O maravilhoso mundo dos golpistas
2 de Março de 2017, 15:47Release do Lide - Grupo de Líderes Empresariais, empresa do prefeito paulistano João Dória especializada em apresentar políticos a empresários e empresários a políticos em encontros sob o pretexto de analisar a conjuntura econômica e política nacional, informa que o governador Geraldo Alckmin vai falar, dia 6, num "almoço-debate, sobre "O papel do Estado de São Paulo na retomada do crescimento econômico".
"Durante o Almoço-Debate, Alckmin discutirá sobre o cenário econômico paulista e as políticas públicas adotadas para impulsionar o Estado que reúne 43 milhões de habitantes, 645 municípios e responde por 28,7% do PIB brasileiro. No final de 2016, o governador anunciou um conjunto de medidas para estimular o emprego e o investimento", diz trecho do release, que a seguir abre aspas para o governador:
"É necessário ter otimismo para superar a crise, mas não basta. Precisamos superá-la como São Paulo superou a maior crise hídrica da história do Sudeste: com a participação da população e investimento em obras estruturantes, que geram competitividade e empregos."
Para quem não sabe, o "pacote" anunciado por Alckmin, segundo o release, "inclui ações de estímulo à produção empresarial de quatro setores: indústria de bens de capital, automobilística, agronegócio e reciclagem".
E assim, com almoços festivos como esse, o Brasil vai saindo da recessão.
Pelo menos no mundo maravilhoso dos golpistas, esse que permanece imóvel e resplandescente na abóbada celeste dos astrônomos e filósofos da antiguidade.
Vendas de material de construção despencam neste ano
1 de Março de 2017, 17:48A recessão acabou. Mas só na cabeça dos golpistas, a julgar pelos dados econômicos que saem todos os dias. Hoje foi a vez do varejo de material de construção, com números mais que alarmantes: em fevereiro, o setor registrou queda de 3% sobre fevereiro de 2016 em relação a fevereiro de 2017 a retração foi de 7%.
O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Claudio Conz, bem que tentou explicar o desastre, mas sua explicação não é muito convincente: “Início do ano é um período tradicionalmente fraco para o nosso setor. O ano realmente só começa depois do carnaval, até porque as pessoas têm outros gastos extras para se preocuparem nos primeiros meses do ano: IPVA, IPTU, matrículas escolares. Por conta disso, as pessoas acabam adiando as obras e reformas, porque elas exigem um planejamento maior no controle de gastos.”
A desculpa para a queda nas vendas até que teria lógica se não fosse um pequeno detalhe: se todo o início de ano é tradicionalmente fraco, como se explica que este foi muito mais fraco que os anteriores?
Segundo o presidente da entidade, o setor deve ter um desempenho positivo de 3% no primeiro semestre de 2017. Mas novamente ele tropeça na lógica ao explicar tamanho otimismo: “Diversas medidas foram anunciadas até agora e devem influenciar nosso setor mais cedo mais tarde. O Cartão Reforma é uma delas. Os bancos também estão trabalhando para oferecer juros menores aos clientes interessados em programas de financiamento para reforma e construção e o saque das contas inativas do FGTS também deve ajudar as famílias a transformarem aquela reforma que estava apenas nos planos em realidade.”
Mais uma vez ele se esqueceu de um pequeno detalhe: nenhuma dessas medidas ataca o problema principal da economia brasileira hoje, ou seja, o fato de que a atividade econômica cai a todo mês, desempregando mais pessoas e reduzindo a renda das famílias. Ora, num quadro desses, com o dinheiro contado para pagar produtos e serviços essenciais, quem vai construir ou reformar seu imóvel?
A realidade, segundo a pesquisa da entidade, é que praticamente todas as regiões tiveram retração nas vendas em fevereiro, com exceção do Norte, que registrou aumento de 5% em relação a janeiro. As demais regiões tiveram desempenho de -11% (Nordeste), - 14% (Centro-Oeste), - 8% (Sul) e -5% (Sudeste).
Destino de Lula será conhecido em breve
1 de Março de 2017, 15:33É fato que o ano, no Brasil, começa depois do carnaval.
Por isso, não será surpresa se, em poucos dias, surgirem novidades dos lava-jatos, principalmente a respeito do ex-presidente Lula.
Afinal, o tempo, daqui em diante, será o elemento mais importante da peça jurídica - ou teatral ? - montada para apurar crimes diversos do político mais popular da história brasileira.
Como todos sabem, o golpe que defenestrou a presidenta Dilma do Palácio do Planalto não estará concluído antes da destruição do precário Estado de bem-estar social montado pelos trabalhistas, da entrega das riquezas nacionais para o capital estrangeiro, e do aniquilamento das forças de esquerda, notadamente do seu mais notório representante, o ex-presidente Lula.
As eleições de 2018 se aproximam celeremente.
O favoritismo de Lula se acentua a cada pesquisa de opinião pública divulgada.
A sua condenação pelos lava-jatos, apenas por esses motivos, é urgente, haja ou não as mais precárias provas dos crimes de que é acusado.
Lula vai ser condenado, não há outra hipótese para os golpistas.
O rito processual é tão somente um espetáculo mambembe para mascarar uma farsa criminosa.
A única dúvida é se ele vai cumprir sua pena preso ou em liberdade.
Os lava-jatos devem, neste momento, estar pesando os prós e os contras de cada situação.
Uma prova de que Lula não é José Dirceu foi a repercussão interna e externa de seu sequestro para depor no Aeroporto de Congonhas.
Preso, Lula será rapidamente convertido num mártir.
Solto, ganha com folga a eleição presidencial.
Os golpistas estão com a faca e o queijo na mão.
Mas não sabem o que fazer com eles. (Carlos Motta)
As histórias do Raul
1 de Março de 2017, 9:41Para quem não o conhece, basta dizer que Raul Drewnick é um craque da escrita, sabe todos os segredos desta caprichosa língua portuguesa.
O Raul trabalhou por muitos anos no Estadão como revisor, inclusive da primeira página, e como cronista.
Dizer que ele foi revisor não explica direito o que fazia no velho Estadão. Mais que impedir que o texto saísse com algum erro, Raul o burilava de tal maneira que o redator, ao ler a versão final, só não o agradecia de joelhos por pura vergonha.
Depois que saiu do Estadão Raul se dedicou 100% à literatura. É autor de inúmeros livros, e mantém um blog que é um verdadeiro tesouro, além de iluminar o Facebook com sua inteligência e fina ironia.
E como viveu os tempos áureos do Estadão, ele tem muitas histórias para contar sobre o jornalismo que se fazia no Brasil nos tempos em que a burrice, a ignorância e a canalhice não haviam invadido as redações.
Quem quiser conhecer um pouco desse jornalismo - e de seus protagonistas -, basta seguir as dicas do Raul, que publicou em seu blog dezenas de historietas imperdíveis:
Estadão no blog
Escrevi há algum tempo, no meu blog (www.rauldrewnick.blogspot.com), relatos sobre situações presenciadas por mim no Estadão e que, pela participação de importantes personagens do jornalismo, talvez possam servir, hoje ou no futuro, como fonte de informação. Se alguém se interessar por essas memórias, o procedimento é, no índice do blog (lá em cima, à esquerda), digitar duas palavras: no jornal. São mais de cinquenta pequenas histórias do tempo em que trabalhei tanto na Major Quedinho quanto na Caetano Álvares como se estivesse vendo um jogo no Parque São Jorge. No Parque São Jorge, por sinal, se passou uma história que compartilhei com Ludenbergue Góes, a quem dedico a série. Sem o Góes, eu não teria saído da revisão para a redação e não teria sido - se é que fui - cronista.
Recessão acabou só na cabeça dos golpistas
27 de Fevereiro de 2017, 14:09Dados referentes à atividade economia são divulgados com certo atraso pelo Banco Central (BC), portanto não há dados para 2017 ainda. Dessa forma, segundo informações recentes mensuradas pelo IBC-Br, indicador que serve como uma espécie de prévia do PIB calculado pelo BC, a atividade econômica fechou 2016 bem abaixo do esperado, com queda de 4,34%. Depois de leve alta de 0,10% em novembro, o indicador mostrou queda de 0,26% em dezembro. Em uma análise trimestral, no quarto trimestre, a queda da atividade foi de 0,36% sobre o trimestre anterior. O resultado de 2016 foi ainda pior que a retração de 4,28% de 2015.
Assim, é difícil traçar uma perspectiva clara sobre uma recuperação em 2017. As expectativas ainda estão nebulosas. Dados do nível de atividade não revelam uma trajetória clara. Informações de comércio exterior até janeiro de 2017 revelam que o superávit da balança comercial é fruto ainda da forte retração das importações e da recessão, além de uma clara dependência do setor de commodities.
Quanto à indústria, a alta capacidade ociosa e o endividamento do setor privado não ensejam recuperação do investimento no curto prazo. No que tange à inflação e à politica monetária, a desaceleração do aumento dos preços aufere mais relaxamento da política monetária, logo, uma maior cooperação do Banco Central para a retomada da economia.
Caberá aguardar os dados dos próximos meses para verificar a consolidação de alguma tendência, particularmente a reação da economia com a perspectiva de queda da taxa de juros. Enquanto isso não ocorrer, o desemprego e compressão da renda continuarão a se fazer presentes da vida dos trabalhadores. (Igor Rocha, economista/Fundação Perseu Abramo)