Go to the content

Motta

Full screen

Segundo Clichê

Febbraio 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

O país que se tornou o lar dos canalhas

Maggio 20, 2017 11:30, by segundo clichê


Durante décadas o Brasil foi o país do carnaval, o país do futebol, o país das praias e mulatas, o país do futuro, o gigante bobo.

E também o país da desigualdade, o país da violência no campo e na cidade, o país da miséria, o país da ignorância.

O ninho dos oportunistas, o lar dos especuladores, o berço dos aproveitadores.

Até que, durante uma década, o Brasil fez um esforço para superar aquilo que o notável cronista Nelson Rodrigues diagnosticou como "complexo de vira-lata", o irresistível desejo de se autodepreciar, de se mostrar sempre inferior aos outros, em todas as áreas.


Aos poucos, o mundo foi vendo um outro Brasil, mais sério, mais otimista, mais criativo, mais competente na tarefa de levar a sua população a viver com menos dificuldades, a realizar seus sonhos e não abandonar a esperança de possibilitar a seus filhos um conforto que não teve.

O mundo começou a respeitar esse imenso país, de inesgotáveis riquezas, e a ouvir o que ele tinha a dizer a respeito da convivência pacífica e do desenvolvimento equilibrado das nações, pois afinal ele próprio estava fazendo a lição de casa, tirando dezenas de milhões de pessoas da pobreza, ampliando o mercado consumidor, investindo como nunca em infraestrutura e habitação, criando uma rede de proteção para os mais frágeis, e reservando a maior parte dos recursos da monumental reserva de petróleo da camada do pré-sal para a educação e a saúde, cumprindo assim, com os objetivos da magnífica Carta Constitucional promulgada em 1988.

Foi uma década de avanços sociais e econômicos como nenhuma outra.

Foi, porém, um sonho, interrompido pelas forças que sempre conspiraram contra o progresso do país.

Hoje, o Brasil nem é mais o país do carnaval, o país do futebol, das praias e mulatas.

Tampouco o gigante bobo - ou o país do futuro.

O Brasil hoje é tão simplesmente o refúgio dos canalhas, a fonte de onde brotam o escárnio, a hipocrisia e o cinismo.

Um aconchegante lar para larápios, escroques e bandoleiros de variados tipos.

Uma vergonha universal, um escárnio a toda ideia de civilização.

O Brasil deixou de ser uma nação para se tornar um ajuntamento onde as pessoas se obrigam apenas a sobreviver, de qualquer maneira, a qualquer custo. (Carlos Motta)



Saber leis não é decorar suas palavras

Maggio 20, 2017 10:12, by segundo clichê


A propósito do artiguete "A imprensa e a tragédia", o blog recebeu interessante texto de Fabiano Formiga, "egresso (aposentado) de uma profissão 'jurídica'", como se intitula.

Ele aborda a linguagem do direito, tão peculiar.

Vamos a ele:


Artigo muito estimulante, assim, fiquei refletindo numa outra profissão, que tem em comum com o jornalismo o substrato da sua atividade: a linguagem.

Esta outra profissão é a do advogado, que, sob este prisma da linguagem, não difere em nada do papel do juiz, do delegado de polícia ou do Ministério Público.

Uma diferença marcante entre as duas profissões está em que a faculdade de jornalismo não gera uma linguagem própria, nem a impõe aos jornalistas. Basta comparar os estilos de Jânio de Freitas e de Élio Gaspari, digo a sua forma, sua expressão, não o conteúdo.

No mundo do Direito, o profissional necessita usar certa linguagem, para ser lido e reconhecido como tal. Isso conduz a uma mimésis, um arremedo difuso, todos copiando expressões, tiques, bordões, uns dos outros. Os exemplos não teriam fim: a expressão 'em sede de', nada vernácula, usada pleonasticamente, ao invés de uma simples preposição (em (sede de) mandado de segurança; em (sede de) liminar....). Recentemente, há alguns anos, foi abolida a preposição contra, substituída pela locução 'em desfavor de', ou, 'em face de', para designar o antagonismo das partes no processo. Em nenhum desses exemplos, se sabe quem, que autor, que autoridade seria a fonte.

Não se trata, entretanto, de gramática ou de estilo ou de usos da língua....trata-se de uma linguagem que serve de envoltório para qualquer asneira, tanto como para algum pensamento digno do nome. Os exemplos são cotidianos, mas um paradigma dessa ambiguidade é a condenação de um morador de rua, por estar trazendo consigo dois tubos de desinfetante, tidos como explosivos; a interdição do Instituto Lula; a condenação de um homem que cortou de uma árvore alguns fragmentos para fazer um chá...

Na base da ambiguidade da linguagem usada pelos profissionais do Direito está, paradoxalmente, a crença em que o Direito, as leis, são escritas de modo unívoco, isto é, as palavras teriam apenas um único significado. Esta ilusão de uma linguagem unívoca no Direito enganou Montesquieu:

"Mais les juges de la nation ne sont, comme nous avons dit, que la bouche qui prononce les paroles de la loi ; des êtres inanimés, qui n’en peuvent modérer ni la force ni la rigueur." Mas os juízes da nação não são, como temos dito, senão a boca que pronuncia as palavras da lei; seres inanimados que não podem moderar nem a sua força nem seu vigor. (Esprit des Lois, Livre XI, Chap.VI)

A ideia de uma interpretação literal, de modo que resultasse sempre no mesmo conteúdo, é a um tempo, ilusão e ideologia. A igualdade e abstração das normas jurídicas repousaria no seu conteúdo - os valores - jamais nos seus enunciados, nunca nos seus significantes.

Assim, tamanha a largueza na interpretação das leis, não seria necessário que o Tribunal Federal de Porto Alegre considerasse excepcionais condutas processuais do juiz Moro. Repita-se, a dicção do Direito reside na ponderação dos valores inscritos nas normas, ou, como foi escrito no Digesto: saber leis não é decorar suas palavras, mas extrair sua força e vigor.

"Scire leges non hoc est verba earum tenere sed vim ac postestatem."

Sob a aparência (nem sempre) de cumprir leis, os ditos profissionais do Direito aplicam seus valores (de sua classe social), de regra, com inúmeros vetores, como tem sido analisada neste blog a atuação de Moro.

Bem, não é conveniente me estender mais, senão isso viraria um tratado, coisa que não me disponho a fazer. Os textos em francês e em latim servem para dar autenticidade ao meu escrito, nunca para demonstrar cultura (livresca?).



Diálogo, a única solução para impedir a catástrofe

Maggio 19, 2017 10:30, by segundo clichê


A crise política, econômica e social que devasta o Brasil assumiu nestes últimos dias dimensões apocalípticas. 

A direita, patrocinadora do golpe que depôs a presidenta Dilma, e a esquerda, vítima da mais violenta perseguição jurídico-policial da história, acirraram suas posições, levando a situação a um impasse.

Interditar Lula para a disputa de 2018 - se ela houver - não significa derrotar uma candidatura progressista. 

Excluir o PT da vida política apenas retarda a recomposição das forças da esquerda.

Uma vitória da esquerda na eleição presidencial dificilmente se reverterá em mudanças significativas na sociedade - a direita, simplesmente, não deixará o governo trabalhar nesse sentido.


Não há solução para a tragédia brasileira nesse cenário de divisão entre os que odeiam a esquerda, simbolicamente representada pela sua maior liderança, Lula, e os que abominam o governo golpista e tudo o que ele representa.

A grosso modo, os dois lados congregam, cada qual, cerca de 30% da população. 

Os 40% restantes não têm lado, se inclinam para onde o vento lhes é mais favorável e são fortemente influenciados pelos meios de comunicação.

Se houvesse um mínimo de inteligência em qualquer um dos protagonistas deste drama, todos os esforços, neste momento crucial da vida brasileira, seriam no sentido de aliviar as tensões, para, em seguida, se iniciar um amplo debate sobre o que deve ser feito para que o país não mergulhe no poço sem fim da instabilidade social.

Se isso não for feito, se não houver pelo menos a tentativa de uma conversa racional entre os representantes dos dois lados, os seríssimos problemas de hoje vão se agravar a ponto de não ser nem mais possível se pensar em resolvê-los.

Dizem que o Brasil pode se transformar numa Venezuela, numa referência ao estado permanente de conflito entre os bolivarianos e a oposição.

Essa é uma suposição lógica, mas é preciso lembrar que a comparação se dá entre um país de 30 milhões de habitantes e um de 200 milhões, que tem um PIB dez vezes maior e uma dimensão continental.

Ou seja, os problemas sociais no Brasil poderão ser muito maiores que os da nação vizinha, com consequências terríveis não só para a sua população, mas para toda a América do Sul. (Carlos Motta)



Agora só falta a Globo criar o novo Collor

Maggio 18, 2017 20:58, by segundo clichê


Esse pessoal não dá ponto sem nó.

A notícia que implica Temer e Aécio nos "negócios" da JBS, dada com destaque pelas Organizações Globo, tem como consequência a implosão do atual sistema político nacional.

Antes dela, os corruptos eram Lula e o PT.

PMDB, PSDB e siglas menores sofriam apenas danos colaterais.

Estavam, como se diz, blindados.

A partir de agora, a percepção, para o público em geral, é a de que todos os políticos são corruptos - inclusive o presidente da República.

A conclusão mais óbvia que se tira dessa ousadia da Globo de noticiar o grau extremo do cambalacho nas altas esferas do poder é a de que, mais do que nunca, há a necessidade de que, das cinzas, surja o novo.

Pode ser o Partido Novo, financiado pelo Itaú e ungido pela fina flor do neoliberalismo.

Pode ser a presidenta do Supremo Tribunal Federal, numa eleição indireta.

Pode ser até mesmo Bolsonaro e sua legião de fascistas.

Mas o mais provável é que esse novo, esse Collor redivivo, esse grande líder que vai tirar o Brasil do buraco seja o João Trabalhador, o prefeito paulistano que adora o cashmere e se distrai falando mal do PT e de Lula - e se fantasiando como os mais improváveis personagens.

Por ele, a Globo pode até embarcar na campanha das "diretas já".

O João Trabalhador não é político - pelo menos na visão dos analistas globais -, embora seja filho de político e tenha feito política, por meio de suas empresas e programas de televisão a vida toda.

E por falar em televisão...

Se o João Trabalhador não emplacar, há ainda aquele outro "novo", que reforma e doa casas para os pobres coitados, entre outros atos de benemerência, na telinha da ... Globo. 

Como dizia o Príncipe de Falconeri no imortal O Leopardo, de Tomasi di Lampedusa, "tudo deve mudar para que tudo continue igual". (Carlos Motta)



A imprensa e a tragédia

Maggio 18, 2017 15:45, by segundo clichê


Uns poucos parágrafos para entender como funciona a imprensa brasileira, que teve - e tem - um relevante papel nesta tragédia que se abateu sobre a nação:

@ Não existe jornalismo imparcial. Todos os jornalistas, sem exceção, têm lado, têm time, têm preferências, têm preconceitos, porque são humanos, não robôs;

@ Todos os jornalistas que cobrem política sabem, há muito tempo, que esse bando que tirou a presidenta Dilma do Palácio do Planalto é formado por escroques da pior espécie. Se ninguém nunca fez uma mísera reportagem, escreveu uma linha sequer sobre as negociatas desses parlamentares é porque, de certa forma, estiverem aliados a eles, e não porque desconhecessem os crimes;


@ O mercado financeiro pauta o noticiário econômico, "sugerindo" pautas, colocando profissionais 24 horas à disposição dos repórteres, divulgando "análises" e convidando a moçada para cafés da manhã, almoços e jantares nos lugares mais em moda;

@ O mercado empresarial de comunicação é oligopolizado. Poucas empresas, familiares, controlam a informação, ou seja, dezenas de milhões de brasileiros leem, escutam e veem aquilo que algumas dezenas de pessoas permitem e querem;

@ Não existe, nunca existiu, e provavelmente nunca existirá, no Brasil, liberdade de imprensa. Nenhum jornalista apura e publica a notícia que deseja, a reportagem dos seus sonhos, apenas aquela que o seu chefe ordena que saia.

@ Embora os jornalões tenham páginas exclusivas para seus editoriais, a opinião do dono se espalha por quantas notícias forem necessárias, às vezes de maneira sutil, às vezes abertamente;

@ A imprensa brasileira é comercial, ou seja, os grandes - e até mesmo médios e pequenos - anunciantes têm voz forte naquilo que é publicado; 

@ Conheci poucos jornalistas com formação intelectual sólida ou mesmo que dominassem medianamente a língua portuguesa. Em geral tinham pouca leitura, quase nenhum interesse por artes e ciências, e exibiam, quando muito, uma cultura de almanaque. Vários adoravam um "jabá" (presentes de empresas e corporações) e se iludiam com a proximidade exibida por suas fontes - eram ingenuamente usados por elas.  

@ O jornalismo brasileiro é tecnicamente indigente, não por escassez de recursos, mas por ter chefias incompetentes e patronais. 

@ É improvável que exista lugar menos democrático que uma redação. Reuniões de pauta são apenas uma formalidade. Os repórteres são obrigados a cumprir ordens, mesmo que absurdas ou aéticas. Se não obedecerem, serão demitidos sem dó nem piedade. (Carlos Motta)



Motta

0 communities

None