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Motta

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Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

Caverjets, a banda que toca rock anti-Bolsonaro

March 24, 2022 9:46, by segundo clichê

Foto: Fernando Valle



O grupo carioca Caverjets chega às plataformas digitais com um álbum de estreia, “Manifesto Caverjético”, abordando a realidade sociopolítica do Brasil e do mundo, com muito humor, buscando a provocação e o debate de temas que estão na ordem do dia, como a legalização da maconha, o poliamor e a história peculiar do vocalista, usuário medicinal de CBD (substrato derivado da maconha) em função de uma dor crônica intratável.

Transitando livremente por várias vertentes do rock - blues, rockabilly, ska, punk rock, hardcore e até o hard rock – o disco “Manifesto Caverjético” foi finalizado em 2020, porém foi não lançado devido à pandemia de covid-19. A banda foi formada em 2018 e conta com Xandão do Rock (vocal/baixo), Vitega (bateria/vocal) e Roginho (guitarra/vocal).

Com produção musical - e execução dos instrumentos - assinada por Vicente Barroso (ex-baixista e cofundador da banda) e Guilherme Vaz (ex-guitarrista da banda), o álbum foi gravado, mixado e coproduzido por Raphael Dieguez no  estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro, com masterização em fita analógica pelo estúdio Forestlab em PetrópolisJ. A gravação das baterias foi feita pelo ex-integrante Livio Medeiros. O design e arte do disco contam com a assinatura do icônico ilustrador Cristiano Suarez, que causou polêmica em 2019 ao criar um pôster para a lendária banda de punk rock americana Dead Kennedys.

Ao longo de toda a pandemia, a partir de março de 2020, a banda lançou, porém, singles, também em formato de videoclipes. Em abril de 2020, o single “Pequenas Igrejas, Grandes Negócios”, que compõe o álbum “Manifesto Caverjético”, aborda a invasão do discurso religioso na política nacional e a  imunidade fiscal sobre todos os impostos e demais tributos para os templos de qualquer culto. 

Em 2021, a banda lançou mais três novos singles: o primeiro, "Prato do Dia", apresenta, de forma humorada e ácida, críticas ao posicionamento conturbado da política atual, sobrando provocação à “grande massa” que teria sido manipulada e se tornado “coxinhas reaças”.

No mês de abril, foi a vez de “Genocidas”, discorrendo sobre as péssimas opções na presidência e vice-presidência brasileiras. Em seguida, uma versão e adaptação de ''Caminhando e Matando'', abordando de forma extremamente irreverente, mas não menos bélica, o genocídio e escolhas presidenciais que levaram o país a mais de meio milhão de mortos por covid-19: “Ignoro a ciência sem pudor / Sigo negando a vacina / Te empurrando cloroquina / Mato tudo e mato todos onde eu vou”, trecho com explícita referência a Jair Bolsonaro.

Último lançamento, “A Grande Mentira”, uma das mais provocativas, foi lançada, juntamente com o videoclipe, no dia 7 de setembro para provocar e contestar a independência do Brasil, atacando a submissão dos políticos ao mercado financeiro, a ligação entre poder e dinheiro, associando o presidente da República ao 666, o famigerado "número da besta", citado no livro Apocalipse da Bíblia. Todos os singles já lançados estão disponíveis nas principais plataformas digitais.

Serviço

Site: www.caverjets.com

Instagram: @caverjets

Youtube: Caverjets Oficial

Facebook: Caverjets

Tikok: Caverjets

Spotify, Deezer, Apple Music e demais streamings: Caverjets



Armando Lobo reinventa a música nordestina

February 14, 2022 9:54, by segundo clichê

Armando Lobo: novo álbum é divido em popular e erudito

 

O compositor e multiartista pernambucano Armando Lôbo chega ao seu quinto álbum solo desafiando, mais uma vez, ortodoxias de gêneros e estilos musicais. “Veneno Bento” faz uma leitura simbólica e inovadora do sertão nordestino, sua força solar, a religiosidade, a música dos cantadores, das feiras e a vastidão dos espaços. As canções usam estilos regionais como aboio, xote, baião e outros, sempre de maneira ousada.

O álbum é dividido em duas playlists, uma popular arrojada e outra com música contemporânea de concerto. A formação instrumental das faixas é bastante inusitada, buscando um espectro sonoro agressivo e brilhante, como um excesso solar. Na parte popular do álbum, as letras das canções escapam da obviedade, usando uma abordagem por vezes filosófica e expressionista, de alta voltagem poética. O material musical de influência popular não é usado de forma previsível em nenhum arranjo, pois a técnica composicional de Armando é bastante diversificada em nuances polifônicas e timbrísticas. 

A playlist erudita fecha o álbum com quatro peças de formação contrastante, todas fazendo referência ao universo nordestino.

“Veneno Bento” também está sendo lançado em formato audiovisual, com cenas colhidas na zona rural de Bezerros, no agreste pernambucano, propondo um desfile de arquétipos, tendo como maior ponto de referência a figura humana e estética do vaqueiro. O álbum audiovisual tem um formato inédito contendo videoclipes, lyric videos, videopartituras e uma obra “eletrovisual” (“Alquimia da Zabumba”), cuja edição videográfica segue o modelo especulativo da composição eletroacústica.

Na playlist popular, o eletrobaião “Sertão Satori” tem letra que combina simbolismo religioso hindu com uma imagética sertaneja, enquanto “Fera do Sol” traz uma harmonia densa sobre pulsação em compasso 7x8. A letra, um poema de tons expressionistas, é entoada por Luiza Fittipaldi e Armando Lôbo. 

A faixa-título “Veneno Bento” é uma parceria entre o compositor mineiro Rodrigo Zaidan e Armando Lôbo, marcada por uma harmonia dissonante e letra que revela o sentido poético do álbum. 

Clássico do repertório de Luiz Gonzaga, “A Morte do Vaqueiro” ganha versão novíssima e inusitada, com backing vocal de Sue Ramos inspirado no aboio. 

Já “Abismo”, Armando apresenta um “aboio progressivo psicodélico”, com letra escatológica que é um soneto inspirado na poesia de Ariano Suassuna. 

Xote de harmonia sofisticada e letra metrificada à moda dos repentistas, “Disparo” tem a participação de Surama Ramos que divide os vocais principais com Armando. 

Canção do escritor e compositor paulista Luciano Garcez, “Incelenças” tem letra que reflete em plano sertanejo o amor cortês medieval.

A playlist de caráter mais erudito abre com “Aboio e Disparada”, dividida em dois momentos: Aboio homenageia a estética micropolifônica do compositor húngaro György Ligeti, e Disparada tem influências de Villa-Lobos e do compositor russo Alfred Schnittke. 

Composição imagética para flauta, acordeão, violino e violoncelo, “Tocaia” propõe uma alucinação sonora dos últimos momentos de Lampião e seu bando. 

Inspirada na música dos ternos de pífanos, a peça "Hubris Cabocla" foi criada para uma combinação instrumental bastante inédita: dois pífanos, dois violoncelos, trombone baixo e percussão. 

Já "Alquimia da Zabumba" é uma peça eletroacústica que usa apenas sons extraídos de uma zabumba com baquetas, mãos e bolinhas de gude.

Assistir na íntegra "Veneno Bento"

https://youtu.be/fcWjEZg92EY 

Ouvir online

https://onerpm.link/337561643650

https://classic.onerpm.com/disco/album?album_number=337561643650

Mais informações 

https://www.armandolobo.com/veneno-bento 

Show de lançamento

17/2, quinta-feira, às 20 horas



Max Riccio revive violão do início do século XX

December 14, 2021 8:51, by segundo clichê



Foi a partir de uma foto, provavelmente de 1916, imortalizando o encontro de três grandes violonistas da época, que o intérprete e educador Max Riccio, se interessou pela obra de Quincas Laranjeiras, João Pernambuco e Agustín Barrios. Em seu novo EP “Retrato Carioca”, uma alusão direta à fotografia tirada na loja Cavaquinho de Ouro, na Rua Uruguaiana, no Centro do Rio de Janeiro, onde se vendiam e se fabricavam instrumentos musicais, Riccio busca eternizar cinco obras desses compositores, usando até mesmo, na gravação, uma réplica do violão Torres, com encordoamento de tripa, o mais usual naquele período. Atuando solo e em música de câmara, o intérprete, natural de Natal (RN), é conhecido por seu  trabalho de pesquisa de repertório e também pela utilização de réplicas de instrumentos históricos, como também os encordoamentos e recursos utilizados em cada período artístico.

Do pernambucano Quincas Laranjeiras, Max Riccio gravou “Prelúdio em Ré”, “Valsa para violão” e “Dores d’Alma”. Precursor do ensino de violão por partitura e decisivo na formação dos mais importantes violonistas de sua época, Quincas Laranjeiras, ou melhor, Joaquim Francisco dos Santos, foi decisivo na formação dos mais importantes violonistas da época, como Zé Cavaquinho, Levino Albano da Conceição, Gustavo Ribeiro, Donga e Antônio Rebello, entre outros. Nascido em Olinda (PE), com um ano de idade se mudou com a família para o Rio de Janeiro, em 1874, estabelecendo-se no bairro de Laranjeiras.

Já de autoria de João Pernambuco, Riccio interpretou “Sons de Carrilhões”. Nascido em 1883, o compositor e violonista mudou-se para o Rio de Janeiro em 1904 e, em poucos meses, passou a morar em uma pensão em que viviam Pixinguinha e Donga, que também era frequentada por músicos e intelectuais, como o violonista e improvisador Sátiro Bilhar e o poeta Catulo da Paixão Cearense. Torna-se rapidamente conhecido nesse círculo e a apresentar-se em residências de famílias de elite, como a casa de Ruy Barbosa e Afonso Arinos. Em 1914, formou o Grupo Caxangá, com sete integrantes, entre eles Pixinguinha e Donga, lançando moda no Rio com sua caracterização sertaneja. Com os dois amigos músicos, integrou também, mais tarde, o conjunto Oito Batutas, excursionando pelo Brasil e exterior.

O paraguaio Agustín Barrios, músico que completa a tríade registrada na fotografia da época, é lembrado no EP com sua “Una limosna por el Amor de Dios (El último trémulo)”. Também conhecido pelo apelido de Mangoré, Barrios é o mais reconhecido violonista e compositor paraguaio de música clássica. Iniciou sua carreira pelo violão, o qual tocava desde a infância, chegando a participar da Orchestra Barrios, composta por membros de sua própria família. Alternava o violino com a flauta e a harpa, embora mais tarde tenha escolhido o violão como seu instrumento principal. A partir de 1910, aprimorou o estudo do instrumento e então passou a participar de concertos no México e Cuba, seguindo depois por toda a América Latina e pelo mundo.

Doutor em musicologia, com mestrado em práticas interpretativas, o professor de violão da UFRJ e pesquisador da Biblioteca Nacional Humberto Amorim destaca que no EP “Retrato Carioca” todo “o cuidado musicológico se coaduna a interpretações absolutamente envolventes, criativas e fiéis ao estilo interpretativo do repertório, conferindo vida única a páginas musicais de três personagens decisivos na trajetória do instrumento no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro".

Para o pesquisador, “o resultado é um mágico ambiente sonoro que parece nos transportar diretamente para um salão de concerto do século XIX ou décadas iniciais do XX, como se entrássemos em um túnel do tempo que nos leva ciclicamente do presente ao passado e do passado ao presente, em uma espécie de espiral eterna". 

Natural de Natal, Max Riccio se formou bacharel em violão pela Escola de Música da UFRJ. É mestre pela Unirio no programa de mestrado profissional, sob a orientação de Nicolas de Souza Barros e Ermelinda Paz Zanini, desenvolvendo o livro “O Violão Entrou na Roda: um Guia Prático para Principiantes”, publicado pela Editora Irmãos Vitale. Ultimamente, no duo The Biedermeiers, que compõe junto com Rubens Küffer, tem tido uma notável presença no cenário da música erudita nacional, com apresentações no programa “Partituras”, da TV Brasil, totalmente dedicado ao duo, e no programa Antena MEC FM, da Rádio MEC FM (Rio de Janeiro).

 Em 2018 e 2020 também atuou junto com a cantora Aline Talon no Duo Iara, atuando em diversas salas de concertos no circuito nacional, transmissão de concerto ao vivo pela Rádio MEC FM e participação na edição 2020 do Festival de Inverno de Petrópolis e Nova Friburgo. Como solista, vem se apresentando regularmente em importantes séries de concerto do Rio de Janeiro e festivais internacionais e nacionais de violão. Também tem participado de diversos programas de rádio e TV, podendo destacar gravações de obras inéditas de Quincas Laranjeiras no programa Violões em Foco da Rádio MEC FM, bem como a participação na trilha sonora de novelas da Rede Globo, como “O Astro” (Remake 2011) e “Gabriela” (Remake 2012). Nesses, toca alaúde árabe.



Festival Levada comemora dez anos com quatro dias de shows

December 8, 2021 14:59, by segundo clichê

Carne Doce faz o show de abertura do festival, nesta quarta-feira


O Festival Levada comemora dez anos de existência com shows de grandes artistas e promessas da música brasileira independente. Entre esta quarta-feira, 8 ao sábado, 11 de dezembro, o festival irá realizar sua primeira etapa no Teatro Rival Refit, no Rio de Janeiro, com ingressos a R$ 20.

"O Levada completa uma década e se mantém fiel à sua ideia inicial de mostrar o quanto a música brasileira continua pujante e diversa. Mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia, a classe artística teve uma produção rica e, de certa forma, foi responsável por amenizar o sofrimento da sociedade, que se viu obrigada a enfrentar o isolamento social. Para a primeira etapa dessa edição comemorativa, no Rival, teremos quatro apresentações que comprovam o que eu estou dizendo”, explica o curador Jorge Lz.

Julio Zucca, sócio da Zucca Produções, é o responsável pela realização  do projeto, que se tornou um dos mais importante festival de música do país, por trazer aos palcos cariocas talentos do Brasil inteiro, antes deles aparecerem de forma mais constante em outros festivais e para a mídia. “Esse, aliás, é um dos pilares do Levada - que desde 2018, se antecipou ao mundo, ao transmitir ao vivo na Internet as suas apresentações. Em 2021, com todos já acostumados às lives que aliviaram o isolamento no auge da pandemia, os dez anos do Levada serão comemorados com doze shows presenciais e uma exposição, tudo com transmissão digital pelo canal do festival no YouTube (www.youtube.com/levadafestival), começando pelos quatro artistas já divulgados para o palco do Teatro Rival Refit”, reforça Julio Zucca.

Vanguarda desde o primeiro acorde em 2012, o festival já jogou luz sobre 121 artistas de todas as regiões do país. Foi assim, por exemplo, com o BaianaSystem, que estreou no Rio de Janeiro na edição inaugural do Levada; Letrux, que fez o primeiro show do seu aclamado álbum "Noite de climão"; Cris Braun, que lotou o Teatro Ipanema em pleno período de Rock in Rio; Aíla, que já apresentou dois álbuns com sua onda paraense sob as bênçãos do Levada; e Silva, outro que fez os seus primeiros shows nos palcos cariocas graças ao festival e depois se tornou nacionalmente conhecido.

Patrocinado pela Oi através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro (Lei do ISS) e tendo o Oi Futuro como parceiro desde o início, o Levada é importante para a cena musical independente e gera muitas oportunidades para os artistas que passam por ele, além de levar para os mais diversos públicos cultura, música, entretenimento, arte e experiências sonoras. "Graças ao amplo e criterioso garimpo de Jorge Lz e à produção cuidadosa da Zucca Produções, participar do Levada virou sinônimo de chancela dos trabalhos de artistas na nova cena independente brasileira, funcionando como selo de qualidade e mola propulsora das carreiras deles", diz Victor D´Almeida, Gerente de Cultura do Oi Futuro.

O show de abertura do Festival Levada 10 anos ficará sob a batuta da Carne Doce, banda de Goiânia. O primeiro show deles na vida foi criado especialmente para o Levada. E, assim, o casal estreou na edição de 2013 do festival. De lá para cá, quatro discos de estúdio e um ao vivo chegaram, além de singles, e o nome Carne Doce caiu no gosto da crítica especializada e do público.

O show desta quarta-feira vai reunir as composições do álbum "Interior" (2020) nesta que será a primeira apresentação deste show no Rio de Janeiro. A banda virá completa - Salma Jô (letras e voz), Macloys Aquino (guitarra e voz), Aderson Maia (baixo), João Victor Santana (guitarra, sintetizador e programações) e Fred Valle (bateria e percussões) - para mostrar sua universalidade sonora entre dub, reggae, samba e trap.

A cantora, compositora e atriz Juliana Linhares, potiguar radicada no Rio de Janeiro, também vocalista da banda Pietá (atração do Levada em 2019) e do trio feminino Iara Ira, está de volta ao Festival Levada para cantar as músicas do seu “Nordeste Ficção”, primeiro disco solo, imaginado como um roteiro de teatro, um romance de autoficção e uma espécie de docudrama cinematográfico.

O álbum ostenta beleza e alegria, remetendo a LPs clássicos de Amelinha, Elba Ramalho, Cátia de França e outros nomes da geração nordestina lançados entre os anos 1970 e 1980. Traz, ainda, a grandeza melódica e poética de compositores como Alceu Valença, Ednardo, Fagner, Belchior e Zé Ramalho, dialogando com os herdeiros deles nos anos 1990: Chico César, Zeca Baleiro, Rita Benneditto e Lenine.

Com canção inédita de Tom Zé cantada em dueto com Letrux, o álbum é costurado por parcerias de Juliana com Chico César, Zeca Baleiro, Khrystal, Moyseis Marques, Posada, Mestrinho, entre outros compositores. Uma faixa emblemática é uma releitura do hino nordestino “Tareco e Mariola”, de Petrúcio Amorim. “Nordeste Ficção” foi influenciado pelo livro “A invenção do Nordeste e outras artes”, de Durval Muniz de Albuquerque Jr., e abre espaço para questionamentos sobre o que significa ser nordestina hoje.

Conhecida por misturar afrobeat às manifestações populares brasileiras, a Foli Griô Orquestra é uma banda de dez integrantes que faz um som magnético, sobretudo ao vivo. Eles se apresentam no dia 10 de dezembro, com as músicas dançantes e quase espiritualizadas do álbum "AJO" (2019), o primeirão, já indicado como Melhor Álbum de Música de Raiz em Língua Portuguesa ao Grammy Latino daquele ano.

Juntos desde 2015, os músicos vêm moldando uma sonoridade potente, que soma os ritmos tradicionais brasileiros a elementos do afrobeat nigeriano, tendo como principal referência Fela Kuti. O projeto mais recente da orquestra é o show “Flutua”, gravado em apenas um take durante o pôr-do-sol, sobre um palco flutuante na Lagoa de Saquarema. Foi um jeito de estar perto do público e fazer um show diferente do formato das lives que pipocou na Internet durante a pandemia.

O último show do Festival Levada 10 anos será da incensada banda de rock alternativo Maglore. Será no dia 11 de dezembro, com um roteiro que privilegia os maiores sucessos de seus quatro álbuns de estúdio – “Veroz” (2011), “Vamos pra rua” (2013) e também o consagrado “III” (2015) e “Todas as bandeiras” (2017). No set list da noite, já estão “Mantra” (indicada à categoria Nova Canção do Prêmio Multishow de 2015), “Café com pão”, “Aquela força” e “Motor” - esta ganhou versões nas vozes de Gal Costa e Pitty.

Nascida em Salvador em 2009, a Maglore em peso mora hoje em São Paulo. Nessa jornada, artistas como Carlinhos Brown e Wado participaram de seus discos. Em 2015, quando mudaram alguns integrantes, fizeram o terceiro disco, exibindo uma sonoridade mais direta e simples, inventiva e elegante como sempre, com influências de Caetano Veloso à Wilco, do misticismo da Bahia à rotina esmagadora da vida na terra da garoa. O "III" elevou o status da Maglore na cena.

Transmissão online:

www.youtube.com/levadafestival 

https://www.instagram.com/festivallevada/



Fotos de Sil Azevedo eternizam seu universo peculiar

November 26, 2021 8:37, by segundo clichê


Filha da Baixada Fluminense, nascida em Japeri, a cineasta, escritora e ativista social Sil Azevedo teve sua história contada há três anos, quando lançou seu livro “Filho de Prostituta”, uma coletânea de 28 textos, selecionados pela autora, que traduzem dores e dificuldades enfrentadas dos 15 aos 42 anos: autonegação, solidão e preconceitos vividos pela jovem negra homossexual. Desta vez, a cineasta de prestígio internacional assume por definitivo uma antiga “paixão platônica”, a fotografia, e lança diversos registros organizados em coleções, disponíveis em seu próprio site, realçando por meio de imagens o seu peculiar olhar para paisagens e personagens, sem fugir da temática social, tão presente em suas criações.

Premiada internacionalmente enquanto cineasta de forte cunho social – em 2009, sua produção “Future Filmmakers Project”, sobre quatro meninos confinados em um reformatório para menores, foi premiado em Nova Iorque como melhor documentário, e, em 2011, houve a premiação do seu documentário “The Journey”, sobre imigrantes ilegais durante o governo de Barack Obama – e também de prêmios nacionais - seu curta-metragem “Enquanto Canto” foi vencedor em cinco festivais brasileiros de cinema e duas vezes selecionado para festivais internacionais em 2017 – a multiartista investe agora também no segmento da fotografia para decoração, no ideal de tornar ambientes residenciais mais interessantes e harmoniosos, sintonizados com design de interiores, na linha dos espaços de saúde mental, com utensílios simples e acessíveis a qualquer pessoa: “Um quadro de fotografia que traga um pouco de luz e suavidade ao ambiente, para que qualquer um que trabalhe a semana inteira, tenha um espaço dentro da própria casa em que possa relaxar e se energizar para enfrentar a rotina sem estresse”, explica Sil.

A coleção “Território Diaspórico” busca descolonizar o olhar, com fotos de pessoas negras inseridas em paisagens exuberantes, fugindo totalmente da ideia do exótico - ou da maneira que o negro costuma ser apresentado dentro do conceito de beleza artística – e sim com o objetivo de “inserir o negro dentro do que se tem de mais bonito no planeta, como um representante natural da beleza daquele espaço, espaço esse, que nos pertence por direito”, revela a fotógrafa. 

“Minha fotografia é uma representação do mundo que busco, uma porta que me conduz a lugares e sensações que quero eternizar, onde enquadro apenas a minha percepção do que é essencial à vida”, diz.

A paixão pela fotografia

A menina que se encantava sempre ao se deparar com calendários de parede - única forma de "foto para decoração de interiores" possível para uma jovem de comunidade pobre como a de Japeri – percebia que as imagens eram sempre de lugares distantes, belas paisagens de montanhas geladas ou praias paradisíacas. O fascínio também era por imagens encontradas pelo chão, em revistas velhas, panfleto de propaganda ou “embalagens de leite, que traziam desenhos de vaquinhas e flores, as mesmas que muitas vezes faziam a decoração em paredes de algumas cozinhas do bairro”, comenta. Porém, diferentemente da maioria das crianças com quem convivia, seu interesse não era apenas pela beleza, mas também em saber como elas foram criadas.

A paixão pela fotografia, porém, estava fora da realidade da futura artista, que começou sua vida profissional não muito diferente da grande maioria da população negra e pobre no Brasil, desempenhando funções de atendente, doméstica, garçonete ou camelô. 

Aos 20 anos, ao divagar sobre as exposições de fotografia que já visitara na cidade e todo seu conhecimento e apreço pelo assunto, foi indagada por uma psicóloga: "Qual câmera que você usa?". A pergunta que mudaria sua vida, seguida de um longo silêncio e sem resposta, despertou a jovem Sil na busca por um conhecimento mais aprofundado. “Eu nem sequer fazia ideia de que existiam câmeras fotográficas, e talvez essa fosse realmente a questão. Até aquele dia a fotografia para mim se resumia à foto em si, ou seja, acreditava que a ferramenta usada para fazer aquilo eram as mesmas que eu tinha, os olhos, e não uma máquina fotográfica”, explicitando o abismo cultural, científico e tecnológico entre as diferentes camadas sociais.

“Naquele mesmo dia, eu subi o famoso edifício Avenida Central, no Largo da Carioca, e me deparei com um mundo maravilhoso (e caro) de equipamentos fotográficos. Eram muitas opções, muitas informações, muitas fotos, minha conexão foi imediata e não havia dúvidas de que meu próximo investimento seria uma câmera. Depois de vários dias de pesquisas, finalmente saí de uma loja do Edifício Avenida Central com minha primeira câmera fotográfica, uma Pentax K1000”, lembra.

De lá pra cá, muitas câmeras passaram pelas mãos de Sil Azevedo, porém o mundo da fotografia ainda não fazia parte da realidade da artista. “Meu único desapontamento com a fotografia foi a dificuldade de identificar meu mundo com ela, de estabelecer conexão com quem fotografava, e com quem era fotografado. Todos os fotógrafos que estudei eram brancos, todos os professores de fotografia que tive eram brancos, todas as pessoas retratadas nas paisagens exuberantes dos quadros decorativos, eram brancos, por isso durante muitos anos eu duvidei da minha capacidade de fazer parte desse mundo, por não me enxergar dentro nele”, destacando um questão social extremamente pertinente no universo da fotografia. 

“A maturidade me trouxe a consciência de que não estar retratada nesse mundo de beleza das fotografias de paisagem, não é por incompetência minha, nem de ninguém da minha cor, mas que eu posso sim incluir meu mundo, meu olhar e meu povo no universo belo que a natureza nos oferece. Esse é o foco da minha fotografia, retratar e ter retratado a beleza de um mundo onde o povo negro está incluído, seja dentro do quadro ou atrás da câmera”, comenta e completa: “Aquelas fotos de calendário podem até ser dos Alpes suíços, vitórias régias gigantes, ou praias paradisíacas, mas serão feitas pelo olhar de quem até então não se via em tais imagens, nem como parte da paisagem, nem como fotógrafo.”



Motta

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