Livro esgotado sobre Villa-Lobos ganha nova edição
Ottobre 15, 2019 9:48Quinze anos depois de uma tiragem reduzida e local, na época, conseguida por meio do patrocínio da Eletrobras, pela Lei Rouanet, uma obra-prima da literatura musical ganha sua segunda edição, agora com distribuição nacional, revisada e atualizada. O livro “Villa-Lobos e a Música Popular Brasileira, uma Visão sem Preconceitos” (Ed. Tipografia Musical, preço médio R$ 55,00, 207 páginas), da renomada pesquisadora e professora Ermelinda Paz (foto), é fruto de um estudo iniciado há 30 anos, quando a autora ganhou um concurso de monografias com esse tema.
Baseando-se em testemunhos, fotografias, documentos de época, reportagens, Ermelinda reuniu em sua publicação quase tudo que se publicou sobre Villa-Lobos e os discos lançados com suas músicas, que perfazem centenas de obras. Com um texto fácil e acessível, sem deixar de lado o rigor acadêmico na ampla pesquisa, o livro destrincha a vida do maestro e compositor desde a juventude, na segunda década do século passado, quando muito empobrecido pela morte prematura do pai, decide vender livros raros que herdara para poder financiar o seu sonho de viajar pelo país.
As dificuldades financeiras também o levaram a trabalhar como músico de operetas e de cinema -na época, grupos ou solistas animavam as antessalas. A sua contribuição na educação musical juvenil, por meio do canto orfeônico, que reunia milhares de jovens e crianças em estádios, também foi bastante aprofundada pela autora, que ainda ressalta o verdadeiro objetivo do maestro em educar socialmente por intermédio da música, não fazendo dela apenas uma exibição artística ou recreativa. O maestro levava música para multidões e também foi, provavelmente, o primeiro músico erudito a reconhecer o valor das manifestações populares, compondo inclusive para o violão, um instrumento sem muito prestígio na época.
Filho de um intelectual que gostava de promover saraus musicais em casa, recebendo a nata dos músicos populares, como Pixinguinha, Sinhô, João da Baiana e Donga, Villa-Lobos tinha uma especial relação de amizade e companheirismo com Cartola – por meio de testemunhos, o leitor se surpreenderá com hábitos pouco conhecidos do maestro, como seu interesse especial em prestigiar e vivenciar por tantas horas o Buraco Quente (pé do morro), na Mangueira.
Assim como Pixinguinha e outros músicos da época, Villa-Lobos também tinha o seu mecenas, Carlos Guinle, a quem sempre se preocupava em registrar, em cartas, a devida prestação de contas e o não desperdício – publicadas no livro, muitas dessas cartas revelam também a grande preocupação de Villa-Lobos em cuidar bem de sua obra e de afirmar sua gratidão pelo patrocínio. O livro traz também depoimentos de músicos variados, como Tom Jobim, Wagner Tiso, Edu Lobo, Egberto Gismonti, Elizeth Cardoso, Herivelto Martins, João Pernambuco, Vicente Celestino, Nana e Dorival Caymmi, dentre muitos outros grandes nomes da música brasileira, todos revelando o quanto de Villa-Lobos existe em suas composições.
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No Rio, três shows de rock progressivo
Ottobre 9, 2019 14:12Para aqueles de se esbaldaram com a passagem rápida do King Crimson no Rio, nesta semana a cidade vai receber três shows do gênero que prometem surpreender admiradores em geral. Dentro da programação do III CaRIOca ProgFestival, a banda paulista Dialeto (foto) leva ao palco do Centro Cultural Solar de Botafogo, nesta quinta-feira, dia 10 de outubro, o show “De Blavatsky a Bartók”, com músicas do compositor húngaro Béla Bartók livremente adaptadas pela banda para sua linguagem progrock típica. As composições fazem parte do álbum ‘Bartók In Rock’, lançado em 2017, com participação especial do violinista David Cross, conhecido por haver integrado a banda inglesa King Crimson da década de 70. O show faz uma trajetória na carreira da banda que não toca no Rio de Janeiro, desde 2012, na I Mostra CCBB de Rock Progressivo.
Os cariocas do Arcpelago sobem ao Centro da Música Carioca, na Tijuca, sábado, dia 12 de outubro, às 17 horas, com o show "Interseções”. A musicalidade elaborada e estreitamente vinculada à sonoridade analógica é a espinha dorsal do Arcpelago, que se alastra tanto pela vertente sinfônica, quanto pelo space-rock, hard rock e fusion, sendo notável a intensa preocupação do grupo com timbres e efeitos sonoros.
Em seguida, no mesmo dia, às 20 horas, será a vez do Caravela Escarlate, formadao em 2011 e integrado por David Paiva, multi-instrumentista e compositor, em parceria com o tecladista e compositor Ronaldo Rodrigues (também integrante do Arcpelago), com o veterano baterista Elcio Cáfaro, dono de extenso currículo na MPB e na música instrumental brasileira, uma das poucas bandas nacionais hoje divulgadas por selo europeu, a Karisma Records, que lançou em vinil o álbum homônimo da banda e relançou o CD, que também teve apoio na produção executiva da Vértice Cultural.
Mais shows até 25 de outubro
Do Rio Grande do Sul, a banda Apocalypse fará dois shows no Centro Cultural Solar de Botafogo, dias 18, sexta-feira, e 19 de outubro, sábado. O grupo iniciou as atividades em 1983 em Caxias do Sul (RS), influenciado por expoentes da década de setenta como Queen, Led Zeppelin, Pink Floyd, Rush, Yes, Kansas, Deep Purple e Journey. Após vencer os festivais Circuito de Rock e Festpop na serra gaúcha, lançou o primeiro LP homônimo em 1991 e assinou contrato com a gravadora francesa Musea. Foi o primeiro grupo brasileiro de classic rock a gravar e lançar CDs no exterior, e já abriu shows de grandes nomes do classic rock mundial como Yes (Araújo Vianna-Porto Alegre), Uriah Heep (Canecão – RJ) e Pendragon (Teatro João Caetano – RJ). Os gaúchos farão o lançamento do álbum ao vivo “The 35th Anniversary Concert”.
Com cinco discos já lançados, o Fleesh - formado por Celo Oliveira e Gabby Vessoni em 2014 - lança seu álbum “Across the Sea” na terça-feira, dia 22 de outubro, no Centro Cultural Justiça Federal, na Cinelândia, na íntegra junto com outras faixas de seus CDs.
Encerrando com chave de ouro, a lendária Bacamarte celebra seus 45 anos de formação com um show imperdível, dia 25 de outubro, no Teatro Municipal de Niterói. Fundada em 1974 por Mario Neto e Sergio Vilarim, a banda veio a gravar de forma independente o álbum “Depois do Fim”, em 1979, porém só lançado em 1983, quando, após ter suas músicas entre as mais tocadas pela Fluminense FM, foi aclamado por público e crítica como uma verdadeira obra-prima do rock progressivo. O álbum vendeu milhares de cópias em países como Alemanha, Itália, Rússia e, principalmente, Japão. Em 1999, foi lançado o álbum Sete Cidades, que também teve sua tiragem esgotada rapidamente.
Em 2009, após vários anos desaparecido das prateleiras e tendo se tornado item de colecionador disputado por amantes do gênero no Brasil e no exterior, “Depois do Fim” foi relançado pela Som Livre, em versão remasterizada diretamente da fita master original. No Teatro Municipal de Niterói, a banda será formada por Mario Neto (guitarra e violão), Marcus Moura (flauta e acordeon), William Murray (contrabaixo), Robério Molinari (piano e teclados) e Alex Curi (bateria), com a participação especial da cantora Jane Duboc.
Serviço
10/10 (quinta-feira) – Dialeto (São Paulo)
“De Blavatsky a Bartók”
Local: Centro Cultural Solar de Botafogo
Horário: 21h
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) / R$ 40,00 (meia entrada legal)
Rua General Polidoro, 80 – Botafogo
Rio de Janeiro - RJ (21) 2543-5411
12/10 (sábado) – Arcpelago (Rio de Janeiro)
"Interseções”
Local: Centro da Música Carioca (CMC)
Horário: 17h
Ingressos: R$40,00 (inteira) / R$20,00 (meia-entrada)
Rua Conde de Bonfim, 824 - Tijuca
Rio de Janeiro - RJ (21) 3238-3831
12/10 (sábado) – Caravela Escarlate (Rio de Janeiro)
“Show Interseções”
Local: Centro da Música Carioca (CMC)
Horário: 20h
Ingressos: R$40,00 (inteira) / R$20,00 (meia-entrada)
Rua Conde de Bonfim, 824 - Tijuca
Rio de Janeiro - RJ (21) 3238-3831
Para quem assistir aos dois shows, os ingressos passam a ser R$ 60,00/ R$ 30,00 (meia-entrada).
"Lágrimas", um disco que retrata o triste "Brasil Novo"
Ottobre 1, 2019 11:16![]() |
Nina Wirtti, Paulo César Feital e Lucas Bueno: em "Lágrimas", o amor pelo Brasil |
Carlos Motta
A resistência à ditadura militar legou ao Brasil obras de arte que permanecem entre as mais criativas já produzidas. No campo da música popular surgiram o tropicalismo, a turma do Clube da Esquina, os novos nordestinos e uma geração de sambistas com um pé na tradição e outro na modernidade, só para ficar nos exemplos mais conhecidos. Todos esses criadores, consciente ou inconscientemente, produziram músicas que não só refletiram o terrível momento pelo qual o país passava, mas também ajudaram a sociedade a superar as dores causadas pelos opressores da democracia e da liberdade.
Embora hoje a ditadura não seja escancarada como a daqueles tempos, é mais que óbvio que o país vive sob ataque incessante das forças das trevas, essas que tomaram conta das instituições e assaltam suas riquezas, espoliam seu povo, matam seus jovens e arrebentam seus cérebros.
Felizmente há, em todos os setores, quem não se conforme com essa situação, quem grite contra os usurpadores e lute, com as armas que tem, contra essa legião de facínoras.
É o caso, voltando à música popular, da dupla Lucas Bueno e Paulo César Feital, que lançou recentemente o álbum "Lágrimas", uma porrada no conformismo, uma bofetada indignada na cara daqueles que ousaram dominar um país que caminhava com passos firmes rumo a um futuro de mais igualdade e prosperidade para todos seus filhos.
Feital é nome consagrado na MPB, parceiro, entre tantos outros, de João Nogueira, Nelson Cavaquinho, Hélio Delmiro, Jorge Aragão, Claudionor Cruz, Guinga, Luiz Eça, Roberto Menescal e Altay Veloso, com obra gravada pela fina flor da nossa música popular e consagrado como um dos mais criativos e importantes letristas brasileiros.
Lucas surge como um dos mais talentosos criadores da nova geração. Pianista, violonista, compositor e cantor, já fez parceria com Ana Terra, Moyseis Marques, Chico Alves, Iara Ferreira, Joana Hime e Maria Vilani, a mãe do cantor e compositor Criolo, com quem ele assina um grande número de canções.
"Lágrimas" é resultado de um ano de trabalho dos dois e suas dez músicas são um retrato fiel da realidade social e política deste "Brasil Novo", que provoca pesadelos constantes em qualquer um que tenha um traço sequer de consciência.
No disco, Lucas e Feital, com a ajuda da ótima cantora Nina Wirtti e contando ainda com as participações de Moyseis Marques, Cláudio Nucci, Soraya Ravenle e Vidal Assis, levam a emoção do ouvinte a níveis altíssimos - pelo menos àqueles que têm empatia com os milhões de compatriotas que apenas sobrevivem neste imenso e infeliz país.
"Lágrimas" é certamente um dos lançamentos mais importantes da música popular brasileira dos últimos tempos. E uma conversa com seus dois autores ajuda a entender as razões que os levaram a produzir uma obra tão densa e ao mesmo tempo tão popular:
Como se deu o processo de composição? Foi demorado, como foi a decisão de fazer uma obra totalmente política e "nacionalista"?
Paulo César Feital - O nosso processo de composição acontece pelo apaixonamento, é fácil, quer dizer, não há dificuldade em trazer nossas almas à tona, até porque tenho no meu parceiro um criador fantástico. Não houve decisão por fazer uma obra política, veio naturalmente pelo posicionamento da própria nação, por toda a revolta que nos deu por decisões desastrosas do atual governo, pela exposição vexatória de nosso país a nível internacional. Creio que seja um disco mais social do que político.
Lucas Bueno: Houve três processos de composição distintos na feitura do álbum. Um foi compor a melodia para receber letra do parceiro Feital, outro foi fazer junto, de fato, sentados em volta de uma mesa, um processo extremamente prazeroso, de imenso aprendizado. O último e curioso processo foi com o baião "Pão com Goiabada" e o jongo "Setembrina", duas parcerias póstumas, onde terminei ambas as melodias que já tinham uma primeira parte, letra e melodia, de Feital com o saudoso bamba João Nogueira.
Vocês pretendem continuar nessa linha de composição de forte conotação social e política?
Feital: Jamais abandonei e tampouco abandonarei essa composição de conotação sociopolítica, 70% da minha obra lítero-musical fala do Brasil. A música deve se posicionar na defesa do seu solo, do seu povo, principalmente, que é muito sofrido, torturado.
Lucas: Na minha opinião o papel missionário da arte brasileira é alertar seu povo diante de suas mazelas, denunciar seus algozes, fazer com que o Brasil conheça o Brasil. As “Querelas” proféticas dos craques Aldir e Tapajós ainda ecoam e, infelizmente, “o Brazil tá matando o Brasil”.
Vocês acreditam que a arte, no caso de vocês, a música, é capaz de ajudar, de maneira substancial, na mudança da sociedade?
Feital: Claro que sim, a música sempre esteve na ponta dos questionamentos, vide 64, quando houve uma enorme efervescência cultural protagonizada por quem denunciava e brigava pelo que se instaurou no país.
Lucas: Com toda certeza. A música brasileira é formidável e não sobrevive de saudosismo, os pilares e baluartes influenciaram toda minha geração em demasia, mas também tenho minhas referências contemporâneas, e não são poucas, que podem mudar e munir de conhecimento toda uma sociedade através de sua música. Pena que esses artistas com suas respectivas canções sejam abafados por uma mídia sensacionalista e tendenciosa. A música tupiniquim é cada vez mais surpreendente e esplendorosa, o "mainstream" é inversamente proporcional.
Como vocês veem a relação Estado/cultura? O Estado deve apoiar as manifestações artísticas ou elas devem se abster desse apoio?
Feital: Se a arte promove o país, o Estado deve apoiar. Neste momento a gente vive, na minha opinião, num processo de quase censura ou de censura velada.
Lucas: Nossas maiores riquezas são naturais e culturais, o Estado descaradamente está conseguindo a passos largos ceifar as duas. A primeira pela raiz, literalmente, desmatando o pulmão do mundo sem dó nem piedade, liberando um agrotóxico atrás do outro, entre outras atrocidades. A segunda passa por uma censura velada num país que não é laico faz tempo. Seguiremos resistindo, esperançosos na volta de um presidente que apoie e promova as manifestações artísticas genuinamente brasileiras.
Como está a agenda de trabalho de vocês, quais seus planos?
Feital: Acho que meu relacionamento com o Lucas é para a vida inteira, pretendo continuar minha obra com ele. Um compositor que chegou na minha vida num estado de surpresa, é, sem dúvidas, um dos grandes expoentes da nova música brasileira, um gênio harmônico, melódico e um excelente letrista. Quero sempre tê-lo ao meu lado.
Lucas: Ganhei um novo amigo de infância, um mestre, não largo mais desse parceiro de jeito e maneira. Temos muito que compor, temos muito o que denunciar, o disco “Lágrimas” é só o primeiro capítulo de uma obra que canta o nosso amor por um Brasil que existe e resiste.
Link para audição de "Lágrimas" no youtube:
www.youtube.com/playlist?list=PL5ApX0XCwI9jxXYd8_iAjNKT_5aDVODTS
Link para audição de "Lágrimas" no Spotify:
open.spotify.com/album/6SuTQ4Q54EPWngbV5SvcGi
Piracicaba faz a festa do jazz cigano
Settembre 26, 2019 10:18![]() |
O inglês Robin Nolan volta ao Brasil |
Um show do Hot Club de Piracicaba, com os convidados Marcos Moraes, Eduardo Belloni, Julia Simões e Sandro Haick, abre nesta quinta-feira, 26 de setembro, às 20 horas, no Teatro Erotides de Campos, o 7º Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, que já se converteu no evento mais importante no Brasil para a difusão do gênero. Nesta edição, o festival recebe artistas do México, Portugal e Inglaterra, mantendo a tradição de promover um intercâmbio entre músicos que tocam o jazz cigano em diferentes países.
O festival foi idealizado pelo juiz de direito José Fernando Seifarth de Freitas, também guitarrista manouche, um dos fundadores do Hot Club de Piracicaba, em 2008. José Fernando tem vários discos gravados e além de se envolver diretamente na produção do festival, mantém uma atividade artística constante.
Como nos anos anteriores, o festival terá vários palcos: além do Teatro do Engenho, o Sesc de Piracicaba, as casas Jazz B e Jazz nos Fundos, em São Paulo, e o Boulevard de Águas de São Pedro. A programação, que se estende até 13 de outubro, é a seguinte:
26/9, às 20 horas - Hot Club de Piracicaba, Teatro do Engenho
O Hot Club de Piracicaba foi fundado em 2008 por José Fernando Seifarth de Freitas Alcides Lima (Cidão) e Marcos Mônaco, respectivamente baterista e clarinetista da banda paulistana Traditional Jazz Band Brasil. É o grupo anfitrião do 7º Festival Internacional de Jazz Manouche de Piracicaba e encabeçou o movimento do jazz cigano brasileiro.
Em 2008 a banda gravou seu primeiro CD, "Jazz a La Django", inspirado na obra do guitarrista Django Reinhardt. Seu novo trabalho, “Amigos”, foi lançado em 2019, quando o grupo celebrou seus 10 anos de existência, com participação de músicos nacionais (Bina Coquet, Florian Cristea, Seo Manouche) e internacionais (Howard Alden, Richard Smith, Robin Nolan e Paul Mehling).
Seus integrantes são André Grella (piano), Eliezer Silva (trompete), Fernando Seifarth (violão/guitarra), Frank Edson (tuba), Giliadi Richter (washboard), Wagner Silva (bateria) e Eloy Porto Neto (trombone e vocal).
3/10, às 19h30 - Manouchka e Smoke Rings, Teatro do Sesc
A banda Smoke Rings é de Guadalajara, no México, e lotou os teatros de música em todo o país, por causa de sua mistura de jazz e swing gypsy. Em 2015 lançou o primeiro álbum e fez uma turnê na Argentina, onde representou o México no 13º Festival Internacional Django Reinhardt. Em 2016 e 2017 viajou para a Colômbia.
O Trio Manouchka é a banda mais prestigiada a tocar a música de Django Reinhardt em Portugal e a única com reconhecimento internacional. Desde 2014 o guitarrista Nuno Marinho se dedica a promover o gênero em Portugal e a atuar com músicos de jazz cigano em Nova York, Paris, Londres, Amsterdã e na Índia. Para este festival, o Trio Manouchka virá ao Brasil como duo (Nuno Marinho como guitarrista e Marian Yanchyk como violinista) e se apresentará com o acordeonista Marcelo Cigano, o baixista Nando Vicêncio e o violonista Vinicius Araújo.
4/10, às 20h - Robin Nolan, no Teatro do Sesc
O músico inglês Robin Nolan nasceu em 1968 enquanto seus pais se apresentavam para as tropas americanas em guerra. Em sua infância em Hong Kong, seu aprendizado musical passou pelo rock, blues e jazz até chegar ao estilo ao qual apaixonadamente tem dedicado sua vida: a música cigana. Com mais de 2 milhões de acessos em seu canal no YouTube, o Gypsy Jazz Secrets, Robin Nolan é uma das maiores autoridades mundiais em tudo o que é jazz manouche. Seu trio já tocou diversas vezes no Festival Django Reinhardt em Samois, França, e já viajou pelo mundo fazendo shows em muitos dos mais prestigiados locais e festivais do mundo do jazz. Participa pela terceira vez do Festival de Jazz Manouche de Piracicaba.
Nolan está homenageando George Harrison em um novo álbum, com uma coleção de músicas do ex-Beatle tocadas de maneira única. Harrison era fã e amigo de Robin.
5/10, às 16h - Hot Club de Piracicaba, Marcos Moraes, Bina Coquet e Sebastian Abuter; Manouchka; Smoke Rings; Robin Nolan; e Florian Cristea, no palco externo Teatro do Engenho
8/10, às 20h - Manouchka e Smoke Rings, no Jazz dos Fundos (SP)
9/10, às 20h - Florian Cristea Quarteto, com participação Robin Nolan, no Teatro do Sesc
O violinista romeno Florian Cristea teve seus primeiros estudos musicais com seu pai, Gica Cristea. Frequentou uma escola de música até 1983, quando entrou no Conservatório de Bucareste e começou a ganhar competições. Em 1985 se tornou aluno de Ion Voicu e a partir de 1990 participou de várias orquestras romenas e excursionou pela Alemanha, Suíça, França, Estados Unidos, Finlândia e Turquia. Mora no Brasil há 21 anos, desde que foi convidado pelo maestro brasileiro Claudio Cruz para tocar na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Apesar de ter formação acadêmica, Florian toca jazz há anos. Neste festival ele estará acompanhado dos músicos Bina Coquet (violão) e Danilo Viana (baixo).
10/10, às 20h - Sebastian Abuter trio e Robin Nolan, no Jazz dos Fundos (SP)
11/10, às 20h - Gypsy Jazz Club, no Teatro do Sesc
O Gypsy Jazz Club é um grupo formado pelos músicos brasilienses Victor Angeleas (violão tenor e bandolim de 10 cordas), Pedro Vasconcellos (cavaquinho), Igor Diniz (contrabaixo acústico) e Eduardo Souza (violão manouche). Mescla o jazz cigano com a música brasileira, de onde vêm as influências e a vivência musical dos integrantes. O grupo surgiu em 2013 e, no ano passado, lançou um disco com o violinista americano Ted Falcon.
12/10, às 17h - Hot Club de Piracicaba, Robin Nolan e Gypsy Jazz Club, em Águas de São Pedro
13/10, das 14h às 16h - Tributo a Django e Grappelli, com Florian Cristea e All Stars Jam (participaçãos de integrantes do Smoke Rings e Manouchka) no Jazz B (SP)
O samba do Brasil que odeia
Settembre 22, 2019 17:51
De quando em quando surgem músicas emblemáticas, que marcam uma geração, um período da história - e que ficam para sempre na memória popular.
É o caso, por exemplo, de "O Bêbado e a Equilibrista", da dupla João Bosco/Aldir Blanc.
Ou de "Coração de Estudante", de Milton Nascimento e Wagner Tiso.
Nestes tempos mais que sombrios vividos pelo Brasil, eis que surge uma composição que reflete de modo perfeito o que muitos, mas muitos mesmos, estão sentindo agora. "Sonho Estranho", de Moacyr Luz e Chico Alves, não é só um samba belíssimo - é aquilo que a gente tem preso na garganta, que oprime o nosso peito, que amordaça a nossa voz.
É uma obra-prima.
Sonhei que despertei
Noutro país
Onde as pessoas tinham balas de fuzis
E o povo andava sem razão de ser feliz
Era um país fora da lei
Sem diretriz
Embarcação sem direção
Tentando em vão
Colher a paz plantando a guerra
Confesso que senti
Muita saudade do lugar onde aprendi
A caminhar com as pernas tortas de Mané
E respeitar que cada um tem sua fé
A me encantar com a negra voz de Mãe Quelé
E pelas doces mãos de Cosme e Damião
Levar Jesus ao Candomblé
Nesse sonho ruim que eu me via
Nem a poesia falava por nós
Tantos versos sem ter poesia
Canção não havia
Ninguém tinha voz
E pisando meus pés no espinho
Cantava baixinho Nelson Cavaquinho
O Sol vai brilhar outra vez
Tirando a dor do caminho
Agora eu já não sei
Se foi quimera ou foi real
O que sonhei
Se ainda estou noutro lugar ou se voltei
Á velha pátria, mãe gentil
Onde eu nasci
Ou se ela, enfim, se transformou no que tá aí
Ando com medo de acordar nesse Brasil
Do sonho estranho que vivi