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Segundo Clichê

Febbraio 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

Com a crise, só 17% dos brasileiros conseguem guardar dinheiro

Luglio 18, 2017 14:49, by segundo clichê

Dados do Indicador de Reserva Financeira do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelam que apenas 17% dos consumidores brasileiros pouparam ao menos parte de sua renda em maio – 75% dos entrevistados não conseguiram guardar nenhuma parte de seus rendimentos. O baixo número de poupadores tem se mantido estável desde janeiro deste ano, mês de início da série histórica.

A abertura do indicador por faixa de renda revela que é nas classes C, D e E em que o problema surge com mais força. Oito em cada dez (79%) pessoas que se enquadram nessa faixa de rendimento não conseguiram poupar dinheiro. Já nas classes A e B, o percentual de não poupadores cai para 62% da amostra.

Entre os brasileiros que não pouparam nenhum centavo, 42% justificam receber um salário muito baixo, o que inviabiliza ter sobras no fim do mês. Outros 18% foram surpreendidos por algum imprevisto financeiro e 16% relataram falta de controle ou de disciplina nos gastos.

A maior parte dos brasileiros também não tem o hábito de poupar. De acordo com a sondagem, 35% dos consumidores dizem poupar habitualmente, sendo que 31% poupam o que sobra do orçamento e 5% poupam sempre o mesmo valor. Pouco mais da metade dos poupadores (52%) precisaram dispor de parte de suas reservas em maio, sendo que 18% usaram para fazer frente a despesas extras, 15% para pagar as contas da casa e 11% para pagar dívidas. Já os imprevistos foram citados por 8%.



O rosto destes tempos de ódio

Luglio 18, 2017 11:07, by segundo clichê


Tanto fizeram, tanto encheram a cabeça dos brasileiros de idiotices, criando um monstro vermelho culpado por todos os males do mundo, que o que antes parecia impossível cada vez mais surge como uma apavorante realidade - um Brasil governado por um fascista declarado, misto de general de opereta e Bonaparte de hospício, o notório deputado Bolsonaro.

Há pouco a falar sobre o que o ídolo dos bombados, viúvas da ditadura, lutadores de MMA e descerebrados em geral, pensa sobre questões políticas ou morais - a cada entrevista que dá, a cada discurso que faz, ele vomita suas frases de ódio e preconceito contra tudo o que tangencia os valores civilizatórios responsáveis pelo progresso da humanidade.


Pouco, porém, se sabe de sua plataforma econômica, sobre o que o deputado pensa - se ele de fato tiver essa capacidade - a respeito de questões prioritárias da vida nacional, a começar sobre a mais vital, neste trágico momento, que é como sair do buraco que os golpistas cavaram e no qual foram jogados 15 milhões de desempregados, milhares de empresas, e todos os sonhos de construção de uma nação menos desigual e mais democrática.

Os militares, tão cultuados pelo deputado fanfarrão, tiveram duas décadas para fazer deste gigante bobo um país respeitado pelos do Primeiro Mundo, mas falharam miseravelmente. 

Ele tiveram duas décadas e todo o poder em suas mãos: o único desejo dos generais-ditadores contrariado foi a convocação do goleador Dadá Maravilha, naquele tempo ainda chamado de Dario, para a seleção que disputaria a Copa do México, em 1970, quando ela ainda era dirigida pelo saudoso João Sem Medo, o João Saldanha de tantas histórias:

- O presidente [general Emilio Garrastazu Médici] escolhe quem quiser para o seu ministério, mas a seleção quem escala sou eu - disse o treinador, encerrando a questão.

Sem nada a acrescentar sobre os temas que realmente importam para o futuro do país, o deputado verde-oliva vai ocupando o seu espaço eleitoral, no vácuo de algum outro candidato de direita capaz de encarnar a tão cultivada repulsa às esquerdas em geral, promovida pelo establishment como peça fundamental da operação para consolidar o poder político, social e econômico.

Bolsonaro, por si só, é um personagem grotesco, que numa democracia de verdade estaria relegado à galeria dos bufões da política, ao lado de um Tiririca ou de um Romário.

Neste Brasil Novo, protagonizado por figuras igualmente bizarras, ele se destaca e atrai parte considerável do eleitorado, a massa deformada por anos de propaganda ideológica emburrecedora.

Não há como negar que o fascismo já se incrustou em boa parte da sociedade brasileira, e que o deputado boquirroto é quem o representa de forma mais inequívoca.

Para quem é saudoso do tempo em que a arte e a informação eram censuradas sem dó nem piedade, cidadãos eram presos, torturados e mortos porque pensavam de modo diferente das autoridades, as classes sociais se mantinham rigidamente estabelecidas, os conceitos de moralidade eram determinados por meia dúzia de seres iluminados, e a liberdade, em geral, era apenas um conceito abstrato, ou para quem ouviu dizer que esse foi um tempo de "ordem e progresso", o deputado-coturno é um prato cheio.

Os glutões certamente vão se lambuzar. (Carlos Motta)



Ovos, escrachos, e a indiferença

Luglio 17, 2017 10:41, by segundo clichê


A semana passada foi de lascar, cheia de acontecimentos trágicos que, fosse o Brasil uma nação desenvolvida, com um povo minimamente educado e consciente de sua cidadania, hoje as ruas estariam cheias de barricadas, com molotovs cuspindo um fogaréu glorioso, e a multidão, enfurecida, faria valer os seus direitos na marra.

Como, porém, somos uma república de bananas, o máximo que se vê de indignação contra a quadrilha que tomou de assalto o Palácio do Planalto e destrói, sem nenhuma piedade, o pouco de democracia que havia por aqui, é uma ou outra manifestação nas ruas, e muito blá-blá-blá - ou seja, nada que incomode os golpistas.


A exceção nessa semana aziaga foi a ovada que a deputada filha do ministro da Saúde recebeu como presente de casamento - em plena cerimônia, repleta de fausto, luxo e ostentação, na mais que simbólica Curitiba, capital que disputa com São Paulo a primazia de ser a vanguarda do conservadorismo - ou atraso, como queiram - deste Brasilzão velho de guerra.

Fora a chuva de proteína animal que abençoou o casamento da moça, típica representante da mais cruel oligarquia do planeta, merece também destaque, nessa semana de infortúnios, o escracho que alguns jovens fizeram defronte à mansão de 7 mil metros quadrados do prefeito paulistano, que reagiu ao ato com a típica bazófia dos covardes que não andam sem a proteção de bem vestidos jagunços.

No mais, a oposição ao bando de picaretas homiziados em Brasília segue frouxa, sem ímpeto, sem direção, e, pior, sem contaminar a massa, que continua indiferente a tudo o que ocorre na vida do país.

Aqui na pequenina Serra Negra, interior de São Paulo, uma multidão enchia as ruas centrais, os bares, restaurante e hotéis, no fim de semana, agindo como se tudo estivesse absolutamente normal, e o seu futuro como assalariados já não tivesse sido irremediavelmente comprometido com a destruição da CLT.

Serra Negra, é bom esclarecer, vive essencialmente do turismo - a sua rua principal é um enorme shopping center ao ar livre, com centenas de lojas de roupas, comidas, artesanato e decoração. 

No fim da tarde de domingo, na praça João Zelante, no coração da cidade, casais dançavam em frente ao palco-coreto e outras dezenas de pessoas apreciavam a apresentação do grupo Amigos do Samba. 

Numa das cadeiras de plástico branco da plateia sentava-se uma senhora, minha vizinha, viúva, que se mudou para a cidade há alguns anos, para ficar perto da filha e fugir da carestia e atropelo da capital. Dia desses ela contou que no começo do ano teve de fazer um procedimento cirúrgico no coração.

- Fiz pelo SUS, foi ótimo - disse.

Ao vê-la balançando o corpo no ritmo do samba que a rapaziada caprichava no palco-coreto, fiquei pensando se passou pela sua cabeça que, em breve, não só a saúde, como a educação, deixará de ser um direito para todos - ela, inclusive.

Provavelmente, não.

Afinal, ela é uma típica brasileira de classe média.

Portanto, que venham mais ovadas e escrachos públicos, na falta de coisa mais contundente, contra esses ladrões de sonhos e esperanças - já que esse parece ser, pelo que se vê, o limite da resistência do povo brasileiro aos golpistas. 

Melhor isso do que nada. (Carlos Motta)  



IBC-Br maio: tem marola no fundo do poço

Luglio 14, 2017 16:17, by segundo clichê


O Banco Central informou na manhã desta sexta-feira (14) que o seu indicador antecedente do PIB (IBC-Br) registrou variação negativa no último mês de maio (-0,5%). Embora já viéssemos alertando aqui neste espaço para a possibilidade de novas quedas do nível de atividade em decorrência da ausência de fatores capazes de dar impulso a um ciclo de retomada do crescimento, as vozes do mercado financeiro reunidas pelo jornal Valor Econômico estimavam que o IBC-Br de maio apontaria para um crescimento de 0,3%.


Além disso, quando se considera o resultado acumulado nos cinco primeiros meses de 2017 frente ao mesmo período de 2016 (os últimos meses sob o governo Dilma), o que se observa é também uma queda de 0,10%, a despeito dos ajustes metodológicos nas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística e que inflaram os resultados nos primeiros meses do presente ano.

Ou seja, a cada novo resultado vai ficando cada vez mais claro que, embora ocorram oscilações positivas de um ou outro segmento da economia, o arranjo macroeconômico conduzido pelo governo Temer e seus ministros-banqueiros não é capaz de dar partida a nenhum motor da demanda agregada.

Sem isso, o país deverá permanecer à mercê de eventuais impulsos exógenos (maior apetite do mercado externo, um regime climático favorável à safra agrícola) e se acostumar com a marola no fundo do poço. Sem escadas, sem mola e sem cordas, seria talvez o caso de devolver a pergunta cínica que Michel Temer fez aos brasileiros dias atrás: o que será deste pais com mais um ano e meio sob o seu governo?  (Marcelo P. F. Manzano/Fundação Perseu Abramo)



O Dr. Mesóclise e o revelador bife de filé-mignon

Luglio 14, 2017 10:28, by segundo clichê


A notícia se espalhou com a velocidade da luz e surpreendeu a todos mais que a revelação da receita da famoso bolo de fubá de dona Vivi: o Dr. Mesóclise estava sendo processado por um sujeito, morador novo da cidade, sob a acusação de desviar para seu uso parte da carne que o açougue Faca de Ouro doava, semanalmente, para a Casa de Repouso Vida Feliz, o lar dos velhinhos - carne de primeira, filé-mignon, a mais nobre.

Convém explicar que o Dr. Mesóclise é o o mais ilustre cidadão de Banana Verde, farol ético e moral para as gerações presentes e futuras, receptáculo de extensivos conhecimentos exclusivos e gerais, conjugador emérito de verbos e excepcional colocador de pronomes.

Em resumo, um cidadão acima de qualquer suspeita. 


Por isso a comunidade bananaverdense não teve dificuldade de escolher o seu lado nessa pendenga: o doutor, todos sabem, é incapaz de fazer mal a qualquer pessoa, muito menos aos simpáticos velhinhos da casa de repouso - ainda mais que ele é, como presidente de honra, o principal responsável pelo bem-estar dos internos e até mesmo pela sobrevivência da instituição.

Mas havia um ou outro que tinha lá suas dúvidas sobre a conduta do excelentíssimo doutor. 

A polêmica foi mantida, com episódios que destoavam da calmaria habitual de Banana Verde - as discussões acaloradas no Ponto Chic, o bar frequentado pelo quem-é-quem da cidade, são prova disso -, até o dia em que Sua Excelência, o dr. César Moura, conhecido e respeitado magistrado da comarca, iria pesar, com sua proverbial imparcialidade, os elementos de acusação e de defesa do rumoroso caso.

De um lado, recibos, depoimentos de testemunhas, até mesmo de alguns bons velhinhos moradores da casa de repouso, que juraram que a carne lá servida, três vezes por semana, era cheia de nervos, um tanto dura e de difícil digestão.

Do outro lado, um discurso apaixonado sobre as virtudes de um homem que dedicou sua vida inteira, frugal, como todos sabem, em benefício do progresso de sua amada cidade, sempre desinteressadamente.

Mas o advogado, o célebre dr. Carlos Meriz, foi além das palavras: apresentou uma prova, a seu ver, irrefutável, da inocência do afamado réu.

Chamou para testemunhar dona Marcelina, a faz-tudo da casa do Dr. Mesóclise.

E ela jurou que nunca havia servido para o seu patrão nenhuma receita de carne que não fosse cozida, sempre acompanhada de abundante molho, e que naquela casa onde trabalhava, com orgulho, havia tantos anos, nunca preparara um bife sequer.

- O doutor não suporta carne grelhada ou frita - justificou.

Dito isso, apresentou a prova definitiva da inocência do ilustre cidadão bananaverdense:

- Todos sabem que o filé-mignon fica muito melhor grelhado. Nunca iria jogá-lo numa panela para cozinhar, como o doutor gosta.

Não deu outra.

Em vista de tal testemunho, o meritíssimo juiz dr. César Moura não teve dúvida em inocentar o mais ilustre cidadão bananaverdense.

E, é claro, condenar o acusador a pagar as custas do processo. (Carlos Motta)



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