinguinho assim
O tanque, um tanquinho assim
A roupa, um montão assim


Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá


Quintal, um quintalzinho assim
A corda, uma cordinha assim
O sol, um solzinho assim
A roupa, um montão assim


Para secar a roupa da minha sinhá
Para secar a roupa da minha sinhá


A sala, uma salinha assim
A mesa, uma mesinha assim
O ferro, um ferrinho assim
A roupa, um montão assim


Para passar a roupa da minha sinhá
Para passar a roupa da minha sinhá


Trabalho, um tantão assim
Cansaço, é bastante, sim
A roupa, um montão assim
Dinheiro, um tiquinho assim


Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá



O jongo resiste

February 27, 2018 9:24, by segundo clichê


No dia 10 de março, às 16h30, a Casa Museu Ema Klabin retorna com sua programação musical. Se apresentará, pela série Tardes Musicais, a Comunidade Jongo Dito Ribeiro, de Campinas,  e que tem como objetivo reconstituir a cultura ancestral do jongo.

A Comunidade Jongo Dito Ribeiro foi batizada com esse nome em homenagem ao saudoso Benedito Ribeiro, que chegou a cidade de Campinas na década de 30, vindo do interior de Minas Gerais. Sua neta Alessandra Ribeiro, hoje líder da comunidade,  manteve a tradição do jongo recebida por seus antepassados.


Devido à sua importância no âmbito cultural, o jongo foi declarado, em dezembro de 2005, patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).


Além da apresentação da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, a Casa-Museu Ema Klabin promove o programa Tramas Culturais, que reflete sobre a formação das musicalidades afro-brasileiras. O curso, ministrado pelo historiador Rafael Galante, tem como eixo central uma discussão sobre a imigração forçada para o Brasil das culturas musicais originárias da África.  Os encontros acontecem nos dias 8,22 de março e 5,19 de abril, às 19h30.


Serviço


Dia 10/3 – Das 16h30 às 18h -Programa Tardes Musicais - Comunidade Jongo Dito Ribeiro – entrada franca – 170 lugares – não necessita inscrição.


Dias 8,22/3 e 5,19/4 – 19h30 -  Programa Tramas culturais: “A África Central e a formação das musicalidades afro-brasileiras” – 30 vagas – Inscrições gratuitas no site: https://emaklabin.org.br/


Local: Casa Museu Ema Klabin


Endereço: Rua Portugal, 43 - Jardim Europa, São Paulo -  11 3897-3232



Motta

Novidades

0 հանրություն

Չկա