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Segundo Clichê

27 de Fevereiro de 2017, 15:48 , por Blogoosfero - | 1 person following this article.

"Lágrimas", um disco que retrata o triste "Brasil Novo"

1 de Outubro de 2019, 11:16, por segundo clichê

Nina Wirtti, Paulo César Feital e Lucas Bueno: em "Lágrimas", o amor pelo Brasil
Carlos Motta

A resistência à ditadura militar legou ao Brasil obras de arte que permanecem entre as mais criativas já produzidas. No campo da música popular surgiram o tropicalismo, a turma do Clube da Esquina, os novos nordestinos e uma geração de sambistas com um pé na tradição e outro na modernidade, só para ficar nos exemplos mais conhecidos. Todos esses criadores, consciente ou inconscientemente, produziram músicas que não só refletiram o terrível momento pelo qual o país passava, mas também ajudaram a sociedade a superar as dores causadas pelos opressores da democracia e da liberdade.

Embora hoje a ditadura não seja escancarada como a daqueles tempos, é mais que óbvio que o país vive sob ataque incessante das forças das trevas, essas que tomaram conta das instituições e assaltam suas riquezas, espoliam seu povo, matam seus jovens e arrebentam seus cérebros.

Felizmente há, em todos os setores, quem não se conforme com essa situação, quem grite contra os usurpadores e lute, com as armas que tem, contra essa legião de facínoras. 

É o caso, voltando à música popular, da dupla Lucas Bueno e Paulo César Feital, que lançou recentemente o álbum "Lágrimas", uma porrada no conformismo, uma bofetada indignada na cara daqueles que ousaram dominar um país que caminhava com passos firmes rumo a um futuro de mais igualdade e prosperidade para todos seus filhos.

Feital é nome consagrado na MPB, parceiro, entre tantos outros, de João Nogueira, Nelson Cavaquinho, Hélio Delmiro, Jorge Aragão, Claudionor Cruz, Guinga, Luiz Eça, Roberto Menescal e Altay Veloso, com obra gravada pela fina flor da nossa música popular e consagrado como um dos mais criativos e importantes letristas brasileiros.

Lucas surge como um dos mais talentosos criadores da nova geração. Pianista, violonista, compositor e cantor, já fez parceria com Ana Terra, Moyseis Marques, Chico Alves, Iara Ferreira, Joana Hime e Maria Vilani, a mãe do cantor e compositor Criolo, com quem ele  assina um grande número de canções. 

"Lágrimas" é resultado de um ano de trabalho dos dois e suas dez músicas são um retrato fiel da realidade social e política deste "Brasil Novo", que provoca pesadelos constantes em qualquer um que tenha um traço sequer de consciência. 

No disco, Lucas e Feital, com a ajuda da ótima cantora Nina Wirtti e contando ainda com as participações de Moyseis Marques, Cláudio Nucci, Soraya Ravenle e Vidal Assis, levam a emoção do ouvinte a níveis altíssimos - pelo menos àqueles que têm empatia com os milhões de compatriotas que apenas sobrevivem neste imenso e infeliz país.


"Lágrimas" é certamente um dos lançamentos mais importantes da música popular brasileira dos últimos tempos. E uma conversa com seus dois autores ajuda a entender as razões que os levaram a produzir uma obra tão densa e ao mesmo tempo tão popular:

Como se deu o processo de composição? Foi demorado, como foi a decisão de fazer uma obra totalmente política e "nacionalista"?

Paulo César Feital - O nosso processo de composição acontece pelo apaixonamento, é fácil, quer dizer, não há dificuldade em trazer nossas almas à tona, até porque tenho no meu parceiro um criador fantástico. Não houve decisão por fazer uma obra política, veio naturalmente pelo posicionamento da própria nação, por toda a revolta que nos deu por decisões desastrosas do atual governo, pela exposição vexatória de nosso país a nível internacional. Creio que seja um disco mais social do que político.

Lucas Bueno: Houve três processos de composição distintos na feitura do álbum. Um foi compor a melodia para receber letra do parceiro Feital, outro foi fazer junto, de fato, sentados em volta de uma mesa, um processo extremamente prazeroso, de imenso aprendizado. O último e curioso processo foi com o baião "Pão com Goiabada" e o jongo "Setembrina", duas parcerias póstumas, onde terminei ambas as melodias que já tinham uma primeira parte, letra e melodia, de Feital com o saudoso bamba João Nogueira.

Vocês pretendem continuar nessa linha de composição de forte conotação social e política?

Feital: Jamais abandonei e tampouco abandonarei essa composição de conotação sociopolítica, 70% da minha obra lítero-musical fala do Brasil. A música deve se posicionar na defesa do seu solo, do seu povo, principalmente, que é muito sofrido, torturado.

Lucas: Na minha opinião o papel missionário da arte brasileira é alertar seu povo diante de suas mazelas, denunciar seus algozes, fazer com que o Brasil conheça o Brasil. As “Querelas” proféticas dos craques Aldir e Tapajós ainda ecoam e, infelizmente, “o Brazil tá matando o Brasil”.

Vocês acreditam que a arte, no caso de vocês, a música, é capaz de ajudar, de maneira substancial, na mudança da sociedade?

Feital: Claro que sim, a música sempre esteve na ponta dos questionamentos, vide 64, quando houve uma enorme efervescência cultural protagonizada por quem denunciava e brigava pelo que se instaurou no país.

Lucas: Com toda certeza. A música brasileira é formidável e não sobrevive de saudosismo, os pilares e baluartes influenciaram toda minha geração em demasia, mas também tenho minhas referências contemporâneas, e não são poucas, que podem mudar e munir de conhecimento toda uma sociedade através de sua música. Pena que esses artistas com suas respectivas canções sejam abafados por uma mídia sensacionalista e tendenciosa. A música tupiniquim é cada vez mais surpreendente e esplendorosa, o "mainstream" é inversamente proporcional.

Como vocês veem a relação Estado/cultura? O Estado deve apoiar as manifestações artísticas ou elas devem se abster desse apoio?

Feital: Se a arte promove o país, o Estado deve apoiar. Neste momento a gente vive, na minha opinião, num processo de quase censura ou de censura velada.

Lucas: Nossas maiores riquezas são naturais e culturais, o Estado descaradamente está conseguindo a passos largos ceifar as duas. A primeira pela raiz, literalmente, desmatando o pulmão do mundo sem dó nem piedade, liberando um agrotóxico atrás do outro, entre outras atrocidades. A segunda passa por uma censura velada num país que não é laico faz tempo. Seguiremos resistindo, esperançosos na volta de um presidente que apoie e promova as manifestações artísticas genuinamente brasileiras.

Como está a agenda de trabalho de vocês, quais seus planos?

Feital: Acho que meu relacionamento com o Lucas é para a vida inteira, pretendo continuar minha obra com ele. Um compositor que chegou na minha vida num estado de surpresa, é, sem dúvidas, um dos grandes expoentes da nova música brasileira, um gênio harmônico, melódico e um excelente letrista. Quero sempre tê-lo ao meu lado.

Lucas: Ganhei um novo amigo de infância, um mestre, não largo mais desse parceiro de jeito e maneira. Temos muito que compor, temos muito o que denunciar, o disco “Lágrimas” é só o primeiro capítulo de uma obra que canta o nosso amor por um Brasil que existe e resiste.


Link para audição de "Lágrimas" no youtube:
www.youtube.com/playlist?list=PL5ApX0XCwI9jxXYd8_iAjNKT_5aDVODTS  

Link para audição de "Lágrimas" no Spotify:

open.spotify.com/album/6SuTQ4Q54EPWngbV5SvcGi  



Piracicaba faz a festa do jazz cigano

26 de Setembro de 2019, 10:18, por segundo clichê

O inglês Robin Nolan volta ao Brasil 

Um show do Hot Club de Piracicaba, com os convidados Marcos Moraes, Eduardo Belloni, Julia Simões e Sandro Haick, abre nesta quinta-feira, 26 de setembro, às 20 horas, no Teatro Erotides de Campos, o 7º Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, que já se converteu no evento mais importante no Brasil para a difusão do gênero. Nesta edição, o festival recebe artistas do México, Portugal e Inglaterra, mantendo a tradição de promover um intercâmbio entre músicos que tocam o jazz cigano em diferentes países.

O festival foi idealizado pelo juiz de direito José Fernando Seifarth de Freitas, também guitarrista manouche, um dos fundadores do Hot Club de Piracicaba, em 2008. José Fernando tem vários discos gravados e além de se envolver diretamente na produção do festival, mantém uma atividade artística constante.

Como nos anos anteriores, o festival terá vários palcos: além do Teatro do Engenho, o Sesc de Piracicaba, as casas Jazz B e Jazz nos Fundos, em São Paulo, e o Boulevard de Águas de São Pedro. A programação, que se estende até 13 de outubro, é a seguinte:

26/9, às 20 horas - Hot Club de Piracicaba, Teatro do Engenho

O Hot Club de Piracicaba foi fundado em 2008 por José Fernando Seifarth de Freitas Alcides Lima (Cidão) e Marcos Mônaco, respectivamente baterista e clarinetista da banda paulistana Traditional Jazz Band Brasil. É o grupo anfitrião do 7º Festival Internacional de Jazz Manouche de Piracicaba e encabeçou o movimento do jazz cigano brasileiro.

Em 2008 a banda gravou seu primeiro CD, "Jazz a La Django", inspirado na obra do guitarrista Django Reinhardt. Seu novo trabalho, “Amigos”, foi lançado em 2019, quando o grupo celebrou seus 10 anos de existência, com participação de músicos nacionais (Bina Coquet, Florian Cristea, Seo Manouche) e internacionais (Howard Alden, Richard Smith, Robin Nolan e Paul Mehling).

Seus integrantes são André Grella (piano), Eliezer Silva (trompete), Fernando Seifarth (violão/guitarra), Frank Edson (tuba), Giliadi Richter (washboard), Wagner Silva (bateria) e Eloy Porto Neto (trombone e vocal).

3/10, às 19h30 - Manouchka e Smoke Rings, Teatro do Sesc

A banda Smoke Rings é de Guadalajara, no México, e lotou os teatros de música em todo o país, por causa de sua mistura de jazz e swing gypsy. Em 2015 lançou o primeiro álbum e fez uma turnê na Argentina, onde representou o México no 13º Festival Internacional Django Reinhardt. Em 2016 e 2017 viajou para a Colômbia.

O Trio Manouchka é a banda mais prestigiada a tocar a música de Django Reinhardt em Portugal e a única com reconhecimento internacional. Desde 2014 o guitarrista Nuno Marinho se dedica a promover o gênero em Portugal e a atuar com músicos de jazz cigano em Nova York, Paris, Londres, Amsterdã e na Índia. Para este festival, o Trio Manouchka virá ao Brasil como duo (Nuno Marinho como guitarrista e Marian Yanchyk como violinista) e se apresentará com o acordeonista Marcelo Cigano, o baixista Nando Vicêncio e o violonista Vinicius Araújo.

4/10, às 20h - Robin Nolan, no Teatro do Sesc

O músico inglês Robin Nolan nasceu em 1968 enquanto seus pais se apresentavam para as tropas americanas em guerra. Em sua infância em Hong Kong, seu aprendizado musical passou pelo rock, blues e jazz até chegar ao estilo ao qual apaixonadamente tem dedicado sua vida: a música cigana. Com mais de 2 milhões de acessos em seu canal no YouTube, o Gypsy Jazz Secrets, Robin Nolan é uma das maiores autoridades mundiais em tudo o que é jazz manouche. Seu trio já tocou diversas vezes no Festival Django Reinhardt em Samois, França, e já viajou pelo mundo fazendo shows em muitos dos mais prestigiados locais e festivais do mundo do jazz. Participa pela terceira vez do Festival de Jazz Manouche de Piracicaba.

Nolan está homenageando George Harrison em um novo álbum, com uma coleção de músicas do ex-Beatle tocadas de maneira única. Harrison era fã e amigo de Robin.

5/10, às 16h - Hot Club de Piracicaba, Marcos Moraes, Bina Coquet e Sebastian Abuter; Manouchka; Smoke Rings; Robin Nolan; e Florian Cristea, no palco externo Teatro do Engenho

8/10, às 20h - Manouchka e Smoke Rings, no Jazz dos Fundos (SP)

9/10, às 20h - Florian Cristea Quarteto, com participação Robin Nolan, no Teatro do Sesc

O violinista romeno Florian Cristea teve seus primeiros estudos musicais com seu pai, Gica Cristea. Frequentou uma escola de música até 1983, quando entrou no Conservatório de Bucareste e começou a ganhar competições. Em 1985 se tornou aluno de Ion Voicu e a partir de 1990 participou de várias orquestras romenas e excursionou pela Alemanha, Suíça, França, Estados Unidos, Finlândia e Turquia. Mora no Brasil há 21 anos, desde que foi convidado pelo maestro brasileiro Claudio Cruz para tocar na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Apesar de ter formação acadêmica, Florian toca jazz há anos. Neste festival ele estará acompanhado dos músicos Bina Coquet (violão) e Danilo Viana (baixo).

10/10, às 20h - Sebastian Abuter trio e Robin Nolan, no Jazz dos Fundos (SP)

11/10, às 20h - Gypsy Jazz Club, no Teatro do Sesc

O Gypsy Jazz Club é um grupo formado pelos músicos brasilienses Victor Angeleas (violão tenor e bandolim de 10 cordas), Pedro Vasconcellos (cavaquinho), Igor Diniz (contrabaixo acústico) e Eduardo Souza (violão manouche). Mescla o jazz cigano com a música brasileira, de onde vêm as influências e a vivência musical dos integrantes. O grupo surgiu em 2013 e, no ano passado, lançou um disco com o violinista americano Ted Falcon.

12/10, às 17h - Hot Club de Piracicaba, Robin Nolan e Gypsy Jazz Club, em Águas de São Pedro

13/10, das 14h às 16h - Tributo a Django e Grappelli, com Florian Cristea e All Stars Jam (participaçãos de integrantes do Smoke Rings e Manouchka) no Jazz B (SP)



O samba do Brasil que odeia

22 de Setembro de 2019, 17:51, por segundo clichê


De quando em quando surgem músicas emblemáticas, que marcam uma geração, um período da história - e que ficam para sempre na memória popular.

É o caso, por exemplo, de "O Bêbado e a Equilibrista", da dupla João Bosco/Aldir Blanc.
Ou de "Coração de Estudante", de Milton Nascimento e Wagner Tiso.

Nestes tempos mais que sombrios  vividos pelo Brasil, eis que surge uma composição que reflete de modo perfeito o que muitos, mas muitos mesmos, estão sentindo agora. "Sonho Estranho", de Moacyr Luz e Chico Alves, não é só um samba belíssimo - é aquilo que a gente tem preso na garganta, que oprime o nosso peito, que amordaça a nossa voz.

É uma obra-prima.



Sonhei que despertei
Noutro país
Onde as pessoas tinham balas de fuzis
E o povo andava sem razão de ser feliz
Era um país fora da lei
Sem diretriz
Embarcação sem direção
Tentando em vão
Colher a paz plantando a guerra

Confesso que senti
Muita saudade do lugar onde aprendi
A caminhar com as pernas tortas de Mané
E respeitar que cada um tem sua fé
A me encantar com a negra voz de Mãe Quelé
E pelas doces mãos de Cosme e Damião
Levar Jesus ao Candomblé

Nesse sonho ruim que eu me via
Nem a poesia falava por nós
Tantos versos sem ter poesia
Canção não havia
Ninguém tinha voz
E pisando meus pés no espinho
Cantava baixinho Nelson Cavaquinho
O Sol vai brilhar outra vez
Tirando a dor do caminho

Agora eu já não sei
Se foi quimera ou foi real
O que sonhei
Se ainda estou noutro lugar ou se voltei
Á velha pátria, mãe gentil
Onde eu nasci
Ou se ela, enfim, se transformou no que tá aí
Ando com medo de acordar nesse Brasil
Do sonho estranho que vivi



Obra de Tacuchian para viola sai em CD

20 de Setembro de 2019, 9:47, por segundo clichê


A obra para viola do compositor erudito e regente Ricardo Tacuchian, que completa em novembro 80 anos de idade, foi registrada no CD “Tacuchian e a Viola” pelo Duo Burajiru, formado pelo violista Fernando Thebaldi e pela pianista japonesa Yuka Shimizu. A obra foi gravado no A Casa Estúdio e está sendo lançada pelo selo A Casa Discos. Em julho, a sua “Sinfonia das Florestas” teve estreia brasileira (Rio e Niterói) pela OSN, e, em agosto, várias de suas peças foram executadas pela Banda Sinfônica Paulista, em São Paulo.


O Duo Burajiru (Brasil, na pronúncia japonesa) realizou, em abril de 2016, na cidade de Roterdã, na Holanda,um concerto no Conservatório Codarts, obtendo grande sucesso e levando ao público europeu uma mostra da música brasileira, para viola e piano. De volta ao Brasil, ele continua na sua missão de execução, registros, revisão, reedição, comissionamento de obras de compositores da música brasileira de concerto para viola e piano de épocas e estilos musicais diversos.

Fernando Thebaldi, mestre pelos conservatórios holandeses de Haia, Roterdã e Brabants, desenvolve extensa atividade como camerista, pedagogo da viola e solista à frente das orquestras Petrobras Sinfônica, Sinfônica Nacional da UFF, Ars Musica de Roterdã e Orquestra Municipal de Asunción, no Paraguai. Na sua discografia destacam-se as obras completas para quarteto de cordas de Radamés Gnattali e Ricardo Tacuchian e os dezessete quartetos de cordas de Villa-Lobos em DVD e Bluray. 

A japonesa Yuka Shimizu, nascida na província de Saitama, ingressou, em 1995, na Faculdade de Música Kunitachi de Tóquio. Sua paixão pela música brasileira trouxe-a ao Brasil em 1997, onde estudou com Clara Sverner e Mordehay Simoni, formando-se no Conservatório Brasileiro de Música, em 2001, com a orientação da Professora Maria Teresa Soares. Lançou dois CDs de piano solo: “Embalada pela brisa do Rio”, com obras de Ernesto Nazareth, e "Piano Brasil", além de ter se apresentado como solista da Orquestra Sinfônica Nacional-UFF, da Orquestra de Barra Mansa e da Orquestra Camerata de Sesi-ES.

“Toccata para Viola e Piano”, que abre o CD, foi escrita por solicitação do violista Juan Sarudiansky a quem a obra foi dedicada, tendo feito sua estreia, em 1985, no Rio de Janeiro, com Elza Gushikem ao piano. De forma ternária, suas partes extremas (Allegro) exploram a virtuosidade da viola, com uma pulsação em estilo de moto continuo. A curiosidade, nessa gravação, é que Sarudiansky, na ocasião da estreia da obra, era o professor de viola do então estudante Fernando Thebaldi, que esteve presente na audição de seu mestre.

Composta em 2004, “Xilogravura” foi criada por encomenda do violista Savio Santoro e escrita sobre o Sistema-T, uma ferramenta de controle das alturas, criada pelo compositor nos fins da década de 1980. A estreia da obra foi feita pelo próprio violista, com a pianista Tamara Ujakova, no ano seguinte de sua criação, no Rio de Janeiro. Segundo Tacuchian, “os cortes fortes gravados na madeira bruta são traduzidos musicalmente pelo impulso rítmico que predomina nesta peça”.

Em três movimentos, “Trio das Águas” foi composta em 2012, também baseada no Sistema-T, e dedicado ao Terra Brasilis Trio (André Zocca, clarineta; Valdeci Merquiori, viola; Ana Carolina Sacco, piano) que fez a première em Vinhedo (SP), no ano seguinte à sua composição. Aqui, a obra de Tacuchian ganha o registro pelo prestigiado clarinetista Cristiano Alves.

De 2015, “Tomilho”, dedicada a Fernando Thebaldi, que fez sua estreia no Rio de Janeiro, em 2017, faz parte da Série Especiarias, peças para instrumentos solo, sem acompanhamento, construídas sobre o Sistema-T. Cada peça tem o nome de um tempero e é dedicada a um instrumentista amigo do compositor. As peças dessa série foram escritas para os instrumentos da orquestra, além de outros como o violão, o cravo e o cavaquinho.

Sua obra mais recente, “Cinco Miniaturas para Viola e Piano”, de 2018, foi escrita especialmente para o Duo Burajiru, depois do sucesso obtido em sua estreia em Roterdã e sua carreira seguinte, dedicada principalmente à música do Brasil. O compositor optou por escrever cinco pequenas peças monotemáticas, com caráter contrastante entre si.

O CD tem o preço médio de R$ 30 e pode ser adquirido em www.acasaestudio.com.br .



Josephine Baker está de volta ao Rio

11 de Setembro de 2019, 14:27, por segundo clichê


A história da dançarina, cantora, atriz, ativista e humorista Josephine Baker (1906-1975), norte-americana naturalizada francesa que conquistou o mundo com sua arte e talento, volta a ser contada no Rio e de forma esplendorosa. Em terceira temporada no Teatro Maison de France, no Centro, “Josephine Baker – A Vênus Negra” ficará em cartaz  de 12 de setembro a 6 de outubro – sextas, sábados e domingos – agora com ainda mais pompa: já foi indicada aos prêmios Shell (melhor atriz, autor e figurino), Cesgranrio (direção musical e melhor atriz em musical), e Botequim Cultural (autor e melhor atriz em musical) pelo primeiro semestre de 2017,  prêmio APTR (melhor atriz) pelo segundo semestre de 2017, e aos prêmios  Broadway World (atriz revelação) APCA (melhor atriz) e Aplauso Brasil (melhor atriz, autor e espetáculo).


A volta ao Rio e, especialmente, ao teatro Maison de France, é motivo de grande alegria e entusiasmo de todo o elenco: “Nosso espetáculo tinha a intenção de resgatar a memória de uma história que precisava ser contada, mas o resultado foi muito maior do que o esperado. Fizemos verdadeiros amigos, dentro da equipe e com o público, no Rio, em SP e BH por onde passamos com casa lotada!”, ressalta a premiada atriz Aline Deluna, que vive a personagem principal. Ela completa: “Eu diria que mais do que uma representação teatral, o espetáculo é uma apresentação de pessoas que se unem pela diferença e pelo desejo de viverem livres e felizes."

O “mito de Cinderela” era como Josephine Baker via sua vida: uma menina negra, pobre, nascida em St. Louis, Missouri, nos Estados UNidos, num período de intensa discriminação e segregação racial, que se tornou uma das artistas mais célebres de sua época. Com sua dança selvagem e as caretas que fazia em cena, e posteriormente com seu surpreendente refinamento, tornou-se uma aclamada cantora francesa, mas sem nunca abandonar seu entusiasmo e sua voracidade em cena, valendo-se sempre do humor e do deboche para conquistar e alegrar seu público.

É essa mulher e artista à frente de seu tempo que o espetáculo “Josephine Baker, a Vênus Negra”, com texto de Walter Daguerre e direção de Otavio Muller, busca apresentar ao público. No papel principal, Aline Deluna, além de cantar e dançar, se parece fisicamente com Baker. Acompanhando a atriz, o trio de jazz formado pelos músicos Dany Roland (bateria e percussão), Christiano Sauer (contrabaixo, violão e guitarra) e Jonathan Ferr (piano e escaleta). POr meio da dramaturgia, da música ao vivo, dança e humor, “Josephine Baker - a Vênus Negra” aborda questões sociais e culturais em discussão ainda nos dias de hoje, como a discriminação racial, a censura dentro da arte, o valor do saber acadêmico versus o conhecimento prático e a indagação de qual é o papel da arte e do artista frente à sociedade.

Percorrer a vida de Josephine Baker é fazer uma viagem no tempo, quando o jazz, até então “música de negros”, passa a ser reconhecido como arte e absorvido com entusiasmo pelos brancos; é acompanhar, pelo olhar de quem viveu, a busca por seu lugar e acabou por reinventá-lo diante da sociedade.

Serviço

De 12 de setembro (sexta-feira) a 6 de outubro (domingo)
Local: Teatro Maison de France
Horários: Sextas 19:30    Sábados 20:00      Domingos 18:00
Ingressos: De R$ 60,00 a R$ 70,00 (inteira) / de R$ 30,00 a R $35,00 (meia-entrada)
Duração: 70 minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 352 lugares
Endereço: Av. Presidente Antonio Carlos, 58 
Informações: 2544-2533



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