Cisne Negro celebra 40 anos com balé em homenagem à sua fundadora
February 22, 2018 9:33Neste sábado (24), às 21 horas, e domingo (25), às 18 horas, a Cisne Negro Cia de Dança traz ao Teatro Paulo Autran, do Sesc Pinheiros, o espetáculo H.U.L.D.A . As apresentações têm ingressos entre R$ 12 (credencial plena do Sesc) e R$ 40 (inteira).
A montagem, que estreou em 2017, tem coreografia de Dany Bittencourt (coreógrafa e uma das diretoras artísticas do grupo) e Rui Moreira (ex-Cisne Negro e Grupo Corpo), concebida a partir do roteiro de Jorge Takla (que também assina a direção geral), em celebração à trajetória da companhia nestes 40 anos de existência e à fundadora (e segunda diretora-artística) Hulda Bittencourt, bailarina e coreógrafa. A apresentação conta também com a participação da bailarina Ana Botafogo.
A narrativa de H.U.L.D.A é inspirada em relatos da trajetória da criadora da Cisne Negro e seus principais bailarinos. Como aponta o diretor Jorge Takla, trata-se de um espetáculo sobre “a alma da Cisne Negro, que é a dona Hulda e tudo que ela representa para a companhia em si e para a história da dança brasileira”.
Como Hulda foi pupila de Maria Olenewa, bailarina russa que inaugurou as primeiras turmas profissionalizadas de balé clássico no Brasil, seu nome logo se tornou referência na área. Dessa forma, em 1977, passou a receber em sua escola de dança vários estudantes de Educação Física da USP. Sem nunca ter trabalhado como professora de homens antes, a bailarina aceitou a empreitada. A partir daí, começou a longeva trajetória da Cisne Negro Cia de Dança.
Com título tirado das letras do nome de Hulda Bittencourt, o espetáculo H.U.L.D.A é formatado em cinco blocos: H representa horizonte. Neste quadro, Jorge Takla explora a luta e a perseverança de Hulda em prol de realizar seus sonhos. U, de união, retrata a realização de Hulda ao criar a academia de dança Cisne Negro e as parcerias que garantiram o sucesso da instituição, como a do marido Edmundo Bittencourt e de suas filhas, Dany e Giselle. L materializa a liberdade que Hulda se permitiu para conduzir a companhia, inaugurada com muitos homens e com escolhas ecléticas de repertório. D de dança é a pluralidade da Cisne Negro, que não favorece apenas um estilo, mas as diversas manifestações de dança que existem. O encerramento se dá com o A que simboliza o amor e devoção de Hulda pela arte.
Para celebrar as quatro décadas, o Cisne Negro trouxe para perto de si profissionais relevantes no cenário da dança brasileira, com forte identidade com o grupo. Além de Dany Bittencourt, Rui Moreira e Jorge Takla, completam a concepção do espetáculo o músico André Mehmari, o figurinista Fábio Namatame, e o cenógrafo Nicolàs Boni.
Considerada uma das melhores companhias contemporâneas do país, a Cisne Negro Cia de Dança acredita que a cultura é uma ferramenta de transformação social, alimento de esperança e sonhos de muitas pessoas, portanto, dentro do seu repertório possui obras socioeducativas, como: “Vem Dançar” – a história da dança através dos tempos”, “Don Quixote e Sancho Pança, Viajando pela Dança”, uma viagem pelas danças tradicionais brasileiras, sob uma ótica contemporânea e “Baobá” obra baseada na história de "O Pequeno Príncipe", uma discussão entre o Pequeno Príncipe e um Príncipe afro-brasileiro sobre a sustentabilidade do planeta. Os trabalhos da companhia se inserem dentro do panorama contemporâneo da dança ocidental, e consequentemente, desde o início, trabalha com coreógrafos inovadores.
Seus trabalhos já foram apresentados nas principais cidades do Brasil e também na África do Sul, Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, China, Colômbia, Cuba, Escócia, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Moçambique, Paraguai, Tailândia, Uruguai, China e Romênia, o grupo exibiu-se como um modelo de trabalho dentro da dança brasileira, um trabalho construído com profissionalismo e paixão.
Com uma visão eclética, participa de eventos diversificados: Em 2016 fez parte da turnê internacional do tenor italiano Andréa Bocelli, nas cidades de São Paulo e Curitiba, com coreografia de Dany Bittencourt e participação de bailarinos da Cisne Negro cia. de Dança.
Hulda Bittencourt iniciou seus estudos com Maria Olenewa, pioneira do balé clássico no Brasil, especializando em dança clássica, contemporânea e folclórica, com renomados mestres nacionais e internacionais, em países como Inglaterra e França e em vários métodos de ensino, entre eles, o da Royal Academy of Dancing.
Dançou em vários grupos, incluindo o Ballet de Cultura Artística. Participou também de óperas, operetas, musicais, tendo trabalhado por muitos anos na Organização Victor Costa (TV). Entre os seus inúmeros trabalhos coreográficos destaca-se “O Quebra-Nozes, que recebeu em 1984 da APCA o prêmio de melhor espetáculo e melhor coreografia do ano.
Em 1977 fundou a Cisne Negro Cia. de Dança, onde é diretora-artística, apresentando seu trabalho por todo o Brasil e internacionalmente, com o reconhecimento da crítica e do público, o que os consagrou como um dos melhores grupos de dança do país. A companhia tem em seu currículo diversos prêmios outorgados por vários seus trabalhos nesses 40 anos de existência.
Tem recebido inúmeros prêmios não só através da Companhia, como também por seus méritos pessoais e serviços de relevância prestados à dança e à arte brasileira.
Equipe de criação
Jorge Takla – Direção Geral e Roteiro
Formado na Ecole des Beaux-Arts (Paris)e no Conservatoire d´Art Dramatique (Paris) atuou e dirigiu no teatro La Mama em New York de 1974 a 1976. No Brasil, Jorge Takla dirigiu e produziu mais de 100 espetáculos (entre Teatro, Musicais e Óperas). Entre eles, My Fair Lady, Vermelho, Jesus Cristo Superstar, Evita, O Rei e Eu, West Side Story, Mademoiselle Chanel, Vitor ou Vitória, Últimas Luas, Medéa, Electra, A Gaivota, O Jardim das Cerejeiras, Cabaret, Pequenos Burgueses, Madame Blavatsky, Lembranças da China, Fedra 1980 e dezenas de outras peças. Em Ópera, dirigiu Don Quichotte, The Rake’s Progress, Candide, A Viúva Alegre, La Traviata, La Boheme, Madama Butterfly, Il Tabarro, As Bodas de Fígaro, Cavalleria Rusticana, I Pagliacci, Os Contos de Hoffmann e outras obras. Foi Diretor da Divisão de Teatro da CIE-Brasil de 2002 a 2004 com as produções de A Bela e a Fera, Chicago, A Flor de Meu Bem Querer, Suburbano Coração, Marília Canta Ary e outras. Jorge Takla esteve à frente do Teatro Procópio Ferreira de 1983 a 1992 e é Grande Oficial da Ordem do Ipiranga e detentor do Titulo de Cidadão Paulistano.
André Mehmari – Música
Pianista, arranjador e compositor, nasceu na cidade de Niterói-RJ em 1977. Considerado pela crítica “um artista singular de imaginação vibrante e generosa”, Mehmari teve seus primeiros contatos com a música através de sua mãe já em Ribeirão Preto-SP. Mudou-se para São Paulo em 1995, com seu ingresso no curso de piano da ECA-USP. Compositor prolífico e requisitado, apontado como um dos mais originais e completos músicos brasileiros de sua geração e premiado tanto na área erudita quanto popular, teve suas composições e arranjos tocados por muitos grupos orquestrais e de câmara, entre eles OSESP, OSB, Banda Sinfônica do Estado (para com a qual atuou como compositor residente no ano de 2007), Quarteto da Cidade de São Paulo e Quinteto Villa-Lobos. Além de manter uma ativa carreira internacional de solista, criou duos expressivos com músicos como António Meneses, Mário Laginha, Gabriele Mirabassi, Antonio Loureiro, Danilo Brito, Hamilton de Holanda, Ná Ozzetti , Maria Bethânia e Mônica Salmaso.
Dany Bittencourt - Coreografia
Dany Bittencourt professora e coreógrafa, formada pela Royal Academy of Dancing of London, ARAD, atualmente diretora artística da Cisne Negro Cia. de Dança e do Estúdio de Ballet Cisne Negro. A artista coreografou espetáculos icônicos na Cisne Negro, como Baobá, inspirado no livro O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry), Forrolins, Atmosferas, Don Quixote e Sancho Pança Viajando pela Dança, Vem Dançar, Em Caso de.., ABACADÁ e Anéis. Como coreógrafa convidada trabalhou para o Ballet Nacional do Chile, Balé da Cidade de Taubaté e para a Ópera Don Giovanni. Em 2016 coreografou para a turnê internacional do tenor italiano Andréa Bocelli, nas cidades de São Paulo e Curitiba, com participação de bailarinos da Cisne Negro Cia. de Dança.
Rui Moreira - Coreografia
Nascido em São Paulo (SP), está radicado em Belo Horizonte (MG) desde 1984. Artista da dança, sua carreira teve inicio no final dos anos 1970 e está fortemente marcada por sua participação no Grupo Corpo (MG) e nas companhias Cisne Negro (SP), Balé da Cidade de São Paulo, Cie. Azanie (França/Lyon), Cia. SeráQuê? (MG), e atualmente na Rui Moreira Cia. de Danças (MG). Dedica-se a desenvolver criações coreográficas a partir de pesquisas e fusões entre linguagens cênicas promovendo interações com as matrizes culturais brasileiras. Construindo seu repertório como coreógrafo e como intérprete criador, interage com atores, músicos, bailarinos, dançarinos populares, de dança de rua, poetas, vídeo-makers, Dj’s, materializando uma linguagem gestual própria e contemporânea.
A formação artística de Rui Moreira mescla danças acadêmicas (a dança clássica e a dança moderna), com vivencias em manifestações populares patrimoniais. Cria espetáculos para elencos diversos e também assina a direção de movimento e coreografias em companhias de dança e de teatro. No decorrer de sua trajetória vem coordenando trabalhos em importantes coletivos artísticos nacionais e internacionais.
Nicolas Boni – Cenário
Trabalha como cenógrafo em diversos teatros da América Latina, Estados Unidos e Europa. Entre os principais títulos estão as zarzuelas La Verbena de la Paloma, La Gran Vía, Las nuevas armas de amor, Iphigenia en Tracia, La Villana e as óperas O barbeiro de Sevilha, Cavalleria Rusticana, Madame Butterfly, I Pagliacci, La voz humana, Carmen, os Contos de Hoffmann, Don Giovanni, La Rondine, Lucia de Lammermoor, As Bodas de Figaro, entre outras. No ano de 2014 foi o cenógrafo de Salomé de R. Strauss no Theatro Municipal de São Paulo e das Bodas de Fígaro no Teatro São Pedro. Em 2015 estreou as óperas Um Homem Só de Camargo Guarnieri, Ainadamar de Osvaldo Golijov no Theatro Municipal de São Paulo, Werther de J. Massenet para a Ópera de Colombia e I due Foscari de G. Verdi para o Teatro Municipal de Santiago do Chile. No ano de 2016 estreou em São Paulo e Rio de Janeiro Don Quixote de Jules Massenet com direção de Jorge Takla e o musical My Fair Lady com o mesmo diretor, também estreou Elektra no Theatro Municipal de São Paulo onde foi diretor técnico.
Fábio Namatame – Figurinos
Um dos mais renomados cenógrafos e figurinistas da área artística, Fábio Namatame formou-se um Publicidade e Artes Plásticas em 1981 pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado). Ao fazer um curso de expressão corporal e depois de estudar com a atriz Denise Stoklos, começa a atuar em espetáculos de mímica para os quais ele mesmo criava figurinos e a maquiagem. A partir daí realiza trabalhos de direção de arte, cenário e figurino para os mais importantes espetáculos de teatro, ópera, publicidade, cinema e TV. Tem sido um parceiro assíduo da CISNE NEGRO CIA. DE DANÇA assinando figurinos de várias obras do seu repertório. Ganhador de inúmeros prêmios pela excelência de seu trabalho no cenário artístico brasileiro, entre eles; SHELL de Teatro, APETESP, APCA, Mambembe, Cultura Inglesa de Teatro, SESC de Teatro - São Paulo, Paulínia de Cinema, Carlos Gomes de Ópera, SESC de Dança – Belo Horizonte, Usiminas SINPARC.
Serviço
H.U.L.D.A
Dias 24 e 25 de fevereiro de 2018. Sábado, às 21h e domingo, às 18h
Local: Teatro Paulo Autran– 1.010 lugares
Ingressos: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência); R$ 12,00 (credencial plena do Sesc: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes).
Ingressos online em www.sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades do SescSP. Venda limitada a quatro ingressos por pessoa.
Livre para todos os públicos
SESC PINHEIROS
Endereço: Rua Paes Leme, 195.
Bilheteria: Terça a sábado das 10h às 21h. Domingos e feriados das 10h às 18h.
Tel.: 11 3095.9400.
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h30; Sábado, das 10h às 21h30; domingo e feriado, das 10h às 18h30. Taxas / veículos e motos: Credenciados plenos no Sesc: R$ 12 nas três primeiras horas e R$ 2 a cada hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 18,00 nas três primeiras horas e R$ 3 a cada hora adicional. Para atividades no Teatro Paulo Autran, preço único: R$ 12 (credencial plena do Sesc) e R$ 18 (não credenciados).
Transporte Público: Metrô Faria Lima – 500 metros / Estação Pinheiros – 800 metros
Curso explica o Brasil a partir da sua arte
February 22, 2018 9:21Analisar e interpretar os momentos decisivos da literatura brasileira, reconhecendo neles projetos de interpretação do Brasil. Estabelecer relações entre obras literárias, de um lado, e pinturas, esculturas, filmes e canções brasileiras. Relacionar textos tradicionais dos chamados intérpretes do Brasil com as obras de arte analisadas são os objetivos do curso de extensão Arte Como Interpretação do Brasil, ministrado pelo prof. dr. Carlos Rogério Duarte Barreiros na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Neste curso serão analisadas obras da literatura brasileira que, em diálogo com outras, do universo da pintura, da escultura, do cinema e da canção popular, revelarão o projeto de seus autores de interpretar a experiência brasileira por meio da arte, explica o docente do curso. “Também serão analisados fragmentos de textos dos chamados intérpretes do Brasil – especialmente Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr. e Gilberto Freyre –, de modo a revelar congruências e incongruências entre formas de pensar o Brasil.
Este curso é dirigido à pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação, especialmente bacharéis em Ciências Sociais, Pedagogia, Biblioteconomia, Ciências da Informação, História, Geografia, Jornalismo, Letras, Artes, Filosofia, Comunicação, Psicologia, Educação e Serviço Social. Voltado, também, a professores das diversas áreas de saber e níveis de ensino.
Descontos e convênios: Alunos FESPSP possuem 40% de desconto; ex-alunos e instituições conveniadas, 15% de desconto. Mais informações pelo telefone 3123-7800 ou 3123-7823 ou pelo email extensao@fespsp.org.br
Confira a programação completa dos cursos de extensão da FESPSP com início em março de 2018 em: www.fespsp.org.br/curso_extensao
Serviço
Curso de Extensão – Arte como interpretação do Brasil
Local: Campus FESPSP – Rua General Jardim, 522 – Vila Buarque, São Paulo - SP
Período: 7 de março a 11 de abril de 2018.
Horário: Quartas-feiras, das 19 às 22h30.
Carga Horária: 24 horas
Investimento: Confira em: https://goo.gl/Y4gPD2
Docente: prof. dr. Carlos Rogério Duarte Barreiros.
A emocionante "Construção" de Chico Buarque segue atual, meio século depois
February 21, 2018 17:37
Carlos Motta
Que Chico Buarque é um craque na poesia, poucos discordam. Não fosse um compositor popular, certamente estaria entre os mais celebrados poetas do Brasil. Não é à toa que a sua prosa também é excelente.
Impressiona também, em sua obra, o seu ecletismo. Chico cantou as várias formas do amor, abordou a solidão, foi nostálgico, revelou um lirismo arrebatador que nunca se confundiu com a pieguice. E, quando o país mais precisava, foi um crítico mordaz e implacável dos ditadores de plantão.
Mas algumas de suas canções se superam, por juntarem elementos de todas essas suas facetas de criador genial.
É o caso de "Construção", que dá nome ao LP de 1971, um de seus melhores. Lá estão, além de "Construção, "Deus Lhe Pague" , "Cotidiano", "Desalento", "Cordão", "Olha Maria", "Samba de Orly", "Valsinha", "Minha História" e "Acalanto".
"Construção" é uma espécie de síntese da poética de Chico Buarque. Reúne crítica social, lirismo, rigor técnico, a angústia humana, a inquietação filosófica...
Os versos, ancorados em palavras proparoxítonas, se encaixam perfeitamente numa melodia de poucas células, hipnótica. O arranjo do maestro Rogério Duprat, com os metais estourando, dá o toque final à obra-prima, um caleidoscópio de sensações, um quebra-cabeças cujas peças se encaixam perfeitamente para formar não uma, mas várias figuras.
"Construção", lançada há quase meio século, segue atual, instigante e provocadora. E evoca um personagem que, vergonha das vergonhas, ainda existe aos milhões neste pobre Brasil.
No vídeo, o argentino Fito Páez a interpreta num show no México, desafinando algumas vezes, mas prestando um emocionado tributo a Chico Buarque, um dos maiores compositores populares não só do Brasil, mas de todo o mundo.
https://www.youtube.com/watch?v=lQJfzGJ6L9A
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Ciclo de palestras destaca a importância da mulher na arte
February 21, 2018 15:51![]() |
| Zélia Gattai é tema da palestra do dia 17 de março |
A pesquisadora Ana Beatriz Demarchi Barel e a professora Elaine Dias abrem o ciclo de palestras no dia 3 de março com os temas “Em Textos e Telas: A Representação da Mulher e do Universo Feminino e A Formação Artística das Mulheres no Século XIX”. Tanto concreta como simbolicamente a mulher firma seu lugar no mundo, trazendo contribuições de inegável importância para o enriquecimento da humanidade.
No dia 17 de março, Ana Beatriz Demarchi Barel ministra a palestra “Zélia Gattai: A Luminosa Existência de Uma Paulistana do Bixiga”. Pretende-se apresentar a riqueza de uma mulher solar e generosa que nos inspira à reflexão sobre as potencialidades do feminino.
No dia 24 de março, o doutor pela Universidade de Columbia, Marcos Fabris, ministra a palestra “A construção e a avaliação do feminino na fotografia latino-americana”. O encontro investiga os recursos artístico-fotográficos utilizados para construção de um tipo específico de “feminino” no âmbito da indústria da notícia na América Latina. Na contramão de tais modos encontra-se a produção artístico-fotográfica de Grete Stern, fotógrafa alemã radicalizada na Argentina. O conjunto de sua obra problematizará o local social ocupado pelas mulheres, emancipando assim as artes fotográficas em solo latino-americano.
Em abril, dia 7, a palestra “O romance e o lugar da mulher na consolidação da família nuclear” será ministrado pela professora Valéria De Marco. A revolução industrial e a francesa significaram a transferência do poder político e econômico a uma nova classe social: a burguesia. As profundas transformações da vida social estenderam-se a todos os aspectos da sociedade e, nos que mais concernem ao mundo da cultura. Nesse contexto, o romance tornou-se a forma literária hegemônica que permite compreender o novo lugar da mulher na consolidação de um novo modelo de família, dominante até os dias atuais.
Serviço
3 de março - das 11h às 13 h- Em Textos e Telas: A Representação da Mulher e do Universo Feminino (Ana Beatriz Demarchi Barel) e A Formação Artística das Mulheres no Século XIX (Elaine Dias) - 30 vagas - R$35,00
17 de março - das 11h às 13 h- Zélia Gattai: A Luminosa Existência de Uma Paulistana do Bixiga (Ana Beatriz Demarchi Barel) - 30 vagas - R$40,00
24 de março - das 11h às 13 h- A construção e a avaliação do feminino na fotografia latino-americana (Marcos Fabris) - 30 vagas - Valor: R$40,00
7 de abril - das 11h às 13 h- O romance e o lugar da mulher na consolidação da família nuclear (Valéria De Marco) - 30 vagas - R$40,00
Inscrição: www.emaklabin.org.br
Casa Museu Ema Klabin
Endereço: Rua Portugal, 43, Jardim Europa, São Paulo. Telefone (11) 3897-3232
Palestrantes
Ana Beatriz Demarchi Barel tem pós-doutorado em história pela USP, é docente efetiva da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Realizou residência em pesquisa na Biblioteca Brasiliana Mindlin da USP sobre relações França-Brasil no século XIX. Estudou história da arte na Ecole du Musée du Louvre. É doutora em literatura brasileira pela Université Paris III Sorbonne Nouvelle.
Elaine Dias é doutora em História pela Unicamp, docente no Departamento de História da Arte da Unifesp e dedica-se em suas pesquisas às relações entre a França e o Brasil no século XIX.
Valéria De Marco é doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP), professora de Literatura Espanhola no Departamento de Letras Modernas (USP), coordenadora no Brasil do projeto internacional EDI-RED Historia Cultural de la edición Iberoamericana (séculos XIX-XX) e diretora-presidente da Edusp (Editora da Universidade de São Paulo).
Marcos Fabris é doutor pela FFLCH-USP com pós-doutorado na Universidade de Columbia -Nova York, Université Paris Ouest Nanterre - Paris, MAC-USP, FFLCH-USP - São Paulo e Unifesp São Paulo. É autor dos livros Correspondências: pintura, fotografia e o retrato da modernidade e Trabalho da encenação - ensaios sobre fotografia norte-americana. Suas publicações e palestras mais significativas incluem reflexões sobre arte moderna europeia e fotografia europeia, norte-americana e latino-americana.
A emocionante "Construção" segue atual, meio século depois
February 21, 2018 14:24
Carlos Motta
Que Chico Buarque é um craque na poesia, poucos discordam. Não fosse um compositor popular, certamente estaria entre os mais celebrados poetas do Brasil. Não é à toa que a sua prosa também é excelente.
Impressiona também, em sua obra, o seu ecletismo. Chico cantou as várias formas do amor, abordou a solidão, foi nostálgico, revelou um lirismo arrebatador que nunca se confundiu com a pieguice. E, quando o país mais precisava, foi um crítico mordaz e implacável dos ditadores de plantão.
Mas algumas de suas canções se superam, por juntarem elementos de todas essas suas facetas de criador genial.
É o caso de "Construção", que dá nome ao LP de 1971, um de seus melhores. Lá estão, além de "Construção, "Deus Lhe Pague" , "Cotidiano", "Desalento", "Cordão", "Olha Maria", "Samba de Orly", "Valsinha", "Minha História" e "Acalanto".
"Construção" é uma espécie de síntese da poética de Chico Buarque. Reúne crítica social, lirismo, rigor técnico, a angústia humana, a inquietação filosófica...
Os versos, ancorados em palavras proparoxítonas, se encaixam perfeitamente numa melodia de poucas células, hipnótica. O arranjo do maestro Rogério Duprat, com os metais estourando, dá o toque final à obra-prima, um caleidoscópio de sensações, um quebra-cabeças cujas peças se encaixam perfeitamente para formar não uma, mas várias figuras.
"Construção", lançada há quase meio século, segue atual, instigante e provocadora. E evoca um personagem que, vergonha das vergonhas, ainda existe aos milhões neste pobre Brasil.
No vídeo, o argentino Fito Páez a interpreta num show no México, desafinando algumas vezes, mas prestando um emocionado tributo a Chico Buarque, um dos maiores compositores populares não só do Brasil, mas de todo o mundo.
https://www.youtube.com/watch?v=lQJfzGJ6L9A
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado







