Ir para o conteúdo

Motta

Tela cheia

Segundo Clichê

27 de Fevereiro de 2017, 15:48 , por Blogoosfero - | 1 person following this article.

O samba-enredo que exaltou a liberdade em plena ditadura

19 de Março de 2018, 9:54, por segundo clichê


Carlos Motta

O Carnaval se foi, não se fala mais no samba da Tuiuti, mas o país continua sob o impacto de um mal disfarçado golpe de Estado, que trocou uma presidenta honesta por uma quadrilha que segue, impunemente, o assalto às, cada vez menores, riquezas nacionais.

O Carnaval se foi, mas este não é o país do Carnaval, com golpe ou sem golpe, com democracia ou sem democracia?

Assim, nunca é demais lembrar que não foi só a Tuiuti quem aproveitou o desfile para denunciar a grave situação vivida pela nação, para dar um forte recado às autoridades e, sob o poderoso ritmo do samba, proporcionar um momento de catarse coletiva.

Em 1969, poucos dias depois do fechamento total do regime, com o fatídico AI-5, o retrato por inteiro da ditadura militar, a Império Serrano levava, corajosamente, ao público o enredo "Heróis da Liberdade", cantando o samba-enredo de Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira.

Para que isso fosse possível, foi preciso trocar a palavra "revolução" por "evolução" na letra. O zelo do censor, porém, não foi suficiente para impedir que as pessoa compreendessem que a música não falava propriamente do movimento abolicionista, mas que era uma alegoria sobre o momento social e político do Brasil.

E que dava um recado claro sobre como o povo deve proceder para promover mudanças - a revolução deve nascer de um movimento coletivo, que envolva a todos:


"Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim:
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou"

"Heróis da Liberdade" é apontado como um dos melhores - se não o melhor - samba-enredo de todos os tempos.

Foi gravado por inúmeros medalhões da música popular brasileira - João Bosco preservou a letra original, com a palavra "revolução".

Mas coube a Roberto Ribeiro, cantor extraordinário, fazer o registro definitivo dessa obra-prima - é algo de arrepiar!

Ô ô ô ô
Liberdade, Senhor,
Passava a noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia
O fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao Largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria
Com sabedoria
Deu sua decisão lá, rá, rá
Com flores e alegria veio a abolição
A Independência laureando o seu brasão
Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim:
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Esta brisa que a juventude afaga
Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo
É a evolução em sua legítima razão
Samba, oh samba
Tem a sua primazia
De gozar da felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos "Heróis da Liberdade"
Ô ô ô



Mostra traz ao Brasil a cultura e a arte da Jamaica, além dos clichês

16 de Março de 2018, 15:24, por segundo clichê


Engana-se quem acha que o reggae é só Bob Marley. Com quase duas décadas escrevendo sobre o gênero - com sensibilidade às conotações políticas e sociais ao redor desse estilo -, o curador francês Sébastien Carayol chega ao Brasil com Jamaica, Jamaica!, mostra no Sesc 24 de Maio, em São Paulo. A exposição, concebida pela Cité de la musique – Philharmonie de Paris, produzida e realizada pelo Sesc São Paulo, vai além dos clichês e apresenta ao público como a cultura dessa nação se relacionou com o ativismo negro e influenciou na criação de novas vertentes musicais ao redor do mundo.

Carayol começou a pensar na mostra em 2013 para expor, diz ele, “a verdade que nunca foi dita” e romper com a desinformação que existe sobre o país. “Na Europa, a visibilidade musical jamaicana depende do nível de respeito que as outras músicas ‘black’ já conseguiram por lá, como o jazz, o soul, o funk e o rap”, diz. Além disso, o curador acredita que é uma injustiça a falta de conhecimento sobre ídolos jamaicanos, como Marcus Garvey, por exemplo, o que torna a exposição um marco de representatividade.


Garvey, empresário e comunicador lembrado por Carayol, é um dos nomes também apresentado na exibição. Falecido em 1940, ele é considerado um dos maiores ativistas da história do movimento nacionalista negro e lutava contra a perda de valores africanos nas nações dominadas pela colonização branca. O militante presidiu a Associação Universal para o Progresso Negro (AUPN) e colaborou com a criação de ideias contra a inferioridade racial. No entanto, seu legado e sua importância para o país caribenho, de maioria negra, ainda não é discutido e apresentado em todos ambientes acadêmicos e escolares ao redor do mundo.

Diante disso, Carayol explica que o que o guiou foi oferecer à nação a oportunidade de vir ao Brasil contar a história sem influências externas à ela. “Nem eu, nem a França, nem qualquer outra pessoa está aqui para emitir visões tendenciosas”, afirma. “Temos na exposição trabalhos específicos de pintores jamaicanos, como Leasho Johnson, e do cantor de reggae Danny Coxson, por exemplo”, complementa.


O francês visitou museus na Jamaica e nos Estados Unidos, coleções privadas em diferentes países e convenceu familiares de antigos produtores e artistas jamaicanos à emprestar algumas produções.


A mostra foi adaptada para o Brasil com a presença do reggae em São Luís do Maranhão, São Paulo e Bahia. Essas regiões misturaram seus ritmos ao som jamaicano e deram formato único incorporado ao DNA brasileiro.


Jamaica, Jamaica! traz à tona o fato de que não há como entender por completo a música do país sem falar da onda de violência pela qual a população passou depois da independência, em 1962. Gangues de rua e milícias foram articuladas por políticos para as disputas eleitorais enquanto o músico Bob Marley e o grupo The Wailers lideravam o movimento reggae do país.


Conflitos armados tomaram as ruas de Kingston, capital federal, com interferência da CIA, e houve um crescimento exponencial do tráfico de drogas na década de 1970. Nesse cenário, a música popular surgia como uma válvula de escape para a pobreza e o medo, e isso foi usado como arma política. O antigo primeiro-ministro jamaicano Michael Manley, por exemplo, usou a melodia Smile Jamaica, de Bob Marley, para alavancar nas corridas eleitorais de 1976.


De acordo com Carayol, esse contexto deixou marcas na música do país. “Ainda estou convencido até hoje de que quando Bob Marley pedia paz e amor em suas músicas, ele basicamente estava falando sobre o seu bairro, Trenchtown, que sofreu com a violência”, reflete. “Ele tinha em mente que havia centenas de pessoas mortas em cada eleição geral.”


Todas essas questões intrínsecas foram divididas em oito diferentes núcleos ao longo dos 1.300 m² de espaço expositivo, que, em conjunto, formam um panorama de elementos marcantes na construção político-social e cultural da Jamaica.

Para além do ícone Bob Marley, a exposição retrata artistas e grupos ligados a música - como Peter Tosh, Marcus Garvey, The Skatalites, The Wailers, etc, a criação de ritmos - como o Ska, Soundsystem e o Dancehall - e seus códigos para divulgação, comunicação e representação da própria cultura.

Para demonstrar a complexidade que envolve a ilha caribenha, os núcleos temáticos reúnem objetos icônicos, como pôster, instrumentos, vinis, livros, pinturas e fotografias, expandindo os ecos da influência jamaicana em regiões brasileiras e as ressignificações criadas a partir dessa mistura.


Rádio Jamaica


Em 1959, a primeira estação de rádio local, a JBC (Jamaica Broadcasting Corporation), fundada por um dos articuladores da independência jamaicana, Norman Manley, tornou-se a primeira emissora da ilha a concentrar-se mais na música jamaicana do que no jazz americano e no rhythm and blues.

A partir deste momento, a rádio tornou-se não apenas uma fonte de orgulho para os jamaicanos como também o primeiro elo da cadeia da produção musical: shows transmitidos ao vivo proporcionaram aos produtores locais uma geração de novos talentos para a indústria fonográfica jamaicana.

Em homenagem à história desta música extraordinária, a exposição propõe uma experiência sonora como parte integrante: a Rádio Jamaica, emissora online que apresenta uma série de músicas, sons e playlists. Você pode ouvi-la até 26 de agosto durante a visitação da mostra - levando o seu próprio fone ou em diversos dispositivos eletrônicos - e também na web, no player ou nesse link.



Alfredo Dias Gomes renova paixão pela bateria em seu 9º disco solo

16 de Março de 2018, 10:38, por segundo clichê


Com uma longa carreira a serviço de estrelas da música brasileira, o baterista Alfredo Dias Gomes decidiu, a partir de 1993, se dedicar à sua maior aspiração: trilhar um rumo próprio, compondo e gravando suas composições. Assim, deixou de integrar a banda de Ivan Lins, com quem viajou o mundo inteiro, para passar a reger de forma independente as próprias baquetas. Desde então, depois de noves trabalhos solos (8 álbuns e 1 single) e uma vídeo-aula (“Exercícios e Ritmos”, de 1998), o músico carioca está comemorando os 25 anos de carreira solo com o CD “JAM”, gravado em seu próprio estúdio, na Lagoa, Rio de Janeiro, por Thiago Kropf, e masterizado por Alex Gordon no mítico Abbey Road Studios, de Londres.

O novo disco reúne toda a sinergia do jazz-rock, grande influência e paixão do baterista desde a adolescência, e traz dois exímios instrumentistas: o contrabaixista Marco Bombom (da lendária Conexão Japeri, de Ed Motta) e o guitarrista Julio Maya, com quem Alfredo tocou no início de carreira, convidando-o posteriormente para participar dos seus primeiros discos solo, “Serviço Secreto” (1985), “Alfredo Dias Gomes” (1991) e “Atmosfera” (1996). Com lançamento exclusivo em plataformas digitais, o CD já se encontra disponível para download e streaming no iTunes, Spotify, Napster e CD Baby.

A faixa de abertura de “JAM” é “The Night”, surgida a partir de criações do baterista no teclado e composta exclusivamente para a formação bateria, baixo, guitarra e teclado.

Na sequência, “Dream Aria” exalta o acaso e a espontaneidade: nascida de um groove no teclado à espera da banda chegar, a música teve a bateria definitiva gravada antes mesmo de nascer a melodia e se gravar os outros instrumentos.

Em seguida, o baterista sintetiza em “High Speed” suas grandes influências dos anos 1970: Billy Cobham, Mahavishnu Orchestra, The Eleventh House.

A faixa “Spanish” foi pensada em destacar o baixo, com a melodia e o solo de “baixolão” do Marco Bombom.

Única música “pronta” do disco, “Jazzy” ganhou releitura para a formação atual, já tendo sido gravada pelo baterista em 2005 no seu CD “Groove”.

A faixa-título “JAM”, primeira a ser gravada, foi concebida exatamente conforme o nome: uma jam session, composta com arranjos na hora dos takes com Maya e Bombom.

A faixa solo “Experience”, também criada a partir de frases no teclado pelo músico, termina com um solo livre de bateria utilizando afinação diferente, mais aguda do que costuma usar.

Depois do disco já concluído – inclusive já masterizado – o baterista incluiu “The End”, sentindo a necessidade de uma música do trio tocando ao mesmo tempo, encerrando uma jornada concebida no improviso e no virtuosismo.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1960, Alfredo Dias Gomes, filho dos prestigiados autores teatrais e de telenovelas Dias Gomes e Janete Clair, começou a aprender a tocar bateria aos 10 anos e estreou profissionalmente aos 18 anos, participando da banda de Hermeto Pascoal - gravou o disco "Cérebro Magnético" e tocou em inúmeros shows, com destaque para o II Festival de Jazz de São Paulo e o Rio Monterrey Festival. Alfredo conta que Hermeto o encarregava de abrir os espetáculos - sua estreia num palco se deu dessa maneira, para sua surpresa:

- Foi a primeira vez que toquei com Hermeto e o meu primeiro show. Antes de começar, ele simplesmente me disse "vai lá e abre o show". Assim, sem roteiro, sem nada. Essa foi a maior emoção da minha vida. Hermeto foi quem me deu a maior liberdade para tocar, ele fazia coisas incríveis comigo.

Alfredo tocou e gravou com grandes nomes da música instrumental, como Márcio Montarroyos, que o incentivou a compor, Ricardo Silveira, Torcuato Mariano, Arthur Maia, Nico Assumpção, Guilherme Dias Gomes e Luizão Maia, entre outros. Na MPB e no rock, tocou com Ivan Lins, participou do grupo Heróis da Resistência, tocou e gravou com Lulu Santos, Ritchie, Kid Abelha e Sergio Dias, entre outros.

Completam sua discografia "Tributo a Don Alias" (2017), "Pulse" (2016), "Looking Back" (2015), "Corona Borealis" (2010), "Groove" (2005), "Atmosfera" (1996, com participações de Frank Gambale e Dominic Miller), "Alfredo Dias Gomes "(1991, com a participação especial de Ivan Lins) e o single "Serviço Secreto", de 1985.

Links para download ou streaming



https://open.spotify.com/album/7h8bvSNrmKr0aU0b65Gnv3





"Chame o ladrão", pedia Chico Buarque 44 anos atrás

15 de Março de 2018, 14:44, por segundo clichê


Carlos Motta

Em 1974, 44 anos atrás, Chico Buarque lançava o samba "Acorda Amor", atribuído à dupla Leonel Paiva - Julinho da Adelaide, nomes que o genial compositor usava para enganar a censura - para quem não sabe, naqueles dias o Brasil vivia mergulhado numa feroz ditadura patrocinada pelos nossos homens de bem e pelos bravos e heroicos militares que nos salvaram das garras do cruel comunismo.

"Acorda Amor" fala, em tom debochado, do medo que o personagem tem de ser levado embora pela "dura", pelos "homens", numa "muito escura viatura", algo então muito frequente - a repressão contra quem não achava que este era um país que ia para a frente não era brincadeira.

No refrão, o pobre coitado pedia ao seu amor para chamar o ladrão.

E no fim, a advertia: "Acorda, amor/Que o bicho é brabo e não sossega/Se você corre, o bicho pega/Se fica não sei não/Atenção!/Não demora/Dia desses chega a sua hora/Não discuta à toa, não reclame/Clame, chame lá, chame, chame/Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão/(Não esqueça a escova, o sabonete e o violão).

Como se vê por esse samba do Chico, as décadas foram passando e o Brasil continuou o mesmo.



Acorda, amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame lá
Chame, chame o ladrão, chame o ladrão
Acorda, amor

Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão de escada
Fazendo confusão, que aflição
São os homens
E eu aqui parado de pijama
Eu não gosto de passar vexame
Chame, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão
Se eu demorar uns meses
Convém, às vezes, você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha a roupa de domingo
E pode me esquecer
Acorda, amor
Que o bicho é brabo e não sossega
Se você corre, o bicho pega
Se fica não sei não
Atenção!
Não demora
Dia desses chega a sua hora
Não discuta à toa, não reclame
Clame, chame lá, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão
(Não esqueça a escova, o sabonete e o violão)



Sindicato de clubes patrocina concurso literário

15 de Março de 2018, 14:39, por segundo clichê


O Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes, evento realizado anualmente e em caráter nacional pelo Sindi Clube (Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo) em parceria com a Confederação Nacional dos Clubes (Fenaclubes) e a Academia Paulista de Letras já está com as inscrições abertas. Os sócios de clubes associados e que têm gosto pela escrita, devem ficar atentos pois o prazo de inscrição termina em 30 de junho. 

Em sua 3ª edição nacional, o concurso premia três categorias: poesia, conto e crônica, com tema livre. A obra tem de ser inédita e os concorrentes podem se inscrever em apenas uma categoria. O valor da premiação será de R$ 1.500, R$ 1 mil e R$ 500, respectivamente, para primeiro, segundo e terceiro colocados de cada categoria.

Para mais informações sobre o Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes, inscrições, e premiação, acesse o regulamento completo no site do Sindi Clube (http://www.sindiclubesp.com.br).
 
O Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes nasceu em 2011, com o nome de Prêmio Sindi Clube/APL de Literatura e tinha abrangência apenas no Estado de São Paulo. Em 2016, a parceria do Sindi-Clube firmada com a Academia Paulista de Letras fez com que a premiação passasse a ter abrangência nacional. O número de  inscritos da primeira edição nacional, em 2016, saltou de 220 para 256 em 2017. De 2011 a 2017 participaram das sete edições do concurso 229 clubes, em 101 cidades, com um total de 867 obras inscritas.

O Sindi Clube é o único representante sindical dos clubes esportivos, sociais, culturais e recreativos do Estado de São Paulo, e há 28 anos desenvolve programas, projetos e iniciativas em defesa dos interesses das agremiações sócio esportivas do estado e do Brasil.

Com uma base de 2.200 clubes, aos quais oferece uma estrutura especializada em administração nas áreas jurídica, trabalhista, fiscal, contábil e tributária, recursos incentivados, cultural, esportes e lazer. A entidade é também um interlocutor frequente do governo, consultado e ouvido pelas autoridades de todos os níveis do país, além de federações, confederações e organizações de todos os segmentos da vida nacional. A instituição mantém ainda a Universidade Corporativa Sindi-Clube (USC), que oferece um extenso programa de formação, treinamento e aperfeiçoamento de profissionais de clubes, por meio de uma completa grade de cursos, seminários, palestras e workshops.



Motta

0 comunidades

Nenhum(a)