O corruptor, o corrupto, e o meu amigo
Aprile 22, 2017 11:01Anos atrás, um amigo, jornalista dos bons, criativo e empreendedor, mas que infelizmente não está mais entre nós, me telefonou para que passássemos a limpo as novidades.
Conversa vai, conversa vem, ele, que na época trabalhava como assessor da diretoria de uma grande cervejaria, se mostrou indignado com o alto nível de corrupção no Brasil - como se vê, essa história que hoje é o centro da discussão política no Brasil vem de longe.
E me contou uma historinha, da qual me recordo até hoje.
A empresa queria se expandir e buscava um local no Paraná para instalar sua nova fábrica. Mas, como todo mundo, estava atrás de algumas facilidades, isenções fiscais, essas coisas. E o seu manda-chuva resolveu ir a Brasília atrás de um deputado que lhe indicaram como sendo o homem certo para tocar o negócio.
- E lá fomos nós - disse o meu amigo. Chegamos ao escritório do deputado, entramos para falar com ele, e ele, nem bem escutou o nosso pedido já foi dizendo: "Olha, combinem tudo com o meu secretário. A gente acerta depois." Assim, na lata! É incrível como os nossos políticos são corruptos!
Foi aí, nesse momento da conversa, que interrompi esse meu meu camarada:
-Mas fulano, você não percebeu que vocês, nessa história, eram os corruptores, eram quem estavam dispostos a oferecer vantagens para o deputado facilitar as coisas para a empresa?
Depois dessa, passamos a falar de futebol.
Esse papo se deu bem antes de o Brasil virar essa republiqueta de Quinto Mundo, paraíso dos criminosos de colarinhos multicoloridos, pessoal que até outro dia atrás estava se refestelando na boa vida proporcionada pelos altíssimos salários pagos pelas ilibadas companhias em que trabalhavam.
Não sei se o meu amigo jornalista, se estivesse ainda entre nós, com tudo o que está ocorrendo, continuasse achando que só os políticos roubam e os empresários são uns coitados que têm de implorar aos nossos representantes legislativos favores para que seus negócios andem - favores que saem, como estamos vendo, muito caros.
Tenho certeza, porém, que esse meu amigo jornalista, se fosse novamente solicitado a acompanhar seu chefe numa missão dessas, arranjaria uma boa desculpa para não ir junto.
É que ele, algumas vezes, se mostrou ingênuo, mas de burro não tinha nada. (Carlos Motta)
Gasolina mais cara, presente do Brasil Novo
Aprile 21, 2017 10:58A Petrobras reajustou o preço dos combustíveis nas refinarias.
A estatal aumentou o valor do diesel em 4,3% e da gasolina em 2,2%, em média.
De acordo com a estatal, se o reajuste for integralmente repassado e não houver alterações nas demais parcelas que compõem o preço ao consumidor final, o diesel pode subir 2,9%, ou cerca de R$ 0,09 por litro, em média, e a gasolina, 1,2%, ou R$ 0,04 por litro, em média, nas bombas.
O aumento, segundo a Petrobras, se deve à elevação dos preços dos derivados nos mercados internacionais desde a última decisão de preço, que mais que compensou a valorização do real frente ao dólar, e por ajustes na competitividade da estatal no mercado interno.
“É preciso destacar ainda que o comportamento dos preços de derivados foi marcado por volatilidade nos mercados internacionais em resposta a evento geopolítico, como o ocorrido na Síria”, destacou a companhia em nota.
É, bons tempos aqueles em que o combustível ficava anos sem aumento...
E tinha gente que reclamava...
O país da fofoca
Aprile 21, 2017 10:33Nos mais de 40 anos que passei em diferentes redações de jornais vi e ouvi muita coisa.
Muita coisa que não foi publicada, que ficou restrita às conversas no cafezinho.
Até hoje não sei se essas histórias eram verdadeiras ou mentirosas, já que, por absoluta falta de provas elas não se transformaram em notícia.
No jornalismo, pelo menos naquele que vivi, é assim: não adianta o sujeito dizer que foi à Lua montado num tapete voador para que a sua fábula ganhe as páginas do jornal - ou do site na internet.
É preciso que ele prove que a sua narrativa, ou o fato que denuncia, não é simplesmente, uma ficção, uma mentira, uma invencionice qualquer.
Por essas e por outras é que a notícia tem de ser, como se diz no jargão jornalístico, apurada, ou seja, investigada, com a chancela de documentos e fontes diversas.
Sei que o jornalismo de hoje é bem mais, digamos, flexível, do que o de antigamente. Aceita, quando interessa aos seus objetivos, a palavra de qualquer um, publica, sem o cuidado de checar a informação, tudo aquilo que vai de encontro aos seus fins.
Na verdade, o jornalismo é quase inexistente neste Brasil Novo, o que se vê é uma imensa máquina de propaganda a serviço da oligarquia, os endinheirados de sempre.
E o mesmo acontece no Judiciário e no Ministério Público, instituições que deveriam estar totalmente a serviço da verdade factual para que, é óbvio, promovam a Justiça - é para isso que existem e são mantidos pela sociedade.
Miseravelmente, porém, nestes tempos de penúria ética e moral, prescinde-se de provas para condenar, e a investigação foi trocada pela tortura dos réus, que passam anos presos até que confessem aquilo que seus captores querem ouvir.
Pouco importa se o que falam é só uma fofoca, um ouvi dizer, um boato, ou mesmo uma mentira, uma calúnia.
Num país em que cada vez mais esses métodos - medievais, nazistas? - se institucionalizam, não há lugar para a democracia.
Qualquer pessoa com dois neurônios é capaz de entender isso: justiça seletiva não é justiça. E onde não há justiça resta somente a barbárie. (Carlos Motta)
O Coelho, o Chocolate, e a delação combinada
Aprile 21, 2017 10:31O saudoso sociólogo Antonio Geraldo de Campos Coelho, meu tipo inesquecível da Jundiaí de minha juventude, tinha o costume de apelidar todo mundo.
Eu era o Nero, não sei bem por qual motivo.
Havia ainda o Homem Palha, o Peixe Galo, e tantos outros que a memória apagou.
De dois, porém, me lembro bem: Chocolate e Estilingue, companheiros inseparáveis da extinta Convergência Socialista, hoje o nefando PSTU.
Coelho era um anticomunista ferrenho, mas também um intelectual e, sobretudo, um gozador.
Chocolate e Estilingue, que tinham sonhos revolucionários - vivíamos em plena ditadura militar -, eram vítimas constantes de sua ironia.
Para quem não entendia o porquê do apelido "Chocolate", o Coelho sinteticamente explicava:
- É que, se um dia ele for preso e ameaçarem tirar o chocolate dele, ele confessa até que incendiou Roma. Não vai ser preciso usar tortura...
Não me recordo do motivo do Estilingue ser o Estilingue.
Talvez o fato de ele ser magérrimo e ter pernas compridas fizesse o Coelho achá-lo parecido com a perigosíssima arma que usávamos em nossa infância para atingir os mais variados alvos.
O Coelho e o Chocolate já não estão neste mundo.
Não sei por onde anda o Estilingue.
Sei apenas que eles foram personagens importantes num período de minha vida, um período difícil para todos os brasileiros, mas no qual, ao contrário de hoje, pessoas tão diferentes entre si podiam conviver harmoniosamente, e até mesmo se divertir com a diversidade de suas opiniões.
Eram outros tempos.
Hoje, quando a tortura é aplicada sob formas variadas pelos próprios agentes públicos que deveriam combatê-la, talvez o chiste do Coelho sobre o limite de resistência do Chocolate não fizesse sentido.
Afinal, para quê privar uma pessoa de seu alimento preferido, se seus captores podem obter dela o que quiserem simplesmente livrando-a da prisão se ela falar em juízo aquilo que eles lhe ordenam? (Carlos Motta)
Em um ano, Brasil Novo desempregou mais de 1 milhão de trabalhadores
Aprile 20, 2017 17:28Como diz a música dos Novos Baianos, lá vai o Brasil [Novo] descendo a ladeira...
A cada mês aumenta o número de desempregados.
Em março, mais 63.624 empregos formais (com carteira assinada) foram fechados, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Em fevereiro, o governo ilegítimo havia comemorado a criação de 35.612 vagas formais.
Março apresentou variação negativa de 0,17% em relação ao estoque de fevereiro. Foram registradas 1.261.332 admissões contra 1.324.956 desligamentos. No acumulado do ano, a queda foi de 64.378 postos de trabalho, equivalente a -0,17%, em relação ao estoque de dezembro de 2016, e, nos últimos 12 meses, houve a redução de 1.090.429 postos de trabalho, correspondendo a uma retração de -2,77% no total de empregados com carteira assinada do país.
O comércio foi o setor que mais apresentou retração, com o fechamento de 33.909 postos, seguido do setor de serviços (-17.086 postos), construção civil (-9.059 postos), indústria de transformação (-3.499 postos) e agricultura (-3.471 postos). Administração Pública apresentou desempenho positivo (+4.574 postos).









