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Segundo Clichê

27 de Fevereiro de 2017, 15:48 , por Blogoosfero - | 1 person following this article.

Bella Ciao ganha versão em português com a banda Salvadores Dali

13 de Setembro de 2021, 9:13, por segundo clichê

Depois de lançar seu álbum autoral em 2019 e, em seguida, um EP com versões  de músicas de Noel Rosa no fim de 2020, o grupo carioca Salvadores Dali está de volta com novo trabalho: a canção italiana Bella Ciao. Alçada ao universo pop em todo mundo nos últimos anos com o seriado espanhol La Casa de Papel, a música ganha agora nova vestimenta e chega também em videoclipe, disponível no canal do YouTube da banda.

De origem imprecisa – seus primeiros registros remontam ao século XVI - a canção foi sendo modelada ao longo dos séculos a partir de contribuições anônimas de camponeses, tendo inicialmente como seu tema central o amor. Mas na segunda Guerra Mundial, a canção popular tornou-se um hino antifascista para animar a resistência italiana, os partigiani, contra Mussolini. 

A partir daí ela acabou se consagrando de vez na cultura popular, ganhando várias versões, tais como a jazzística de Woody Allen, a melancólica de Tom Waits e a vibrante de Manu Chao. Por conta do seriado espanhol, superou fronteiras inéditas, sendo cantada, inclusive, nas varandas italianas durante a pandemia como um hino de resistência à triste devastação do novo corona vírus na Lombardia.

Respeitando o isolamento social, os Salvadores Dali resolveram gravar a canção em português e em sintonia com o trabalho transgressor, sua maior identidade. Com pequenos ajustes na tradução da poesia original já consagrada, a longeva Bella Ciao aporta no nosso Brasil atual, carregada do espírito contestador e crítico em seus novos versos: “Suas mentiras e todo ódio/Ó bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao/Custaram vidas que foram embora/Pela sandice e desamor.” Assim a luta contra o fascismo, ou neofascismo, se une à indignação com relação aos números da covid-19 no país.

Nessa versão o aspecto rítmico não ficou de fora. Similar às canções populares na Europa do século XIX, a música se inicia de forma melancólica, introduzida apenas pelo piano e baixo acústico. Segundo o baixista Jorge Moraes “a ideia é expressar de fato a angústia que todos sentimos em relação ao momento presente, mas sem também ficarmos presos, todavia, a esse luto musical”. Não por menos, a segunda parte da canção mergulha profundamente no estilo punk dos anos 70.

O videoclipe contou com a participação de vários amigos dos integrantes da banda, como a mezzo-soprano Vivian Fróes, que também é militante de direitos humanos e da causa das pessoas transgêneras; a cantora de brazilian jazz e samba Flávia Enne; o sociólogo Nelson Ricardo (também compositor do grupo carioca); o cantor e poeta Zuza Zapata; a cantora de Jazz e MPB Manni Moritz; o vocalista Xandão, da banda de rock CaverJets; e a participação especial de Marianna Leporace. “A canção foi produzida coletivamente, ao longo de todos esses séculos. Por isso, não faria sentido algum apresentá-la ao público sem a participação de nossos amigos”, diz o guitarrista Marcio Meirelles.

Os integrantes do grupo Salvadores Dali que participaram desse projeto são Jorge Moraes (baixo), Marcio Meirelles (Guitarrista e pianista), Robson Batista (saxofonista) e Jorge Casagrande (bateria).

Assistir ao videociipe:

www.youtube.com/watch?v=XJlxYJxxEu8  



CD reúne gravações de banda de rock pioneira na produção independente no Brasil

30 de Agosto de 2021, 9:45, por segundo clichê

A Tropicália Discos, especializada em venda de CDs e LPs, fez sua estreia como selo fonográfico colocando luzes sobre o pioneirismo das gravações independentes no Brasil. 

As versões mais aceitas dão conta de que o disco “Feito em Casa” (1977), de Antônio Adolfo, marca o início da produção musical independente no país – o músico vendeu o próprio carro, um órgão eletromecânico e alugou um pequeno estúdio no centro do Rio de Janeiro para, ele próprio, divulgar, distribuir e vender o LP. Mas também há quem diga que essa primazia fica com o LP “Paêbirú”, de Lula Cortes e Zé Ramalho, de 1972, que foi gravado nos estúdios da Rozemblit e lançado pela Abrakadabra Produções Artísticas, em Pernambuco. 

A essas duas versões soma-se agora mais uma - e talvez a mais plausível - com o lançamento, pelo novo selo carioca, do CD que reúne cinco compactos produzidos entre os anos de 1969 e 1970 pela banda niteroiense I.W.Company (Instituto Winston Company).

Remasterizado diretamente dos tapes originais, o CD traz as dez faixas lançadas na época, além de duas inéditas e duas gravações acústicas, realizadas em 2016, na loja Tropicália Discos. 

A história da banda niteroiense está contada por integrantes e pela própria Tropicália em 2017 no documentário “Faixa Escondida: I.W. Company, a história da banda psicodélica brasileira de 1969”, dirigido por Marco Dreer, disponível no YouTube.

O primeiro compacto do grupo de Niterói foi lançado em 1969, ano marcado por produções memoráveis do rock internacional (The Who – “Tommy”, The Beatles – “Abbey Road”, álbuns homônimos de Led Zeppelin e Santana, dentre outros) e da música brasileira, como os LPs “Cérebro Eletrônico” (Gilberto Gil), os álbuns homônimos de Elis Regina e Milton Nascimento, além da fase psicodélica de Gal Gosta. 

Concebida por Winston, dono do Instituto Winston, um curso de idiomas em Niterói (RJ) da década de 60, a ideia de compor e gravar músicas em inglês tinha o propósito de servir apenas como material didático para os alunos. 

Apaixonado pelo movimento da contracultura e do rock psicodélico da época – Winston foi um dos poucos brasileiros que estiverem presentes no Festival de Woodstock – , o dono da escola de idiomas se juntou com o amigo e compositor Ruy Buarque (voz) e o guitarrista/baixista/cantor Liszt Ayala, acompanhados do baterista Cláudio Wilson e do percussionista Manoel Ramos, e formou o I. W. Company. 

Descobriram o estúdio Philotsom, na Cinelândia, bairro do centro do Rio de Janeiro, que além de realizar gravações, conhecia também os meandros para a prensagem e fabricação de compactos. 

Sem maiores aspirações, os cinco compactos do I.W. Company lançados entre 1969 e 1970 tiveram uma produção bem limitada e foram doados aos alunos. A repercussão se restringiu ao circuito dos cursos de idiomas, ajudando também na publicidade da instituição, porém sem nenhuma projeção para o grande público, sem a realização de shows e muito menos a execução das faixas em emissoras de rádio. 

Em 2005, Bruno Alonso, um dos sócios da Tropicália Discos, caminhando pelo centro do Rio, se deparou com um desses compactos à venda na rua e decidiu compra-lo, pensando no gosto peculiar de um de seus clientes colecionadores. A aquisição surpreendeu ambos, comprador e vendedor, que desconheciam tal projeto de rock psicodélico da época. 

Dez anos depois, o próprio Winston procurou a loja, visando vender a coleção de vinil de seu falecido irmão. Durante a conversa com os sócios, ligaram o nome do Winston ao compacto e descobriram haver outros quatro. Nascia ali a ideia desse importante resgate, que se deu primeiramente por meio do documentário audiovisual e chega, agora, em CD, com previsão de lançamento em LP para ainda neste ano.

O documentário sobre a história da banda pode ser visto neste link:

 https://youtu.be/GXWx_9l5PnE



Terceiro CD de Gabi Buarque mescla lirismo com preocupação social

6 de Agosto de 2021, 9:10, por segundo clichê



A cantora e compositora Gabi Buarque acaba de lançar um novo CD, "Mar de Gente”, condições sociais impostas pela pandemia do covid-19. Ou seja: sem show no teatro nem o abraço dos amigos. 

“É preciso desprendimento para lançar um disco em meio a uma pandemia. Mas foi justamente pensando neste momento delicado e no meu público, responsável pela realização desse projeto, que resolvi colocar as canções no mundo, vibrando luta e arte - quiçá cura, pra nós que estamos doentes de Brasil”, diz ela.

Este é o seu terceiro disco. Gabi canta, compõe, toca violão e gosta conceituar as suas criações. Assim nasceu a capa do álbum, pensada em parceria com Marina Sereno, que fala das águas por meio de texturas da pele humana, de diversas etnias.

E se o mar vem em preto e branco nas poéticas imagens, feitas pela DuHarte Fotografia, cada uma das 13 faixas arranjadas por Luis Barcelos, ostenta uma paleta de cores. “O CD vem como as ondas do mar, num crescente, prezando por uma diversidade rítmica e de temas. Não falo só sobre amor, não canto só samba”, explica a artista carioca. 

“Mar de Gente” abre com “Samba Rezadeiro”, de Gabi e Roberto Didio, como que pedindo licença para adentrar nessas águas sagradas do cancioneiro popular. Mostra a força ancestral, do violão que já foi tronco de cativeiro.

Depois é a vez da balada pop folk “É”, parceria com Socorro Lira, fácil de aprender, boa de cantar junto e realista com charme.

Em seguida, a correnteza traz “Se cesse”, também em parceria com Socorro Lira, com versos de “O Amor”, de Fernando Pessoa, uma cantiga de um amor que não pode ser expressado.

“A Voz do Vento”, só de Gabi, é emaranhada em saudade e desejo. “Luzia Luzia” , parceria com Marina Sereno, é um xote apaixonado, enfeitado pelo acordeão de Kiko Horta.

Já o samba de roda “Morena do Mar”, com participação da parceira Silvia Duffrayer, integrante do Samba que Elas Querem, poderia ter nascido no quintal de Tia Ciata ou nas rodas do Recôncavo Baiano, onde Gabi buscou inspiração para fazer essa homenagem a Iemanjá. 

“Gente é pedra”, outra parceria com Socorro Lira, flerta com Elomar, enquanto “Pulso aberto” é um poema de Maria Rezende sobre o que é ser mulher no seu íntimo plural.

Em “Os muros”, novamente com Socorro Lira, Gabi abraça, entre outros, Nelson Mandela, Clarice Lispector, Oscar Wilde, Frida Kahlo, Violeta Parra e Fernando Pessoa, para enfrentar os seus temores, antes de entrar na “Concha”, parceria com Angélica Duarte, em dueto com Áurea Martins, tendo Cristóvão Bastos no piano. 

“Pensei imediatamente em convidar a Áurea para gravar comigo, quando fiz ‘Concha’, com letra melancólica da Angélica. O nome de Cristóvão veio logo depois de um papo com Áurea, porque ela já queria incluir esse samba-canção no repertório do show deles. Cristóvão gravou em cinco minutos, de primeira, e fico impressionada toda vez que ouço pela delicadeza a escolha das notas. Sou muito fã desses dois baobás da música brasileira”, diz ela.

“Quantos”, só de Gabi, outra balada pop, foi feita pensando no período da ditadura e no negacionismo que retorna com força nos tempos atuais. “De que vale a morte dos que lutam / Se o passado não diz nada pra você?”, questiona a letra. “Quantas voltas o mundo dá / Pra voltar ao tempo de esquecer?”, pergunta, repetidas vezes. 

O disco segue com “Penha”, dedicada ao bairro do subúrbio carioca, onde houve uma das rodas de choro mais fundamentais do século, mas, na canção, aparece como símbolo de resistência e fé. Antes de cantar, Gabi cita uma frase do filósofo Eduardo Marinho. E ainda ecoando esse coletivo, Gabi lidera um sexteto vocal poderoso para fazer a derradeira. Nina Wirtti, Mariana Baltar, Thais Macedo, Áurea Martins e Silvia Duffrayer cantam com firmeza essa faixa-título.

O samba-manifesto “Mar de Gente”, também só de Gabi, foi inspirado nas lutas diárias a favor da democracia e dedicado a autoras negras, como Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus e Maria Firmino dos Reis.

“Este samba também procura dar voz a todas e todos que foram silenciados pelo Estado. Essa luta é nossa. Somos um mar de gente”, defende Gabi Buarque. E os versos ficam entoando ao fundo: “E quem não viu há de ver / O outro lado da história vencer / A verdade não tarda a nascer / Nossa luta vai prevalecer”.



Muddora lança clipe e singles e mostra que o rock brasileiro está vivo

28 de Julho de 2021, 9:22, por segundo clichê

 


Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, é terra de bandas que estão na história do rock carioca, como KMD5, Negril, Cidade Negra, Nocaute, Cabeça de Nego, Ubandu Du Reggae, Força da Gravidade, entre tantas outras.

Em 2018, depois da saída de alguns integrantes da banda N.I.G, cinco amigos de longa data decidiram que não era a hora de acabar de vez. Reuniram-se sob o novo nome, Muddora, que vem a ser a união das palavras mudança e hora, ou seja, decretando a hora de mudança. E agora mostram que a Baixada Fluminense ainda tem muito rock de verdade. 

Em abril assinaram com o selo Astronauta e apresentam ao mercado dois singles: Entre Mim e Você e Mentes e Loucuras, que já estão nas plataformas, assim como o videoclipe de Entre Mim e Você, com roteiro e direção de Letícia Joanni Mattedi e a participação da atriz Carla Nunes (TV Globo).

Muddora traz influências de sons pesados, bem construídos, com belos arranjos, letras e melodias. Alter Bridge, Creed; Scott Stapp; e Slashft Miles Kennedy and The Conspirator são algumas das referências.

Formada por Déh (também guitarrista na veterana banda de rap Nocaute), que decidiu montar o seu trabalho e convidou alguns amigos, Muddora só tem apaixonados pelo projeto. Déh é também o compositor das canções e aborda principalmente o cotidiano, buscando nas vivências pela vida as inspirações para criar. 

Ao seu lado, como braço direito de suas composições e arranjos, está o amigo e músico Lionel (guitarra solo). Completam a banda Léo Monteiro (vocal), escolhido por seu alcance vocal alto, sem drives.

Na chamada "cozinha" estão Vini (bateria) e Félix (contrabaixo).

“A música Mentes e Loucuras fala do cotidiano, aborda o ser humano atormentado pela dificuldade financeira, psicológica, mental, a perda da fé e o cansaço do corpo.  “Fizemos a música em um estúdio na nossa cidade, Nova Iguaçu. Queríamos a experiência de fazer algo também com qualidade no quintal de casa. Foi então que fizemos contato com um amigo nosso que é produtor é produtor Wellington Rodrigues, do Estúdio MusiClub, aqui na Baixada, e fizemos um excelente trabalho”, diz Déh.

“Todas as minhas composições têm como inspiração o que vivenciamos, seja na internet, com as redes sociais e até mesmo no dia a dia. Somos uma banda que fala de amor também. A música Entre Mim e Você fala de algo que muitos casais não conseguem ter, que é a percepção de quando termina um relacionamento", comenta o seu autor, Déh.

“A experiência de gravar, ainda mais em alto nível de produção é sempre muito boa. Gravamos no EME Estúdio com Jorge Guerreiro, Tuta Macedo e Diogo Macedo, com quem já estamos acostumados. E o melhor de tudo: são nossos amigos. Gravar com qualidade, bons arranjos, e sempre com bom direcionamento faz a diferença”, conclui.

O selo Astronauta

Criar e lançar um selo fonográfico como o Astronauta Discos já era cogitado desde o fim de 1996, mas somente em 1999 Leonardo Rivera o montou, depois de se desligar do departamento artístico da Universal Music. Tornou-se uma casa para o artista no início de sua trajetória e um foco de resistência para o talento do futuro.

Astronauta lança álbuns e artistas que não recebem a devida atenção no departamento artístico das grandes gravadoras, acreditando no equilíbrio entre a música e o mercado e respeitando expressões artísticas legítimas.

O selo Astronauta Discos permitiu que inúmeros artistas novos e independentes pudessem lançar seus primeiros álbuns – entre eles Luis Capucho, Autoramas, Saara Saara, Mathilda Kovak, O Divã Intergaláctico, Los Bife, Coyote Valvulado, Ju Martins e Senhor Kalota. 

Em 2019 comemorou 20 anos voltando a distribudir seu conteúdo pela Universal Music e tendo sua editora administrada pela Warner Chappell. Na ocasião, lançou singles de Chico Chico, João Mantuano, Zé Ibarra, Marcela de Sá, Pedra Relógio, Arthus Fochi, Cris Braun e diversos outros talentos.

O site oficial é da gravadora é www.astronautadiscos.com.br

Mais informações: 55 21 96488 3817, astronauta.discos@gmail.com.

Assista ao videoclipe "Entre Mim e Você"

www.youtube.com/watch?v=I8XSL01ouzw

Ouça os dois singles

umusicbrazil.lnk.to/MuddoraPR 



Maestro Levino Ferreira inspira micro-ópera sobre Carnaval e morte

28 de Junho de 2021, 9:07, por segundo clichê

Cena de "Último Dia", uma micro-ópera com referências a vários estilos

 

O compositor e multiartista pernambucano Armando Lôbo, conhecido por desenvolver gêneros e estilos musicais diversos, com o uso de matizes experimentais, vai lançar no YouTube (youtube.com/e/Microoperas), nesta quarta-feira, 30 de junho, seu segundo filme-ópera, intitulado “Último Dia”. 

Realizada pela CO.MO (Companhia de Micro-Óperas), com recursos da Lei Aldir Blanc por meio da Secretaria Estadual de Cultura de Pernambuco, a obra de 12 minutos é livremente inspirada em um lendário episódio envolvendo um dos maiores compositores pernambucanos de frevo, Levino Ferreira.

De formato bastante multifacetado, unindo teatro, cinema, poesia, performance, música e dança, o filme-ópera também faz referências a Nelson Rodrigues, Freud, Bakhtin, Bergman e Antero de Quental.

Com música, roteiro/libreto, mixagem, edição e direção do próprio Armando Lôbo, a produção tem todo seu elenco baseado em Recife, destacando a presença do personagem do Zé Pereira, coreografado por Marcelo Sena, e que guarda uma semelhança proposital com a figura da morte, conforme retratada por Ingmar Bergman no clássico “O Sétimo Selo”. 

O artista pernambucano Walmir Chagas (famoso pelo seu alter-ego “Véio Mangaba”) interpreta Levino Ferreira, e as carpideiras são vividas pelas cantoras líricas Natália Duarte, Virginia Cavalcanti e Surama Ramos. No enredo, três carpideiras, em um mundo paralelo, cantam e choram a morte de um mestre de cultura popular, produzindo um surpreendente efeito catártico, resultando no acordar do defunto, que em verdade sofrera uma crise cataléptica. 

Quanto à estética sonora, a música da ópera tem características bastante plurais, estabelecendo um diálogo entre técnicas eruditas contemporâneas (instrumentais e eletroacústicas) e a musicalidade popular nordestina, especialmente fazendo referências a frevos de Levino Ferreira.

Em forma de ópera-poesia, ou “poemópera” audiovisual, “Último Dia” discute o universo da cultura popular, a redenção, a carnavalização da morte. “O poeta é aquele que vive no outro mundo, o mundo verdadeiro. Mas, e se ele é convidado a permanecer neste mundo paralelo em que todos vivem? O propósito é mostrar o carnaval enquanto escatologia trágica e invertê-la numa antitragédia”, afirma o autor, que conclui: “Em verdade, a micro-ópera não é sobre a cultura pernambucana, é uma carnavalização funérea de Bergman.”

Armando Lobo: multiartista

Compositor e artista multifacetado, Armando Lôbo também desenvolve e participa de projetos de artes combinadas, unindo vídeo, performance, teatro, literatura e música. Como músico, lançou quatro álbuns que receberam cotação máxima da imprensa especializada. Foi contemplado em importantes concursos nacionais e internacionais, vencendo os principais prêmios brasileiros tanto na música popular (Prêmio da Música Brasileira 2010, com o grupo Frevo Diabo) como na música de concerto (Prêmio Funarte de Composição Clássica, em 2012 e em 2016), provando seu ecletismo e abertura a linguagens diversas.

Sua obra tem sido executada por importantes grupos no Brasil, Europa e Estados Unidos. Em 2020 criou a CO.MO (Companhia de Micro-Óperas) para produzir projetos audiovisuais com linguagem de ópera radicalmente contemporânea. O primeiro produto da CO.MO foi o curta-metragem "Penélope 19", um filme musical de linguagem experimental que aborda o tema da quarentena da Covid-19.

Armando Lôbo é doutor em composição musical pela Universidade de Edimburgo, Reino Unido e mestre em composição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.



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