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Segundo Clichê

Febbraio 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

Pará ganha museu de arte

Novembre 10, 2017 9:44, by segundo clichê


O grupo educacional Ser inaugura, na Unama (Universidade da Amazônia) Ananindeua, um Museu de Arte com obras locais e nacionais. A inauguração será no dia 27 de novembro, às 18 horas, no campus da unidade, e contará com a presença do reitor da Unama e fundador do grupo, Janguiê Diniz. “É um orgulho para o Ser Educacional propagar a cultura e fazer com que as pessoas tenham acesso à arte no nosso país. O museu está pronto para encantar toda a população paraense”, afirmou Janguiê Diniz.


Chamado de Museu de Arte Unama, o espaço será o primeiro da região e contará com um acervo de artes visuais da instituição e galerias como a de Graça Landeira, criada em 1993, além da Galeria de Arte Ananin, com um ambiente expositivo que faz uma homenagem ao nome do município paraense. O local também terá toda a estrutura necessária para receber exposições, como sala de projeção, reserva técnica e sala de manutenção. Ananindeua está localizada na região metropolitana de Belém e é o segundo município mais populoso do Estado e o quarto da Região Norte do Brasil.

Para a coordenadora técnica do museu, Josine Nunes, o espaço ajudará na contribuição da formação cultural da cidade. “A criação do Museu de Arte Unama destaca a importância de práticas acadêmicas e profissionais em seus espaços, atendendo ao estágio e pesquisa dos cursos de artes visuais, história, arquitetura, letras e programa de pós-graduação, mestrado e doutorado de comunicação, linguagens e cultura, bem como realizará intercâmbios com instituições culturais e artistas.”

Josine diz que o museu estará de portas abertas à população e que uma das suas funções é “estabelecer e fortalecer a relação do saber acadêmico com arte e cultura, memória e patrimônio histórico e integrando a comunidade acadêmica para as políticas de ensino, pesquisa, pós-graduação e extensão universitária”.

A abertura oficial do evento contará com trabalhos selecionados de artistas que fizeram e fazem parte da história das artes visuais no Pará e no Brasil, como Alexandre Siqueira, Armando Queiróz, mestre Nato (in Memorian), Osvaldo Gaia, Nina Matos, Elieni Tenório, Marinaldo Santos, Marcone Moreira, Berna Reale, Acácio Sobral (in Memoria), Armando Sobral, Ruma, PP Conduru e Emanuel Franco.



Ancine apoiará seis projetos de coproduções com Chile e Portugal

Novembre 10, 2017 9:34, by segundo clichê


A Agência Nacional do Cinema (Ancine) anunciou os projetos vencedores das chamadas públicas de apoio a coproduções com o Chile e com Portugal, ambas integrantes do programa Brasil de Todas as Telas. Ao todo, seis projetos foram selecionados nos dois editais binacionais.

O concurso de coprodução com o Chile, realizado em parceria com o Conselho Nacional da Cultura e das Artes (CNCA) daquele país, selecionou dois projetos de longas-metragens. Cada um receberá o equivalente a US$ 100 mil, em moedas locais.


O projeto de coprodução minoritária brasileira a ser apoiado pela Ancine, "A Vaca Que Cantou uma Canção Sobre o Futuro", de Francisca Alegría (foto), tem como proponente brasileira a produtora Bananeira Filmes, que trabalhará em parceria com a coprodutora chilena Jirafa Filmes. O projeto "Araña", de Andrés Wood, parceria entre a brasileira Be Bossa Nova Criações e Produções e a chilena Andrés Wood Producciones, ficou como suplente.

A produção minoritária chilena que receberá o apoio do CNCA será "Oh Primavera, Devuélveme a mi Pueblo", de Cristiano Abud, uma coprodução entre a chilena Maskin Producciones e a brasileira Abuzza Filmes. Como suplente, foi classificado o projeto "Dejar el Mundo Para Vivir en la Tierra", de Vítor Rocha, parceria entre a chilena Agencia de Comunicaciones Catalejo e a brasileira Caranguejeira Filmes.

O edital de coprodução com Portugal teve quatro projetos de longas-metragens selecionados, na parceria da Ancine com o seu equivalente lusitano, o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA/IP). Na fase final do processo seletivo, foram analisados 15 projetos pela comissão formada por representantes dos dois países.

Entre os selecionados, dois são projetos de coprodução minoritária brasileira: "A Carrinha", de Laura Seixas, com a Buriti Filmes como proponente brasileira e a Take it Easy Produções Audiovisuais como parceira portuguesa, e "A Trança de Inês", de António Ferreira, com coprodução entre a brasileira Refinaria Produções e a portuguesa Diálogos Atómicos.

As duas produções receberão aportes equivalentes a US$ 150 mil, cada, em moeda local. "Os Sertões", de Miguel Gomes, coprodução entre Bananeira Filmes e O Som e A Fúria, ficou como projeto suplente.

Já os projetos de coprodução minoritária portuguesa escolhidos, a serem premiados pelo ICA/IP, foram: "Desterro", de Maria Clara Escobar, parceria entre a Terratreme, de Portugal, e a Filmes de Abril Produções Audiovisuais, parceira majoritária brasileira, e "O Clube dos Anjos", de Ângelo Defanti, coprodução entre a lusitana Ukbar Filme, e as brasileiras Dezenove Som e Imagens Produções e Sobretudo Produção Audiovisual e Artística.

"António", de Luís António Pereira, com a portuguesa Take 2000 e a brasileira Panda Filmes como parceiras, foi classificado como projeto suplente. (Agência Brasil)



Show com Antonio Nóbrega comemora 25 anos do Instituto Brincante

Novembre 9, 2017 17:25, by segundo clichê


No aniversário de 25 anos do Instituto Brincante, Antonio Nóbrega homenageia a casa que fundou com Rosane Almeida em um show dentro do projeto Brincante Musical, no dia 24, sexta-feira, às 21h30, no Teatro Brincante ( Rua Purpurina, 412, Vila Madalena, São Paulo). A promessa é misturar estilos musicais, danças, violinadas, histórias e poemas.

Nóbrega apresenta obras do seu primeiro show, "Na Pancada do Ganzá" (1996), que fez temporada no Brincante. O disco reúne cantos tradicionais brasileiros e faz referência a Mário de Andrade, que na década de 20 deu esse nome aos registros musicais realizados durante viagens ao Norte e ao Nordeste brasileiro.

O artista também leva ao público algumas canções que vão compor seu próximo trabalho, ainda sem data de lançamento. Edmilson Capelupi, Zezinho Pitoco, Olivinho e Léo Rodrigues acompanham o músico no palco.


Nóbrega estará no Teatro Brincante novamente no sábado, dia 25, com a aula-espetáculo de apresentação da pesquisa Com Passo Sincopado – Em busca de uma Linguagem Brasileira de Dança. Ele estará acompanhado dos bailarinos Antonio Meira, Alisson Lima e Letícia Doretto. Depois da apresentação haverá um debate com participação do público.

Os dois eventos também comemoram a resistência do Instituto Brincante, que em 2014 foi despejado, mas conseguiu ser instalado em nova sede, depois da campanha #ficabrincante, com arrecadação de mais de R$ 100 mil. Desde então, o Instituto Brincante é considerado patrimônio imaterial pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico), órgão da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Nascido em Recife, Antonio Nóbrega começou a estudar violino aos oito anos. Em 1971, Ariano Suassuna convidou-o para integrar o Quinteto Armorial. A partir daí, passou a estudar o universo da cultura popular e a criar espetáculos de teatro, dança e música nela referenciados. Entre eles: Brincante, Segundas Histórias, O Marco do Meio Dia, Figural, Na Pancada do Ganzá, Madeira Que Cupim Não Rói, Pernambuco Falando para o Mundo, Lunário Perpétuo, Nove de Frevereiro, Naturalmente e Húmus, entre outros. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Shell de Teatro, o Tim de Música, APCA, Mambembe, Conrado Wessel, Governador do Estado de São Paulo.

Com seus espetáculos, o artista tem viajado pelo Brasil e outros países. Recebeu duas vezes a Comenda do Mérito Cultural. Tem 12 CDs gravados e três DVDs. Em novembro de 1992, fundou com Rosane Almeida – atriz, bailarina e sua esposa – o Instituto Brincante, em São Paulo. Em 2014, o cineasta Walter Carvalho realizou o longa-metragem Brincante, dedicado à sua trajetória artística.



Performances em exposição celebram Dia da Consciência Negra

Novembre 9, 2017 17:17, by segundo clichê


Nos dias 18 e 19, a exposição Negros Indícios, em cartaz na Caixa Cultural São Paulo  (Praça da Sé, 111, Centro, São Paulo), recebe um ciclo de performances com alguns dos artistas que integram a exposição. A entrada é gratuita.

No sábado, dia 18, a programação começa às 14 horas com o lançamento do catálogo da exposição, que será distribuído gratuitamente. Em seguida, a partir das 15 horas, acontecem três performances consecutivas: o artista Rommulo Vieira Conceição traz “O espaço se torna lugar na medida em que eu me familiarizo com ele-2015-2017”, com a participação dos músicos Cláudia Nascimento (flauta) e Marialbi Trisolio (violoncelo). Em seguida é a vez de Moisés Patrício apresentar “Pregando a palavra”. Já Ayrson Heráclito (foto) fecha a programação do dia com “Fazendo e Falando Comida de Santo”, performance na qual o consagrado artista baiano prepara, ao vivo, algumas receitas de comidas oferecidas aos deuses afrobaianos. Segundo Heráclito, “O povo de santo, como são conhecidas as pessoas adeptas aos cultos dos Orixás, Voduns e Inquices, acredita que não só́ o corpo físico deve ser alimentado, mas também o corpo espiritual. Daí a máxima da expressão “Santo também come!”.”, explica o artista.


No domingo, dia 19, a partir das 14 horas, Tiago Sant’Ana apresenta “Nas coxas #2 (da série Manufatura e Colonialidade) ”, seguido por Priscila Rezende, que fecha a programação com a performance “Laços”. 

As apresentações acontecem próximas ao dia 20 de novembro, data que no Brasil é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra.

Negros Indícios, em cartaz até 17 de dezembro na Caixa Cultural São Paulo, reúne a produção contemporânea de 12 artistas afrodescendentes de diferentes regiões do país, que têm a performance artística como uma das principais ferramentas de atuação. Com curadoria do professor de história e teoria da arte Roberto Conduru, a mostra busca lançar luz sobre artistas, temas e práticas que vêm ganhando mais ressonância no sistema de arte.

Para contrapor o esquecimento histórico, o racismo e a segregação, os artistas Antônio Obá, Ayrson Heráclito, Caetano Dias, Dalton Paula, João Manoel Feliciano, Moisés Patrício, Musa Michelle Mattiuzzi, Priscila Rezende, Renata Felinto, Rommulo Vieira Conceição, Rubiane Maia e Tiago Sant'Ana, apresentam obras que refletem a capacidade de usar as adversidades como força de criação, resistência e luta. Os trabalhos também evidenciam o amadurecimento da discussão sobre as identidades e negritudes no Brasil – marcada, nos últimos anos, pela pluralidade e pelo crescente protagonismo dos artistas afrodescendentes. A exposição propõe pensar a negritude e outras questões, no país e além dele, a partir da fruição das obras. Segundo o curador, os artistas “nos convidam a participar de uma luta que não pode ser apenas deles e delas, mas de quem almeja viver em um mundo justo, igualitário e fraternal”.

A essa tendência de crescente e intensa presença de artistas negros e negras no sistema, soma-se a ideia de que os territórios da arte estão cada vez mais fluidos, tornando as artes plásticas um espaço de convergência de expressividades das mais variadas, onde a performance assume cada vez mais protagonismo. Negros Indícios caminha nesse sentido e foi concebida a partir da apresentação de vídeos e registros de performances realizadas pelos artistas convidados. Muito além da utilização do corpo como forma de arte, o conceito de performance tem um significado muito mais amplo, podendo se desdobrar em diversas outras manifestações artísticas.

A mostra apresenta seleções de vídeos articulados por afinidades poéticas. A curadoria buscou explorar todas as modalidades de conjugação de performance, vídeo e fotografia.



Juiz de direito, guitarrista. E criador de um festival internacional de música

Novembre 9, 2017 14:15, by segundo clichê

Foto: Antonio Trivelin
Carlos Motta

A vida de músico não é fácil no Brasil. Da mesma forma, não é para os fracos a tarefa de promover a música num ambiente dominado por uma indústria que odeia a qualidade. Mesmo assim há pessoas que se dedicam simultaneamente à vida artística e à extenuante missão de levar cultura ao público. 

Haja fôlego, haja coragem, haja vontade.

A situação se complica ainda mais quando essa pessoa exerce uma profissão que exige uma atenção constante, quase como um sacerdócio. 

Esse é o caso o doutor José Fernando Seifarth de Freitas, juiz da Vara da Família em Piracicaba, importante cidade do interior paulista, que também é Fernando Seifarth, violonista dos mais respeitados entre o pessoal que toca o jazz manouche, ou cigano, gênero que nasceu da genialidade do belga Django Reinhardt, lá nos anos 30 do século passado e rapidamente se espalhou pelo mundo todo. 

O juiz de direito e o músico, provando que muitas vezes querer é poder, se fundiram há alguns anos para criar um dos mais interessantes eventos artísticos do país, o Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, que em sua última edição, no mês de outubro, mostrou, a um público entusiasmado, o trabalho de aclamados músicos brasileiros e estrangeiros.

Não à toa, Piracicaba é hoje considerada a "capital" do jazz manouche no Brasil.

Fernando Seifarth, na entrevista que deu a este blog, conta que não cabe somente a ele organizar o festival. Essa tarefa hercúlea, afirma, é realizada por uma equipe de abnegados. Diz ainda que esse trabalho é praticamente ininterrupto - nem bem o festival termina, começam os preparativos para o próximo.

"Concluímos este ciclo de cinco anos com o jazz cigano brasileiro definitivamente inserido no cenário mundial", opina. Mas apesar do sucesso do festival, ele não sabe se "e quando" haverá uma próxima edição.

"Começamos uma integração entre os países da América Latina, Chile, Argentina, Colômbia, México e Peru, com participação recíproca em festivais", informa. "Gostaria de apoiar essa integração e tentar a aprovação de algum projeto cultural para viabilizar a vinda de artistas desses países, bem como de músicos tradicionais e emblemáticos do jazz manouche europeu, como os Rosenbergs, e para tanto, o festival necessita de maior estrutura e suporte financeiro", completa.

O público que vibrou com as apresentações dos artistas neste ano certamente ficaria extasiado em ver e ouvir lendas do jazz manouche como o Rosenberg Trio.

Isso pode parecer um sonho, mas não impossível, a julgar pelo que já esse músico/juiz realizou em prol da difusão da música de qualidade no Brasil.

A seguir, a entrevista que Fernando Seifarth deu a este blog:


Segundo Clichê - Como surgiu a ideia de organizar um festival de jazz manouche em Piracicaba?
Fernando Seifarth - Em 2008, fundei o grupo Hot Club de Piracicaba para tocar, dentre outros estilos musicais, o jazz do violonista belga Django Reinhardt. Na época, lançamos um CD e passei a ter contatos com alguns músicos brasileiros que tocavam o jazz cigano (jazz manouche ou gypsy jazz) pela rede social “myspace”, dentre eles Benoit Decharneux e Ernani Teixeira. Em 2010, por todo o mundo celebrava-se o centenário do nascimento do Django. Resolvi fazer o mesmo em Piracicaba e convidei a banda de Benoit, o Hot Club do Brasil, o  Ernani Teixeira, que é o violinista do Hot Jazz Club de Campinas, e o grupo Traditional Jazz Band Brasil, que, apesar de não tocar o jazz manouche, é o padrinho do Hot Club de Piracicaba, para participar de um show chamado “100 anos de Django”, que ocorreu no Teatro Municipal Dr. Losso Netto. Muito animado com o sucesso daquele evento e após uma conversa com Benoit e Ernani, surgiu a ideia de fazer um encontro anual e permanente em Piracicaba, com a proposta inicial de reunir artistas brasileiros dedicados ao jazz cigano. E assim ocorreu, em 2013, com a primeira edição do Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, realizada no Teatro Municipal Erotides de Campos, com a presença do Mauro Albert Quarteto, Hot Club do Brasil, Hot Club de Piracicaba e Hot Jazz Club. Em 2014, o festival transformou-se em um evento internacional.

Segundo Clichê - Conte um pouco de sua trajetória artística e como você a concilia com a sua atividade profissional.
Fernando - Comecei a estudar música e violão aos sete anos de idade, no conservatório musical Frutuoso Viana, em São Paulo. Estudei violão clássico por quatro anos, passando depois para o violão popular, guitarra elétrica e contrabaixo. Integrei o conjunto Bombom em 1983 e 1984, que fez grande sucesso com o hit “Vamos a La Playa”.  Ainda participei, em 1985 e 1986, do grupo Página 1, em São Paulo, que fazia um rock pop autoral. Deixei a música profissional em 1987, quando ingressei na Universidade de São Paulo. Após me graduar na Faculdade de Direito, em 1991, fui aprovado em concurso público para a magistratura paulista em 1993. Paralelamente à minha profissão, assumi a atividade musical como hobby. Fui convidado, em 2007, pelo querido amigo Newman Simões a integrar o conjunto musical piracicabano Falando da Vida, formado por profissionais de várias áreas, com propósito beneficente, e voltei a me apresentar publicamente. Em 2008, juntamente com os músicos Cidão Lima e Marcos Monaco, ambos da Traditional Jazz Band Brasil, fundei o Hot Club de Piracicaba. Com esse grupo, gravei dois CDs - o terceiro será lançado em 2018 - e fiz várias apresentações em teatros e festivais. Participei do CD de 45 anos da Traditional Jazz Band e de dois CDs do grupo campineiro Hot Jazz Club, “Caravane” e “Chama”. Em 2015, lancei o CD solo “The Nashville Sessions”, que foi gravado nos EUA com o Hot Club de Nashville - toda a renda dele é doada à Nupron, uma entidade que atende pessoas com tuberculose e seus familiares. Em 2017, passei a tocar  eventualmente com  o grande músico Bina Coquet, com quem participei de shows no Sesi e Sesc e importantes festivais, como “Django Amsterdam” e “Django Festival Colômbia”. Tive ainda  o privilégio de acompanhar o violonista inglês Robin Nolan em recente turnê no Brasil, incluindo a apresentação no Sesc Consolação, ocasião em que foi gravado um documentário. Dedico-me à música nos fins de semana, no período de férias, e por vezes à noite, após o expediente no fórum. Apesar de ser um hobby, trato a música com seriedade e respeito. Essa atividade artística não atrapalha o exercício de minha profissão. Ao contrário, ela me auxilia a manter o equilíbrio e serenidade como juiz da vara de família. Costumo brincar que a música é a minha terapia.

Segundo Clichê - Como é organizar o festival? Quanto tempo demanda a organização? Como são conseguidos os patrocínios e os apoios? Qual o custo do festival? Quantas pessoas se envolvem nesse trabalho?
Fernando - Demora praticamente um ano para organizar cada edição do Festival. Tão logo se encerra um, já começo a pensar no próximo. O processo é trabalhoso: programação, publicidade, logística... Mas há sempre um produtor e a colaboração de minha esposa Kika e de vários amigos, dentre eles Silvana Benetton, Luis Castel, Bia Antonini e Antônio Trivelin. Ernani Teixeira ajudou bastante nas três primeiras edições na definição dos "set lists” das bandas e dos releases. Também a diretora do Teatro Municipal, Heloísa Guerrini, prestou grande auxílio nestes cinco anos. Já foram produtores, com muita eficiência, Daniela Justi, Newman Simões e Márcio Sartório.
O festival tem o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Piracicaba, de alguns amigos empresários e estabelecimentos da cidade, que fazem parceria para a alimentação, acomodação e transporte dos músicos. Todavia, eu e minha esposa ainda somos os principais patrocinadores. Em 2017, vendi alguns instrumentos musicais de minha coleção e um amplificador para ajudar... O Sesc de Piracicaba, pela coordenadora Vanessa Piazza, também tornou-se parceiro essencial para o festival  e, em 2017, sediou parte do evento. A imprensa piracicabana, por seu turno, dá ampla cobertura aos eventos. O concerto no Engenho Central tem sido beneficente, com destinação da bilheteria ou alimentos arrecadados a entidades de caridade. Nas duas últimas edições, organizamos os concertos no palco externo, o que visivelmente contou com maior simpatia do público. O festival apenas acontece porque há uma união de esforços de várias pessoas, notadamente dos músicos brasileiros participantes, que se dedicam sobremaneira ao evento. São verdadeiros parceiros do festival. Gilberto de Syllos e Bina Coquet, por exemplo, acompanharam artistas estrangeiros em todas as edições e Mauro Albertt sempre colaborou com a programação.

Segundo Clichê - Sobre a parte artística: como os participantes, nacionais e estrangeiros, são escolhidos  e convidados?
Fernando - Nestas cinco edições do festival procurei convidar artistas brasileiros com longa dedicação ao jazz cigano. Já passaram pelo festival os grupos Hot Jazz Club (Campinas), Jazz Cigano Quinteto (Curitiba), Seo Manouche (São Paulo), Hot Club do Brasil (São José dos Campos), Roda Romani Trio (Rio de Janeiro), Tigres Tristes (São Paulo), Hot Club de Piracicaba, Mauro Albertt Quarteto (Florianópolis), Epoti (São Paulo), e os músicos Bina Coquet, Felipe Coelho, Daniel Grajew, Marcelo Cigano, Thadeu Romano, Flavio Nunes, Eduardo Brasil, Otiniel Aleixo, Felipe Salvego, Vinicius Araújo, Benoit Decharneux, Israel Fogaça, Sandro Haick e Edu Gallian, dentre outros. Em relação a artistas estrangeiros, escolhi grandes violonistas em que me inspiro, como ocorreu com Richard Smith, Robin Nolan e Paul Mehling, e outros que conheci em festivais no exterior, e que passei a admirar como pessoas e músicos talentosos, como o grupo Tcha Badjo, a cantora Eva Scholten, a compositora e violonista Irene Ypenburg, e o violinista Rudy Bado. Mauro Albertt também ajudou nos contatos, dando sugestões, como os violinistas Jon Larsen, Dario Napoli e Walter Coronda.

Segundo Clichê - Por que você resolveu se engajar artisticamente com o jazz cigano? Como você vê a evolução, em termos de ampliação do número de artistas e de público, do gênero, no Brasil?
Fernando - Quando meu amigo Cidão Lima me introduziu na música de Django, fiquei completamente envolvido e apaixonado pelo jazz manouche. Comecei a ler livros e artigos a respeito deste assunto, comprar discos e assistir shows e festivais no exterior. Ouço muito os CDs do Django e de vários artistas contemporâneos. Não tenho muito tempo para estudar o violão cigano de forma sistematizada, mas tenho me dedicado especialmente ao aprendizado da parte rítmica. O contato com Bina Coquet mudou completamente a minha forma de tocar violão e Robin Nolan me deu valiosos conselhos neste último ano. Simplesmente adoro fazer a “la pompe” para que violonistas virtuosos façam solos maravilhosos. É de fato impressionante como o jazz cigano evoluiu no Brasil nos últimos dez anos e conquistou o seu espaço. Os grupos e artistas solo se multiplicaram por todo o país, vários CDs foram produzidos (alguns até mesmo incluídos em selos internacionais, como o norueguês Hot Club Records, de Jon Larsen) e há programação permanente em bares e clubes de jazz, como em Curitiba, Florianópolis, São Paulo e Piracicaba. Nesta última edição, o Festival de Jazz Manouche de Piracicaba recebeu público de várias cidades brasileiras e fico muito feliz em saber que ele contribuiu para o desenvolvimento e consolidação desse gênero musical em nosso país. Tive conhecimento que o jornalista Henrique Inglês de Souza está escrevendo um livro sobre toda esta história, o que é fantástico.

Segundo Clichê - Quais os planos para o  próximo festival?

Fernando - Concluímos este ciclo de cinco anos com o jazz cigano brasileiro definitivamente inserido no cenário mundial. Não sei se e quando teremos uma próxima edição. Por iniciativa do amigo colombiano Ludovic Dierks, começamos em 2017 uma integração entre os países da América Latina, Chile, Argentina, Colômbia, México e Peru, com participação recíproca em festivais. Gostaria de apoiar essa integração e tentar a aprovação de algum projeto cultural para viabilizar a vinda de artistas daqueles países, bem como de músicos tradicionais e emblemáticos do jazz manouche europeu, como os Rosenbergs. Para tanto, o festival necessita de maior estrutura e suporte financeiro. Há ainda a possibilidade de fazer o festival em 2018 ou 2019 somente no Sesc de Piracicaba. 



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