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Motta

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Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

Um banquinho, uma voz, um violão, e a nossa suprema vergonha

November 16, 2017 11:10, by segundo clichê


Carlos Motta

Escuto muita música. Desde os meus 12, 13 anos, ou seja, há mais de meio século.

Ouço quase tudo com quase nenhum preconceito - está bem, axé é demais, esse tal de sertanejo universitário é de lascar, aquele batidão que dizem que é funk, então é dose, e até fico sem palavras para expressar o que sinto pelo "rock" nacional da década de 80 e por essas cantoras de hoje com voz de menininhas de 7 anos ...

Minha discoteca tem lá uns 1.500 LPs - alguém sabe o que é um "Long Play"? -, a maioria comprada no fim da década de 60 e na seguinte na saudosa Casa Carlos Gomes, em Jundiaí, onde o Paulinho Copelli me dizia, todo mês, "quanto você quer pagar agora", quando eu largava uma pilha de discos em sua mesa, para depois, ao escutar a minha resposta, marcar numa santa caderneta - alguém sabe o que é isso? - o que restava de minha dívida, interminável dívida.

Eram outros tempos, nos quais a palavra inflação ainda era desconhecida por grande parte de nós - não é que ela não existisse, a palavra e o que ela significava, mas convenhamos, o aumento do custo de vida não fazia parte da propaganda do Brasil que ia para a frente moldado pelos militares.

Tenho também algumas centenas de CDs, perto de mil, calculo, espalhados pelo apartamento, numa desordem que nem eu entendo.

Me considero um entendedor nível 4, uma escala de 10, da música em geral, pelo menos daquela que é mais difundida por estas terras: além, é claro, dos nossos ritmos, vamos dizer, mais consolidados, samba e seus subgêneros, choro, baião, xote, forró, frevo, marchinhas e marchas, conheço um pouco dos ritmos alienígenas, principalmente os americanos, como o jazz e suas milhares de variações, o rock e as suas também milhares de variações, idem o blues, ibidem o country, etc etc. Música erudita, a mesma coisa: já escutei e ainda escuto desde Boccherini, Vivaldi, Mozart, os três BBBs, os românticos do século XIX, as grandes árias das grandes óperas, o teatral Wagner, até essa turma mais moderna que acha que melodia não é essencial.

Ah, e o genial Villa-Lobos - sem patriotismo.

É isso, não só sou um ouvinte meio compulsivo, como acho que a música é uma das expressões culturais mais importantes da civilização - qualquer civilização. 

Bem, lá se foram umas 400 palavras e uns 2 mil caracteres e ainda não disse o que queria dizer nesta crônica ordinária. 

Falei de música, falei da minha paixão pela música, e ainda não cheguei ao essencial, que é seguinte:

que lixo de país é este que deixa um dos maiores músicos de sua história virar notícia de jornal porque está, aos 86 anos de idade, em estado de penúria?

Que porcaria de país é este que permite que um artista reconhecido como um gênio em todo o planeta, que é, junto com alguns outros poucos brasileiros, aclamado quase como unanimidade, aqui e lá no badalado "Primeiro Mundo", lá no invejado States, virar notícia porque não tem nem onde morar?

Dá uma tristeza infinita constatar que este país - e quando digo país quero me referir a não só às autoridades, mas ao todo poderoso mercado, aos meios de comunicação, à toda a engrenagem que faz a sociedade funcionar - chegou a este ponto.

Não bastava o vexame de ter como presidente um anão moral e ético, de vermos as instituições serem usadas para perseguir os "inimigos" da classe dominante, de nos assustarmos com a onda fascista que se aproveita da ignorância - e burrice, extrema burrice - da maioria do povo para crescer e intimidar quem ainda tem cérebro...

Não, não bastava perceber que o Brasil retrocede à Idade Média e das trevas, da caça às bruxas - "lincha, lincha que ele é comunista, ele é petista" -, da Inquisição, da pré-civilização...

Agora nos agarra essa vergonha, de chutarmos para o noticiário de escândalos a biografia desse que, fosse este um país não dominado pelo complexo de vira-lata, seria, há muito tempo, louvado como um gigante, um herói, o sujeito que com um violão e uma voz pouco potente, simplesmente definiu os rumos da Bossa Nova, esse gênero que é um dos mais fortes produtos brasileiros de exportação, e foi mestre indiscutível de milhares de artistas de todos os cantos da Terra.

Conheço pessoas que não gostam dele, não suportam seu jeito de cantar, porque talvez não percebam a sutileza com que ele, durante décadas, mostrou ao mundo um país de sonhos, gentil, cujos artistas, de qualquer cor, de qualquer condição social, eram respeitados justamente porque eram artistas, pessoas especiais, de sensibilidade exacerbada, capazes de tocar o coração mais empedernido.

A alma dói ainda mais quando, a poucas palavras de terminar este texto, tenho a certeza de que existem nestes 8 milhões e tantos quilômetros quadrados de solo, muitos músicos, cantores e compositores que se entregam à arte por puro amor, sem concessões a modismos, ao comércio, e ao vil metal.

Exatamente como este baiano João Gilberto. 



Freddy Groovers abre festa da cerveja de Amparo

November 16, 2017 11:09, by segundo clichê


A combinação de cerveja artesanal com música poderá ser desfrutada neste fim de semana no Amparo Beer Fest, na cidade de Amparo, no Circuito de Águas Paulista, que terá início neste sábado, 18, com um show da banda Freddy Groovers. Amparo, além de ser a cidade onde a festa será realizada, também é a terra natal do grupo.


“É uma grande satisfação fazer um som em Amparo, nossa cidade. Sempre que temos essa oportunidade, buscamos levar o que temos de melhor aos nossos conterrâneos”, diz o vocalista da Freddy Groovers, Raul.

A Amparo Beer Fest será realizada na Rua XV de Novembro, Centro, onde estão localizados vários bares, restaurantes e pizzarias. O show da banda começa às 15 horas.

Fundada em 2013 a Freddy Groovers tem um estilo fora do convencional misturando samba, funk soul, jazz, baião, maracatu, entre outros ritmos. Já gravou um CD, "Groove na Cabeça", cujas faixas levam mensagens que vão desde a luta cotidiana do brasileiro, até menções honrosas a grandes líderes da história mundial.

Formada por seis músicos - Raul (vocais), Cebola (guitarra), Chinelo (contrabaixo), Manu (bateria), Giovani (trombone) e Ciolfi (saxofone) -, conta também com formação completa incluindo trompete e percussão. 



Krajcberg deixa obra de denúncia contra a devastação ambiental

November 16, 2017 10:58, by segundo clichê


O artista plástico Frans Krajcberg morto na quarta-feira (15) no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, aos 96 anos, deixou uma importante obra no Brasil desde que chegou ao país, em 1948.

Escultor, pintor, gravador e fotógrafo, Krajcberg nasceu, em 1921, em Kozienice, na Polônia, e estava internado havia um mês para tratar de infecções. Ele se destacou com um trabalho de esculturas feito com troncos e raízes queimadas, que marcou a sua luta contra a devastação das florestas e em defesa do ambiente.


Krajcberg participou, em 1951, da 1ª Bienal Internacional de São Paulo com duas pinturas. Logo depois residiu por um breve período no Paraná, isolando-se na floresta para pintar. Em 1956, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde dividiu ateliê com o escultor Franz Weissmann (1911-2005). Naturalizou-se brasileiro no ano seguinte. A partir de 1958, alternou residência entre o Rio de Janeiro, Paris e Ibiza.

Desde 1972, residia em Nova Viçosa, no litoral sul da Bahia. Ampliou o trabalho com escultura, iniciado em Minas Gerais, utilizando troncos e raízes, sobre os quais realizava intervenções. Viajava constantemente para a Amazônia e Mato Grosso e fotografava os desmatamentos e queimadas, revelando imagens dramáticas. Dessas viagens, retornava com raízes e troncos calcinados, que utilizava em suas esculturas.

Na década de 1980, iniciou a série Africana, utilizando raízes, cipós e caules de palmeiras associados a pigmentos minerais. O Instituto Frans Krajcberg, em Curitiba, foi inaugurado em 2003, recebendo a doação de mais de uma centena de obras do artista.



Enfoque urbano une artistas em mostra no Rio

November 15, 2017 10:23, by segundo clichê


O enfoque do urbano é o ponto em comum das obras de duas artistas visuais que uniram seus trabalhos na exposição Mil Histórias, Duas Rotas, no Centro Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro. São 34 pinturas que mostram um recorte das trajetórias de Bet Katona e Roberta Cani, em diálogo na mesma temática, mas com histórias e vivências distintas.

A húngara Bet Katona, nascida em 1954 e vivendo no Brasil desde 1962, teve sua formação na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, a mesma instituição onde estudou a carioca Roberta Cani, nascida em 1961. Enquanto Bet cria observando elementos da cidade, seja ao vivo ou por meio de fotos, ou "viajando" pela internet, Roberta, cinéfila, elabora seus temas a partir dos filmes que assiste.


“Minhas obras são elaboradas a partir da observação do cotidiano, mas também a partir de lembranças minhas. O semáforo, a caixa d’água, o posto de gasolina, a paisagem com postes em perspectiva, entre outros elementos, são desenhos de memória”, diz Bet sobre seu método de trabalho. Já Roberta busca de outro modo a inspiração: “Assisto a diversas produções, tanto antigas, quanto atuais, captando aqueles frames que mais me impactam e os fotografo”, explica.

Para o curador da mostra, Ivair Reinaldim, as rotas traçadas por meio das pinturas – em acrílico sobre tela e óleo sobre tela - das artistas sugerem diferentes combinações, a partir dos percursos que cada espectador faz na exposição. “Sejam duas ou mil, variáveis são as rotas e as histórias a serem identificadas nessa trama”, destaca.

A exposição fica em cartaz até 14 de janeiro de 2018 e pode ser visitada, com entrada franca, de terça-feira a domingo, das 12 às 19 horas. O Centro Cultural Justiça Federal fica na Avenida Rio Branco, 241, no centro do Rio.



Piano e flauta, Amilton e Léa, um duo de virtuoses

November 15, 2017 9:51, by segundo clichê


Pela segunda vez o pianista Amilton Godoy, ex-Zimbo Trio, e a flautista Léa Freire se unem para tocar juntos num álbum. O primeiro trouxe composições de Léa para piano, colocando Amilton como intérprete. Desta vez, fazem o caminho contrário e o registro traz exclusivamente composições e arranjos de Amilton. O nome do disco, sugestão de Léa, faz referência justamente a esta autoria.

"A Mil Tons" traz dez faixas instrumentais, com direção musical do próprio Amilton. A engenharia de som, mixagem e masterização foi feita por Homero Lotito. As faixas foram gravadas no Estúdio Gargolândia, local propício à inspiração. O resultado evidencia o virtuosismo e a maturidade musical de ambos. O disco sai pelo selo Maritaca, que também assina a produção.


Léa toca flauta transversal em C na maioria das faixas, as músicas "O Batráquio" e "Santa Cecília" são na flauta G, e na inédita "Três Irmãos"  ela utiliza a enorme flauta contrabaixo. A flauta e o piano de Amilton seguem conectados, dialogando em sincronia por todo o disco. Cada faixa revela um desafio diferente e proporciona uma nova descoberta aos ouvidos, alternando entre a execução do tema e a improvisação.

O disco abre com "Choro", música composta na metade da década de 70, com a intenção de fugir dos encaminhamentos comuns desse gênero. Em "Teus Olhos", o movimento varia entre o contemplativo e a agitação da melodia. "Pouca Encrenca" propõe duas ideias distintas que se completam - nela, a flauta dobra a mão esquerda do piano, reforçando a melodia, cujo tema é apresentado de forma sincopada. "O Batráquio", também criada nos anos 70, traz o suingue numa harmonia simples, de dois acordes, que convida à improvisação. "Minha intenção era criar na música brasileira uma ideia de mão esquerda como o boogie-woogie está para a música americana", diz Amilton.

"Estudo em Bb" é conduzida pela flauta, com numerosas escalas que passeiam por toda a sua tessitura, enquanto o piano acompanha. "Santa Cecília", por sua vez, de notas longas e variações no tempo, foi criada em homenagem à padroeira dos músicos. Em "Caucaia do Alto", uma das mais recentes composições do disco, prevalecem cinco notas, com uma construção com três finais diferentes, um preparando para o outro. "Quem Diria", boa para improvisar, tecnicamente desafia a flauta na execução.

Única música inédita no disco, "Três Irmãos" flerta com o blues mas com muito balanço brasileiro, o piano e flauta ficam em diálogo constante. O nome faz referência aos três pianistas da família Godoy (Amilton, Adylson e Amilson Godoy). Nessa faixa Léa toca com a flauta contrabaixo que confere "um sabor todo especial", como ela mesma diz.

"Teste de Som" finaliza o disco como a "hora do recreio" para quem gosta de improvisar.  "Esta música é dedicada ao Zimbo Trio, pois toda vez que tínhamos uma apresentação artística, a passagem de som era feita utilizando esse tema, razão do nome. De harmonia muito simples, possibilita ao músico ficar muito à vontade para criar tendo sua estrutura como base", afirma Amilton.

"Amilton não deixa nada largado, uma frase musical, uma ideia rítmica, sempre voltam, se desenvolvem, às vezes modificados, às vezes disfarçados, mas jamais esquecidos. Já a execução é um desafio sempre, soa fácil, mas é difícil. Suas composições instigam, passeiam pela flauta toda e oferecem a prazerosa alegria de improvisar", diz Léa.

Léa fala sobre Amilton

"O Amilton Godoy é um dos maiores músicos que este país já produziu. Por todos os pontos de vista que se olhe a carreira desse moço é um sucesso. Como líder de um dos trios mais famosos do Brasil, o Zimbo Trio; como pianista erudito, que era chamada pelo Camargo Guarnieri para testar suas partituras para piano e vencedor de vários prêmios; como compositor; como arranjador; como acompanhador de cantores como Elis Regina, Milton Nascimento e Elizeth Cardoso, só para citar alguns, o moço arrasa.

Admirado dentro e fora do Brasil pelo mundo inteiro, não conheço alguém que tenha tido a oportunidade de estar ou tocar com ele sem se encantar com a música e com a pessoa. Seu papel de educador é fantástico, muita gente boa deu a sorte de ter aulas com ele, grupo privilegiado no qual me incluo, muito alegremente. O Clam, onde ainda estudo, é a primeira escola de música popular no Brasil. Aqui ele mostra algumas de suas tão felizes composições, com seus arranjos que tenho o desafio e a alegria de tocar, e seus improvisos tão deliciosos.

É uma honra, um presente do destino, sorte infinita poder realizar esse projeto que revela não só a virtuose, a maestria, o domínio da técnica e o conhecimento harmônico, mas a alma iluminada e criativa desse cidadão Brasileiro da maior importância."

Amilton fala sobre Léa

"Minha admiração pela Léa Freire surgiu quando ela foi estudar no Clam, Escola de Música fundada pelo Zimbo Trio. Com apenas 16 anos de idade, começou a se destacar como um grande talento e no ano seguinte, devido ao seu  desenvolvimento excepcional, foi convidada a fazer parte do corpo docente. Sua musicalidade a diferenciava de tal forma que, constantemente, participava dos grupos formados pelos melhores alunos e também por professores da escola.

Desde então, acompanho seu trajeto musical, que envolve não somente sua evolução como instrumentista e compositora, mas também suas iniciativas como produtora cultural, possibilitando a muitos músicos a chance de mostrarem suas criações através do seu selo Maricata. De todas as suas iniciativas que admiro, o grupo instrumental Vento em Madeira,  liderado por ela, é, sem dúvida para mim, a melhor expressão da Música Brasileira Contemporânea.

Seu amor pelo piano a motivou a escrever uma linda coletânea de suas belíssimas composições para piano solo. Eu me encantei com esses arranjos e em 2013 lançamos um CD ("Amilton Godoy e a Música de Léa Freire"), colocando-me na condição de intérprete procurando reproduzir com a maior fidelidade possível cada nota escrita por ela. São arranjos maravilhosos que, sem dúvida, enriquecem a literatura pianística brasileira. E num gesto de grandeza. ela disponibilizou todos os arranjos para seus colegas pianistas através da internet (www.maritaca.art.br/leafreire/partituras).

Imaginem a minha alegria quando a Léa manifestou interesse em gravar algumas das minhas composições.

Optamos pelo duo, piano e flauta, e com ensaios constantes buscamos o amadurecimento necessário como preparação para gravação. Gostei demais do resultado final. E fiz o que pude, mas a Léa se superou. O seu som, sua maturidade musical, deram às minhas composições uma dimensão que eu não esperava que pudesse ser atingida. É que além de sua qualidade sonora, os seus improvisos têm uma força musical surpreendente e absolutamente perfeitos. É maravilhoso você ouvir de um músico muito mais do que poderia esperar.

Para mim, a Léa está vivendo um ciclo virtuoso e isso a torna uma pessoa irrepreensível. Eu me sinto extremamente motivado por fazer parte desse ciclo e - porque não dizer - até rejuvenescido, toda vez que divido o palco com ela.


Quero agradecer à Léa a oportunidade que tem me dado de poder continuar minha vida profissional fazendo o que eu gosto, do jeito que eu gosto e com quem eu gosto. Por fim agradeço a Deus e peço que ilumine o nosso caminho."



Motta

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