Vai um jurinho aí? Taxa do cartão de crédito é a maior da história
Febbraio 23, 2017 11:23Ainda bem que a recessão, como informou o sério e casto ministro da Fazenda, acabou, a inflação está sob controle, e a enorme família brasileira recuperou empregos e o poder de compra. A gente respira mais aliviado sabendo que temos um Executivo central preocupado com o nosso bem-estar, que lá está, firme, forte e vigilante, com a única preocupação de transformar esta terra de Pindorama num paraíso de leite e mel.
O problema é que, de vez em quando, alguns insistem em nos trazer de volta à realidade para dizer, por exemplo, que a taxa de juros rotativa do cartão de crédito subiu e bateu recorde em janeiro, chegando a inacreditáveis 486,8% ao ano, em janeiro.
A informação é do insuspeito Banco Central (BC), o guardião de nossa moeda, da inflação e das nossas esperanças.
A tarifa subiu 2,2 pontos percentuais em relação a dezembro e foi a maior da série histórica iniciada em março de 2011.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. A taxa do crédito parcelado também subiu e ficou em 161,9% ao ano, alta de 8,1 ponto percentual em relação a dezembro.
Outra taxa de juros alta na pesquisa mensal do BC é a do cheque especial, que ficou em 328,3% ao ano, com uma pequena redução em relação a dezembro de 0,3 ponto percentual - viva!
A taxa média de juros para as famílias ficou em 72,7% ao ano, em janeiro, com alta de 1 ponto percentual em relação a dezembro.
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas ficou estável em 6%.
A taxa de inadimplência das empresas subiu 0,2 ponto percentual para 5,4%. A taxa média de juros cobrada das pessoas jurídicas subiu 1 ponto percentual para 28,8% ao ano.
Esses dados são do crédito livre em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros.
No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) a taxa de juros para as pessoas físicas ficou estável em 10,4% ao ano. A taxa cobrada das empresas subiu 1,6 ponto percentual para 12,5% ao ano. A inadimplência das famílias subiu 0,1 ponto percentual para 1,8% e das empresas permaneceu em 1,8%.
O saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos ficou em R$ 3,073 trilhões, com queda de 1% em janeiro, comparado a dezembro. Em 12 meses, a retração ficou em 3,9%.
Esse saldo correspondeu a 48,7% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB), em janeiro. Em dezembro, esse percentual era 49,4% do PIB.
O calvário de Genoino, por sua filha
Febbraio 23, 2017 10:16O livro "Felicidade Fechada", de Miruna Genoino, será lançado em março pela Editora Cosmos. O título transcende a condição de obra com teor jornalístico e factual ao expor um relato sensível e humano da filha de José Genoino, que assumiu para si a tarefa de ser a “expressão pública da família” durante o processo e a condução do julgamento de seu pai na Ação Penal 470, conhecida popularmente como “Mensalão”.De acordo com José Genoino no posfácio da edição, “este livro de Miruna é o contato vivo com a memória, olhando o presente e o futuro de uma maneira muito concreta”. A publicação ainda conta com prefácio do vereador eleito Eduardo Suplicy, amigo da família: “Miruna relata como seu pai havia tido uma história brilhante, iluminada, cheia de reconhecimentos e vitórias, e de repente virou um condenado, um político sem princípios, alguém relacionado ao dinheiro e não à luta por igualdade e justiça. A leitura deste livro ajudará as pessoas a encontrar a verdade e a conhecer a inocência de seu pai. Permitirá que conheçamos como Miruna, seus irmãos e filhos foram criados por um pai exemplar, um avô iluminado e que jamais roubou nada de ninguém nem deixou de seguir os princípios de justiça e igualdade que sempre o guiaram.
Condenado em 2012, José Genoino ocuparia, desde a primeira acusação, em 2005 - ainda na função de presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) -, as principais manchetes de jornais, revistas, programas de TV e de rádio do Brasil e do mundo. Em seus escritos, Miruna pontua uma rede que não salta aos olhos imediatos da população brasileira: tessituras do longínquo e da proximidade no afeto, com as imagens “políticas e poéticas” evocadas pela autora ao se recordar do pai, ainda menino, que andava a pé por uma estrada de terra batida de 14 quilômetros para frequentar a escola no sertão do Ceará. Ou, ainda, trazer a lembrança no sofá da sala de visitas da casa da família: espaço de muitas alegrias, hesitações, como também de notícias que mudariam, temporariamente, o rumo de suas vidas.
Ao longo de 266 páginas, dividido em duas partes, "Felicidade Fechada" é um testemunho não apenas individual, mas, antes, um diálogo entre pai e filha que verbaliza, em seu íntimo como escritora, aquilo que perpassa o senso coletivo político. Isto se refletiu, por exemplo, na ajuda de desconhecidos em redes sociais – como o Facebook – quando a autora necessitava expor as verdadeiras notícias do processo, as angústias, anseios e incertezas, durante os anos da primeira delação premiada até a liberdade, em 2014.
Dividido em capítulos cronológicos, pontuados por lembranças do passado, a primeira parte do livro, com prefácio de Eduardo Suplicy, expõe o “como tudo isso começou”, desde o convite do PT para que Genoino ocupasse o cargo de presidente nacional do partido, até a primeira delação premiada, em 2005, que colocou José Genoino como réu do processo. Na sequência, apresenta a inversão entre as esferas da vida pública e privada da família, a notícia da internação do pai – que culminou numa cirurgia de dissecação da aorta, com 90% de chances de risco de morte, e o decreto de prisão em 13 de novembro de 2013.
O texto de Miruna foi recusado por algumas editoras, quando no início de novembro de 2016 Miruna Genoino foi procurada pela Editora Cosmos, por meio de amigos em comum. A editora propôs uma campanha na plataforma digital Catarse, visando à obtenção dos recursos de forma colaborativa em prol do financiamento do livro. Em 11 dias foram arrecadados R$ 90 mil, ultrapassando a meta inicial de R$ 87,5 mil. Essa foi apenas uma das inúmeras mobilizações de amigos, companheiros de lutas, de colegas de partido e, principalmente, de anônimos, cidadãos e cidadãs brasileiros, que constituem a rede de solidariedade tecida em torno do caso de José Genoino.
A escrita, como um ato de insurgência pela palavra, um desvelar de um véu inacabado, traz à luz a complexidade da existência, muitas vezes “esquecida” pelos jornais: “Relatos de uma filha que, por amor, soube que escrever nunca foi uma escolha, mas uma necessidade”, como afirma a autora. Necessidade pela verdade, que só é possível de ser alcançada pelo exercício da memória e do não esquecimento, para, assim, quem sabe, cultivar a esperança de a política cumprir sua meta e o seu destino enquanto justiça: ser uma “felicidade aberta”.
Serviço
Dia 16/3 - lançamento, em São Paulo, 20 horas, no Espaço ViaTV, Rua José Piragibe, 366, Butantã
Dia 29/3 - lançamento, em Brasília, no Sindicato dos Bancários
(Divulgação)
O suicídio dos parlamentares golpistas
Febbraio 23, 2017 9:44Antônio Augusto de Queiroz
Na democracia representativa, o eleitor é titular do poder. Quando ele delega a alguém para que, em seu nome, possa legislar, representar, alocar recursos ou administrar uma unidade da Federação, o faz com base num programa, exige prestação de contas e resultados. A alternância no poder permite que, periodicamente, um novo “delegado” ofereça ao eleitor aquilo que o antecessor não cumpriu satisfatoriamente, ou a correção de um rumo de ação que não satisfez as suas expectativas.
O representante pode exercer essa delegação, de forma legítima e plenamente, inclusive em relação a temas que tenham reflexo sobre a vida de seus eleitores, desde que a política pública objeto da deliberação tenha sido debatida na campanha eleitoral ou tenha feito parte da plataforma do candidato. Se não constou do programa nem foi discutida na campanha, mesmo assim o representante pode votar, mas será julgado por seu voto na eleição seguinte, quando irá prestar contas do mandato.
Nas eleições de 2003 a 2014 para o Congresso Nacional, além dos candidatos contarem com dinheiro fácil para gastar na campanha, por força do financiamento empresarial de campanha, o eleitor não estava ameaçado de perder direitos, e, por isso, poderia votar sem maiores preocupações. Havia até relatos de eleitores que teriam recebido um trocado de cabos eleitorais por votarem em determinados candidatos, apesar da ilegalidade da compra de voto.
Em 2018, diferentemente, além de o candidato não poder contar com o financiamento empresarial de campanha, encontrará um eleitor que já foi vítima de redução ou supressão de direitos e, portanto, irá procurar saber como votou seu representante em relação aos seus direitos, notadamente nas reformas trabalhista e previdenciária. Ou deputados e senadores imaginam que poderão votar retirando direitos do eleitor e, mesmo assim, este continuará fiel, compreendendo suas razões, ou ignorando o que foi feito contra os seus interesses.
Do ser humano pode-se esperar tudo, inclusive que seja lesado em seus direitos e premie seu algoz com novo voto. Mas o parlamentar previdente terá, no mínimo, que refletir antes de confiar nesse julgamento benevolente ou desinformado do eleitor. Se imagina que retirar direitos trabalhistas de alguém ou retardar a aposentadoria dessa pessoa por dez anos ou mais para ter acesso a esse direito, e, ainda assim, em valor menor do que aquele a que teria direito se não tivesse havido a reforma, o eleitor irá perdoar essa sua atitude, pode estar completamente enganado. E, dessa vez, a agenda de reformas atinge o direito de cada cidadão, que estará muito atento ao que atinge o seu órgão mais sensível: o bolso.
O parlamentar que não fizer essa reflexão antes de votar nessas reformas poderá estar colocando em risco sua sobrevivência política. Jogar a culpa nos outros, ou alegar que cumpriu ordens do seu partido, não irá colar. Votem segundo suas consciências ou até conveniências, mas depois não reclamem de uma possível derrota política e eleitoral. Pesem prós e contras antes de votar. O julgamento será inevitável e acontecerá por ocasião da reeleição. A renovação poderá ser maior que a tradição, se apoiarem incondicionalmente a agenda fiscal do governo.
(Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap)
Golpistas apressam morte da indústria nacional
Febbraio 22, 2017 18:53O governo golpista e entreguista do Dr. Mesóclise e seu bando de picaretas acelera o processo de assassinato da indústria nacional: os novos índices apresentados pelo governo para o conteúdo local no setor de petróleo e gás foram considerados “péssimos” pelo setor industrial. Segundo o presidente do Conselho de Óleo e Gás da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Cesar Prata, a indústria pediu encarecidamente que o governo não definisse índices globais de conteúdo local, e separasse índices específicos para o setor de serviços e para a aquisição de bens. “O governo ignorou o nosso pleito e colocou índices globais em tudo”, criticou.
Segundo Prata, o maior problema é a definição de 25% de conteúdo local para as plataformas. Atualmente, esse índice é de 65%, mas o setor aceitava reduzir para 40%, com separação entre serviços e materiais. “O governo não só reduziu esse índice para 25%, mas deixou um índice global. Isso é péssimo.” Pela estimativa da Abimaq, esse índice deverá ser consumido apenas com serviços, não abrangendo produtos industriais e de engenharia. “Para nós, empresários, significa que vamos ter que diminuir ainda mais de tamanho, vamos ter que demitir mais”, disse Prata.
De acordo com o executivo, a Abimaq, em conjunto com federações de indústrias e sindicatos de trabalhadores, vai se reunir para definir os próximos passos de mobilização. “A tendência é não aceitar, porque acho que foi insensível com o momento que estamos vivendo. Esse índice aponta para mais de 1 milhão de desempregados este ano”, disse.
Na apresentação dos novos números, feita hoje no Palácio do Planalto, o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, disse que o modelo atual já não faz diferenciação entre bens e serviços. “A preocupação da indústria em relação à oferta de máquinas ou serviços é legítima, mas o modelo atual não faz essa diferença, porque a indústria petroleira não faz essa diferença de compra de máquinas e serviços. Ela faz a diferença em investimentos em exploração, em desenvolvimento.”
As novas regras de conteúdo local para o setor de petróleo e gás serão aplicadas na 14ª rodada de licitações de blocos para exploração de petróleo e gás natural, prevista para setembro, e para a terceira rodada de leilões de blocos no pré-sal, que deve ocorrer em novembro. Para exploração em terra, o índice de conteúdo local será 50%. Nos blocos em mar, o conteúdo mínimo será de 18% na fase de exploração, 25% para a construção de poços e 40% para sistemas de coleta e escoamento. Nas plataformas marítimas, o percentual será 25%. Atualmente, os percentuais de conteúdo local são definidos separadamente em cada rodada nos editais que são publicados para chamar os leilões.
Um terço dos brasileiros se considera endividado. Mas a recessão não acabou?
Febbraio 22, 2017 17:17Ainda bem que o ministro da Fazenda informou à nação que a recessão acabou. Agora só falta combinar com os russos, relembrando a frase genial de Garrincha depois de ouvir o técnico Vicente Feola explicar tim-tim por tim-tim a jogada na qual ele faria o gol no adversário. Isso porque 31% das famílias brasileiras, ou um terço delas, estão endividadas, segundo a pesquisa Pulso Brasil, encomendada ao Instituto Ipsos Public Affairs pelo Departamento de Pesquisas Econômicas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O mesmo levantamento aponta que 27% dos entrevistados não se acha endividado, aparecendo em seguida os que se consideram menos endividados (22%) e mais endividados (19%).
A pesquisa abrange tudo o que as famílias devem pagar, como contas domésticas, cheque especial e cartão de crédito.
O cenário apurado mostra-se diferente quando são avaliadas as classes sociais. Enquanto nas classes A, B e C, a maior parte das pessoas ficou, neste início de ano, com endividamento igual ao do ano passado (32% e 33%, respectivamente), a maior parte da classe DE (33%) informou que não tem dívidas neste início de ano.
A pesquisa ainda revelou que a maioria dos entrevistados (66%) afirma não ter dívidas com bancos, mas, entre os que têm, a maior parte (12% do total) diz que, apesar de dificuldades, consegue pagar no prazo. Os que deixam de pagar somam 7%, os que têm dificuldade para pagar, mas negociam o prazo são 5%, e os que não têm sentido dificuldade para pagamento são 10%.
As contas de serviços, como luz, telefone, aluguel e mensalidade de planos de saúde, são as mais difíceis de pagar para 54% dos entrevistados, mas eles dizem que conseguiram quitá-las no prazo. Já 32% disseram que não sentem dificuldade para pagar e apenas 10% declararam ter deixado de pagar. Os que têm sentido dificuldade e negociado prazo representam 4% dos entrevistados.
Apesar do cenário de crise, 68% das pessoas disseram que não consideram ficar inadimplentes, mas 32% deixariam de quitar alguns compromissos. Entre os que cogitam ficar inadimplentes, 49% consideram deixar de pagar primeiro as contas de serviços, como luz, água e telefone. Em seguida, 24% deixariam em aberto as parcelas com compras de eletrodomésticos, eletrônicos, telefonia e informática. Pagamentos a bancos receberam 20% das respostas e IPTU e IPVA, 17%. Pagamento de dívidas com cartão de crédito recebeu apenas 2% das respostas, próximo de categorias como saúde (6%) e educação (2%).
Levando em consideração a situação financeira das pessoas, a pesquisa mostra que 48% das famílias não têm nenhuma possibilidade de assumir nova dívida este ano e 25% têm menos chance. A constatação é a mesma para todas as classes econômicas ouvidas, ou seja, todos os grupos apontaram a expectativa de não contrair novas dívidas em 2017: AB (42%), C (44%) e DE (67%).