Carminho vem ao Brasil para cantar Tom Jobim
December 5, 2017 10:18Grande voz do fado e uma das artistas portuguesas de maior projeção internacional, Carminho volta ao Brasil no dia 16 de dezembro, no Teatro Bradesco de São Paulo, para apresentar o quarto disco de sua carreira, “Carminho Canta Tom Jobim”, lançado no fim do ano passado.
Convidada pela própria família de Tom a interpretar composições do mestre brasileiro, Carminho incluiu Marisa Monte, Chico Buarque e Maria Bethânia em um trabalho inesquecível. O álbum tem direção musical e arranjos de Paulo Jobim e chega agora ao Brasil, via Biscoito Fino.
A artista sobe ao palco gabaritada, também, pelo sucesso do disco “Canto”, no qual gravou inédita parceria de Caetano Veloso com seu filho mais novo, Tom. Além dos seus dois primeiros trabalhos (“Fado” e “Alma”), reconhecidos em toda Europa.
Carminho nasceu no meio das guitarras e das vozes do fado, filha da conceituada fadista Teresa Siqueira. Durante a faculdade, cantava em casas de fado e recebeu várias propostas para gravar, mas decidiu esperar. Licenciou-se em marketing e publicidade e percebeu que cantar exigia uma maturidade e um mundo que ainda não tinha. Durante um ano, viajou pelo planeta, participou de missões humanitárias e regressou a Lisboa decidida a entregar-se por inteiro a um percurso artístico.
“Fado”, o seu primeiro disco, de 2009, alcançou a platina e abriu os corações de Portugal à sua voz e as portas do mundo ao seu talento: melhor álbum de 2011 para a revista britânica "Songlines", performances no Womex 2011, em Copenhague, e na sede parisiense da Unesco, no âmbito da candidatura do fado a patrimônio mundial.
No mesmo ano, colaborou com Pablo Alborán em “Perdoname” e tornou-se a primeira artista portuguesa a atingir o número 1 do top espanhol. Em 2012, o segundo álbum, “Alma”, estreou no primeiro lugar de vendas em Portugal e alcançou posições de destaque em vários tops internacionais.
Depois de passar pelas principais salas da Europa e do mundo, Carminho cantou no Brasil e realizou o sonho de gravar com Milton Nascimento, Chico Buarque e Nana Caymmi, resultando em uma reedição de “Alma” com três novos temas.
No fim de 2014, editou “Canto” e a sua relação com o Brasil ganhou raízes ainda mais profundas. Carminha gravou a primeira parceria de Caetano Veloso com o seu filho mais novo, Tom, a inédita “O Sol, Eu e Tu”. “Canto” inclui também dueto com Marisa Monte e participações especiais de Jaques Morelenbaum, António Serrano, Carlinhos Brown, Javier Limón, Naná Vasconcelos, Dadi Carvalho, Jorge Hélder e Lula Galvão.
Em 2016, na sequência de um convite endereçado pela família de um dos maiores compositores do mundo, gravou “Carminho canta Tom Jobim”, com a última banda que o acompanhou ao vivo nos seus derradeiros dez anos, partilhando temas com Marisa Monte, Chico Buarque e Maria Bethânia.
Amigos homenageiam Luiz Melodia
December 5, 2017 9:14A morte do cantor e compositor Luiz Melodia, dia 4 de agosto deste ano, foi uma das maiores perdas sofridas pela música popular brasileira nos últimos tempos. Melodia era bom em tudo o que fazia e deixou uma obra original e criativa, cuja mistura de ritmos, calcada no samba, era inconfundível.
Para homenagear esse talentoso artista popular, o Sesc Pinheiros vai apresentar, nesta quarta-feira, dia 6 de dezembro, às 21 horas, no Teatro Paulo Autran, o espetáculo "Estação Melodia", com participação de amigos, intérpretes e músicos que foram influenciados por ele.
O show terá participações de Chico César, Arnaldo Antunes, Paula Lima, Céu, Mariana Aydar, Rita Benneditto, Charles Theone, Flavia Bittencourt, Anelis Assumpção, Eliete Negreiros, Suzana Salles, Alzira E, Flavia K, Eduardo Gudin e Karina Ninni, entre outros. No repertório estão obras que se tornaram clássicos da música popular brasileira, como "Pérola Negra", "Magrelinha", "Estácio Holly Estácio", "Juventude Transviada" e "Negro Gato", entre outros sucessos do cantor e compositor. A apresentação será da atriz e cantora Elisa Lucinda.
Airto Moreira lança seu novo disco em turnê no Brasil
December 4, 2017 16:13O percussionista Airto Moreira, figura emblemática da música brasileira, há décadas radicados nos Estados Unidos, onde gravou e tocou com craques como Miles Davis, Herbie Hancock e Chick Corea, entre dezenas de outros, fará turnê no Brasil, neste mês de dezembro, para lançar o seu novo disco, "Aluê", pelo selo Sesc.
O show de lançamento será nesta quinta-feira, dia 7, às 21 horas, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, onde ele também se apresentará nos dias 8, sexta-feira (21 horas), 9, sábado (21 horas), e domingo (18 horas). Depois, ele fará apresentações no Sesc de Ribeirão Preto (dia 15, às 20h30) e de Registro (dia 17, às 18 horas).
Apesar de sua trajetória profissional de mais de 50 anos, esta é a primeira vez que Airto Moreira grava um disco de sua autoria no Brasil. "Aluê" é uma revisão de grandes momentos de sua carreira, no qual ele retoma e relê composições que evocam o seu universo sonoro, seja ele jazzístico, elétrico, pop ou experimental. O álbum conta com participações de grandes instrumentistas, como Carlos Ezequiel, José Neto, Sizão Machado, Vítor Alcântara, Fabio Leandro, Diana Purim e Krishna Booker.
Airto Moreira esteve presente em discos que redefiniram as fronteiras da música, como "Bitches Brew" (1970), de Miles Davis, e em eventos fundamentais da música brasileira, como o Quarteto Novo - do qual fez parte junto com Heraldo do Monte, Hermeto Pascoal e Theo de Barros - acompanhando Edu Lobo e Marília Medalha em "Ponteio", vencedora do III Festival da Música Popular Brasileira, em 1967.
O texto a seguir foi escrito por Charles Gavin especialmente para a turnê brasileira do músico:
“Airto Moreira inventou a percussão de luxo, o acabamento, o requinte, o toque final. E foi ele também quem abriu as portas dos estúdios dos Estados Unidos para nós, percussionistas brasileiros. Foi o pioneiro, e muita gente seguiu esse caminho, inclusive eu” – disse-me numa entrevista para O Som do Vinil o também internacional Chico Batera. É interessante e oportuno que essa afirmação tenha vindo espontaneamente de outro grande artista, reconhecendo o que Airto Moreira tem feito por nossa música desde quando saiu do Brasil, em 1967.
Refletindo sobre essa declaração, a primeira lembrança que surge é "Bitches Brew" (1970), o emblemático álbum de Miles Davis. Em seguida, outros nomes vão surgindo: "Stone Flower" (1970), de Antônio Carlos Jobim; "Prelude" (1972), de Eumir Deodato; "Return to Forever" (1972), de Chick Corea; "Borboletta" (1974), de Santana; "Native Dancer" (1974), de Wayne Shorter & Milton Nascimento, e tantos outros. Mas diria que essa é apenas uma das inúmeras faces da força criadora deste gênio da nossa música que por uma série de razões (algumas absurdas) nunca havia gravado um disco solo no Brasil – até agora.
"Aluê", seu primeiro trabalho após "Live in Berkeley", de 2012, foi registrado num estúdio localizado numa fazenda, na paisagem verde do interior de São Paulo. Apoiado e construído com um time de grandes músicos (Carlos Ezequiel, José Neto, Sizão Machado, Vítor Alcântara, Fabio Leandro, Diana Purim e Krishna Booker), "Aluê" se apresenta como uma revisão inteligente e necessária de grandes momentos da carreira de Airto Moreira, retomando e relendo composições que evocam seu portentoso universo sonoro.
Não se trata apenas de seus ritmos, síncopes, cadências, diálogos, melodias, frases, gritos e texturas – mas também do que sua música disse e continua dizendo nos tempos estranhos em que vivemos, nos quais não podemos mais ignorar os avisos que o planeta envia a cada momento. De várias formas, essa mensagem sempre esteve na música desse catarinense, nascido em 1941 na pequena e charmosa Itaiópolis. A cada audição, "Aluê" nos traz lembranças, ressignificando experiências e emoções – algo como pegar uma canoa e atirar-se rio abaixo, enfrentando corredeiras rápidas e quedas perigosas, que se alternam com as águas mais calmas e límpidas cobertas por copas de árvores centenárias em meio à Mata Atlântica. É fato que a Mãe Terra sempre esteve presente na obra de Airto, sempre se manifestou nela inspirando seu sound design, sua marca registrada.
Coincidência ou não, é resgatada de "Natural Feelings" (1970), seu primeiro disco solo, a composição que dá nome ao álbum que o Selo Sesc acertadamente lança agora.
Ao longo da carreira, a sonoridade de Airto Moreira foi se modificando, tornando-se ora mais jazzística, ora mais elétrica, às vezes mais pop, outras mais experimental, mas sempre conectada aos sons da nossa terra, magistralmente interpretados e recriados em shows e gravações: onde quer que estivesse tocando, Airto levava o Brasil junto.
Na verdade, tem sido assim desde os tempos do excepcional Quarteto Novo – quem não se lembra do grupo acompanhando Edu Lobo e Marília Medalha em Ponteio, a canção vitoriosa defendida na final histórica do III Festival da Música Popular Brasileira, em 1967? E quem também não se recorda de seu único LP, lançado no mesmo ano? A composição "Misturada" (que está em "Aluê"), assim como as outras faixas do disco, investiu em timbres e arranjos que resultaram numa ambiência, num som de sertão nordestino. Em meio às violas, violões e flautas, a percussão inovadora e extremamente brasileira revelou ao público um artista diferente daquele fenomenal baterista do Sambalanço Trio e do Sambrasa Trio, ícones do samba jazz. Pouco tempo depois, o Quarteto Novo desfez-se e Airto rumou para os Estados Unidos, a fim de reencontrar o amor de sua vida, Flora Purim. Esse foi o passo decisivo para que sua carreira decolasse.
Airto Moreira participou de inúmeros álbuns e concertos de grandes nomes do jazz, colocando neles sua assinatura artística. Não tardou muito para que sua discografia solo se estabelecesse – trabalhos antológicos foram produzidos, como os clássicos "Seeds on the Ground" (1971), "Free" (1972), "Fingers" (1973), "Virgin Land" (1974), "Identity" (1975) e muito outros. Temos ainda os discos "I’m Fine, How Are You?" (1977) e mais à frente "The Sun Is Out" (1989), dos quais as faixas "I’m Fine, How Are You?" e "Lua Flora" foram respectivamente extraídas e recriadas para "Aluê".
Neste disco de 2017 reencontro o grande mestre a que assisti ao vivo pela primeira vez, em outubro de 1994, apresentando-se com Flora Purim a seu lado no clube de jazz londrino Ronnie Scott’s, num show arrebatador em que o público não permitia que saíssem do palco. Foi uma noite que nunca mais esqueci…
"Aluê" é um trabalho muito bem arquitetado pelo produtor e baterista Carlos Ezequiel, com as faixas registradas ao vivo em um único take. Os cantos – lindos – em dueto com a filha, Diana Purim, mostram a capacidade vocal deste homem de 75 anos. Sua interação com o grupo, formado pelas feras mencionadas, impressiona: soa coesa, energética e desafiadora. As performances têm dinâmicas e arranjos diferentes dentro de cada tema e devem ser apreciadas com calma e concentração, exatamente como costumávamos ouvir discos décadas atrás.
O CD reúne, como dito, peças importantes da obra de Airto Moreira, mas vai além, trazendo três excelentes composições novas: "Rosa Negra", "Não Sei pra Onde", mas Vai" e "Guarany". Vibro muito ao constatar que a música que ele faz hoje conserva as mesmas características, o mesmo poder que tinha no início da carreira – o universo sonoro do qual falei está onipresente neste trabalho. Abra as portas da percepção…
Registro aqui nossa gratidão a todos que participaram deste incrível projeto. E claro, o maior agradecimento é para a força da natureza em si: Airto Moreira. Obrigado por tudo, meu amigo. Mas olha só: queremos mais, ok?"
Três dias de música de câmara no Theatro São Pedro
December 4, 2017 14:43O hall do Theatro São Pedro, em São Paulo( R. Albuquerque Lins, 207, Campos Elíseos), será tomado por grupos de câmara nos dias 13, 14 e 15 de dezembro. Dando continuidade ao trabalho em torno da difusão e valorização da música de câmara, o teatro realiza o Ocupa Theatro São Pedro, com entrada franca, e apresentações às 10 horas, 11h30 e 13 horas.
Ao todo, são nove concertos com formações variadas de grupos de câmara e repertórios que abrangem compositores como Händel, Bizet, Beethoven, Villa-Lobos, Noel Rosa e Chiquinha Gonzaga, entre outros. Os grupos são formados por músicos da Orquestra do Theatro São Pedro.
No dia 13, quarta-feira, a programação é destinada aos duos, e tem início às 10 horas com o duo de clarinete e harpa, com peças como 3 Gymnopedies, de Satie, e Largo da Opera Xerxes, de Händel. Às 11h30, flauta e harpa interpretam, entre outras peças, Minueto, de Bizet, Oblivion, de Piazzolla e Quem sabe, de Carlos Gomes. E para fechar o dia, às 13 horas, duas harpas dão vida a Around the Clock, de Chertok e Quando o Samba Acabou, de Noel Rosa.
Na quinta-feira, 14, a programação começa com o Programa Mesclado, com violinos interpretando Duo Concertante, de Beriot, depois é a vez da viola, em Cadenza para Viola Solo, de Penderecki e então flauta, oboé, clarinete, trompa e fagote, juntos, para dar vida a Carmen, Suíte para Quinteto de Sopros, de Bizet. Em seguida, em Cello Convida, as cordas interpretam Concerto em dó Maior para Violoncelo, de Haydn e Concerto Grosso Op. 6 num. 8 “Fatto per lá Notte do Natale”, de Corelli. O terceiro concerto fica por conta do quinteto de metais e convidados, tocando obras como O Come, O Come Emanuelm, Good King Wencelas e Sleepers, Wake!
Já na sexta-feira, 15, o trio de trombones toca Interludio per Tre Tromboni, de Hidas e Renaissance Ballade, de Giovanni Palestrina, além de outras composições. Logo depois, será apresentado um programa em que a harpa é o foco e faz soar peças como O Canto do Cisne Negro, de Villa-Lobos, acompanhado do clarone, e Cinco Miniaturas, de Edmundo Villani-Côrtes, em que faz trio com a flauta e o violoncelo.
Por fim, encerrando a programação com grandiosidade, com piano, flauta, violoncelo, baixo e percussão interpretando Trio para Piano, Flauta e Cello em G, WoO 37 e Suíte para Flauta nº 1, de Beethoven e Bolling, respectivamente.
Feliz Natal com Itamar
December 4, 2017 10:09Carlos Motta
Com o Natal, data de maior apelo comercial do ano, chegando, surgem as inevitáveis dicas de presentes, um vale-tudo enlouquecedor.
Para não ficar atrás nessa competição, deixo a minha sugestão, verdadeiro tesouro por uma pechincha: a famosa "Caixa Preta", obra completa do incrível Itamar Assumpção, pela metade do preço na loja do Sesc - de R$ 150 por R$ 75!
A caixa, que é laranja, e não preta, contém edições remasterizadas de dez discos lançados entre 1980 e 2004, e dois discos inéditos produzidos a partir de gravações de voz e violão deixadas pelo músico, completando a trilogia "Pretobrás".
Com produção de Beto Villares ("Pretobrás II – Maldito Vírgula") e Paulo Lepetit ("Pretobrás III – Devia Ser Proibido"), os álbuns têm participações de artistas como Elza Soares, Arnaldo Antunes, Seu Jorge, Naná Vasconcelos, Zélia Duncan e Ney Matogrosso. A caixa traz ainda um livreto com textos de vários artistas e ilustrações de Antonio Peticov.
Está tudo lá, desde o disco que revelou um dos mais criativos e instigantes músicos brasileiros de todos os tempos, "Beleléu, Leléu, Eu", até o seu último trabalho em vida, "Pretobrás", o primeiro de uma trilogia que seria completada postumamente.
A caixa foi lançada em 2010 pelo selo Sesc, mas é atemporal.
Itamar Assumpção é daqueles criadores cuja obra soa cada vez melhor com o passar do tempo - como deve ser a verdadeira arte.
No vídeo, as Orquídeas do Brasil, Tetê Espíndola e Itamar apresentam Noite Torta", uma das suas composições mais inspiradas, de um lirismo arrebatador.
Na sala numa fruteira
A natureza está morta
Laranjas, maçãs e pêras
Bananas, figos de cera
Decoram a noite torta
Sob a janela do quarto
A cama dorme vazia
Encaro nosso retrato
Sorrindo sobre o criado
No meio da noite fria
Está pingando o chuveiro
Que banho mais apressado
Molhado caíste fora
No espelho minh'alma chora
Lá fora está tão gelado
Sozinha nesta cozinha
Em pé eu tomo um café
Na pia a louça suja
Me lembra da roupa suja
No tanque que a vida é








