Em fotos, a música popular brasileira
мая 8, 2018 9:29Marcos Hermes, um dos principais nomes da cena fotográfica musical brasileira, está lançando o livro “Brasilerô”, que reúne imagens clássicas e inéditas de shows, ensaios e bastidores de astros consagrados e da cena independente, além de textos exclusivos escritos pelo jornalista Pedro Só, e dos artistas Sandy, Chico César, Andreas Kisser, Zeca Baleiro, Zé Ricardo e Chico Chico (que publica nessa obra o primeiro texto sobre sua mãe, Cássia Eller, uma das homenageadas no projeto).
A trajetória de Marcos Hermes inclui mais de 650 capas de discos nacionais e internacionais, milhares de shows ao vivo e grandes eventos como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, SWU, BMW Jazz, Rio2C, JMJ, além de clássicos como o Free Jazz Festival e Hollywood Rock. “É difícil ter alguém que folheie o livro e não se identifique com uma foto, uma lembrança, um show que presenciou ou um disco que comprou”, comenta Hermes.
Ele também marcou presença em apresentações internacionais em solo brasileiro e colabora oficialmente nas turnês de Paul McCartney (já tendo produzido imagens em 19 projetos com o ex-Beatle), Rolling Stones, Radiohead, Bob Dylan, The Police, Amy Winehouse, Iron Maiden, Beyoncé, entre outras.
“Brasilerô” apresenta diversas conexões musicais, em diferentes polos artísticos, costurando visualmente artistas e cenas tão distantes, mas que sintetizam a alma da música brasileira contemporânea.
Na obra, o fotógrafo mostra como eternizou momentos únicos da música brasileira, e da vida de diversos artistas que cruzaram o seu caminho como Legião Urbana, Criolo, Tim Maia, Sepultura, Cássia Eller, Dorival Caymmi, Anitta, Sorriso Maroto, Pabllo Vittar, Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Novos Baianos, Liniker, Moraes Moreira, Sandy & Júnior, O Rappa, Elza Soares, Marisa Monte e tantos outros.
O livro tem o patrocínio da Leograf, uma das gráficas líderes no mercado brasileiro, e co-patrocínio da Shure, líder mundial em microfones e equipamentos de áudio. (Foto: Marcos Hermes/Brasilerô)
Show celebra raiz africana da cultura brasileira
мая 8, 2018 9:22O grupo Vozes Bugras apresenta o show Motumbá pelo programa Tardes Musicais da Casa-Museu Ema Klabin (Rua Portugal, 43, Jardim Europa, São Paulo) dia 12 de maio, sábado, às 16h30, com entrada franca. No show, o grupo formado pelas musicistas Anabel Andrés, Anunciação Rosa, Cássia Maria, Célia Gomes, Lucimara Bispo, Tiane Tessaroto e Ully Costa reverenciam a matriz musical africana da cultura brasileira.
De acordo com as musicistas, a palavra Motumbá, que nomeia o show, "é um pedido de benção entre os nagôs (língua yorubá), trata-se de uma elegia à ancestralidade originária da Mãe África, em cujas vozes ressoam a liberdade, a coragem e a sabedoria".
Projeto do engenheiro-arquiteto Alfredo Ernesto Becker, a Casa-Museu Ema Klabin teve como inspiração o Palácio de Sanssouci, em Potsdam, Alemanha. A casa-museu reúne mais de 1.500 obras, entre pinturas do russo Marc Chagall e do holandês Frans Post, dos modernistas brasileiros Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari e Lasar Segal; talhas do mineiro Mestre Valentim, mobiliário de época, peças arqueológicas e decorativas.
O espaço cultural abre de quarta a domingo, das 14 às 1 horash (com permanência até às 18 horas), sem agendamento. Nos fins de semana e feriados a visita tem entrada franca. Nos outros dias, o ingresso custa R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).
Repertório
Suite cabocla - Tatá / Pai Euclides; Papai Curumiaçu, Mamãe Curumiari / Jurema
Vozes Bugras – Anabel Andrés
Lenda do Candombe – D.P.
Ia Cacundê – Quilombo Mato do Tição - MG
Mito de Oxum – D.P.
Canto de Oxum – tradicional Umbanda
Santos Negros – Cássia Maria
No Okan do meu Abatá – Lucimara Bispo e Anabel Andrés
Tao Berimbau – Anabel Andrés
Maria 12 homens – Cássia Maria
Gira das ervas – Luhli e Lucina
Benzedeira (narração)
Canto e Danço pra curar – Mateus Aleluia / Dadinho
Embala eu – Albaleria
Senimbu e Calolé – D. Edith do prato
Dois fins de semana com jazz e bossa nova
мая 7, 2018 9:55Durante seis dias (25, 26, 27 e 31 de maio; 1 e 2 de junho), a cidade de Santa Teresa, no Espírito Santo, será palco da sofisticação melódica do jazz e da bossa nova, com apresentações de artistas nacionais e internacionais, com o 7º Festival Internacional de Jazz & Bossa, que terá ainda como atrações a gastronomia internacional e regional, exposição de artes, artesanato e produtos da agroindústria.
O festival terá sua produção focada nos conceitos da sustentabilidade, já que Santa Teresa tem uma das maiores biodiversidades do mundo, além de ser a terra onde nasceu Augusto Ruschi, agrônomo, ecologista, naturalista, patrono do meio ambiente no Brasil e um dos ícones mundiais da preservação ambiental. O Santa Teresa Jazz & Bossa, também marcará o lançamento oficial da temporada de inverno das montanhas capixabas.
Vão participar do evento nomes consagrados como Nelson Faria, Stanley Jordan, Armandinho, Amaro Freitas, Pedro Alcântara, Gabriel Grossi, João Donato, Filó Machado, Arthur Maia e Eduardo Dusek, entre outros.
Programação
1ª SEMANA – 25 A 27 DE MAIO
25/5 (sexta-feira)CENTRO DE EVENTOS
20h00: ABERTURA DOS PORTÕES
PALCO FAMES
20h30/22h30: FAMES BRASILEIRÍSSIMO
PALCO IMIGRANTES
21h00: ANDY TIMMONS E FAMES JAZZ BAND (USA/BRA)
23h00: NELSON FARIA (BRA)
01h00: STANLEY JORDAN E ARMANDINHO (USA/BRA)
02h00: ENCERRAMENTO
26/5 (sábado)CENTRO DE EVENTOS
11h00: ABERTURA DOS PORTÕES
PALCO FAMES
11h30/13:30: SHOW REGIONAL
PALCO IMIGRANTES
12h00: VICTOR HUMBERTO, VIA BRASIL E CONVIDADOS (ES)
14h00: PEDRO ALCANTARA E GABRIEL GROSSI (ES/BRA)
15h30: JAM SESSION: AMARO FREITAS (BRA)
16h30: ENCERRAMENTO
20h00: REABERTURA DOS PORTÕES
PALCO FAMES
20h30/22h30/00h30: CHORO ACADÊMICO DA FAMES
PALCO IMIGRANTES
21h00: ROSA MARYA COLIIN E JEFFERSON GONSALVES (BRA)
23h00: JOÃO DONATO (BRA)
01h00: AMARO FREITAS (BRA)
02h00: ENCERRAMENTO
27/5 (domingo)CENTRO DE EVENTOS
11h00: ABERTURA DOS PORTÕES
PALCO FAMES
11h30/13h30: TOCATA BRASS DA FAMES
PALCO IMIGRANTES
12h00: ROGER BEZERRA (ES)
14h00: EDUARDO DUSSEK E DERICO (BRA)
16h00: ENCERRAMENTO
2ª SEMANA – 31 DE MAIO A 02 DE JUNHO
31/5 (quinta-feira)CENTRO DE EVENTOS
20h00: ABERTURA DOS PORTÕES
PALCO FAMES
20h30/22h30: FAMES DIXIELAND
PALCO IMIGRANTES
21h00: CHICO CHAGAS E CARLOS MALTA (BRA)
23h00: BRUNO MANGUEIRA CONVIDA FILÓ MACHADO (ES/BRA)
01h00: JJ JACKSON (USA)
02h00: ENCERRAMENTO
01/6 (sexta-feira)CENTRO DE EVENTOS
11h00: ABERTURA DOS PORTÕES
PALCO FAMES
11h30/13:30: SHOW REGIONAL
PALCO IMIGRANTES
12h00: FINEST HOUR( ES )
14h00: TULIO MOURÃO E CÉLIO BALONA( BRA )
15h30: JAM SESSION: LEON BEAL E IGOR PRADO ( USA/BRA )
16h30: ENCERRAMENTO
20h00: REABERTURA DOS PORTÕES
PALCO FAMES
20h30/22h30/00h30: GROOVIX
PALCO IMIGRANTES
21h00: NICO REZENDE & QUINTETO CANTA CHET BAKER (BRA)
23h00: MARVIO CIRIBELLI (BRA)
01h00: LEON BEAL E IGOR PRADO R&B/SOUL MUSIC (USA/BRA)
02h00: ENCERRAMENTO
2/06 (sábado)CENTRO DE EVENTOS
11h00: ABERTURA DOS PORTÕES
PALCO FAMES
11h30/13h30: SHOW REGIONAL
PALCO IMIGRANTES
12h30: ORIZZONTI 6TETO (ES)
14h00: MASSIMO VALENTINI (ITA)
15h30: JAM SESSION: ARTHUR MAIA (BRA)
16h30: ENCERRAMENTO
20h00: REABERTURA DOS PORTÕES
PALCO FAMES
20h30/22h30/00h30: GRUPO VOCAL FAMES
PALCO IMIGRANTES
21h00: ARTHUR MAIA (BRA)
23h00: DELICATESSEN JAZZ (BRA)
01h00: ADRIANO GRINEMBERG (BRA)
02h00: ENCERRAMENTO
A arte urbana de Toz ganha exposição no Rio
мая 4, 2018 9:51Um dos principais nomes da arte urbana, Tomaz Viana, o Toz, criou, em 2010, o personagem que se tornaria um dos mais significativos entre suas obras: Insonia, uma entidade noturna e onipresente. Essa figura mítica, inspirada nas forças da natureza, ganha novos contornos e uma cultura própria na exposição individual TOZ - Cultura Insonia, que fica em cartaz na CAIXA Cultural Rio de Janeiro de 29 de maio a 26 de agosto de 2018.
A mostra apresenta trabalhos – alguns deles inéditos – que revelam os integrantes dessa civilização e suas influências, o desenvolvimento de sua cultura, a relação com sua história, sua genealogia e o vínculo com novas raízes. O público poderá conferir 10 telas e esculturas de materiais diversos, manequins especialmente criados para este projeto com pinturas e figurino pensados e elaborados pelo artista e sua equipe, além de uma grande instalação interativa para o público.
Como parte da programação, a CAIXA Cultural Rio de Janeiro recebe Toz nos dias 16 de junho, 14 de julho e 18 de agosto (sábados) para uma visita guiada junto ao público (horários a confirmar).
“Meu objetivo com essa exposição é provocar reações. Acho que a arte tem que cumprir esse papel. Ela deve causar qualquer tipo de reação, seja de carinho, de amor, de raiva, e também propor uma reflexão”, afirma Toz. Na tentativa de construir um elo entre presente e passado, a mostra vai abordar questões atuais como tolerância, diversidade, desigualdade e, também, pertencimento, sincretismo, ressignificação, afetividade, memória, ancestralidade.
Em exposições anteriores, o artista retratou as origens do personagem e do Povo Insonia, partindo do indivíduo para, então, explorar sua genealogia ancestral e a fundação das suas memórias. Nessa nova mostra, Toz retrata o processo natural de novas descobertas em torno da diversidade desse povo. Ele preenche suas obras com a história dessa civilização imaginária e a natureza que a cerca, ao passo que evidencia sua cultura e miscigenação, atravessadas pelas questões sobre territorialidade e ciclos migratórios.
Nesse mergulho, o artista se deparou com matérias ainda não utilizadas em seu repertório: o ferro, a resina, a cabaça e o gesso: elementos simbólicos da junção de influências tanto do passado quanto do presente e que se unem para dialogar com um eterno porvir. Materializados em diferentes formas, representam o desejo de traduzir, subjetivamente, as camadas que formam a diversidade da Cultura Insonia, sua origem e processos de ressignificação.
Tomaz Viana nasceu em Salvador, em 1976. Formado em Arte e Design, mora e trabalha no Rio de Janeiro. Grafitando há cerca de 20 anos, participou de vários eventos no Brasil e no exterior. A partir de 2013, Toz inicia a pintura de painéis de grandes tamanhos, entre eles, o painel de grafite de 2000 m2, localizado na região histórica do Pier Mauá, no Rio de Janeiro, e a fachada de 80 metros de altura do Hotel Marina, na praia do Leblon, Rio de Janeiro, em 2015.
Os diferentes personagens que integram sua obra estão espalhados em diversas cores e padronagens nos muros da cidade, em bairros como Jardim Botânico, Gávea, Rio Comprido, Catumbi, Santa Teresa e Zona Portuária. Internacionalmente, já realizou trabalhos em Paris, Genebra, Lisboa e Miami.
O desenvolvimento dos seus dois últimos personagens – Insonia e Vendedor de Alegria - marca o início de uma nova etapa em sua obra, onde passa a trabalhar com novos padrões. A temática da passagem da noite para o dia, materializada nesses dois personagens, permite uma nova cartela de cores. A técnica do spray é complementada com tinta óleo e diversos materiais para detalhes e contornos.
Em 2014, fez sua primeira exposição institucional individual: Metamorfose, no Centro Cultural Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, 2015, abre sua primeira exposição individual em Paris com a Instalação Vendedor de Alegria, que ficou exposta entre agosto e novembro, em parceria com o Projeto SCOPE da Prefeitura do 13°Arrondissement de Paris. Em 2016, foi convidado para realizar dois painéis de grafite indoor em Nova York (Chelsea) e Hong Kong (Wan Chai) e, no final do mesmo ano, veio o convite da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira para pintar um carro alegórico do Carnaval de 2017.
Serviço
Exposição Toz- Cultura Insônia
Entrada Franca
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galeria 3
Endereço: Av. Almirante Barroso, 25 – Centro (Metrô e VLT: Estação Carioca)
Telefone: (21) 3980-3815
Abertura: 29 de maio (terça-feira), às 18h
Visitação: de 30 de maio a 26 de agosto de 2018
Horário: de terça-feira a domingo, das 10h às 21h
Dicionário traz 50 textos críticos sobre a escravidão no Brasil
мая 4, 2018 9:28No dia 13 de maio de 1888, depois de mais de três séculos de escravidão no Brasil, chegava ao fim um dos capítulos mais cruéis da história nacional e que deixou marcas pesadas na constituição do país como nação. As primeiras levas de africanos chegaram à então maior colônia portuguesa do eixo Atlântico em 1550 e as últimas desembarcaram na década de 1860, alcançando um total estimado de 4,8 milhões de pessoas por aqui desembarcados. O Brasil recebeu entre 38% a 43% do total de africanos que saíram forçadamente do seu continente. Mas o sistema ainda tardaria mais de 30 anos. O país não foi só o último a libertar os africanos e seus descendentes nas Américas, além de ter adotado o modelo de trabalho escravo em todo o seu território.
Neste ano, quando se completam 130 anos da abolição no Brasil, Lilia Moritz Schwarcz – professora titular de Antropologia da USP e globalsScholar na Universidade de Princeton, além de autora, entre outros, de O espetáculo das raças, Brasil: uma biografia e Lima Barreto: triste visionário – e Flávio dos Santos Gomes – professor da UFRJ e autor, entre outros, de Mocambos e quilombos; De olho em Zumbi dos Palmares; O alufá Rufino – lançam pela Companhia das Letras o livro Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. O volume organizado pela dupla de acadêmicos é um trabalho ambicioso e dos mais completos da atualidade sobre a escravidão no Brasil, ou, como escreve Alberto da Costa e Silva no prefácio do livro, a obra “mostra a grande quantidade de faces que compõem o que é um poliedro em movimento”.
Com o formato de dicionário temático, o livro reúne 50 verbetes escritos pelos principais especialistas do tema em atuação no país e no exterior, sempre de forma acessível ao grande público. Eles abrangem temas que vão desde as charqueadas no Rio Grande do Sul até os Quilombos na Amazônia, passando pelas principais regiões da África de onde partiram os escravizados que se dirigiram ao Brasil. Assuntos como casamento entre escravizados, leis, castigos, mulheres e crianças, amas de leite, tráfico, canções, economia, emancipações, escravidão indígena, Frente Negra, Imprensa negra, Irmandades, educação, morte e ritos fúnebres, rebeliões, quilombos e revoltas fazem deste dicionário um panorama abrangente sobre o sistema responsável pela desigualdade social ainda existente no país. O dicionário também revela porque essa é uma das áreas do conhecimento histórico, antropológico e sociológico que obteve maiores avanços nas últimas décadas, sendo reconhecida nacional e internacionalmente.
Além da organização do livro, Lilia e Flávio assinam juntos os verbetes “Amazônia escravista” e “Indígenas e africanos”. Lilia analisa no verbete chamado “Teorias raciais” os modelos deterministas raciais que entraram em grande voga no Brasil em finais do século XIX, perpetuando, a partir do conceito de degeneração, noções como inferioridade e superioridade racial. Flávio, por sua vez, investiga em “Quilombos/Remanescentes de quilombos” as formas de resistência que vigoram no Brasil, por meio de fugas individuais e coletivas e o estabelecimento de comunidades de fugitivos. O professor destaca a diversidade da estrutura social e econômica dos quilombos e retrata a opressão do estado para aniquilar qualquer expressão de rebeldia.
Os demais verbetes proporcionam ao leitor uma compreensão ampla da intrincada realidade escravista brasileira, dada a sua extensão temporal e geográfica. A partir de análises do ponto de vista social, econômico, político e também jurídico, revelam as histórias dos primeiros africanos a entrar no Brasil quinhentista, muitas vezes negligenciadas pela historiografia. Buscam também identificar a multiplicidade étnica dos africanos que povoaram o território, incluindo reinos da África central, ocidental e oriental. Mostram ainda como se desenvolveu uma convivência inesperada entre africanos e indígenas.
O dicionário também distingue as adaptações do modelo de produção escravista de acordo com a região geográfica e os ciclos econômicos da cana-de-açúcar, algodão, mineração, agropecuária e do café. E retrata, por fim, a realidade específica da escravidão urbana em contraste com a rural, incluindo textos sobre as manifestações culturais que ajudaram a constituir a cultural nacional. O aspecto legal é esmiuçado em verbetes como “Castigos físicos e legislação”, “Código penal escravista e Estado”, “Crianças/Ventre livre”, “Legislação emancipacionista, 1871 e 1885” e “Lei de 1831”. O livro conta ainda, e ao final, com uma vasta cronologia que não se restringe ao Brasil, mas inclui todo esse eixo afro-atlântico, formado pela maior diáspora humana que a era moderna conheceu.
Vale a pena destacar também a minuciosa pesquisa iconográfica que compõe a edição. Segundo Lilia Moritz Schwarcz, o caderno de imagens propõe estabelecer um diálogo com os verbetes, permitindo uma leitura crítica da iconografia que cercou a escravidão. “É preciso confiar nesta iconografia e, ao mesmo tempo, dela desconfiar”, pondera Lilia para logo adiante acrescentar “representações visuais têm a capacidade de copiar a realidade, mas também de produzi-la”. A própria imagem de capa criada pelo artista Jaime Lauriano, quando desdobrada, se transforma em um pôster que configura a dor da escravidão e a luta pela liberdade das populações afrodescendentes.
A importância do Dicionário não se restringe ao passado. Depois de 130 anos da abolição, o racismo continua estrutural no país, moldando relações e se perpetuando na violência e na desigualdade que têm na cor da pele um fator determinante.
Organização: Lilia Moritz Schwarcz e Flávio dos Santos Gomes
Prefácio: Alberto da Costa e Silva.
Autores dos verbetes: Lilia Moritz Schwarcz, Flávio dos Santos Gomes, Roquinaldo Ferreira, Luiz Felipe de Alencastro, Robert W. Slenes, Beatriz Gallotti Mamigonian, Luis Nicolau Parés, Edward A. Alpers, Eduardo França Paiva, Lorena Féres da Silva Telles, Petrônio Domingues, Ricardo Salles, Martha Abreu, Antônio Liberac Cardoso Simões Pires, Carlos Eugênio Líbano Soares, Keila Grinberg, Jonas Moreira Vargas, Paulo Roberto Staudt Moreira, Marcus J. M. de Carvalho, Hebe Mattos, Marília B. A. Ariza, Luís Cláudio Pereira Symanski, Herbert S. Klein, Tânia Salgado Pimenta, Rafael de Bivar Marquese, Maria Clara S. Carneiro Sampaio, Stuart B. Schwartz, Isabel Cristina Ferreira dos Reis, Carlos Eduardo Moreira de Araújo, María Verónica Secreto, Lucilene Reginaldo, Joseli Maria Nunes Mendonça, Maria Cristina Cortez Wissenbach, Sidney Chalhoub, Robson Luís Machado Martins, Douglas Cole Libby, Cláudia Rodrigues, Wlamyra Albuquerque, Maria Helena Pereira Toledo Machado, Jaime Rodrigues, Walter Fraga, Angela Alonso, Luciana Brito, João José Reis, Marcelo Mac Cord, Robério S. Souza.









